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segunda-feira, 5 de março de 2018

Oscar 2018 - Os Vencedores



Frances McDormand, uma das atrações da noite,
conclamou suas colegas a erguerem-se
em nome da igualdade de oportunidades.
E viva México! Parece que nos últimos tempos a festa do Oscar passou a ser uma grande celebração mexicana. Nos últimos cinco anos, nada mais nada menos do que em quatro oportunidades diretores daquele país receberam prêmio de melhor direção, sendo que em duas delas fizeram dobradinha filme/diretor. Não é pouca coisa! Desta vez foi a poesia visual fantástica de Guillermo del Toro, "a Forma da Água" quem conquistou a academia e levou os principais prêmios da noite para casa. Para completar a festa mexicana, "Viva - A vida é uma festa" bateu o favorito "Com amor, Van Gogh" e faturou o prêmio de animação e levou de quebra ainda o de melhor canção original.
De um modo geral não houve grandes surpresas e os prêmios ficaram bem distribuídos. "Dunkirk", de Christopher Nolan, dominou nos prêmios técnicos levando em três categorias, "Três Anúncios para um Crime" teve premiadas suas atuações individuais com prêmios de ator coadjuvante e atriz principal e "O Destino de Uma Nação", além do Oscar de maquiagem garantiu o primeiro e merecidíssimo troféu para Gary Oldman. "Blade Runner 2049 também ficou com dois, o de efeitos especiais e fotografia e nas categorias de roteiro, o elogiadíssimo "Me chame pelo seu nome" ficou com o de adaptado e o inusitado "Corra!" o de roteiro original, premiando o primeiro roteirista negro no Oscar. Destaque também para a categoria de filme estrangeiro, vencida pela produção chilena "Uma mulher fantástica", que trouxe a primeira protagonista transexual da história no Oscar.
Ao contrário do que eu imaginava, considerando a cerimônia do Globo de Ouro, as manifestações feministas e as questões de assédio não roubaram a cena. Frances McDormand, no entanto, vencedora do prêmio de melhor atriz, não deixou passar a oportunidade e o assunto, e numa manifestação oportuna e na medida certa, lembrou a desigualdade de oportunidades nos estúdios e pediu o apoio de todas as mulheres presentes, ao que foi atendida prontamente com uma salva de palmas em pé.
Numa cerimônia sem percalços ou imprevistos conduzida de maneira bastante competente por Jimmy Kimmel, os mesmos protagonistas do episódio da troca de envelopes do ano passado, Warren Beatty e Faye Dananway, foram chamados novamente, para desta vez anunciarem, sem susto, "A Forma da Água" como grande vencedor de 2018.
Olha, tô achando que a Academia tenha que começar a tomar medidas tipo as do Trump pra barrar esses chicanos porque eles não sabem brincar: se deixar participar, os caras levam.

Confiram abaixo todos os premiados da noite.


Guillermo del Toro o grande vencedor por seu
"A Forma da Água"
MELHOR FILME
A Forma da Água

MELHOR DIREÇÃO
Guillermo del Toro (A Forma da Água)


MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
A Forma da Água



MELHOR TRILHA SONORA
A Forma da Água

MELHOR ATOR
Gary Oldman (O Destino de uma Nação)

MELHOR ATRIZ
Frances McDormand (Três Anúncios para um Crime)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Sam Rockwell (Três Anúncios para um Crime)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Alison Janney (Eu, Tonya)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Corra!

