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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Considerações sobre um Fracasso

Fiasco!
Inegável.
É inegável. Não adianta querer esconder.
As grandezas eram muito distantes, as ambições, as tradições, as conquistas. Este verdadeiro oceano (literal) que separa Inter e Mazembe fazem da derrota no Mundial de Clubes, sem meias palavras, um vexame.
Ninguém está negando isso.
Agora,... é dessas coisas que acontecem no futebol. São estas coisas que fazem o futebol fascinante. A possibilidade de um menor vencer um gigante, de um inexpressivo ganhar seu lugar na história, do improvável ganhar corpo e virar realidade. Só é uma pena que às vezes estas coisas aconteçam com o time que a gente torce.
Não é querer ser profeta do acontecido (e de preferência jamais prefessaria contra meu time) mas estava na cara que uma hora isso iria acontecer no Mundial de Clubes com este seu atual formato com participantes de todos os continentes. Uma hora um time de terceira grandeza, bem arrumadinho, bem esquematizado especificamente para um jogo, iria fazer um golzinho num contra-ataque e se fechar até o final; iria fazer aquele gol numa bola parada aos 42 do 2° tempo sem dar tempo de reação ao outro; iria, heroicamente tomando pressão o tempo todo, levar o jogo pros pênaltis e ganhar; ou iria simplesmente explorar a ansiedade e os nervos do favorito e deixá-lo pelo meio do caminho. Só, pena que foi com o meu.
Mas o Internacional tem destas coisas: tem episódios negativos logo suplantados por grandes feitos. Lembro recentemente da desclassificação na primeira fase da Libertadores de 2007, após ter sido campeão no ano anterior. Fato inédito!!! Nunca o então atual campeão fora eliminado na primeira fase. Tragédia? Não. Gozação, flauta, zoação? Com certeza. O resultado disso: três anos depois do 'fiasco' o Internacional levantava de novo a competição continental. Pronto. Não se abateu. Analisou os erros, lambeu as feridas, reviu conceitos e lá estava ele de novo no ponto mais alto das Américas.
Acho que foi um pouco por isso que não fiquei tão abatido com o fato: hoje em dia não é mais desesperador para nós colorados perder uma competição como esta. É desagradável, sim, ainda mais da forma como foi, mas temos plena consciência do potencial do clube que nos últimos dez anos chegou sempre em condições de vencer todas as competições que disputou, que praticamente, no que não ganhou foi vice: conquistou em pouco tempo todos os títulos continentais, por três vezes em uma década foi o segundo melhor do Campeonato Brasileiro e por uma da Copa do Brasil, é o ÚNICO clube brasileiro a ganhar títulos internacionais nos últimos cinco anos; sem falar no âmbito estadual, que particularmente eu desprezo, mas no qual de todo modo temos supremacia na última década (mantida desde os anos 40); tudo isso sustentado por um corpo associativo de mais de 100.000 pessoas do qual eu orgulhosamente faço parte.
Passei a ser sócio do Inter quando, em determinada ocasião, com propostas do exterior, o presidente disse que só estava conseguindo manter o Nilmar porque tinha 80.000 sócios e por isso tinha conseguido pagar a compensação ao atleta por uma proposta alta. Ali eu vi o quanto era importante nós estarmos fazendo nossa parte para dar o aporte para o clube trabalhar com tranquilidade e planejamento, poder manter jogadores e trazer outros visando sempre qualificação, grandeza e novos títulos.
É por isso que não me assusto. Fico chateado, claro, mas sei que um clube estruturado como o Internacional, com seus 107 mil sócios, com sua exigência interna (a mesma que saiu da desclassificação na 1° fase da Libertadores para sua reconquista), logo, logo estará lá de novo. Há algum tempo atrás eu teria me desesperado achando que desperdiçáramos a chance de nossas vidas. Mas não. Tenho certeza que teremos muitas outras. Ganharemos muitas, perderemos outras, talvez sejamos desclassificados em uma semifinal para asiáticos, mas estremos de novo prontos para outra e outra e outra jornada.
Fiascos? Todo mundo teve o seu. Quem não lembra do Santo André passear no Flamengo em pleno Maracanã diante de 80.000 pessoas? Ou da Seleção Brasileira, com dois jogadores a mais, ser eliminada numa semi de Olimpíada por Camarões? Ou da Seleção Francesa ser eliminada na primeira fase de uma Copa sem nenhuma vitória e sem nenhum gol marcado após ter sido campeã na Copa anterior? Não lembram? Claro que não. O futebol é assim. O Flamengo foi Campeão Brasileiro de 2006, a Seleção já é pentacampeã Mundial e uma Copa depois a França já estava numa final novamente... e a vida segue. E as conquistas miniminizam os grandes vexames. É sempre assim.
Foi um tropeço. Um grande tropeço numa pedra pequena. Mas o que resta é levantar, dar aquela espanada e seguir com classe, como se nada tivesse acontecido. Com o joelho doendo mas mantendo a pose. Como se nada tivesse acontecido mas  sem perder a lição, é claro: 'a pedra era pequena mas eu deveria ter tomado cuidado. da próxima vez olho por onde piso'. E segue em frente.
No fundo, não só o futebol, como de certa forma a vida podem se resumir na atitude do craque Didi, depois do Brasil ter tomado o gol da Suécia na final da Copa de 58: foi o fundo do gol, buscou a bola na rede, atravessou calmamente entre seus companheiros até o meio do campo na sua altivez de Príncipe Etíope, botou a bola no centro e... vamos por jogo de novo.


Cly Reis

Um comentário:

  1. Isso é time grande! Todo ano está disputando titulos. Espero que meu time volte a meter medo em alguém!

    Abraços

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