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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Radiohead - "OK Computer" (1997)







“Escuta, não fica aí de cara feia porque o nome da sua banda é roubado de uma música minha.”
contando sobre quando participara de um amistoso entre amigos do Zidane e amigos do Figo, em Lisboa, e o técnico Luís Felipe Scolari o escalara de titular deixando o baterista do Radiohead no banco. Chico referia-se então ao fato de que David Byrne, quando do lançamento de"A Opera do Malandro" ouvira a expressão 'Rádio Cabeça' na música "O Último Blues" de Chico e inspirara-se nela para dar nome a uma canção do disco "True Stories" dos Talking Heads ("Radio Head"), que por sua vez, originou o nome da banda Radiohead.


Durante muito tempo alimentei uma certa implicância com o Radiohead. Acho que muito em função de uma discussão que tive com uma irmã de uma amiga minha, fã dos caras, que  desfazia do The Cure, que ouvíamos naquele momento, reduzindo sua qualidade e importância, ao passo que enaltecia exageradamente a turminha do sr. York. No fundo, no fundo a discussão descabida tratou-se na verdade de uma desinteligência de ambos: dela porque é inegável que o Radiohead nada mais é do que um fruto de bandas oitentistas pós-punk como o próprio Cure e outras tantas, tendo herdado deles inclusive a melancolia, as atmosferas, o pessimismo; e minha porque não há como negar que trata-se de uma das mais originais e criativas bandas dos últimos tempos e que, se se espelharam em alguma coisa do pessoal sombrio dos anos 80, o produto obtido pelo Radiohead a partir destas influências apresenta mais qualidade e técnica do que aqueles conseguiram outrora, mas o que não significa que seja melhor ou pior, uma vez que primor, originalidade e virtuosismo não garantem necessariamente superioridade qualitativa. E este é outro aspecto que me incomoda: o endeusamento da imprensa e do público ‘cabeça’. É como se nunca tivessem visto (ouvido) nada igual. Calma aí!!! É bom? É. É original? É. É criativo? Sim. Mas não é o último baluarte da genialidade musical e nem deve-se ajoelhar e dizer amém pra tudo que os caras fazem.
Em parte essa negação à reverência coletiva também me fez manter distância do Radiohead durante muito tempo. Mas não precisava ir nem tanto ao mar nem tanto à terra. Não precisava necessariamente concordar com todos os entusiastas mas podia muito bem admitir que têm, sim, trabalhos significativos. Vencendo essa barreira, há pouco tempo, depois de muita resistência, adquiri o que considero o melhor e mais significativo trabalho da banda, o álbum “OK Computer”, de 1997, coisa que já devia ter feito há muito tempo, uma vez que SEMPRE admirei muito o álbum, que no fim das contas é um dos melhores dos anos 90, um dos melhores dos últimos 20 anos e um dos grandes da história do rock.
“Ok Computer” , de 1997, é exatamente o momento em que o Radiohead resolve que não quer ser uma banda como qualquer outra, não fazer álbuns comuns, não se fixar num modelo musical básico, e a partir de então dá outro rumo ao seu som. Deixam de trabalhar com o que seria lógico, óbvio e, inquietos, partem para experimentações e possibilidades sonoras variadas e ousadas. Incrementam seu som de elementos eletrônicos, sem contudo fazer um disco especificamente neste estilo. Pelo contrário: não abre mão do caráter rock e alterna ruídos, efeitos, texturas, baterias eletrônicas com guitarras pesadas, distorções e levadas aceleradas.
Quanto às letras, os temas variam entre desespero, depressão, decepção, alienação, angústia, tragédias... De um modo geral, uma visão crítica e nada otimista do mundo que nos cerca, tudo sob a visão de um dos grandes letristas dos tempos atuais.
A ‘ode’ à tecnologia, “Airbag”, e sua bateria eletrônica alucinada; as guitarras de rompantes furiosos em “Paranoid Android” e praticamente flutuantes em “Subterranean Homesick Alien”; a intensidade dramática de “Karma Police” e sua ‘camada’ eletrônica do final; a melodia doce contrastando com a letra depressiva de “No Surprises”; e a energia pegada de “Electioneering” merecem meu destaque particular, embora também mereçam menções “Let Down”e sua cara bem noventista; a boa “Lucky” e a dorida “Exit Music (For a Film).
E no fim das contas minha antagonista e eu tínhamos razão, mas ao mesmo tempo nenhum dos dois tinha: não se pode desfazer de aristas dos quais o próprio Radiohead bebeu na fonte, mas eu também, por minha parte, não tenho o direito de negar que trata-se de uma das melhores e mais importantes bandas dos últimos tempos, e, especialmente, “OK Computer”, um disco excepcional. Um daqueles poucos que já nasceram clássicos.

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FAIXAS:
01. Airbag
02. Paranoid Android
03. Subterranean Homesick Alien
04. Exit Music (For A Film)
05. Let Down
06. Karma Police
07. Fitter Happier
08. Electioneering
09. Climbing Up The Wall
10. No Surprises
11. Lucky
12. The Tourist
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Ouvir:

2 comentários:

  1. Olha, e digo mais: Paranoid Android é uma das obras-primas do rock. Aquele clipe animado chega a me dar enjoo de tão densa que é a coisa. Essa densidade é uma característica muito forte do OK Computer. Lembro que tinhas me "encomendado" essa resenha, e como o demorado aqui não fez, achei ótimo que tu tenhas feito, porque a tua visão ficou bem mais rica do que alguém como eu que já admirava o disco desde que foi lançado. A resenha ganhou um toque muito especial por isso.

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