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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Dessa laranja fazer uma laranjada

De todo o monte de baboseiras que a imprensa insistiu em dizer nestes últimos meses, eu, mesmo apoiando o trabalho do técnico Dunga, tenho que dar o braço a torcer e admitir que nesta Copa, já estava caindo de maduro que em algum momento a Seleção teria sérias dificuldades ao enfrentar um adversário bem armado que não permitisse brilhos individuais, sobretudo do trio Robinho, Kaká e Luís Fabiano; e que não teria opções ou variações para mudar um jogo em circunstâncias adversas. Intimamente torcia e imaginava que Dunga tivesse alguma carta na manga, que já tivesse um plano B para esta iminente situação. Mas não tinha.
O Brasil perdia o jogo e Dunga tinha já lançado todas as suas fichas e só restava insistir nelas pois olhava para o banco e não via ninguém que pudesse fazer alguma coisa diferente, mudar sua proposta, por uma singela razão: ele não levara este jogador.
Na época da convocação entendi os critérios de convocação  e somente me incomodava o fato de não ter sido levado outro jogador criativo de meio, algum como o Kaká; fosse quem fosse - Diego da Juventus, Alex do Fenerbache da Turquia, Ricardinho do Galo (mesmo veterano), o reclamado e talentosdo jovem Ganso, ou mesmo o irregular e pipoqueiro Ronaldinho Gaúcho. Achava que faltava um destes ali no banco pra uma hora dessas que o nosso meia fosse suspenso (como aconteceu), ou que faltasse criatividade, ou que precisasse dividir a atenção dos marcadores adversários; mas dava meu crédito para um grupo que tinha se virado bem até então com muitas vitórias e conquistas jogando deste jeito. Mas ficou previsível demais, infelizmente e todo mundo sabia que anulando Kaká, marcando Robinho, a bola não ia chegar no ataque e Luís Fabiano não sobreviveria sem ela.
Tá certo que o primeiro gol laranja foi um grande golpe de sorte da Holanda; mas sorte, acaso, cruzamentos diretos pro gol, choques entre goleiro e jogadores, acontecem num jogo de futebol e deve-se estar preparado para coisas assim, sobretudo psicologicamente, e no psicológico foi principalmente onde o Brasil demonstrou estar muito fraco, tendo desmoronado depois da virada, tornando-se presa fácil para um segundo gol e uma ameaça controlável para os holandeses depois dele. Mas, amigos, tudo isso sem esquecer de uma coisa muito importante: não jogamos contra qualquer um. E é bom salientar-se isso porque parece sempre em copas que o Brasil tem que entrar em campo só pra cumprir um protocolo, pois o jogo já está ganho só pela camiseta, e não é bem assim. Copa do Mundo tem adversários e muitos deles são qualificados, e quando o são, jogos são definidos em detalhes, táticos, físicos e até mesmo nos detalhes emocionais também.
Não sou dos que acham que tudo foi um lixo, um horror, que nada se justificou ou valeu à pena, mas inegavelmente a derrota acabou por confirmar algumas desconfianças, ainda que não desvalorizem de todo o bom trabalho realizado. Afinal de contas quantas seleções brasileiras de técnicos mais renomados também não morreram nas quartas? Telê por duas vezes, Parreira, Lazzaroni (pior, nas oitavas). Dunga era um novato e não foi pior do que qualquer um destes seja lá pelos motivos que for. Poderia ter sido melhor, sim, em desempenho, e este era o desafio. Infelizmente não vencido.
O que é necessário sim, é a partir desta derrota encontrar, para a Copa do Mundo do Brail em 2014, um meio-termo entre a seriedade quase rude do trabalho do Dunga e a excessiva "liberdade" da Copa na Alemanha; pegar como exemplo a união deste grupo, o jeito de "clube" que Dunga conseguiu dar a uma seleção que se reunia a cada três meses e acrescentar uma dose maior de talento individual como se tinha em 2006 com Ronaldo, Adriano, R. Gaúcho, mas que naquela oportunidade via-se apagada pelos interesses pessoais e bagunça geral do ambiente; talvez ter uma convocação final mais equilibrada, ter convicções, sim,mas não ser intransigente; não se deixar pisotear pela imprensa mas ter um pouco mais de classe; um pouco de cada coisa. Tirar lições, aprender com os erros e desta laranja, fazer, quem sabe uma bela laranjada.



Cly Reis

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