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Me Chame pelo Seu Nome

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
Viva - A Vida é uma Festa

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Uma Mulher Fantástica (Chile)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Ìcaro

MELHOR FOTOGRAFIA
Blade Runner 2049

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
"Remember Me" (Viva - A Vida é uma Festa)

MELHOR FIGURINO
Trama Fantasma

MELHOR MAQUIAGEM
O Destino de uma Nação

MELHORES EFEITOS ESPECIAIS
Blade Runner 2049

MELHOR EDIÇÃO DE SOM
Dunkirk

MELHOR MIXAGEM DE SOM
Dunkirk

MELHOR EDIÇÃO
Dunkirk

MELHOR CURTA-METRAGEM
The Silent Child

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
Dear Basketball

MELHOR CURTA-METRAGEM DE DOCUMENTÁRIO
Heaven is a Traffic Jam on the 405




C.R.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

"Eu, Tonya", de Craig Gillespie (2017)



Não sei quanto a vocês mas para mim sempre foi claro que o meio onde vivemos influencia bastante nosso comportamento. Não é único fator mas ele influencia sim. Em “Eu,Tonya” temos um belo exemplo da pessoa que foi totalmente influenciada pelo seu meio, sofreu preconceito, tentou lutar, mas não conseguir escapar disso ou não a deixaram escapar.
Ela era a princesa do gelo que emergiu de uma infância pobre e difícil em Portland até subir ao topo do esporte na patinação artística. Embora Tonya Harding (Margot Robbie) tenha sido a primeira mulher americana a completar o Axel triplo em grandes competições, seu legado foi eternamente marcado pela infame competição com sua colega Nancy Kerrigan - e o ataque planejado pelo marido de Harding, Jeff Gillooly (Sebastian Stan), contra sua rival Nancy, que fez com que Tonya fosse banida do esporte.
O filme de Cgraig Gillespie acaba indo para um lado documental e recriando as entrevistas reais dos personagens, o que funciona muito bem uma vez que os personagens são muito caricatos e a gente fica com impressão de que não é real. Mas, sim, tudo aquilo aconteceu. Apesar do filme ter momentos de drama a carga cômica é tão grande que muitas vezes o espectador acaba não levando muito a sério o que atrapalha um pouco (me atrapalhou) pois há momentos que você deveria se chocar mas acaba rindo.
La Vona Golden (Allison Janney), que personagem!
(vem Oscar aí?)
Mesmo com essa pequena confusão dramédia, “Eu, Tonya” é uma obra muito divertida e bem filmada. Suas cenas da patinação artísticas são bem coreografadas e nota-se um grande cuidado técnico nesta parte. As bizarrices da historia dão um certo charme ao longa fazendo com que se fique preso ao filme com a curiosidade de saber como vai terminar (eu realmente fiquei espantado ao saber que tudo era real e que esses fatos realmente aconteceram).
Embora a o design de produção, figurinos e maquiagem estejam ótimos, o melhor do longa são as atuações, Jeff Gillooly, o marido idiota e violento, e de Shawn Eckhardt (Paul Walter Hauser), seu amigo, muito mais idiota com as piores idéias do MUNDO (como aquilo tudo pode ser real, como? kkk). Agora vamos falar de quem brilha: a bela e talentosa Margot Robbie esta no papel principal como Tonya. Sem dúvida esse é seu papel de maior destaque (não comercial, isso foi a Arlequina). Uma atuação segura equilibrando perfeitamente o drama e comédia conseguindo fazer o espectador criar uma empatia natural por sua personagem. Mas sem sombra de dúvidas quem rouba a cena sempre que está em tela é Allison Janney como LaVona Golden, a mãe de Tonya. Ela faz uma mãe dominadora, violenta, indiferente com a filha e que em nenhum momento demonstra afeto (tá, tem alguns momentos onde ela demonstra sim, mas daquele seu jeito, indiferente). Sem falar no seu estilo caricato sempre com  um cigarro, com aqueles seus óculos, sua cara fechada e o papagaio (ou periquito, talvez maritaca, sei lá) em seu ombro durante a entrevista.
Uma boa mistura de drama, comédia e esporte com o elenco muito afinado. Embora o longa tenha um leve desequilíbrio em sua veia cômica este porém não é nada tão grave que atrapalhe a experiência. O lado crítico do filme também é algo que vale a pena destacar, apontando para todo o circo que imprensa faz nesse tipo de caso quando, na verdade, quer mais é ver as coisas pegarem fogo do que ajudarem na busca por justiça; e para, algo talvez pouco conhecido para a maioria das pessoas, que é o preconceito que existe nesses esportes mais “elitistas”, onde não basta se ter talento, tem que ter certa “boa aparência”.
Uma ótima dica, para quem assim como eu não conhecia esse polêmico caso ou que, se conhecia, vai se divertir revisitando-o. Se você quer ótimas atuações, com uma historia muito incrível, mostrando a força de uma mulher realmente lutadora que tentou vencer na vida mesmo com tudo contra (TUDO mesmo), fica aqui uma boa pedida.
Uma mulher de força e talento.



