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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Caifanes - "El Nervio del Volcan" (1994)


“Que tristes seios tem Carmela;
o silicone lhe rompeu o coração.
E agora chora como Ernesto,
que se castrou por lhe faltar o amor”
Avientame - Saul Hernandez

 “Rock Latino? Ah sim, Santana, Charly Garcia, Soda Stereo, Fito Paez, ah, tem também aquela banda mexicana” e eu fico esperando falarem Caifanes e dizem sempre “Maná”. Impressionante como desconhecemos a imensidão musical da América Latina em seu cenário roqueiro. Uma de suas bandas fundamentais e fundadoras é o caso dos Caifanes.
Banda que lançou seu primeiro disco chamado Caifanes em 1988, muito baseado na fase "Pornography" do The Cure (na temática, visual e na sonoridade, escutem “Será Por Eso”) este disco tem a cumbia mais vendida no mundo, “La Negra Tomasa”. Com seu segundo disco "El Diablito", de 1990, mostra uma banda muito mais coesa e em crescimento musical com grandes músicas como “El Negro Cósmico” e “Los Dioses Ocultos”.
Fazem mais um disco que comparando com o The Cure seria o "The Head on The Door", com vários hits, mas sem uma unidade conceitual, um fio condutor que os orientasse. “Nubes”, “Debajo de Tu Piel”, “No Dejes Que” e pelo menos outros 3 clássicos estão nesse disco. “Mas e porque tu não fala desse disco então ?”. Porque nem sempre o disco que tem mais hits é o melhor disco de uma banda.
A formação que gravou o disco:
(da esq. para a dir.)
Alejandro, Alfonso e Saul
Em seu quarto e último disco, "El Nervio del Volcan", os Caifanes cometem sua obra-prima. Curiosamente, neste disco, perdem seu tecladista e seu baixista que haviam feito parte dos 3 discos anteriores, da formação original. É um disco basicamente feito em cima do trio Saul Hernandez (compositor, guitarrista), Alfonso André (baterista) ambos mexicanos e do argentino Alejandro Marcovich (guitarrista).
Já na primeira faixa, “Afuera” com muita habilidade musical, abrem e apresentam a principal caracteristica desse disco: É um disco de guitarras. Mas não de solos intermináveis, e sim do diferente uso que uma guitarra pode ter em canções. Em seguida e um pouco mais acelerada, vêm “Miedo”, destaco nessa faixa a bateria metronômica de Alfonso André. “Aqui no es Asi” é o exemplo de uma música baseada em um solo de guitarra em looping que faz a base para a letra de Saul. Depois de 3 rocks, uma balada com violões, e percussão chamada “Ayer me Dijo un Ave”. Mais uma música e em seguida chegamos ao ápice instrumental e musical desta banda com a canção “Avientame”. Letra belíssima que vale a pena ser escutada e traduzida. Guitarra na medida certa, bateria com batida latina, mas sem aquela latinidade de turista. Logo depois vem “Animal”, com espírito de ensaio de estúdio, com direito a gritos de “vamosnos” e muita guitarra distorcida. Depois vem “Quisiera ser Alcohol” que tem uma das mais belas frases de Saul “Quisera ser álcool para evaporar-me em teu interior”. “Nunca me Cai” é uma das canções dos Caifanes que mais me emociona, talvez por ela ser simples com uma letra direta “pero no nunca me caí, nunca te arrastré, seguimos aquí”. Mais 2 músicas e termina o disco.
Porque esse disco é fundamental ? Porque mostra uma banda no seu melhor momento musical e criativo e apresenta uma síntese do que anteriormente era conhecido como “rock latino” e aponta caminhos que foram sendo acompanhados e inspiraram outros artistas muito além do segmento roqueiro. Todo mundo que lida com música na América de língua espanhola, seja artistas, produtores, radialistas os conhecem, respeitam e admiram .
Depois desse disco, gravaram um Unplugged para a MTV e quando iriam ser catapultados para o estrelato mundial, brigas por direitos pelo nome Caifanes e depois o câncer que obrigou Saul a fazer cerca de 40 cirurgias na garganta terminaram com os Caifanes. Saul recuperado funda os Jaguares com Alfonso Andre, gravam 6 discos, ganham o Grammy com o disco chamado 45 em 2009.
Em 2011, os Caifanes voltam a excursionar com sua formação original de 5 membros após cirurgia de retirada de tumor do cérebro de Marcovich e com Sabo Romo (baixista ) e Diego Herrera (tecladista) fazem com que o Festival Vive Latino e Coachella tenham seus ingressos esgotados em poucas horas. É a força do rock latino de qualidade. Vale muito a pena. Ah ia me esquecendo, Caifanes é o plural de Caifán, que segundo o Dicionário da Real Academia Espanhola é: Sujeito proeminente em um bairro de uma cidade.

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FAIXAS:
1. Afuera
2. Miedo
3. Aqui no es Asi
4. Ayer me Dijo un Ave
5. Hasta que Dejes de Respirar
6. Avientame
7. El Animal
8. Quisiera ser Alcohol
9. Pero nunca me Cai
10.El Año del Dragon
11.La Llorona

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Baixe e ouça:
Caifanes El Nervio del Volcan


por Christian Ordoque




Christian é Historiador. Apreciador de cultura pop e seus produtos. Interessado em música, quadrinhos, filmes, miniaturas e action-figures.
É Ghost-Writer do Blog do Apinha
e colabora no Blog do Jotacê.
Nascido e residente em Porto Alegre.

2 comentários:

  1. Grande revisão do último álbum por Caifanes, um dos ícones do rock na América Latina, e eu estou orgulhoso transcendência gangue mexicana no meu país, cumprimentos! (Desculpe se minha tradução para o Português é ruim)

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  2. Christian, muy buena tu reseña! Y es un gran gusto que Caifanes haya llegado hasta tus oídos estando tan lejos. No se si los has escuchado en vivo, pero ojalá puedas escuchar el Nervio del Volcán en vivo! Un abrazo desde Tijuana!

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