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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

"Eu, Tonya", de Craig Gillespie (2017)



Não sei quanto a vocês mas para mim sempre foi claro que o meio onde vivemos influencia bastante nosso comportamento. Não é único fator mas ele influencia sim. Em “Eu,Tonya” temos um belo exemplo da pessoa que foi totalmente influenciada pelo seu meio, sofreu preconceito, tentou lutar, mas não conseguir escapar disso ou não a deixaram escapar.
Ela era a princesa do gelo que emergiu de uma infância pobre e difícil em Portland até subir ao topo do esporte na patinação artística. Embora Tonya Harding (Margot Robbie) tenha sido a primeira mulher americana a completar o Axel triplo em grandes competições, seu legado foi eternamente marcado pela infame competição com sua colega Nancy Kerrigan - e o ataque planejado pelo marido de Harding, Jeff Gillooly (Sebastian Stan), contra sua rival Nancy, que fez com que Tonya fosse banida do esporte.
O filme de Cgraig Gillespie acaba indo para um lado documental e recriando as entrevistas reais dos personagens, o que funciona muito bem uma vez que os personagens são muito caricatos e a gente fica com impressão de que não é real. Mas, sim, tudo aquilo aconteceu. Apesar do filme ter momentos de drama a carga cômica é tão grande que muitas vezes o espectador acaba não levando muito a sério o que atrapalha um pouco (me atrapalhou) pois há momentos que você deveria se chocar mas acaba rindo.
La Vona Golden (Allison Janney), que personagem!
(vem Oscar aí?)
Mesmo com essa pequena confusão dramédia, “Eu, Tonya” é uma obra muito divertida e bem filmada. Suas cenas da patinação artísticas são bem coreografadas e nota-se um grande cuidado técnico nesta parte. As bizarrices da historia dão um certo charme ao longa fazendo com que se fique preso ao filme com a curiosidade de saber como vai terminar (eu realmente fiquei espantado ao saber que tudo era real e que esses fatos realmente aconteceram).
Embora a o design de produção, figurinos e maquiagem estejam ótimos, o melhor do longa são as atuações, Jeff Gillooly, o marido idiota e violento, e de Shawn Eckhardt (Paul Walter Hauser), seu amigo, muito mais idiota com as piores idéias do MUNDO (como aquilo tudo pode ser real, como? kkk). Agora vamos falar de quem brilha: a bela e talentosa Margot Robbie esta no papel principal como Tonya. Sem dúvida esse é seu papel de maior destaque (não comercial, isso foi a Arlequina). Uma atuação segura equilibrando perfeitamente o drama e comédia conseguindo fazer o espectador criar uma empatia natural por sua personagem. Mas sem sombra de dúvidas quem rouba a cena sempre que está em tela é Allison Janney como LaVona Golden, a mãe de Tonya. Ela faz uma mãe dominadora, violenta, indiferente com a filha e que em nenhum momento demonstra afeto (tá, tem alguns momentos onde ela demonstra sim, mas daquele seu jeito, indiferente). Sem falar no seu estilo caricato sempre com  um cigarro, com aqueles seus óculos, sua cara fechada e o papagaio (ou periquito, talvez maritaca, sei lá) em seu ombro durante a entrevista.
Uma boa mistura de drama, comédia e esporte com o elenco muito afinado. Embora o longa tenha um leve desequilíbrio em sua veia cômica este porém não é nada tão grave que atrapalhe a experiência. O lado crítico do filme também é algo que vale a pena destacar, apontando para todo o circo que imprensa faz nesse tipo de caso quando, na verdade, quer mais é ver as coisas pegarem fogo do que ajudarem na busca por justiça; e para, algo talvez pouco conhecido para a maioria das pessoas, que é o preconceito que existe nesses esportes mais “elitistas”, onde não basta se ter talento, tem que ter certa “boa aparência”.
Uma ótima dica, para quem assim como eu não conhecia esse polêmico caso ou que, se conhecia, vai se divertir revisitando-o. Se você quer ótimas atuações, com uma historia muito incrível, mostrando a força de uma mulher realmente lutadora que tentou vencer na vida mesmo com tudo contra (TUDO mesmo), fica aqui uma boa pedida.
Uma mulher de força e talento.



Vágner Rodrigues

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