Vágner Rodrigues

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

"Com Amor, Van Gogh", de Dorota Kobiela e Hugh Welchman (2017)



Cheia de cor, deslumbrante, uma verdadeira obra de arte, mas que ao mesmo tempo é carregada de uma enorme melancolia. O “Com Amor, Van Gogh” não poderia ter sido feito de uma maneira diferente: a melhor maneira de contar a vida de artista que pintava sua vida só poderia ser feita através de suas obras, e nesse aspecto o longa  é perfeito.
O filme é uma investigação aprofundada sobre a vida e a misteriosa morte de Vincent Van Gogh através das suas pinturas e dos personagens que habitam suas telas. Animado com a técnica de pintura a óleo do pintor holandês traz entrevistas com os personagens mais próximos e reconstruções dos acontecimentos que precederam sua morte.
A arte de "Com Amor, Van Gogh" é tão deslumbrante que o espectador quase nem se apercebe de sua narrativa um pouco travada. A história demora um pouco ganhar força e para fazer o espectador embarcar na ideia de investigar a morte (misteriosa) de Van Gogh.
A triste e solitária vida de um gênio.
Visualmente não há falhas. O filme é uma obra perfeita. Suas cores são fantásticas digna de uma obra do próprio artista. A historia carrega toda uma melancolia e por mais que tenha momentos alegres e tente passar uma bela imagem do artista (e consegue), sempre vem algo e puxa você para baixo. Como uma depressão, o que faz muito sentido com a vida do artista.
Você ter a honra de acompanhar os últimos dias de Van Gogh, por mais triste que seja, é uma grande experiência embora decididamente não seja não é algo tão positivo devido toda a depressão que recaía sobre Vincent em seus últimos momentos.
“Com Amor, Van Gogh” é baseado em relatos das pessoas que viveram com Van Gogh ou que moravam na cidade e o viam diariamente. É uma delicia passear por suas obras pois vão mostrando os locais de suas principais pinturas  e vê-las, assim, em movimento, realmente emociona demais.
Um equilíbrio entre o belo e o triste. O filme mostra-se bastante maduro ao encontrar esse ponto. Assim como Van Gogh, que transformava sua dor em arte, o preto e branco de sua vida em colorido em uma tela, o longa da dupla Dorota Kobiela e Hugh Welchman faz o mesmo com grande mérito e competência. Recheado de melancolia e tristeza ele não deixa de lado o colorido e mostra de maneira bela a trajetória de um dos gênios da arte que durante toda sua vida queria apenas ser reconhecido e fazer o que gostava, mas que infelizmente não passou de um homem incompreendido até mesmo considerado louco para muitos até sua morte.
Que trabalho, que empenho dessa equipe de arte!




por Vagner Rodrigues

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

"Viva - A Vida é uma Festa", de Lee Unkrich e Adrian Molina (2017)



