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terça-feira, 6 de agosto de 2024

10 músicas francesas de autores não-franceses


Eles não são franceses, mas manjam dos “mon amour”. A sonoridade do idioma francês enseja à musicalidade. E que músico que não gostaria de cantar uma canção em francês? Há os que se aventuraram com muito sucesso, a se ver por Cássia Eller com "Non, je ne regrette rien", Grace Jones com “Libertango” ou Caetano Veloso em "Dans mon Ile". 

No entanto, cantar em francês é uma coisa. Agora, compor não sendo da terra de Piaf é, aí sim, tarefa para poucos. 

Poucos e bons, é possível dizer. Em época de Olimpíadas de Paris, fizemos aqui uma pequena lista de músicos não-franceses e suas composições, originais, na língua de Hugo. E é cada preciosidade, que Aznavour diria, com toda a certeza: “Oh là là”!, elogio que até quem não é da França compreende.

Semelhante ao que fizemos há 3 anos quando das Olimpíadas de Tóquio, pinçamos só coisas interessantes, desde roqueiros a jazzistas, de músicos populares a eletrônicos. Só coisa boa, só "crème de la crème". Confiram aí!

PS: Pensaram que a gente ia puxar a Gretchen cantando "Melô Do Piripipi", hein!?




“La Renaissance Africaine” – Gilberto Gil
Certa vez, nos anos 90, assistia na TV5, canal de televisão estatal francês, a uma entrevista do craque Raí, cidadão francês e ídolo por lá. Até que, de repente, quem o apresentador chama para entrar no estúdio? Gilberto Gil. Com um francês em dia, o mestre teria uma lista só sua de composições francófonas. Uma delas, destacamos aqui, talvez a mais bela de todas, originalmente de 2008 e gravada de maneira gigante em "Concerto De Cordas & Máquinas De Ritmo". Numa Olimpíadas em que grande parte dos atletas da casa são descendentes diretos de africanos, esta música se torna cada vez mais pertinente e poética.




“Dis-mois Comment” – Chico Buarque
O cara tem casa em Paris, onde, aliás, passou o seu recente aniversário de 80 anos. É outro da MPB que domina o francês talvez tanto quanto o português pelo qual é multipremiado como escritor. Tanto que é capaz de escrever canções como “Joana Francesa”, feita para a voz de Jeanne Moreau para o filme homônimo de 1973 na qual brinca com a sonoridade de um idioma e outro. Mas esta aqui, em especial, é integralmente em francês. Trata-se de ser uma das 14 joias da parceria Chico Buarque e Tom Jobim, que nada mais é do que "Eu te Amo", que o autor gravou com a cantora Cecília Leite em 2005.





“Le Petit Chevalier” – Nico
Nico iniciou a carreira musical muito bem amparada por nomes como Bob Dylan, Jackson Browne, Lou Reed e John Cale. Porém, embora o inquestionável talento dessa turma, ela ficava sempre muito dependente e, pior, subjugada a homens e relegada apenas a uma intérprete. Foi então que, em 1971, ela mesma compôs faixa a faixa aquele que é seu melhor álbum: “Desertshore”, no qual consta esta bela canção de ninar cantada em francês pela voz do pequeno francesinho Ari Boulogne, filho da musicista e modelo com o ator Alain Delon, à época com 9 anos. Uma preciosidade, ou melhor, "un bijou".






“Orléans” – David Crosby
Neil Young é amado pelos fãs de rock, mas da turma do folk rock da Costa Oeste David Crosby talvez seja o mais lendário deles. Após encabeçar projetos célebres como a The Byrds, a Crosby, Stills, Nash & Young, ele lança, em 1971, seu primeiro disco solo. Afiado melodista assim como seus parceiros de estrada, ele traz no seu maravilhoso “If I Could Only Remember My Name”  a linda “Orléans”. Tá certo: trata-se de um tema tradicional do folclore norte-americano, mas a roupagem dada pelo arranjo de Crosby justifica o crédito.





“Aéro Dynamik” – Kraftwerk
Por meio e através das máquinas, eles criaram sons universais. Nada mais natural, então, de criarem músicas não apenas no alemão, seu idioma original, mas em outros diversos como inglês, espanhol, português e até japonês. Para a língua da França, no entanto, a Kraftwerk guardou um trabalho especialmente dedicado, que é o belíssimo disco “Tour de France Soundtracks”, de 2003. Todas as músicas não instrumentais receberam letra em francês, como esta, que fala sobre um dos elementos essenciais para o ciclismo e outros esportes de velocidade: a aerodinâmica.





