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terça-feira, 31 de outubro de 2023

10 Filmes de Bruxas para o Halloween

 



Dia das Bruxas!

Não tem como pensar em Halloween e não remeter a filmes de terror. E o interessante é que, embora o cinema sempre tenha dado uma atenção às bruxas, talvez diante do desgaste de algumas outras vertentes do terror, como serial-killers indestrutíveis, violência gráfica extrema, remakes ineficazes e desnecessários, ou franquias comerciais de sustos pré-programados, elas estão em alta e voltam com força no cinema atual. Que o cinema tem algumas bruxas célebres isso não há como discutir, como as belas adolescentes de "Jovens Bruxas", as veteranas carismáticas da "comédia" "Convenção das Bruxas", a oculta e onipresente "A Bruxa de Blair", e, por que não, a icônica bruxa verde com verruga e vassoura voadora de "o Mágico de Oz". Mas vamos aqui lembrar algumas outras. Umas, novos ícones da cultura do terror, como a jovem Thomasin, de "A Bruxa", de 2015, outras, lá do início da história do cinema como as mulheres acusadas de feitiçaria do impressionante "Haxan - A Feitiçaria Através dos Tempos", de 1922, outras, de filmes cultuados, como as diretoras da escola de balé, do clássico "Suspíria", de Dario Argento.

Então vamos à nossa lista de bruxaria. 10 filmes de bruxas para este Halloween...


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1. "Häxan - A Feitiçaria Através dos Tempos" - de Benjamin Christensen (1922) - Meio documentário, meio ficção, mistura documentos históricos com reconstituições encenadas, mas que de todo esse experimento cinematográfico consegue obter uma obra singular. "Häxan", apesar de toda sua condução documental, textos na tela, limitações técnicas, soluções primárias, etc., ainda nos primórdios do cinema, consegue prender a atenção causar, sim, terror no espectador. Numa exposição sobre as superstições, interpretações, temores coletivos, preconceitos, punições, ignorância e poder, o diretor, um visionário para sua época, nos apresenta diversas situações de pessoas que eram julgadas como bruxas, ou possuídas por demônios, baseado em suas aparências, gênero, condição mental, ou até mesmo interesse social religioso, sem, necessariamente, terem qualquer ligação com bruxaria. Mas onde entra a bruxaria no filme? Bem, nas dramatizações, de modo a demonstrar o que estava em julgamento ou como aquelas "bruxas" eram vistas, nos são apresentadas torturas, demônios, feitiçarias e mutilações. Sim! Isso em um "documentário" de 1922. Obra de arte. Aqui não temos UMA bruxa e sim várias, que, no entanto, muito provavelmente não tinham nada a ver com essas atividades. Por incrível que pareça, filme ainda muito pertinente na nossa época de preconceitos, julgamentos e condenações automáticas.


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2. "A Maldição do Demônio" ou "A Máscara de Satã" - de Mario Bava (1960) - Clássico do terror italiano! No século XVII, uma nobre, acusada de bruxaria, antes de ser executada com seu amante, lança uma maldição sobre a família de seus executores. Ela os perseguirá para toda a eternidade. Isso é logo no início do filme, é a primeira sequência e, com certeza a mais impactante dada o método de execução da princesa. Uma máscara com pregos é aplicada ao rosto da bela mulher. Até por todo esse impacto inicial, o filme inevitavelmente cai um pouco depois, com uma estranha mistura de vampiros e zumbis, mas mesmo assim vale como um dos grandes exemplares do terror gótico europeu. Sem contar que o fato de ser estrelado por Barbara Steele, uma das rainhas do terror, nos papeis principais, primeiro da bruxa Asa, condenada e morta, e depois de sua descendente a sobrinha Katja, possuída pela tia e pronta para aterrorizar o vilarejo e seus amaldiçoados, dois séculos depois.