Uma das marcas mais confiáveis da indústria cinematográfica da atualidade não é necessariamente um cineasta ou uma escola, mas, sim a Disney/Pixar. Invariavelmente, suas produções, seja em curta ou longa metragens, agradam (quando não surpreendem) tanto quem busca por entretenimento quanto por arte. “Viva – A Vida é uma Festa”, de Lee Unkrich e Adrian Molina, é um bom exemplo. Para quem como eu e Leocádia, que nos sentimos desassistidos diante da grade dos cinemas comerciais, optar por ver uma animação da Pixar ao invés de qualquer blockbuster tão “real” quanto descartável é um acerto no alvo. Afora a qualidade técnica indiscutível, os filmes da produtora estabelecem alto poder de diálogo com o público adulto (às vezes, até priorizando-o, caso de “Wall-E”) e, ao mesmo tempo, divertem a criançada.
“Viva” tem, de fato, grandes méritos, tanto que é um dos concorrentes ao Oscar de Melhor Animação e Canção Original deste ano. Na história, Miguel Rivera é um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com a desaprovação de sua família de tradicionais sapateiros traumatizada com um episódio do passado em que um músico os abandonou para nunca mais voltar. Determinado a seguir os passos do seu ídolo, o cantor Ernesto de La Cruz – espécie de Roberto Carlos mexicano, mas já falecido –, ele acaba desencadeando uma série de eventos e aventuras no feriado mexicano do Dia dos Mortos, celebrado com devoção no México. Estes, por sinal, envolvem tanto a sua família – sejam os entes vivos ou não – quanto o misticismo peculiar do povo mexicano, cuja linha entre vida e morte é estreita – pelo menos, quando os sentimentos estão aflorados para o feriado de finados.
O simpático Dante: mensageiro entre
os dois mundos
As cores vibrantes, a luz tropical, a musicalidade, as formas e as crenças do México são muito bem representados no roteiro, que engendra uma trama capaz de unir tudo isso sem deixar de ser um verdadeiro entretenimento. Afinal, não apenas de coisas agradáveis se compõem os fatos da trama. Se tem o colorido das roupas e da música ou a beleza onírica da mitologia, há também os tabus, como a presença permanente da morte e a passagem do tempo. Assim, a história equilibra com felicidade em seu ritmo narrativo a tríade aventura/humor/drama, sine qua non para uma produção da Pixar, com estes traços característicos da cultura mexicana, inserindo-o na narrativa tradicional do cinema norte-americano mas sem deturpá-los.
Um dos aspectos folclóricos a que me refiro é exatamente a morte e como esta se dá no imaginário do povo mexicano. A sensibilidade de artista e de criança do pequeno Miguel é usada para mostrar como a antiga cultura mexicana mistifica a morte e, ao mesmo passo, a elabora melhor do que o convencionado no Ocidente. Seja no mundo dos vivos ou dos mortos, o que mantém as relações é o afeto e a energia que este emana. Sem a energia vital, capaz de manter acesa a memória afetiva, as pessoas são esquecidas e desaparecem. Este lado espiritualista do ser mexicano, advindo dos povos indígenas originários, é abordado com delicadeza e reverência. Um exemplo são os bichos, como o simpático cão Dante, naturalmente conectado com os diferentes planos de existência por sua condição de pureza animal.
O nível de profundidade que o filme atinge é realmente louvável. Além da questão da morte e dos laços familiares e suas implicações na forma de ser e ver o mundo, a história toca, num âmbito mais apurado, na questão da identidade. A busca do menino Miguel por aquilo que lhe faz sentido, a música (mesmo que, para isso, tenha preciso mover, literalmente, “céus e terras”), bem como a ligação que isso tinha com seu laço sanguíneo, vai ao cerne dessa premissa. Seja na fase infantil ou adulta, é sempre tocante a um espectador ver numa obra de cinema o encontro emocional com as origens – mesmo que o personagem seja um desenho animado inventado e não necessariamente uma pessoa interpretando um papel.
O pequeno Miguel em sua aventura no mundo dos mortos
Outro aspecto interessante de “Viva” é a evidente valorização da música. Esta ganha nuança de arte transformadora tanto no sentido biográfico de Miguel quanto biológico, uma vez que ele guarda geneticamente o talento de seu antepassado. Porém, também pode ser vista como uma força capaz de unir as almas deste plano ou do além. Ou melhor: de provar que não existem fronteiras para quem ama. Momento muito bonito do filme é quando Miguel tenta de todas as maneiras reavivar a memória de sua “mamá”, a bisavó velhinha e praticamente sem reação sobre uma cadeira. Ele só o consegue quando toca ao violão uma música do pai dela, seu tataravô. É o reconhecimento de si mesmo na forma da vibração energética motivada pela música, bem como da apreensão, mesmo que somente naqueles instantes mágicos em que os sons ressoam, do tempo: o novo que segue, agora a seu modo, aquilo que é da essência dos Rivera. Além disso, a cena é o próprio cinema em sua acepção: o registro da memória.
Toda criança – ou adulto – tem a sua animação da Pixar preferida. Há os que adoram “Toy Story”, “Os Incríveis”, “Up – Altas Aventuras”, “Monstros S.A.” ou outro título. A variedade e a qualidade é grande. “Viva”, com certeza, passa a figurar nessa lista. Ao se valer como tema o México com suas tradições, folclores e história, o filme presta uma bela homenagem à cultura do país vizinho de Estados Unidos numa época em que este vem sofrendo com a política protecionista do governo Trump, principalmente no que diz respeito aos imigrantes. Resta ver se, na premiação do dia 4 de março, essa valorização vai realmente se concretizar. Qualidade para isso, “Viva” tem sem nenhuma dúvida.





