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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Os Melhores Filmes dos Anos 60/70 #2 - "A Trama", de Alan J. Pakula (1974)


por Márcio Pinheiro


Em astronomia, paralaxe é a diferença na posição aparente de um objeto visto por observadores em locais distintos. "The Parallax View" – no Brasil, "A Trama" – trata disso, não astronomicamente falando. O filme de Alan J. Pakula, com Warren Beatty no papel principal, é de 1974, no auge da crise do Watergate, que levou à renúncia do presidente Richard Nixon. "A Trama" fala de tudo isso: de política e de imagens distorcidas.

Warren Beatty interpreta um repórter de TV de uma emissora de Seattle. Na torre da cidade, uma colega sua testemunha um assassinato de um político seguido de uma perseguição e morte do suspeito da morte. A partir de então, uma série de fatos – aparentemente sem interligação – vão se sucedendo, criando uma engenhosa trama de suspense político e policial.


Engenhoso roteiro do filme de Pakula: como um paralaxe

"A Trama" fala também de dois traumas americanos: o assassinato de políticos (os casos dos irmãos Kennedy são os mais claramente lembrados) e as traições políticas (novamente Watergate, de forma implícita, se faz presente no filme). O que liga os dois assuntos muitas vezes é a paranoia – que frequentemente não é apenas paranoia.


trailer original de "A Trama"


quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Os Melhores Filmes dos Anos 60/70 #1 - "Planeta dos Macacos", de Franklin J. Schaffner (1968)



por Márcio Pinheiro

Definido por Martin Scorsese como um filme "contrabandista" – que utilizava a linguagem do sistema para passar uma mensagem contracultural –, "Planeta dos Macacos" continua revolucionário mais de 50 anos depois de seu lançamento. Charlton Heston é o cínico e niilista coronel Taylor, que reduz a sua participação na missão espacial apenas na certeza de que "deve haver algo melhor que o homem por aí" e que ridiculariza com uma gargalhada irônica o ufanismo americano de seu companheiro de uniforme que declara (com uma bandeirinha minúscula) o planeta como solo americano.

Dirigido por Franklin J. Schaffner e com roteiro de Rod Serling – o mesmo de "Além da Imaginação" –, Planeta dos Macacos tem uma primeira meia hora incomparável – da espetacular queda da nave no planeta à descoberta de que aquele mundo é dominado por macacos ao som de uma trilha sonora tensa e percussiva de Jerry Goldsmith (com direito até a solos de cuíca).

A emblemática cena da Estátua da Liberdade tombada à beira-mar:
medo latente de um desastre nuclear 
O "contrabando", como destaca Scorsese, está na maneira criativa e original em abordar questões raciais – em épocas de acirradas polêmicas envolvendo Martin Luther King, Malcolm X e os Panteras Negras – e aspectos da Guerra Fria. Macaco é superior ao ser humano e, mesmo entre os símios, há diferenças entre chimpanzés e gorilas. A estupidez humana ganha a sua demonstração mais perfeita na sequência final, quando se descobre que a viagem foi no tempo, não no espaço, e a cena da Estátua da Liberdade tombada diz tudo sobre o medo da hecatombe nuclear.

trailer original de "Planeta dos Macacos"

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Música da Cabeça - Programa #34


Semana da Consciência Negra, morte de Malcolm Young (AC/DC) e de Charles Manson, liberação do acervo da ECM Records, Dia do Músico, 70 anos de Alcione e Guarabyra. Ufa! Temos o que falar essa semana, hein?! Sempre permeado por muita música, temos isso e muito mais no Música da Cabeça. Confira hoje, ás 21h, na Rádio Elétrica no quadro ‘Sete-List’ uma listagem sobre jazz na qual tivemos a grata participação do jornalista Márcio Pinheiro. Ainda, ‘Música de Fato’ em clima de África-Brasil e ‘Palavra, Lê’ trazendo a poesia engajada do samba de Candeia. Motivos não faltam pra ouvir o Música da Cabeça de hoje, né? A produção e apresentação são de Daniel Rodrigues.



