Acabei de ler, há pouco, o robusto "Poesias" de Jorge Luis Borges, coletânea de poemas com nada menos que sete publicações do autor: "Elogio da sombra" (1969), "O Ouro dos Tigres" (1972), "A Rosa Profunda" (1975), "A Moeda de Ferro" (1976), "História da Noite", "A Cifra" (1981)
Eu apaixonado pela escrita de Borges pude me deliciar ao longo de suas mais de 600 páginas com todo aquele universo de enigmas, magia, labirintos, bravuras, reminiscências e inspiração. Poemas delineados com a pena da sabedoria de quem muito viveu, muito viu e muito estudou, e ao mesmo tempo da admissão da ignorância diante da vastidão de segredos do mundo. Paisagens fantásticas, questionamentos sobre a arte de escrever, batalhas sangrentas em guerras na Europa ou nas estâncias do pampa gaucho marcam as páginas de "Poesias".
Organizado cronologicamente, a partir da publicação de "O Elogio da Sombra", de 1969, o livro tem, na minha visão, um crescimento gradual, chegando a um nível incrível em "A Cifra" (1981) e culminando, para mim, em "Os Conjurados", de 1985, no melhor momento de sua poesia e razão, como aliás, na maior parte das vezes é natural na vida de um escritor, mas curiosamente, no caso de Borges, exatamente em seu momento de maior limitação física, muitíssimo doente, e praticamente cego na época da publicação.
Prato cheio, aliás, transbordante, para os apreciadores da obra do escritor argentino, mais conhecido e aclamado por seus contos, mas muito valoroso também por seus poemas que, no fim das contas são enriquecidos dos mesmos elementos recorrentes que tanto apaixonaram leitores como eu.
Cly Reis
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