Daniel Rodrigues

sábado, 27 de janeiro de 2018

"Me Chame Pelo Seu Nome", de Luca Guadagnino (2017)



Vamos falar de amor. Das dores do amor, das tristezas, das perdas, mas vamos falar de amor, porque no final ele é sempre lindo. Tem a parte da dor muitas vezes, mas os momentos doces não devem ser esquecidos e o mais importante: não devem deixar de serem vividos.
Elio ((Timothée Chalamet), o sensível e único filho da família americana com ascendência italiana e francesa, Perlman, Elio , está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela e lânguida paisagem italiana. Mas tudo muda quando Oliver (Armie Hammer), um acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega à casa.
Apesar de toda delicadeza e beleza que o filme tem ao abordar o amor ele carrega aquele elemento de quase todo filme com uma pegada LGBT feito para o grande público traz que é a tristeza. Desculpem o spoiler mas é necessário falar sobre isso. Parece que nesses filmes é proibido o casal ficar junto! Acaba transmitindo uma ideia de que relacionamentos assim não conseguem superar dificuldades e preconceitos. Embora o objetivo no longa seja mostrar a euforia e dor do primeiro amor, me refiro a filmes nessa linha de um modo geral.
O longa se passa na Itália o que torna o cenário espetacular possibilitando planos tão lindos que o espectador chega mesmo a sentir o cheiro, as cores, o calor do verão italiano. Há uma cena que os personagens principais estão entrando num rio  cuja nascente fica nos Alpes e que quase chega-se mesmo a sentir a água gelada. Arrisco-me a dizer que é possível sentir até o gosto das frutas (embora haja uma cena que torna estranha a minha afirmação).
Não devemos deixar passar os sinais.
A trilha sonora é uma delícia. Suave, tranquila, extremamente agradável e entra em momentos certos, realmente fazendo parte do filme por completo. O primeiro e o segundo atos são lentos e previsíveis, no entanto, o terceiro e último, avassalador, compensa totalmente. O longa então só tem ganhos tanto na questão do romance, na questão dos diálogos. NOSSA!!! Na lindíssima cena em que o pai de Elio vai conversar com o filho sobre sentimentos, sua fala é de uma poesia, de uma profundidade, que certamente guardarei esse dialogo para minha vida. Confesso que nesse momento o filme me conquistou de vez e me levou às lágrimas.
 O elenco todo esta muito bem com uma sintonia maravilhosa entre todos os personagens. Os pais de Elio tem participações bem pontuais mas não menos grandiosas. Uma delas mencionei que anteriormente é a fala de Mr. Perlman (Michael Stuhlbarg), mas vou falar também do casal principal que carrega o longa. Oliver e Elio, são um belo casal, seu romance é bem construído e as cenas são lindas. Armie Hammer como Oliver está ótimo, tem charme, presença, é um bom personagem e você sente uma atração natural por ele. Já Timothée Chalamet como Elio está MAGNÍFICO. Ele É Elio, o personagem é real. E ele tem um poder, uma presença, é destemido, sabe o que quer  é e tão dono de si. Até encontrar o amor... Uma atuação madura que nos entrega um personagem apaixonante que tem momentos brilhantes como a cena final que confirma que só sua presença, seu olhar já nos prende ao filme (e suas dancinhas são boas também).
Por mais arrastado que o longa possa ser seu final é recompensador. Ele nos passa uma mensagem linda e é mais um filme que vem para nos deixar algo. Quando ele termina inevitavelmente o espectador, por mínimo que seja, vai ficar refletindo um pouco sobre sua vida.
Tirando os clichês e os momentos previsíveis, "Me Chame Pelo Seu Nome" é muito bonito, sutil e profundo, como é o amor afinal. Por mais que algumas vezes os relacionamentos terminem, e isso seja doloroso, não devemos nos fechar para esses sentimentos nem deixar de vivê-los e fingir que nada aconteceu. Devemos, sim, nos jogarmos em direção ao amor, nos entregarmos por inteiro, assim como Oliver e Elio, que até seus nomes entregaram um ao outro.
O amor...


