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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

“As Sufragistas”, de Sarah Gavron (2015)



Uma grande interpretação de
Carey Mulligan no papel
da sofrida Maud
Uma obra que estávamos precisando, que vem no momento certo onde, mais importante que a maneira que foi feita (sim, há algumas falhas no filme), é o assunto que aborda: uma luta que infelizmente continua. No início do século XX, após décadas de manifestações pacíficas, as mulheres ainda não possuem o direito de voto no Reino Unido e um grupo militante decide coordenar atos de insubordinação quebrando vidraças e explodindo caixas de correio a fim de chamar a atenção dos políticos locais à causa. Maud Watts (Carey Mulligan), sem formação política, descobre o movimento e passa a cooperar com o grupo denominado “As Sufragistas”.
A direção de Sarah Gavron é bem competente, assim como o roteiro de Abi Morgan apesar de  ambos não saírem muito dos clichês de filmes deste gênero. Acredito que o filme merecia ser maior e, pelo assunto abordado, embora passe longe de ser ruim, poderia ser mais ousado. Gostaria que as mulheres nele fossem mais fortes. Sei que o drama é necessário para que público sinta compaixão, mas foram muito mais cenas de abusos e humilhação com as mulheres, muitas vezes mostrando-as fracas perante aos homens, do que destacando sua força. Claro, isso aconteceu, não dá para esconder os fatos, mas como obra de ficção (mesmo sendo uma obra baseada em fatos reais) poderiam ter nos dado mulheres mais corajosas, vigorosas, decididas. Elas o são, é verdade, mas acredito que tenha sido dado pouco espaço para que demonstrassem essas características. Isso fica evidente (no meu ponto de vista) quando o ato mais heroico do filme é realizado por uma personagem completamente coadjuvante quando havia três personagens mais relevantes que poderiam tê-lo execudo aquilo, mas por medo, fraqueza, não fazem e, por fim, o ato acaba passando sem muito peso para nós espectadores por não ter vindo de uma das personagens por quem estávamos apegados.
As desumanas condições
de trabalho nas fábricas.
Os homens no filme têm suas atuações bastante apagadas e inconsistentes. Talvez o chefe horroroso da lavanderia onde Maud trabalha pudesse ter sido o melhor papel masculino mas (me deu um ódio daquele homem, em duas cenas), não! O melhor é do pequeno George, filho de Maud que tem algumas cenas bastante bonitas.
Cena documental histórica utilizada no filme.
Já as mulheres, como não poderia ser diferente, dão um showaté mesmo as que aparecem só 5 por minutos (né, senhora Meryl Streep? Pena que não rolou uma indicação ao Oscar). Maud (Carey Mulligan), uma personagem melancólica, triste, sofrida, sempre com uma cara de choro, tem um atuação bem convincente. Edith New (Helena Bonham Carter), minha personagem favorita (não é porque eu amo a Helena, viu?), é forte desde início e uma das poucas mulheres do filme que diz a que veio e sabe o que quer. O roteiro dá um jeito meio forçado de tirar o brilho dela no final, mas, ok. Violet Miller (Anne-Marie Duff) é uma personagem muito importante para a trama do filme, pois é ela que leva Maud para as suas primeiras reuniões. Assim como Edith, ela começa muito imponente é vai perdendo forças ao longo do filme (tem um porquê, só não precisava). Emmeline Pankhurst, a líder do movimento Sufragista, uma mulher que demonstra força e liderança, interpretada pela linda, maravilhosa, diva, única Meryl Streep, só aparece em uma cena, tipo: "Falou galera, é nóis que voa, tamo junto, partiu" e pronto.
“As Sufragistas” é um filme extremamente necessário, com uma diretora mulher, roteirista mulher, a fotografia do filme também de uma mulher, e isso lamentavelmente não e normal para os dias de hoje. Uma obra que chama atenção para uma luta muito importante historicamente e que continua sendo batalhada nos dias de hoje. Se você viu até o final sabe disso. Como filme, obra cinematográfica tem seus erros, mas como mensagem só tem acertos.



trailer "As Sufragistas"




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