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sexta-feira, 19 de maio de 2017

"Corra!", de Jordan Peele (2017)



Eita, mano! Nossa, que filme surreal! Que história mais maluca mas ao mesmo tempo com muita realidade contida nela. "Corra!" convida-nos para rirmos e nos assustarmos com o preconceito.
Chris (Daniel Kaluuya) é um jovem negro que está prestes a conhecer a família de sua namorada caucasiana, Rose (Allison Williams). Em princípio, ele acredita que o comportamento excessivamente amoroso por parte da família dela seja uma tentativa de lidar com o relacionamento de Rose com um rapaz negro mas, com o tempo, Chris percebe que a família esconde algo muito mais perturbador.
Apesar da primeira cena ser bastante impactante, o longa tem um primeiro ato muito lento, tudo muito devagar, colaborando para criar um contraste com o seu final o que você comprovará se superar essa lentidão inicial. Não estou reclamando do humor do filme (que isso fique bem claro), ele é divertido e funciona, mas parece que você está em outro filme uma vez que há momentos em que o filme cria toda uma tensão caminhando para um clímax, e corta para uma cena de humor. Você fica “Não volta pra lá, quero ver o que está acontecendo”, quebrando o clima que estava sendo construído.
O elenco do filme é muito bom desde os empregados até a família de Rose. LilRel Howery como Rod Williams é a parte cômica do filme, garantindo risadas a cada  aparição; Daniel Kaluuya está ótimo, faz um trabalho corporal fabuloso e especialmente a forma como trabalha a expressão facial é primorosa; Allison Williams (linda, mas depois do filme, não quero namorar ela), tem uma transformação tal no ato final do filme, que MEU DEUS, que sua personagem torna-se completamente diferente. Incrível! 
O olhar de medo. Eu também fiquei assim.
Que roteiro! Nossa! É difícil vermos algo tão original assim no cinema blockbuster de hoje. O longa acerta na maneira como aborda o racismo dentro da história. Não é aquela coisa descarada mas sim a mais comum do dia a dia, coisas do tipo “eu não sou racista, tenho até uma empregada negra, ela é praticamente da família”, só não participa do evento de família. Esse racismo que tenta ser escondido (algumas vezes de forma quase involuntária), que tanto nos deixa desconfortável, deixa o espectador ainda mais desconfortável ao assistir ao filme.
O suspense no longa é muito bem construído, deixando um ar de mistério que só vai ser revelado nos últimos minutos. Assim que que os personagens chegam à casa dos pais de Rose e mais personagens negros vão aparecendo você percebe que tem algo errado, e essa sensação incômoda só aumenta até chegar à fantástica cena da hipnose (não consigo mais tomar algo em uma xícara sem tentar hipnotizar os outros).
Uma obra diferente, autêntica, misteriosa, engraçada, assustadora. Nossa, são muitos adjetivos para essa obra que realmente se destaca. É uma viagem a revelação do filme que chega a ser surreal e um tanto bobo até, mas só não mais "bobo" que o racismo de algumas pessoas, que podem acabar transformando a visita de um namorado negro à casa de uma namorada branca em algo assustador. É essa alegoria que faz o filme genial.


por Vagner Rodrigues

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