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sábado, 31 de outubro de 2020

"A Bruxa de Blair", de Eduardo Sánchez e Daniel Myrick (1999) vs. "a Bruxa de Blair", de Adam Wingard (2016)



Num Halloween, nada melhor que um confronto de bruxas no nosso Clássico é Clássico (e vice-versa). De um lado, um filme caseiro, de baixíssimo orçamento mas que além de ter um gigantesco e surpreendente retorno financeiro, tornou-se um dos novos clássicos do terror; do outro, um que, com um bom suporte, com algum investimento, teve a pretensão de aperfeiçoar o que nunca teve a pretensão de ser perfeito. Inglória missão.

Um remake (ou reboot, que seja) de "A Bruxa de Blair" jamais conseguirá igualar o original num quesito fundamental: a verdade. E não me refiro somente ao pseudo-realismo proposto pelo formato found-footage, mas também às reais condições de produção. "A Bruxa de Blair" original, o de 1999 era assim, porque era o que dava pra fazer: um mato, alguns amigos, câmera na mão, cortes abruptos, montagem ruim e era isso. Muita criatividade, algum talento cinematográfico, uma publicidade certeira, promovendo o filme como sendo fatos que teriam realmente acontecido, e temos um grande sucesso de bilheteria. O novo, por sua vez, por mais que tenha tentado reproduzir o clima e algumas situações do filme anterior, não consegue se livrar da artificialidade de uma mera cópia sem alma.

As histórias não são exatamente iguais. No primeiro, dos estreantes Eduardo Sánchez e Daniel Myrick, vemos as gravações das fitas encontradas de um grupo de curiosos estudantes de cinema, que, com a intenção de fazer um filme, um documentário, seguem o rastro de uma lenda de uma bruxa que levava crianças e as matava numa casa numa floresta nos arredores de uma pequena cidade; já no segundo, dirigido pelo bom Adam Wingard, de "Você é o Próximo", a lenda já é conhecida e um grupo vai atrás, exatamente, de uma das pessoas desaparecidas naquela primeira incursão do filme original.


"A Bruxa de Blair" (1999) - cena da barraca



"A Bruxa de Blair" (2016) - conhecendo a Bruxa


Ainda que não seja exatamente um grande filme, no que diz respeito à qualidade técnica, o time de 1999, bem treinadinho, com uns pratas da casa, não tem maiores dificuldades em superar seu rival de 2016. Faz um gol pelo "realismo" quase convincente do formato falso documentário que, se não inventou, consolidou e repopularizou, sendo copiado inúmeras vezes a partir de seu lançamento. Faz outro pela cena das "crianças" batendo e aterrorizado em volta das barracas, numa das cenas mais terríveis e angustiantes dos últimos tempos no cinema; e guarda outro numa jogada ensaiada de escanteio, quando um dos jogadores fica parado, de costas, no corner, pra bruxa vir e mandar a pancada. O reboot faz o seu de honra por conta da atmosfera labiríntica da casa, mas, na mesma cena, faz um gol contra ao nos revelar o aspecto da bruxa, que era muito mais interessante que continuasse misteriosa e materializada apenas pela nossa imaginação. Completamente desnecessário!

Fim de jogo. 4x1 para "A Bruxa de Blair" original.


À esquerda, o original: pouca gente, a câmera que tinha, imagem ruim... Futebol raiz!
À direita, o novo: gente demais, todo cheio de frufru, e drone e sei lá mais o que...
Futebol Nutella.

A garotada do time de 1999 apronta uma correria pra cima do de 2016 que fica perdidinho
como se estivesse correndo num mato, sem mapa nem bússola.
Deu a lógica: A Bruxa de Blair" original volta pra casa com a vitória.
Quero dizer, voltar pra casa, ninguém voltou, mas pelo menos mostraram quem é o verdadeiro clássico.




por Cly Reis

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