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3. "Suspíria" - de Dario Argento (1977) - Uma obra de arte de Dario Argento. A fotografia labiríntica, a iluminação intensa, a trilha sonora inquietante, a direção de arte muito geométrica e o sangue excessivamente vermelho e vibrante, compõe uma obra esteticamente incrível em uma história sobre bruxas em uma escola de dança. Uma estudante norte-americana, Suzy Bannion, chega à Alemanha para prestar estudos numa conceituada academia de balé só que, uma vez integrada ao corpo de alunas, em meio a um ambiente frio e pouquíssimo receptivo, começa a perceber coisas estranhas... Há uma aluna desaparecida, outra morre tragicamente no hall do prédio onde mora atingida por uma estrutura de vidro, um instrutor é brutalmente devorado por seu próprio cão, sua colega de quarto é dilacerada por lâminas... Ela começa a desconfiar que há alguma coisa de errado com aquele lugar, resolve bisbilhotar e descobre que ali funciona secularmente um covil de bruxas comandado por uma lendária bruxa grega conhecida como Rainha Negra. Péssima ideia ter se metido nisso, cara Suzy! Só que agora que mexeu, vai ter que enfrentar. 

O filme tem um remake de 2018, bem interessante do também italiano Lucca Guadagnino, com algumas mudanças na história, é bem verdade, um final diferente, mas bem sangrento e bastante competente. Também merece uma boa olhada.



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4. "As Bruxas de Eastwick", de Geroge Miller (1987) - Raramente lembrado quando se fala em filmes de bruxas mas que, particularmente, gosto bastante. 

Três mulheres solitárias, cansadas de tudo, desestimuladas, mas sobretudo carentes, Michelle Pfeiffer, Susan Sarandon e Cher, vivendo na pacata e bucólica cidadezinha de Eastwick, resolvem fazer um feitiço em conjunto para materializarem o "homem dos sonhos". Ele vem. Mas não é bem dos sonhos. A vida das três vira de cabeça para baixo. Daryl Van Horne, encarnado por Jack Nicholson, planta entre as três o ciúme e a discórdia, e somente a união delas, novamente, poderá expulsar aquele mal de suas vidas. 

Sexy, divertido, carregado de questionamentos à condição da mulher de meia idade, especialmente naquele momento, nos anos 80, das idealizações e do verdadeiro valor do papel de um homem na vida de uma mulher. Elencaço de primeira com atuações brilhantes de todos mas, em especial do diabão Jack Nicholson.


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5. "Quando Éramos Bruxas", de Nietzchka Keene (1990) - Filme belíssimo baseado num conto dos irmãos Grimm, "Quando Éramos Bruxas", ou no original 'A Amoreira', traz a estreia da, então, jovem Björk, no cinema. Ela faz o papel de Margit, uma das filhas de uma mulher que fora morta por feitiçaria, e que foge junto com a irmã para um lugar remoto, onde não possam ser encontradas pelos executores de sua mãe. Lá, a irmã, Katla, enfeitiça e se casa com um viúvo local. O filho do homem, Jonas, no entanto, percebendo alguma coisa de estranho na madrasta, se opõe à união, a rejeita e tenta convencer o pai a deixá-la, no entanto, se afeiçoa à irmã mais nova, Margit, que, filha de bruxa, tem visões da própria mãe e da mãe falecida do garoto. Enquanto Katla usa seus poderes para sedução e para o domínio, a mais nova, Margit, os usa positivamente. Caso da bruxinha boa e da bruxinha má. 

Belíssima releitura feminista do conto dos Grimm, com espetacular fotografia em preto e branco.


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6. "As Senhoras de Salem", de Rob Zombie (2012) - Rádio, rock'n roll, vinil.... terror. O mundo de Rob Zombie! 

Em Salem, a cidade onde ocorreram os conhecidos julgamentos de bruxas do século XVII, nos Estados Unidos, uma DJ recebe um LP com uma música estranhíssima, sons indistintos, ruídos confusos, de uma suposta banda chamada The Lords. Depois de ouvir o troço, ela então passa a ter visões esquisitas, sonhos perturbadores, coisas atormentadoras. Heidi procura um especialista em ocultismo que entende que aqueles sons gravados no disco tinham as mesmas notas de um cântico de invocação de uma seita de bruxas que pretendem sua vingança contra os habitantes da cidade que as condenou. 

Para garantir que o destino da cidade seja cumprida, um trio sinistro de tiazinhas, vizinhas da DJ, vigiam a moça e vão garantir que ela, como uma das descendentes dos inquisidores seja o instrumento da vingança. 

Zombie constrói cenas de uma psicodelia macabra impressionante, sobretudo na sequência final quando finalmente parece que a profecia das bruxas se cumprirá. Padres se masturbando, bebês crucificados, anões deformados, tentáculos fálicos, freiras purulentas, fazem parte de um sabá orgíaco surrealista à espera da chegada do demônio pelo ventre de uma herdeira da linhagem dos Senhores de Salem. A maturidade de Rob Zombie na direção depois dos decepcionantes remakes de "Halloween".



