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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

"Oppenheimer", de Christopher Nolan (2022)


INDICADO A
MELHOR FILME
MELHOR DIREÇÃO
MELHOR ATOR (CILLIAN MURPHY)
MELHOR ATOR COADJUVANTE (ROBERT DOWNEY JR.)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE (EMILY BLUNT)
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
MELHOR FIGURINO
MELHOR CABELO E MAQUAIGEM
MELHOR TRILHA SONORA
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
MELHOR EDIÇÃO
MELHOR SOM
MELHOR FOTOGRAFIA


"Oppenheimer"
é o bom meio termo entre a costumeira narrativa intrincada, fragmentada, de Christopher Nolan, e um cinema mais convencional. Tinha curiosidade para ver como o diretor se sairia em uma proposta de retratar uma personalidade, um acontecimento histórico, e ao mesmo tempo encaixar esse tipo de abordagem a seu estilo de filmar, manipulador de tempo e sensações, do qual tinha certeza que ele não abandonaria, e o resultado é um trabalho bastante eficiente e convincente. É bem verdade que ele já  havia se aventurado em acontecimentos históricos no bom "Dunkirk",  mas lá, sem maior compromisso com um personagem em particular ou com uma cronologia rígida, pode brincar à vontade com seus elementos  habituais, proporcionando um produto final com sua marca registrada do tradicional nó na mente do espectador.
"Oppenheimer" não é o melhor trabalho de Nolan, mas certamente é o que mais agradará o público em geral, até por conta dessa 'simplificação' à qual ele se viu obrigado em nome de contar a história com alguma coerência.
O filme acompanha a trajetória do brilhante físico norte-americano Robert Oppenheimer que, curioso, ambicioso, vaidoso, levou suas teorias sobre a fissão nuclear a um ponto de que a mesma viesse a servir para o desenvolvimento de uma bomba atômica. Pressionado pelo governo norte-americano, em pleno auge da segunda guerra mundial e diante de uma insana queda de braço internacional pelo hegemonia militar, o físico concorda em desenvolver o projeto da bomba para o governo, o que, no fim das contas, depois dos resultados que hoje conhecemos, resultaria para ele, além de invejas e desafetos, um processo de responsabilidade movido pelas autoridades, isso sem falar, intimamente, nos questionamentos pessoais e crises de consciência.

"Oppenheimer" - trailer


Com uma edição ágil, uma montagem muito bem executada e um trabalho de som espetacular, "Oppenheimer" é  tecnicamente impecável, disparado o trabalho mais bem acabado de Christopher Nolan. Apesar das três  horas de duração, a dinâmica do filme, a alternância de tempos, de estados emocionais, o preto e branco, a cor, o silêncio, a explosão, fazem com que o longa não se torne cansativo. Contudo, por outro lado, a narrativa quebrada, inconstante, obriga o espectador a estar sempre atento ao que é passado, presente, o que é realidade, o que é  sonho, desejo, delírio ou pensamento...
Nolan, me parece, tem o mérito de contar a história, relatar os fatos, sem, no entanto, submeter seu protagonista a um julgamento, mesmo diante de uma consequência tão séria quanto foi a tragédia nuclear do Japão e todo o aparato bélico que veio a ser instalado ao redor do mundo depois de sua descoberta. Ele deixa para a espectador o juízo de cada um, e para o próprio personagem retratado, os conflitos de sua consciência.
É sabido que o diretor sofre alguma resistência tanto do público quanto da crítica por uma suposta pretensão e uma certa ambição grandiloquente, mas talvez "Oppenheimer" tenha equilibrado as coisas e acabe lhe rendendo, finalmente, um justo reconhecimento por um trabalho que, no fim das contas, tem muitas qualidades e, para bem ou para o mal, mexe com o espectador. E esse reconhecimento, talvez venha em forma de algumas estatuetas douradas na prateleira.

Em "Oppenheimer", Christopher Nolan talvez tenha encontrado o equilíbrio de seu cinema.
O encontro de duas mentes brilhantes.
Oppenheimer em conversa com Albert Einstein, num dos momentos
marcantes  do filme.



Cly Reis 

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