“La Pli Tombé” – Marku Ribas
Marku Ribas é daqueles craques da música brasileira que o Brasil não conhece. Talvez até por isso, ele seja mais bem entendido por quem fala francês. Tendo morado em Paris no final dos anos 60 (atuou neste período em filmes de Robert Bresson e Jean-Marc Tibeau, no qual interpreta o líder comunista brasileiro Luiz Carlos Prestes, inclusive), este mineiro incontrolável foi parar na Martinica, onde oficialmente fala-se francês, mas não-oficialmente o crioulo. Numa mistura dessas duas fontes, Marku escreveu algumas de suas canções, como esta, baseada em um folclore tradicional martinicano, que grava em seu excepcional disco “Marku”, de 1976.





“Bonjour, Monsieur Gendarme” – Chico César
Outro talentoso músico brasileiro também se aventurou pelo bom “français”. Chico César, em seu álbum “Vestido de Amor”, de 2022, gravado em Paris e que tem, além da produção do franco-belga Jean Lamoot, toques de músicos africanos, brasileiros e franceses. Primeira composição feita por Chico em francês, foi uma das iscas para atrair os ouvintes de lá para a edição estendida do álbum. Espertinho esse Chico César.





Valse Au Beurre Blanc” – Ed Motta
O ouvido de Ed Motta capta e absorve tudo que é som do mundo. Da tão admirável Paris, não seria diferente. No seu “Dwitza”, de 2009, considerado por muitos seu melhor trabalho, ele manda ver nesta genial “chanson” – e com uma pronúncia daquelas de quem sabe o que está cantando. Mais do que isso: convida para os vocais um coro de barítono e sopranos e ao estilo Bel Canto elegantérrimo. Ah, detalhe: é ele, Ed, quem toca todos os instrumentos. “Va te faire foutre!”, é só o que posso dizer.





Le Mali Chez la Carte Invisible” – Tiganá Santana
O primeiro álbum do compositor, cantor e instrumentista baiano Tiganá Santana, "Maçalê", lançado em 2010, é nada mais, nada menos, do que o primeiro álbum na história fonográfica do Brasil em que um autor apresenta canções próprias em línguas africanas. São línguas do tronco linguístico bantu, mas onde também entra bela canção em francês inspirada em reconstruções idiomáticas de várias pessoas que habitam o solo do continente africano.




Purquá Mecê” – Os Mulheres Negras
A música saiu na gozação com o idioma francês, daquelas típicas da dupla Maurício Pereira e André Abujamra, principalmente, que faria várias dessas na sua banda Karnak anos depois com o russo, o espanhol, o esperanto e por aí vai. Além de ser um barato, a letra, que não diz coisa com coisa, explora a sonoridade do francês e tenta (sim, tenta) traduzir para o português. Clássico d'Os Mulheres Negras.




Daniel Rodrigues

segunda-feira, 22 de junho de 2009

ARQUIVOS DE VIAGEM (PARIS)














À margem do Sena.

A incrível Notre Dame...




A vista da ilha, as gárgulas cuspindo água e os arcobotantes da estrutura.






A fantástica Torre Eiffel.



Na Champs-Élysées com a camisa do Colorado e com o Arco do Triunfo ao fundo.

E agora, já no Arco do Triunfo.




No novo arco, o La Defénse, na parte nova de Paris.
















E a praça em frente a ele cheia de esculturas e monumentos.
ARTE!





A Cidade Luz à noite. A Torre ao fundo na primeira foto e na outra um chafariz na Place de La Concorde.



A Sacre Coeur com um ambiente muito legal. O pessoal sentado na escadaria, fazendo um lanche, conversando, ouvindo um som de um carinha que tocava REM com a voz do Michael Stipe.



O Opera de Paris.



O famoso Museu do Louvre.





A igualmente famosa Monalisa ao fundo, a pirâmide maior vista por baixo e a pirâmide invertida (lembram do "Código da Vinci"?)




















Este, o Centre Pompidou, um museu de arte moderna, moderno desde a concepção arquitetônica. No interior, um painel-instalação brincando com nomes de artistas modernos. Annie Warhol? Miss Vann der Rohe?
Totalmente POP!


















Aí é o Musée D'Orsay, uma antiga estação de trem. Este mais na linha realista e impressionista.




