Pra começar, um aviso: se você é fã da cantora Madeleine
Peyroux, não siga em frente. Você vai ficar muito irritado e vai me xingar, me
destratar e até vai ter vontade de me dar uns tapas. Por quê? Porque nunca
gostei de sua voz (aquele timbre "billieholidayesco" só funciona com
a própria) e acho que o resultado final de sua música é mediano. Não tem
brilho.
Com seus músicos no palco |
Posto isso, depois de ignorar os shows anteriores dela,
resolvi dar uma chance de ser surpreendido. Afinal, a formação é jazzística -
violão e ukulele mais guitarra e baixo acústico – para o show no Teatro Bourbon
Country, em Porto Alegre. E o guitarrista era o grande Jon Herrington, que toca
com o Steely Dan há muito tempo.
O show começou morno, demorando pra deslanchar. Diga-se a
favor de Peyroux, que ela foi muito simpática ao se comunicar com a plateia em português.
Musicalmente, os altos momentos foram "A Good Man is Hard to Find",
dedicada às mulheres; "Everything I Do Gonna be Funky", do mestre de
New Orleans, Allen Toussaint; e até mesmo "um cantchinho e um
violaaaao", "Corcovado". Em compensação, o pior veio logo
depois: uma versão horrorosa de "Água de Beber", também de Tom Jobim,
interpretada ao ukulele, como se o maestro tivesse vivido em Maui, ao invés do
Rio.
Para salvar o show, Peyroux e seus rapazes puxaram da
cartola "Dance me to the End of Love", de Leonard Cohen, no
encerramento. Ainda não foi desta vez que Madeleine Peyroux me convenceu. Não
sei se terá outra chance.
texto: Paulo Moreira
fotos: Cris Moreira/Divulgação
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