Ele contracenou ao lado de quase todos os grandes atores e atrizes da golden age americana. Com Burt Lancaster trabalharam em quase 10 filmes juntos. Também produziu e dirigiu dezenas de outras lendas do cinema. Atuou em clássicos eternos como "Spartacus", "Glória Feita de Sangue" e "Duelo de Titãs". Foi dirigido por nada menos que; Howard Hawks, Henry Hathaway, John Huston, John Frankenheimer, Otto Preminger, Anthony Mann e George Miller. Era considerado um ator difícil e ao mesmo tempo muito respeitado. Demitiu Anthony Mann de Spartacus e trancou o pé com Hollywood em relação à "lista negra" do governo americano quando saiu em defesa de Dalton Trumbo e de outros roteiristas. Foi indicado ao Oscar, Bafta, César e Globo de Ouro. Mesmo merecendo, a Academia só lhe daria um Oscar honorário. Da lista da AFI dos maiores atores de todos os tempos, ele é o único ainda vivo. Doou cerca de 40 milhões de dólares a caridade. Atribui sua longevidade ao casamento duradouro de mais de 60 anos. Longa vida mestre, longa vida lenda.
Um filme sobre a vida de conturbada de Dalton Trumbo merecia
algo digno, e Joy Roach consegue fazer algo que seja digno do nome deste grande
e importante roteirista. Apesar de sofrer um pouco com as falhas que a maioria
das cinebiografias sofrem como omissão de fatos e invenção de outros, o longa
se sai bem, com grande atuação de Bryan Cranston e uma ótima recriação de
cenários. "Trumbo", cumpre
seu papel de apresentar quem essa personalidade e o que foi a "lista negra", uma época de dor em Hollywood.
O filme conta a história do roteirista Dalton Trumbo (Bryan
Cranston), renomado escritor norte-americano que pertencia ao grupo Hollywood
Ten, formado por profissionais de Hollywood que se recusaram a responder perguntas
do governo dos EUA e acabaram presos. Mesmo quando saiu da prisão, Trumbo
demorou anos para vencer o boicote do governo, sofrendo com uma série de
problemas envolvendo familiares e amigos próximos.
A banheira, o local de maior inspiração
para o roteirista.
Apesar de bem caracterizado, o filme acaba deslizando nos
seus saltos temporais, pois algumas coisas acabam passando rápido demais e não
sendo aproveitadas. É relatado que Trumbo é um grande escritor, um roteirista
renomado de Hollywood, seus filmes são citados mas não são mostradas suas
obras e o porquê de tamanho sucesso. Acredito que, por serem filmes antigos,
muita gente não os conheça, por isso seria bom mostrar algumas partes ou
bastidores como fazem muito bem com as cenas da premiação do Oscar. Ao invés
de falar um pouco mais das obras do autor, o roteiro dá espaço para as questões
familiares de Trumbo. Depois de todo um segundo ato focando nesse
distanciamento dele com a família, tudo é resolvido com uma rápida conversa com
sua mulher. Acho que obra poderia ter arriscado mais, porém a escolha foi fazer
o “arroz com feijão”, o que tornou o filme bem genérico.
O grande acerto do filme está em sua estrela principal,
Bryan Cranston, que brilha mais uma vez. Ele parece estar possuído pelo
espírito de Trumbo, tamanho a semelhança dele com o roteirista. A entrega do
ator ao personagem é enorme desde os momentos cômicos, onde Trumbo utiliza
toda sua ironia, aos momentos mais tensos como sua chegada à prisão. Todas as
cenas com o ator são ótimas, desde os momentos na banheira escrevendo seus
roteiros até as partes onde o personagem é humanizado, quando vemos sua relação
com a família (na verdade, esposa e
filha mais velha, o resto é meio que deixado de lado).