Dando um pulo fora de Paris, chegamos a Versailles. No palácio onde viveu Maria Antonieta (e de onde saiu para a gulhotina, também). Muito luxo e riqueza. Notem só o belíssimo jardim.




E fechando com a cidadezinha que nos hospedou. A simpática Etampes, com sua milenar fortificação no alto de uma colina, La Guinette, e com suas igrejas históricas por sua idade, com quase mil anos, e pelo fato de seus motivos, imagens e santos terem sido decapitados na época da Revolução Francesa (notem na foto). Atravessando séculos e acompanhando a História.





segunda-feira, 1 de junho de 2009

ARQUIVO DE VIAGEM - Europa



Aeroporto, mala, poltrona desconfortável, sono ruim, hotel, informações e é em inglês, em italiano e é em francês, e dá-lhe fotografia, fotografia, fotografia, e de novo hotel, e outro dia mais fotografia, e tome outro aeroporto, ou estação de trem, ou táxi, e outro hotel, e mais foto, foto, foto... É, isso é viajar! Mas é bom! E principalmente para a Europa que era uma antiga aspiração. O roteiro? Londres, Paris, Roma, Florença e Veneza.

LONDON, LONDON


A primeira parada, a terra da Rainha, que mais do que todas as outras eu tinha uma enorme vontade de conhecer por causa principalmente de toda a atmosfera rock do lugar, por causa das bandas que admiro ou mesmo por toda a influência musical e comportamental que exerce sobre grande parte do mundo, não me decepcionou. Londres é DEMAIS!O lugar respira rock, as pessoas são do seu jeito e pronto... pode-se andar enrolado com uma tira de papel higiênico que ninguém dá bola (de verdade, eu vi isso!), punks circulam normal e ordeiramente por toda a cidade respeitando e sendo respeitados. E que povo educado! E não digo só pelo fato de cuidarem da limpeza da cidade, do seu pátio e tudo mais que é só obrigação de cidadão na verdade, são atenciosíssimos ao darem uma informação, realmente ficam consternados se pisarem no seu pá no metrô e se importam se você está gostando da cidade, sendo bem tratado, se não está perdido, etc.
Mesmo com sua paisagem arquitetônica um tanto homogênea com aquelas construções características em tijolos maciços, Londres é uma constante novidade a cada esquina por conta de prédios novos com características mais ousadas e vanguardistas, das atividades e costumes de cada bairro ou por causa dos prédios antigos, clássicos e históricos que por vezes são museus, alguns teatros e muitos ainda vinculados à realeza britânica que se pode ser encarada como retrógrada e hipócrita, pode também ser vista como um charme, uma peculiaridade.
Enfim, Londres é tudo o que eu esperava e um pouco mais.


PARIS AU PRINTEMPS

Já Paris é um pouco menos.
Não posso dizer que não gostei de Paris. Gostei, sim. Mas é uma cidade tão pretensiosa quanto o Rio, por exemplo, que acha que é muito mais do que é na verdade e lá pra piorar, seus habitantes chegam a ser arrogantes por conta dessa pose. Além disso, ao contrário do que se possa imaginar Paris é uma cidade com pedintes de rua, perigosas estações de metrô, trombadinhas nos pontos turísticos e pichações depredatórias no metrô, que a propósito, confirmando informações, realmente FEDE no interior dos seus vagões.

Ao contrário do que imaginava, Paris não me fascinava a cada rua, a cada esquina. Os lugares, os pontos principais em si tem seu brilho mas não fazem um conjunto harmonioso. O Louvre na paisagem não impressiona, mas impressiona ao chegar ao seu pátio e ver a imponente pirêmide à frente do antigo palácio. As outras igrejas, fora a de Notre Damme, que é lindíssima, não tem aquele impacto por mais que inegavelmente sejam belas e importantes. O Champs-Élysées é charmoso e tal, mas não foi o suficiente pra me amolecer. Porém a Torre Eiffel eu diria que é o ponto de exceção. Ela é incrível de qualquer ponto da cidade que se veja e domina a paisagem .Chegar na Torre e vê-la é indescritível! Certamente é um dos mais incríveis e mais belos monumentos erguidos pelo homem e justificadamente é o cartão postal da capital francesa.

A CIDADE ETERNA

Roma apesar de também me passar uma má impressão assim que desembarquei em uma estação de trem semi-deserta e meio pichada, se recuperou comigo logo em seguida.
É uma cidade agradabilíssima, cheia de vida e alternativas. Tem um povo vibrante, alegre, meio matreiro como o brasileiro, mas acho que até por conta disso a gente se sente como se estivesse em casa.