por Vágner Rodrigues

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Oscar 2018 - Os Indicados



Guillermo del Toro, sempre impressionante visualmente,
tem seu filme como um dos favoritos ao Oscar.
E saiu a lista dos filmes indicados para o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o famoso Oscar. "A Forma da Água" do mexicano Guillermo Del Toro lidera em indicações com treze, mas "The Post", de Steven Spielberg com elenco estrelar, "Me Chame Pelo Seu Nome",  "Três Anúncios Para Um Crime"e "Lady Bird", também prometem disputarem as atenções. Destaque também para a indicação de "Logan", o primeiro filme de heróis nomeado para roteiro original, para a grande surpresa do ano, o bom "Corra!", na categoria principal, para o brasileiro Carlos Saldanha, diretor da animação "O Touro Ferdinando", indicado em sua categoria, e para a indicação de uma mulher para melhor direção, Greta Gerwig, depois de todas as manifestações de atrizes na premiação do Globo de Ouro. Embora a indicação de Greta responda à contestação de Natalie Portman quando da entrega do prêmio de diretor naquela cerimônia, ela passa longe de resolver todas as questões que envolvem a figura da mulher em Hollywood, assim, independente deste "agrado" da Academia, deveremos ver novas manifestações acerca da condição da mulher não somente dentro da indústria cinematográfica norte-americana como na sociedade como um todo. E aí? Teremos gafes como aquela do anúncio do vencedor do ano passado? Termos protestos feministas? Meryl Streep leva outra estatueta para casa? Guillermo del Toro manterá a tradição mexicana de levar o prêmio de direção, já que são três prêmios nos últimos quatro anos? Muitas perguntas aguardam resposta mas elas só serão respondidas no dia 4 de março, em Los Angeles. Até lá, o negócio é ir dando uma conferida nos títulos que já estão em cartaz e nos que estrearão até lá nos cinemas,e claro ir conferindo aqui no ClyBlog as nossas impressões sobre os filmes aqui no Claquete.
Confira abaixo as listas com todos os indicados:



  • Melhor Filme

Me Chame Pelo Seu Nome
O Destino de Uma Nação
Dunkirk
Corra!
Lady Bird - É Hora de Voar
Trama Fantasma
The Post - A Guerra Secreta
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime


  • Melhor Direção

Dunkirk - Christopher Nolan
Corra! - Jordan Peele
Lady Bird - É Hora de Voar - Greta Gerwig
Trama Fantasma - Paul Thomas Anderson
A Forma da Água - Guillermo del Toro


  • Melhor Atriz

Sally Hawkins - A Forma da Água
Frances McDormand - Três Anúncios Para um Crime
Margot Robbie - I, Tonya
Saoirse Ronan - Lady Bird - É Hora de Voar
Meryl Streep - The Post - A Guerra Secreta


  • Melhor Ator

Timotheé Chalamet - Me Chame Pelo Seu Nome
Daniel Day Lewis - Trama Fantasma
Daniel Kaluuya - Corra!
Gary Oldman - O Destino de Uma Nação
Denzel Washington - Roman J. Israel, Esq.


