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sábado, 13 de julho de 2024

"As Raízes do Rock", de Florent Mazzoleni - Companhia Editora Nacional (2012)


 


Nesse Dia do Rock, aproveitamos pra destacar aqui um livro bem bacana que conta como esse velho senhor chamado rock'n roll surgiu, focando especificamente nos primórdios do gênero, lá no início da coisa quando sequer tinha esse nome e agregava diversos ritmos para formar sua identidade.

"As Raízes do Rock", do jornalista e fotógrafo francês Florent Mazzoleni repassa as etapas de formação do rock, indo lá no blues raiz dos anos 20 e 30, nos cantores gospel das igrejas, nos primeiros grupos vocais, na aproximação com o jazz, na eletrificação daquele ritmo incipiente, na incorporação de elementos country, na explosão dos grandes nomes, chegando até o início dos anos 60, quando o autor considera que se encerra o primeiro grande ciclo do rock'n roll, que a partir dali daria espaço para outras variações que o próprio gênero possibilitava.

O grande barato do livro na minha opinião é a grande ênfase e reconhecimento da importância dos artistas negros no processo de construção do rock. Mazzoleni não esquece Eddie Cochram, Buddy Holly, Gene VincentHank Williams e, é claro, Elvis, mas destaca com veemência o valor fundamental de um Floyd Smith, um Chubby Checker, de Fats Domino, Sister Rosetta Tharpe, tida por muitos como uma das criadoras do estilo, e Ike Turner com sua "Rocket 88", considerada uma das músicas definidoras do rock'n roll.

Ele anda meio doente, meio capenga, muitos dos grandes nomes que o fizeram chegar até aqui estão indo embora, mas nós amamos esse cara chamado rock'n roll e mesmo que o grande público praticamente o ignore ou não o compreenda bem com sua missão revolucionária e contestadora, ele viverá eternamente para aqueles que o tem nas nas veias, no coração. Hoje e sempre, viva o rock'n roll!

Aqui, alguns detalhes do interior do livro.
Pesquisa séria e dedicada do autor.



por Cly Reis



sexta-feira, 22 de março de 2024

Gene Vincent - "I'm Back and I'm Proud" (1969)

 



"Consciente do fenômeno Elvis
de quem observava cada movimento (...),
Gene Vincent se situava
a meio caminho entre seu herói
e o lirismo romântico de Buddy Holly."
do livro "Raízes do Rock"
de Florent Mazzoleni




Conheci "Be-Bop-a-Lula" no filme "Coração Selvagem", um road-movie frenético e improvável do diretor David Lynch, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1990. A canção era uma espécie de música-tema da personagem Lula, ainda que não se repetisse diversas vezes ou a cada aparição dela, como costuma acontecer nesse tipo de identificação no cinema.
Desde então passei a gostar muito da excelente trilha sonora do filme e em especial, entre outras de "Be-Bop-a-Lula".
"Be-Bop-a-Lula", um delicioso rockabilly embalado, descontraído, cheio de alternativas vocais, "gagueiras", respirações e gritinhos, foi o primeiro grande sucesso de Gene Vincent, cantor e compositor que surgiu naquela leva de novos-Elvis dos anos 50, mas que mostrava uma série de predicados que o qualificaram como algo diferenciado em meio àquele monte de promessas comerciais.
Curiosamente, a música que impulsionou a carreira de Vincent só veio a sair em álbum de carreira, 13 anos depois de seu lançamento, em 1969, no disco "I'm back and I'm proud", que como o nome sugere, representava uma espécie de retomada numa carreira que, depois dos primeiros anos de grande sucesso, não conseguira manter o mesmo patamar. Assim, para tal retomada, nada melhor do que partir do que tinha de melhor, ou seja, seu maior hit e, desta forma, "Be-Bop-a-Lula" era a arma nada secreta de Vincet.
Mas "I'm back and I'm proud" não se limitava a um apelo a "Be-Bop-a-Lula" que aqui, exigência dos tempos, aparecia numa versão  levemente mais psicodélica que sua original, lá de 1956. Merecem destaque também o rock vigoroso e elegante "Rockin Robin" que abre o disco; a eletrizante "White Lightning" gravada também pelo The Fall, posteriormente; a incendiária "Sexy Ways"; as releituras poderosas para duas lendas do country, "Rainbow at Midnight" de Ernest Tubb, e "I Heard the lonesome whistle", de Hank Williams; a revisitação de duas de suas antigonas, "Lotta Lovin'" e "Ruby Baby", uma espécie de variação de "Be-Bop-a-Lula" reproduzindo alguns versos e vocalizações, e ainda uma versão melancólica do clássico de domínio público "Scarlet Ribbons".
A retomada não veio, ainda que Gene Vincent mostrasse com o bom "I'm Back and I'm Proud" que que ainda tinha gasolina no tanque e lenha pra queimar. No auge do psicodelismo, das bandas inglesas, d ascensão de novos estilos, pouca gente queria saber dos ícones topetudos dos anos 50, embora, particularmente, Vincent gozasse ainda de um bom prestígio na Europa. A tentativa de ressurreição artística durou pouco pois, dois anos depois, Gene Vincent viria a falecer em decorrência do álcool, deixando, por um lado a impressão que a geração rock'n roll raiz, cinquentista, havia dado o que tinha quedar, mas por outro, a sensação que com um disco tão interessante quanto àquela, ainda poderia ter algo a oferecer.

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FAIXAS:

1 Rockin' Robin
2 In the Pines
3 Be Bop a Lula 69
4 Rainbow at Midnight
5 Black Letter
6 White Lightning
7 Sexy Ways
8 Ruby Baby
9 Lotta Lovin'
10 Circle Never Broken
11 I Heard That Lonesome Whistle
12 Scarlet Ribbons (For Her Hair)

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Ouça:

Gene Vincent - I'm Back and I'm Proud"
https://www.youtube.com/watch?v=X_xURXbVhyA&list=OLAK5uy_ljNPj1atjQgPcahNjaugSGhO4XJfR3M5w



Cly Reis