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7. "A Bruxa", de Robeert Eggers (2015) - Clássico instantâneo, inegavelmente "A Bruxa" é uma das novas referências do terror. Um filme que assusta muito mais pelo todo, pelo ambiente, do que por sangue, surpresas, violência ou clichês batidos.

No século XVII, uma família, expulsa de sua comunidade, é obrigada a abandonar a aldeia onde viviam e morar no limite da floresta. Lá eles se instalam, constroem um casebre, um estábulo, tentam começar uma nova vida mas, certo dia, do nada, praticamente diante dos olhos da filha mais velha da família, seu irmão, ainda bebê some. Some... Simplesmente some. Ela não sabe o que fazer, onde procurar, como procurar e passa a ser responsabilizada pelo sumiço pelo próprio pai que, supersticioso e fanático como é, a acusa de bruxaria. Aos poucos a floresta que margeia a casa parece começar a dar sinais, atrair o irmão do meio, atiçar a primeiro curiosidade da jovem Thomasin e depois a simpatia, como uma amiga que chama, "Venha, venha...".

O bosque estático, o bode preto, o corvo, tudo é assustadoramente silencioso. Nada de pulos, de sustos, de correrias. Só a tensão. O Bode Black Phillip, por si só, é uma das coisas mais assustadoras do cinema. Posso afirmar que nunca mais olhei para um bode da mesma forma depois de assistir ao filme.



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8. "Hagazussa - A Maldição da Bruxa", de Lukas Feigelfeld (2017) - Filme, à primeira vista, esquisitíssimo mas que carrega uma série de metáforas e questionamentos sobre a condição da mulher. Pessoas, locais, situações se confundem e confundem o espectador, especialmente na parte final, numa sucessão de delírios da protagonista, a jovem Albarn, que depois da morte de sua mãe, mal vista pela comunidade onde vive, é obrigada a se afastar para as montanhas, nos alpes suíços. Lá, depois de adulta, com sua filhinha (não vemos, não somos informados, nem temos ideia de quem seja o pai), ela tenta levar a vida, no entanto, continua, como sempre em sua vida, desde criança, sente que algo lhe observa, lhe acompanha e talvez determine seu destino.

Um pouco de "A Bruxa", um pouco de "Quando Éramos Bruxas", "Hagazuza", destaca-se, sobretudo pela fotografia incrível, a luz sempre muito precisa e uma direção de arte econômica mas igualmente certeira.

Uma experiência estética incrível.



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9. "A Avó", de Paco Plaza (2021) - Helena, uma modelo vivendo em Madri, às portas de uma oportunidade importante dentro do mundo da moda, é obrigada a voltar às pressas à sua cidade natal, no interior, em virtude de um derrame de sua avó, a quem sempre fora muito ligada desde a infância e que a criara depois do falecimento dos pais. Ela retorna supondo que seria uma estada breve, tempo o suficiente para tomar algumas providências quanto à avó, mas as coisas vão a prendendo e ela não consegue se desvencilhar. A idosa está catatônica, completamente dependente, mal a reconhece mas ela é a única parente próxima e, primeiro reluta e depois tem alguma dificuldade em encontrar uma cuidadora de idosos. Os dias vão se passando e Helena vai notando comportamentos estranhos da avó que, embora não fale com ela, fique sentada, quieta olhando para o vazio o dia todo, por vezes, do nada, ri, fala sozinha, murmura umas ladainhas, levanta, some repentinamente para reaparecer logo em seguida.

A jovem tenta sair, tenta voltar, mas parece que a velha não deixa, quando consegue contratar uma enfermeira, a pessoa morre tragicamente ao sair de seu apartamento, sob o olhar frio da velha na janela.

Teria a avó alguma coisa a ver com aquela morte? Com o fato de ela, Helena, não estar conseguindo sair dali? Estaria a avó a segurando ali? E a jovem amiga misteriosa que vem aparecendo para visitar a avó? quem era? Ela diz conhecer Helena da infância mas que ligação teria com uma idosa quase inválida?

