Curta no Facebook

quarta-feira, 26 de julho de 2017

"Led Zeppelin IV: Led Zeppelin", de Erik Davis, coleção O Livro do Disco - ed. Cobogó (2014)



A coleção “O Livro do Disco” sempre acaba nos reservando uma certa surpresa a cada exemplar. Depois da análise pormenorizada com detalhes técnicos do "Unknown Pleasures" do Joy Division; da avaliação também faixa a faixa, mas muito mais emocional de "Daydream Nation" do Sonic Youth; e de uma abordagem mais ampla e temática da obra "A Tábua de Emeralda" de Jorge Ben; agora este “Led Zeppelin IV” traz outro tipo de apreciação.  O trabalho examina o disco clássico do Led Zeppelin predominantemente sob o prisma do misticismo que envolve não somente a obra mas também, é claro, por origem, a banda. O jornalista Erik Davis debruça-se com afinco e seriedade sobre todos os aspectos que compõe a mística em torno das lendas que envolvem a banda e seus integrantes e amplia esta investigação para a obra por eles produzida procurando, sem muita dificuldade dada toda o material que a banda proporciona, mistérios e significados contidos nela. No que diz respeito especificamente ao quarto disco do Led Zeppelin, o autor entende que o próprio conjunto de símbolos que sugere um nome intraduzível para a obra por si só já determina que ele contenha elementos místicos e informações ocultas, o que já o torna digno de uma análise aprofundada. Assim, o livro vai desde os quatro ícones gráficos; passa pela capa com seu velhote misterioso; pelo monge com o candeeiro no encarte; pelas referências literárias; pelas supostas relações demoníacas do guitarrista Jimmy Page; pela ordem das faixas e por possíveis significados ocultos em seus títulos; pela lenda da satânica rotação ao contrário de “Stairway to Heaven”; e, inevitavelmente, dentro de tudo isso, uma análise musical faixa a faixa, não sem deixar de considerar também os aspectos místicos que possam ter influenciado em suas letras ou composições.
De modo a manter coerente uma linha de pensamento, estabelecendo uma ligação de uma canção com a seguinte, atravessando o disco da primeira à última faixa, o autor cria uma espécie de trajetória hipotética de um personagem ficcional, Percy, que enquanto imagem, devo dizer que não me agradou muito e em alguns momentos pareceu-me forçado e em outros uma liberdade autoral pretensiosa. Mas de um modo geral o produto final vale e é muito rico e instrutivo trazendo diversas informações e curiosidades para fãs e aficionados por música e pelo lado obscuro dos artistas, especialmente uma banda tão envolta em lendas como é o caso do Led Zeppelin.




Cly Reis

Nenhum comentário:

Postar um comentário