  • Melhor Ator Coadjuvante

Willem Dafoe - Projeto Flórida
Woody Harrelson - Três Anúncios Para um Crime
Richard Jenkins - A Forma da Água
Christopher Plummer - Todo o Dinheiro do Mundo
Sam Rockwell - Três Anúncios Para um Crime


  • Melhor Atriz Coadjuvante

Mary J. Blige - Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi
Allison Janney - I, Tonya
Laurie Metcalf - Lady Bird - É Hora de Voar
Octavia Spencer - A Forma da Água
Lesley Manville - Trama Fantasma


  • Melhor Roteiro Adaptado

Artista do Desastre
Me Chame Pelo Seu Nome
Logan
A Grande Jogada
Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi


  • Melhor Roteiro Original

Doentes de Amor
Corra!
Lady Bird - É Hora de Voar
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime


  • Melhor Animação

O Poderoso Chefinho
Viva - A Vida é uma Festa
O Touro Ferdinando
Com Amor, Van Gogh
The Breadwinner


  • Melhor Filme Estrangeiro

Uma Mulher Fantástica (Chile)
The Insult (Líbano)
Loveless (Rússia)
The Square - A Arte da Discórdia (Suécia)
On Body and Soul (Hungria)


  • Melhor Fotografia

Blade Runner 2049 - Roger Deakins
O Destino de Uma Nação - Bruno Delbonnel
Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi - Rachel Morrison
Dunkirk - Hoyte van Hoytema
A Forma da Água - Dan Laustsen


  • Melhor Documentário em Longa-Metragem

Abacus: Small Enough to Jail
Faces Places
Icarus
Last Men in Aleppo
Strong Island


  • Melhor Documentário em Curta-Metragem

Edith+Eddie
Heaven is a Traffic Jam on the 405
Heroin(e)
Kayayo: The Living Shopping Baskets
Knife Skills
Traffic Stop


  • Melhor Curta-Metragem

DeKalb Elementary
The Eleven O’Clock
My Nephew Emmett
The Silent Child
Watu Wote/All of Us


  • Melhor Curta em Animação

Dear Basketball - Glen Keane e Kobe Bryant
Garden Party - Victor Caire e Gabriel Grapperon
Lou - Dave Mullins e Dana Murray
Negative Space - Max Porter e Ru Kuwahata
Revolting Rhymes - Jakob Schuh e Jan Lachauer


  • Melhor Figurino

A Bela e a Fera
O Destino de Uma Nação
Trama Fantasma
A Forma da Água
Victoria e Abdul - o Confidente da Rainha


  • Melhor Maquiagem e Cabelo

O Destino de Uma Nação
Extraordinário
Victoria e Abdul - o Confidente da Rainha


  • Melhor Montagem

Em Ritmo de Fuga
Dunkirk
I, Tonya
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime


  • Melhor Mixagem de Som

Em Ritmo de Fuga
Blade Runner 2049
Dunkirk
A Forma da Água
Star Wars - Os Últimos Jedi


  • Melhor Edição de Som

Em Ritmo de Fuga
Blade Runner 2049
Dunkirk
A Forma da Água
Star Wars - Os Últimos Jedi


  • Melhores Efeitos Visuais

Blade Runner 2049
Guardiões da Galáxia Vol.2
Kong - A Ilha da Caveira
Star Wars - Os Últimos Jedi
Planeta dos Macacos - A Guerra