Helena começa a remexer nas coisas, físicas e emocionais, fotos, memórias, presentes, pessoas... Começa a ligar alguns pontos... a morte dos pais, ela ficando aos "cuidados" da avó... Eaquela velha amiga que costumava estar com ela? Por onde andaria? E jovem amiga da avó... Será...?

Rejuvenescimento? Apropriação de outro corpo? Roubo de alma? Imortalidade? 

Bruxaria?


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10. "Você Não Estará Só", de Goran Stolevski (2022) - Por incrível que possa parecer, um filme lindíssimo! A bruxa é deformada com pele enrugada de queimaduras, tem garras de animal, ela estripa bicho, come gente mas o filme é belíssimo. O importante aqui é a descoberta da beleza que é SER HUMANO.

Navena, quando bebê, fora prometida pela mãe a uma bruxa que ameaçava comê-la. A proposta desesperada, para salvar a filha, era que a bruxa a buscasse apenas quando tivesse 16 anos de idade, com o pretexto de lhe a menina poderia lhe fazer companhia mais tarde. A bruxa concorda e deixa a criança, mas quando a garota completa a idade, mesmo com uma última resistência da mãe, a feiticeira volta para buscar o que lhe fora acordado. A adolescente vai, acompanha a nova "mãe" e, embora marcada por ela e também transformada em bruxa, não tem a menor aptidão para aquilo e é abandonada no bosque pela maligna tutora. Só que descobrindo a capacidade de adquirir a forma de quem devora, a menina, com a inocência de uma criança que mexe no que não deve, admirando pelos mais diversos motivos as pessoas que vai encontrando e conhecendo, as mata, come e assume por algum tempo suas vidas, experimentando experiências diferentes, no corpo, ora de uma mulher madura, ora de um rapaz, ora um animal, ora de uma criança. 

Uma jornada de descobertas, de experimentos, de provar, como diz a canção, a dor e a delícia de se ser o que é. E mesmo com todos os prós e contras, comprovar, como diz aquela outra música, que a vida, no fim das contas, é bonita, é bonita e é bonita.



Aproveitem o Halloween, bruxos e bruxas!



por Cly Reis

sábado, 11 de junho de 2022

"O Homem do Norte", de Robert Eggers (2022)

 



Um longa que chegou gerando uma serie de expectativas e no meu ponto de vista, consegue cumprir todas elas. Robert Eggers deve ter em "O Homem do Norte" seu longa menos aclamado pela crítica, mas segue tendo apenas acertos na sua curta carreira de 3 filmes. Eggers consegue acertar mais uma vez, fazendo o filme de ação que Hollywood adora, mas sem deixar de lado seu toque artístico pessoal. 

O príncipe Amleth (Oscar Novak) já é considerado um homem e está pronto para ocupar o lugar do pai, o rei Aurvandil (Ethan Hawke), quando este acaba sendo brutalmente assassinado pelo próprio irmão Fjölnir (Claes Bang), que pretende tomar seu lugar. O menino, que presenciou o acontecimento, jura que um dia voltará para vingar o pai e matar o tio.

Filme que divide opiniões: muita gente não gostou pelo fato de conter muita simbologia, diálogos longos, uma profundidade maior dos personagens, um ar fantasioso que foge da veracidade histórica... Outros, no entanto pessoas não gostaram por não ser exatamente aquilo que esperamos de Eggers. O longa tem mais ação e foca na figura heroica masculina, o que incomoda parcela do público. Acredito que o filme só perde força quando ultrapassa uma das linhas, indo muito para fantasia, ou muito para ação, tendo dificuldade em manter o equilíbrio,  e gerando os desagrados do público.

No geral, o filme é em bem balanceado, trabalhando os elementos fantásticos de uma maneira única, trazendo o misticismo das mitologias, prezando também por ser o mais fiel possível aos registros históricos da época, na direção de arte, com as roupas e cenários. 

"O Homem do Norte" pode dividir o público, mas no meu ponto de vista pode agradar todos os públicos, com uma uma fotografia fabulosa, que poderiam virar um quadro para colocar em qualquer parede, um roteiro que dá espaço para desenvolvimento dos personagens, uma atuação formidável de Oscar Novak, e um plot no trecho final do roteiro que, por não conhecer a história (confesso), me pegou de surpresa.

Parece simples fazer uma atuação dessas,
mas pense na intensidade que o ator tem que entrar em cena, SEMPRE!!!



por Vagner Rodrigues