Roma tem graça de se percorrer a pé. Vê-se uma praça aqui, um teatro ali, um museu, passa-se por ruazinhas estreitas, tropeça-se em antiguidades como antigos templos e palácios e igrejas de arquitetura fantástica e fascinante e bebe-se água em uma fonte . E as fontes!!! A lendária Fontana de Trevi é muitíssimo bela e disputada por conta da superstição de se jogar moedas nela. Fica numa região muito simpática num labirinto de vielas que passam pela Piazza Navona, pelo templo de Adriano e pelo Pantheon, não muito distante de outra famosa que é a da Piazza de Spagna, que por sua vez, fica numa região chiquérrima cheia de lojas das mais famosas grifes, e situa-se ao pé de uma extensa escadaria que leva à igreja de Trinitá dei Monti.
E a Roma antiga??? Nossa, cara! Pisar na Roma antiga é como remontar a história. Entrar no Coliseu, passar pelo Arco de Constantino, o Fórum de César, o antigo Circo de Corridas (que infelizmente não tem mais quase nada pois foi OFICIALMENTE saqueado), o Campidóglio,os muros da cidade... Tudo demais.
Ah! Ia esquecendo do Vaticano! Igualemte fascinante. Mas fascinante graças a Michelângelo.
O teto da Capela Sistina é relamente tudo o que se diz dela. É de tirar o fôlego. Absolutamente maravilhoso.
Igualmente incrível é a praça de São Pedro e sua basílica homônima. A praça tem aquele formato que parece abraçar o visitante e a catedral tem projeções de luz solar que dão um aspecto verdadeiramente celestial ao local. Isso sem falar na riqueza dos ornamentos, na beleza dos afrescos e da emocionante escultura da Pietá, que fica logo à direita na entrada.
Ave, Michelângelo!


O BERÇO DO RENASCIMENTO
Florença é uma cidade que respira arte.
Tudo nela é beleza e cultura. Seus museus são indispensáveis e suas igrejas são tão valorosas quanto não só pelas ricas e belíssimas ornamentações internas, quanto por suas concepções arquitetônicas bem características da região. A Basílica, por exemplo a de Nossa Sra. del Fiori, o Duomo de Florença, é espantosa pelo grau de ornamentação e detalhamento das fachadas em grande parte revestida em mármores branco e verde. Tudo, e digo absolutamente TUDO, tem detalhe, chega a ser carregado visualmente, mas não chega a comprometer sua beleza. Isso sem falar no porte da edificação, que é incrivelmente monumental.
É uma cidade que se percorre praticamente toda a pé e digo-lhes: é um deleite e privilégio caminhar nas ruas de Florença. Neste berço de gênios. Terra de Dante Alighieri e de Leonardo, que na verdade é de Vinci, como diz o nome, mas que na época do seu nascimento fazia parte de Florença.

SERENÍSSIMA
A sereníssima do Adriático, Veneza, é apaixonante. Tem todo aquele romantismo que se atribui a ela e aquela singularidade de ser uma cidade cortada por inúmeros canais, o que só a deixa mais bela.
A Praça de São Marco é o coração da cidade e lá encontra-se a incrível Catedral de mesmo nome com sua arquitetura gótica com influência moura e oriental, seu enorme campanário separado dela à sua frente, o belíssimo palácio Ducale também com algum toque mourisco no qual localiza-se a legendária ponte dos suspiros ligando o palácio a seu anexo do outro lado de um dos canais. A propósito de pontes, existem inúmeras, muitíssimas mesmo e em cada uma delas uma beleza diferente, um charme, uma foto para tirar. Click!
Nos canais constante movimentação pra lá e pra cá de gondoleiros levando casais para passeios românticos. Pode parecer cafona ( e eu tô preocupado com o que pode parecer?) mas fizemos, eu e minha guria, o passeio de gôndola e é romântico mesmo.
Só que, curiosamente, ao dizermos que éramos brasileiros ao gondoleiro ele cantarolou "Aquarela do Brasil". Eu esperava um "Sole Mio" ou algo assim. Mas valeu! Veneza é nota 10!

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Esse foi só um apanhado geral.
Em outras postagens me deterei mais em cada cidade tratei mais fotos e contarei curiosidades.



Cly Reis