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sexta-feira, 10 de junho de 2016

cotidianas #439




arte: Daniel rodrigues
O carro parou. Não era um 0km, mas não esperava que fosse lhe dar problema logo no primeiro fim de semana de praia. O jovem casal se olhou, conversaram sem dizer nenhuma palavra - algo que só casais ou amigos que vivem um romance sabem o que significa - e ele entendeu a função que lhe cabia. Desceu do uninho prata, daqueles novos, caminhou até a frente e sorriu para a jovem que lhe havia prometido o coração e lhe observava com um grande e lindo sorriso no rosto. Determinado e confiante ergueu o capô. Mas e agora: o que eu faço?, se indagou o prestativo namorado. Eu não entendo nada de carros. Nada! O que eu faço?! Há um botão que reinicia o motor? Onde devo colocar água? Eu devo colocar água? Deus! O que será que ela pensaria se me visse assim? Deve ser por isso que o capô abre desse jeito: para quem está na carona não testemunhar vexames como este, refletia humilhado. Demorou-se mais alguns minutos. Precisava dar a impressão que sabia o que estava fazendo. Só depois de algum tempo de murmúrios e manifestações friamente calculadas de raiva ele retorna a janela e reconhece: é, não vai dar, não. Ao contrário do que o acordo não verbal acertou, ele precisou chamar o guincho.



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