Curta no Facebook

domingo, 23 de agosto de 2009

"A Estrada da Vida", de Federico Fellini (1954)




Mais um daqueles clássicos tardios que entram na minha vida foi, agora há pouco, "A Estrada da Vida" de Federico Fellini.
Adorável!
Mostra um Fellini ainda sem a SUA linguagem consolidada. Ainda se moldando, mas já perceptível no decorrer do filme.
O que vemos em "A Estrada da Vida" é um cinema ainda muito vinculado ao realismo italiano. Retrata um momento um pouco mais avançado que aqueles retratados por De Sica e Rosselini, mas também mostrando como eles, a Itália pós-guerra e seus habitantes se virando como podiam e uma pobreza imperando em toda parte.
O filme conta a jornada de um mambembe bêbado, casmurro, turrão e bruto que praticamente compra uma moça de uma família pobre em extremas necessidades, para ser sua assistente. Eles vão país afora apresentando um número fraco e desinteressante em troca de alguns trocados que ganham passando o chapéu. Aos poucos, aspectos humanos vão se revelando nele, Zampano(personagem de Anthony Quinn) e PARA ela, Gelsomina (Giulieta Masina), uma garota simplória de capacidade mental bastante limitada, um tanto ignorante e inocente.
Belíssima a referência sutil (mas evidente) que Fellini faz a Charlie Chaplin nas interpretações de Giulieta, em alguns momentos se valendo de recursos e expressões típicos de cinema mudo.
Gosto mais do cinema "felliniano" propriamente dito. Aquele de "Roma", "Amacord", "Satyricon", "Oito e Meio", mas "La Strada" certamente enquadra-se entre suas grandes obras e é extremamente revelador no sentido de referenciais, meios e fins.

Cly Reis

4 comentários:

  1. Coração de Jesus

    Há dias venho querendo postar sobre este que é um dos meus Fellini preferidos. Um grande filme, sensível e levemente fantástico. Nem a narrativa linear e a linguagem neo-realista – as quais o diretor foi se afastando cada vez mais no decorrer de sua carreira em direção ao poético e surrealista estilo felliniano – conseguem superar, no entanto, o que considero o ponto alto do filme: as interpretações. À época, Fellini se aventurava mais nos palcos de teatro e nas telas, basta lembrar o lidíssimo papel de “deus” no episódio dirigido pelo compatriota Roberto Rosselini no filme “O Amor” (1948). Talvez por isso, e por ter contado com a colaboração de dois dos maiores atores da história, Anthony Quinn (maravilhoso como Zampano!) e a esposa e parceira Giulieta Masina na linha de frente, “La Strada” seja daquelas obras de cinema que podem ser considerados “filme de ator”.
    Em minha opinião - nada modesta - Gelsomina é o grande personagem do cinema italiano. Não que seja um bobo apelo religioso, mas encontramos pessoas assim ao longo de nossas vidas e, às vezes, nem paramos para enxergar o quanto há de divino numa criatura como a personagem vivida por Giulieta. Reflito sobre a passagem de Jesus pela Terra, e o impacto que sua presença causava nas pessoas e significava a elas. Ele não era “deus”: era apenas uma grande pessoa entre a massa de medíocres e medianos. Gelsomina, com sua pureza e beleza interior quase absurdas, parece carregar um sentimento infinito que poucas pessoas que baixam por estas bandas podem ter. E é de uma inocência tão grande que, assim como com Jesus, torna-se impossível a manutenção de suas vidas de forma harmoniosa neste mundo tão errado. Tenho certeza que foi por esta ideia que moveu Caetano Veloso a escrever em sua bela canção-homenagem à atriz italiana, “aquela cara é o coração de Jesus”.
    Gelsomina é uma mistura de Carlitos com Bruno Ganz do “Wroyzek”, com Lemmon do “Se Meu Apartamento Falasse” e Diogo Vilela de “O Grande Mentecapto”. A personagem de “La Strada” é uma das minhas 5 maiores da história do cinema, sem dúvida. Os outros? Vito Corleone (com o Brando e com o De Niro, dos “Chefão” I e II), Zé do Burro (Leonardo Villar, de “O Pagador de Promessas”), Dr. Hannibal Lecter (Hopkins, “Silêncio dos Inocentes”) e Mario (Mastroianni de “Noites Brancas”). Claro que tem o Hoffman do “Tootsie” e de “Kramer Vs Kramer”, Vincent Vega (Travolta, “Pulp Fiction”) ou Belmondo do “Acossado”. Mas Gelsomina tem, como diz Caetano, um “brilho de uma outra luz”.

    Daniel.

    ResponderExcluir
  2. Adorei teu comentário. Deveria substituir a minha postagem e publicá-lo. Gelsomina é mesmo adorável e concordo que seja um dos personagens mais marcantes do cinema.
    Sempre que tiver tempo escreve assim, chio de conteúdo e inspiração, mais vezes.

    ResponderExcluir
  3. este filme e uma merda!!!!!!!!!!!!!! ca bra

    ResponderExcluir
  4. ah sim, e bons vc acha quais? os da Xuxa?

    ResponderExcluir