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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

“Crash - Estranhos Prazeres”, de David Cronenberg (1996)



Em 1996, David Cronenberg adaptou para o cinema o livro “Crash”, escrito por James G. Ballard, em 1973. O filme chegou a ser proibido em Londres, despertando uma larga discussão, na época, sobre a erotização da era tecnológica e sobre o automóvel como máquina fantasmática, mortífera e libidinal. No filme, o gozo e o prazer sexual são obtidos através de desastres e acidentes de carro. Os personagens se aventuram no trânsito caótico de uma grande cidade, atrás de sensações e prazeres intensos. Como se estivessem buscando “matar o desejo”. Nestas buscas, chegam a reproduzir acidentes automobilísticos fatais, que vitimizaram astros de Hollywood e outras pessoas famosas.
Um automóvel coloca em jogo, de fato, uma explosiva combinação de liberdade, desejo, voyeurismo, anonimato e direito à privacidade. Nesse processo, os próprios hábitos sexuais acabam mesmo reconfigurados. O escritor John Steinbeck chegou a dizer, certa vez, que “a maioria das crianças da América foi concebida em Fords Modelo T...”. Ou seja: para ele, a vertigem da velocidade corresponderia à vertigem do amor.
Noutro livro, Guillermo Giucci desenvolveu uma história cultural do automóvel, como um romance de curiosidades em torno do veículo. É interessante, por exemplo, a expressão “modernidade cinética”, que foi ali formulada. O termo servia para nos referirmos ao período que vai de 1900 até 1940, aproximadamente, quando começam a amadurecer aquelas que seriam algumas das principais características da vida moderna: a velocidade e a mobilidade. No centro desta revolução científica, tecnológica e social estava o automóvel, obviamente. Outro ponto importante do texto de Giucci: haveria uma sexualidade associada ao carro, aos objetos industriais e às substâncias inorgânicas.


Cena final "Crash - Estranhos Prazeres"

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Assista ao filme:


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