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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Miles Davis - "A Tribute to Jack Johnson" (1971)


"I'm Jack Johnson - heavyweight champion of the world!
I'm black!
They never let me forget it.
I'm black all right;
I'll never let them forget it."
Jack Johnson,
Campeão Mundial Peso-Pesado de 1908 a 1915



Antes tarde do que nunca!!!
Felizmente, fuçando, por curiosidade, vim a conhecer o ótimo “A Tribute to Jack Johnson” de Miles Davis. Em princípio me interessou por saber que tratava-se do início das incursões de Miles Davis no rock e em uma aposta em experimentações mais livres. Concebido para um documentário sobre a lenda do boxe, o primeiro negro a sagrar-se campeão mundial dos pesados, o álbum compõe-se de duas suítes longas; a primeira “Right Off” é mais pesada, mais forte, swingada com idas e vindas, subidas e descidas, numa “marcha” sonora que sutilmente remete o ouvinte a toda a poética de uma luta de boxe, como a um bailado de pernas, jabs curtos, uma sucessão de golpes precisos ou um belo upper. Possui uma linha de baixo mais agressiva e imponente que, ao que consta, traz trechos de “Sing a Single Song” do Sly and the Family Stone, só para se ter uma idéia da sonoridade pretendida e alcançada com o álbum.
“Yesternow” a outra faixa que completa a obra começa um pouco mais leve, mais arrastada, e vai se desenvolvendo assim por um bom tempo até apresentar alguns saltos e arroubos de improviso mais fortes e impetuosos, esta tendo por sua vez sua linha de base inspirada (ou mesmo, tirada) de "Say It Loud - I'm Black and I'm Proud", de James Brown.
Miles pontua as composições com aquele trumpete singular. INVARIAVELMENTE GENIAL. Solando, não solando, deixando vazios e preenchendo-os, sugerindo a próxima nota ao ouvinte e muitas vezes, provocativamente, não dando-as, deixando só para a imaginação, para o que poderia ter sido.
Em “A Tribute to Jack Johnson” Miles Davis acaba concebendo com maestria um trilha para um filme sobre boxe conjugando exatamente dois elementos antagônicos que fazem deste esporte, mesmo violento e brutal, tão mágico e belo a ponto de ser conhecido como “A Nobre Arte”: É um disco que tem sobretudo FORÇA e a SENSIBILIDADE.
Como se diria no boxe , é uma obra que tem pegada. Tem “punch”.
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FAIXAS:
1."Right Off" – 26:53
2."Yesternow" – 25:34

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Ouça:
Miles Davis A Tribute to Jack Johnson


Cly Reis

segunda-feira, 17 de maio de 2010

NOVAS AQUISIÇÕES FONOGRÁFICAS

Aproveitando os baixos preços da Argentina por conta do desvalorizado Peso, trouxe alguns CDzinhos na bagagem:
Um deles foi

MGMT - "Congratulations"

Frustrando toda minha expectativa depois do espetacular (com o perdão da redundância) "Oracular Spectacular", o MGMT vem com um som pretensioso metido a Beach Boys, a Steely Dan ou outras coisas do tipo. Deu um outro tom pro seu psicodelismo mas capturou o que havia de pior e mais chato da tendência. Tentando se desfazer muito rápido das amarras do sucesso, da exposição, dos mainstream, tentam mostrar logo no segundo disco que não são só mais uma bandinha de refrões fáceis e pegajosos. Ora, amigos, mas ninguém tinha dito que vocês eram isso! "Oracular Spectacular" havia sido brilhantemente pop, criativo, original, eclético e multi-influenciado. Claramente se notava que ali tinha hippie, gótico, punk, eletrônico, folk e não precisava de nenhuma prova de que eram músicos de verdade para serem levados a sério. Quem tinha consagrado "Time to Pretend" não havia sido o grande público, o público fácil. Foi quem enxergou em um hit qualidades de grandes e ótimas influências. No fim das contas, pela tentativa dos rapazes, "Congratulations" acaba, infelizmente, soando meio forçado e até pedante.
Mesmo assim, detaques para "It's Working" e "Brian Eno".

também trouxe de lá

Morrissey "Swords"

Já que não vinha encontrando por aqui no Rio, assim que topei com ele em um loja em Palermo, me apoderei e não larguei mais. A boa surpresa é que mesmo sendo um disco de sobras e B-sides, consegue formar um álbum e, por incrível que pareça, um álbum bastante bom. Talvez pelo descompromisso de não ter que compor uma unidade musical para um momento específico, um desejo da gravadora, um objetivo de vendas etc., "Swords" é mais ousado, por exemplo, que "Ringleader of Tormentors", "Maladjusted" e até mesmo do que o bom "Years of Refusal". Além de mais pegada, mais sonoridade, tem, de novo, um Morrissey melodioso, musical e mordaz. "Good Looking Man About Town" que abre o disco já causa boa impressção e surpreende com sua base meio oriental, indiana ou algo do tipo. "Ganglord", já destacada aqui no blog é outra das grandes do álbum com uma base sutilmente eletrônica. "Shame is the Name" é bem Moz e bem radiofônica até.Gostei muito também de"Sweetie Pie", estranha, melancólica mas interessantemente bela e "The Never-Played Symphonies", tristíssima, mas linda.
Boa aquisição.

E outro ainda que compre lá foi

Miles Davis "Tutu"

Comprei numa loja exatamente que homenageia o trumpetista, a Miles, na Rua José Luís Borges, também no bairro de Palermo. Eu tive o "Tutu" em cassete há um tempo atrás em Porto Alegre, deixei lá com meu irmão, depois consegui um piratinha e agora finalmente o tenho decentemente. Sei que não é das obras-primas deste gênio, mas particularmente gosto muito da obra. Miles Davis que virou o jazz (e a música em geral) de cabeça pra baixo umas três vezes ou quatro, acelerando, desacelerando, colocando elementos e tirando, aqui dá uma aula de como fazer um jazz vanguardista, moderno e atrevido, cheio de misturas e influências.
Destaque para a faixa-título, "Tutu", minha preferida.