Trumbo e Kirk Douglas resolvendo trabalhar juntos
para rodar "Spartacus"
Além da grande atuação de Cranston, a parte de fotografia,
figurinos, cenários, todo esse trabalho técnico também está excelente, consegue
retratar muito bem o luxo da Hollywood da época. Os melhores momentos do filme
acontecem perto do final depois que Trumbo sai da cadeia e começa a fazer
roteiros para uma pequena produtora usando pseudônimos, até o momento em que um
desses filmes (“The Brave One”, 1956) ganha o Oscar de Melhor Roteiro, que, é
claro, ele não pode receber. A partir daí, os personagens são bem definidos e
os "desnecessários" problemas familiares que atrapalham a andamento
da obra são encerrados. Também temos o surgimento de Kirk Douglas e de Otto
Preminger, que ajudam Trumbo a quebrar a "lista negra".
Muito importante que toda essa nova geração de cinéfilos (eu
me incluo, porem já não sou tão novo), tenha conhecimento da historia de Trumbo,
quem foi e o porquê de sua grande importância. E essencial também é ver que um
homem que simplesmente quer fazer seu trabalho a ele não é permitido apenas por pensar
diferente dos outros. Apesar da mensagem de superação que o filme traz, é
triste ver que na nossa realidade atual ainda existam pessoas que pensam dessa
maneira preconceituosa e hostil. Se não gostou da minha critica, VAI PARA CUBA!
Esse negócio todo que está acontecendo no Chile de mineiros presos em uma mina, perfuração da rocha, longo tempo para o resgate e tudo que envolve a situação, inevitavelmente me traz à cabeça um ótimo filme e boa dica pra quem quiser conferir, chamado "A Montanha dos Sete Abutres", do genial Billy Wilder. Diretor consagrado por comédias como "Quanto mais Quente Melhor" e "Se Meu Apartamento Falasse", de vez em quando atacava no drama e igualmente acertava em cheio como no ótimo e premiadíssimo "Farrapo Humano", por exemplo. A "Montanha dos Sete Abutres" que não foi sucesso de público na época de seu lançamento, mostra o drama de um mineiro preso numa mina tida como amaldiçoada pelos índios, numa cidadezinha no Novo Mexico. Seu resgate até seria trabalhoso porém simples, mas é dificultado pelo interesse de um jornalista recém chegado ao lugarejo, que vê naquilo a oportunidade para uma grande matéria, um grande furo e um reimpulso na sua carreira já abalada por seu comportamento antiprofissional. Por meio de acordos, conchavos, subornos e ameaças convence interessados e autoridades a irem atrasando o processo de remoção de modo que o fato vá se tornando cada vez mais comovente para o público e Leo, o mineiro preso, uma espécie de mártir. Porém dentro da mina, sob pedras, Leo, vai sofrendo com as condições adversas, com o pó, a umidade e vê sua saúde prejudicada pela longa permanência lá, mas como mantém contato com Tatum, o jornalista inescrupuloso vivido maravilhosamente por Kirk Douglas, e o julga seu amigo, supõe que todos os esforços estejam sendo feitos para tirá-lo dali o mais rápido possível mas vai vendo o tempo passar esua situação ficar cada vez mais crítica, enquanto lá fora há acampamentos, vigílias e aglomerações em solidariedade a ele.
O jornalista Tatum com o mineiro Leo preso entre as pedras
Uma aula de direção e um estímulo à reflexão sobre a ética humana e principalmente jornalística.
Imperdível!
FICHA TÉCNICA: Direção: Billy Wilder Roteiro: Walter Newman / Lesser Samuels / Billy Wilder Preto e Branco Duração: 111 País: USA ELENCO: Kirk Douglas: Charles "Chuck" Tatum Jan Sterling: Lorraine Minosa Robert Arthur: Herbie Cook Porter Hall: Jacob Q. Boot Frank Cady: sr. Federber Richard Benedict: Leo Minosa Ray Teal: xerife Lewis Martin: McCardle John Berkes: pai Minosa Frances Dominguez: mãe Minosa