terça-feira, 1 de setembro de 2015

“Esse Tal de Borghettinho” – Sessão de autógrafos com Márcio Pinheiro e Renato Borghetti – Livraria Saraiva – Shopping Praia de Belas – Porto Alegre/RS


Nós com o Borghettinho
foto:editora Belas-Letras
“[Renato Borghetti é] um dos maiores símbolos da música
 do Rio Grande do Sul em qualquer estilo,
em qualquer época.” 
Márcio Pinheiro

“Não tive uma formação musical, tive muitas.” 
Renato Borghetti



Um dos maiores virtuoses da gaita no mundo; dos principais compositores do Rio Grande do Sul vivos; um dos mais importantes artífices da fusão do tradicionalismo gaúcho com outros ritmos (jazz, MPB, rock, tango); ator fundamental no reconhecimento e expansão da música nativista; militante da música instrumental no Brasil; único a ganhar Disco de Ouro com um álbum de canções “não-cantadas”. Se fosse só por isso, já seria de bom tamanho para que fôssemos Leocádia e eu à sessão de autógrafos do livro em homenagem a Renato Borghetti. Mas têm ainda mais dois fatores consideravelmente afetivos que, para nós, se equiparam a tais qualidades no que se refere a essa simpática figura que, saído daqui do frio gauchesco – assim mesmo, pilchado e cabeludo –, rompeu as barreiras froteiriças do Estado e se embrenhou por querências nacionais e internacionais.
Borghettinho dando uma palhinha
de sua música na Saraiva
foto: Daniel Rodrigues

Primeiro, que “Esse tal de Borghettinho” (Belas-Letras, 2015) é escrito nada mais nada menos do que por meu amigo Márcio Pinheiro, jornalista cuja experiência de décadas militando em várias áreas das várias redações pelas quais passou (todas as principais, de Jornal da Tarde a JB, de Estadão a Zero Hora) são usadas a serviço de um texto cristalino, criativo, exemplar e não menos emotivo. No livro, que não li ainda mas estou louco para tal, certamente não é diferente. Qualidade a favor da qualidade nesta biografia que é a primeira escrita por Márcio (já era hora, meu amigo!). Foi ele mesmo que, querido e brincalhão como sempre, disse-me na hora do autógrafo: “Agora vou retribuir, pois só eu que tenho um autógrafo teu”. Empatamos.

A dupla com as capas de 
"Esse tal de Borghettinho" à frente
foto: Daniel Rodrigues
O segundo motivo é que todas as qualidades possíveis de se ressaltar de Borghettinho se somam a outro fator que, a Leocádia e eu, é bastante simbólico: a lembrança de sua figura no palco da Concha Acústica do Multipalco Theatro São Pedro no primeiro show que assistimos juntos, no verão (alto verão!) de 2012. Fevereiro, exatamente. Sol de 40 graus em um show no final da tarde de horário de verão. Ou seja, 18h que significavam sol das 17h! Nada que, no entanto, tirasse nossa admiração daquela encantadora e marcante apresentação. Claro, que dissemos isso a Borghetti, que, simpático como de costume, demonstrou ter gostado.

Autógrafos de Márcio e
Borghettinho a nós
foto: Daniel Rodrigues
Antes da concorrida sessão de autógrafos, quando tanto Márcio quanto Borghettinho nos fizeram uma carinhosa dedicatória, o músico ainda se apresentou junto com seus companheiros de banda. Momento único.

A obra, vale ressaltar, ainda conta com texto de apresentação do jornalista Juarez Fonseca, caprichados projeto gráfico e capa de Celso Orlandin Jr. e coordenação editorial de Fernanda Fedrizzi. Leitura obrigatória para todo gaúcho, para todo admirador de música e para qualquer um que se interessa em conhecer quem é esse cara que há quase 40 anos se esconde atrás da cabeleira, do chapéu “desabado”, com descreve Márcio, e claro, dos maravilhosos sons que produz. Esse tal de Borghettinho.