  • Melhor Design de Produção

A Bela e a Fera
Blade Runner 2049
O Destino de Uma Nação
Dunkirk
A Forma da Água


  • Melhor Canção Original

"Remember Me" - Viva - A Vida é uma Festa - Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez
"This is Me" - O Rei do Show - Benj Pasek e Justin Paul
"Mighty River" - Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi - Mary J. Blige, Raphael Saadiq e Taura Stinson
"Mystery of Love" - Me Chame Pelo Seu Nome - Sufjan Stevens
"Stand Up for Something" - Marshall - Diane Warren e Lonnie R. Lynn


  • Melhor Trilha Sonora Original

Dunkirk - Hans Zimmer
Trama Fantasma - Jonny Greenwood
A Forma da Água - Alexandre Desplat
Star Wars - Os Últimos Jedi - John Williams
Três Anúncios Para um Crime - Carter Burwell





C.R.


sexta-feira, 19 de maio de 2017

"Corra!", de Jordan Peele (2017)



Eita, mano! Nossa, que filme surreal! Que história mais maluca mas ao mesmo tempo com muita realidade contida nela. "Corra!" convida-nos para rirmos e nos assustarmos com o preconceito.
Chris (Daniel Kaluuya) é um jovem negro que está prestes a conhecer a família de sua namorada caucasiana, Rose (Allison Williams). Em princípio, ele acredita que o comportamento excessivamente amoroso por parte da família dela seja uma tentativa de lidar com o relacionamento de Rose com um rapaz negro mas, com o tempo, Chris percebe que a família esconde algo muito mais perturbador.
Apesar da primeira cena ser bastante impactante, o longa tem um primeiro ato muito lento, tudo muito devagar, colaborando para criar um contraste com o seu final o que você comprovará se superar essa lentidão inicial. Não estou reclamando do humor do filme (que isso fique bem claro), ele é divertido e funciona, mas parece que você está em outro filme uma vez que há momentos em que o filme cria toda uma tensão caminhando para um clímax, e corta para uma cena de humor. Você fica “Não volta pra lá, quero ver o que está acontecendo”, quebrando o clima que estava sendo construído.
O elenco do filme é muito bom desde os empregados até a família de Rose. LilRel Howery como Rod Williams é a parte cômica do filme, garantindo risadas a cada  aparição; Daniel Kaluuya está ótimo, faz um trabalho corporal fabuloso e especialmente a forma como trabalha a expressão facial é primorosa; Allison Williams (linda, mas depois do filme, não quero namorar ela), tem uma transformação tal no ato final do filme, que MEU DEUS, que sua personagem torna-se completamente diferente. Incrível! 
O olhar de medo. Eu também fiquei assim.
Que roteiro! Nossa! É difícil vermos algo tão original assim no cinema blockbuster de hoje. O longa acerta na maneira como aborda o racismo dentro da história. Não é aquela coisa descarada mas sim a mais comum do dia a dia, coisas do tipo “eu não sou racista, tenho até uma empregada negra, ela é praticamente da família”, só não participa do evento de família. Esse racismo que tenta ser escondido (algumas vezes de forma quase involuntária), que tanto nos deixa desconfortável, deixa o espectador ainda mais desconfortável ao assistir ao filme.
O suspense no longa é muito bem construído, deixando um ar de mistério que só vai ser revelado nos últimos minutos. Assim que que os personagens chegam à casa dos pais de Rose e mais personagens negros vão aparecendo você percebe que tem algo errado, e essa sensação incômoda só aumenta até chegar à fantástica cena da hipnose (não consigo mais tomar algo em uma xícara sem tentar hipnotizar os outros).
Uma obra diferente, autêntica, misteriosa, engraçada, assustadora. Nossa, são muitos adjetivos para essa obra que realmente se destaca. É uma viagem a revelação do filme que chega a ser surreal e um tanto bobo até, mas só não mais "bobo" que o racismo de algumas pessoas, que podem acabar transformando a visita de um namorado negro à casa de uma namorada branca em algo assustador. É essa alegoria que faz o filme genial.


por Vagner Rodrigues