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sábado, 3 de janeiro de 2015

"Um Olhar do Paraíso", de Peter Jackson (2009)




Particularmente me agradam os filmes de Peter Jackson, não são ótimos, mas são filmes bons de assistir, tranquilos, tem suas enrolações e problemas no roteiro, mas nada que estrague o filme por completo, e sim, temos todos estes elementos nesta obra. "Um olhar do Paraíso" (2009) filme tem um começo muito bom, logo na apresentação da personagem principal, sua primeira fala, me fez ajeitar a cadeira na frente da TV e pensar, "vai lá Peter Jackson, me surpreenda", e o filme segue em uma pegada bacana, até chegar no meio para o final. Nos seus últimos filmes, como a trilogia "O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit", é aí que o diretor se perde, o filme fica chato, não sabe para onde vai, se vai para o mistério ou fantasia, tem romance adolescente pós-morte e literalmente ele fica no limbo, cheio de altos e baixos.

Susie e a bela fotografia em tons de laranja
O longa é sobre Susie Salmon (Saoirse Ronan), uma jovem garota de 14 anos que leva uma vida normal junto com os seus pais e irmãos mais novos, até certo dia, que ao voltar da escola, Susie é atraída até a armadilha feita pelo seu estranho vizinho, George Harvey (Stanley Tucci), que a estupra e depois esquarteja a menina, e esconde o corpo dentro de uma mala. Pesado não? Aí que você se engana, apesar de ser um fato forte o diretor acerta em não fazer um filme pesado, (nada de tirar a vovozinha da sala para não chocar ela), o filme escolhe um caminho tranquilo, de uma grandiosidade visual incrível, que suaviza o clima. Claro que a cena do crime é muito bem trabalhada, closes fechados, o assassino com um uma expressão nervosa, Susie inocente, com ar de assustada, o clima de tensão é forte, você alí querendo ajudar a menina, tudo muito bem feito.

Os figurinos são incríveis, roupas e maquiagem de parabéns, assim como a ambientação das casas, da cidade de Susie em geral, já que a historia do filme acontece nos anos 70, e essa época é bem retratada visualmente. Já os cenários não reais, não me agradaram, achei legal a ideia do filme, o limbo mudar de acordo com os sentimentos da menina, a um excelente trabalho com as cores o Laranja se destaca em Susie com seu cabelo (que não é laranja, é claro, mas o trabalho da fotografia da tons alaranjados a ele) e o azul de George Harvey, que se destaca em seus olhos . Mas os cenários não reais são genéricos de mais, os efeitos especiais, parecem que foram feitos de qualquer jeito, temos momentos do filme como a cena em que o pai de Susie quebra barquinhos que ele construía dentro de garrafas e que sua filha gostava muito, ao mesmo tempo a menina assisti grandes embarcações batendo contra rochas no limbo, nossa, os barcos nas garrafas gigantes não ficaram bons, uma cena com uma ideia bacana em que e os efeitos atrapalham, e a cena que mostra o destino do assassino tem um efeito muito tosco.

Os pais de Susie e uma das "aparências" do limbo
Estes altos e baixos estão presentes em todo filme, inclusive, nas atuações do elenco (que é um baita elenco no papel). Temos Saoire Ronan brilhando como Susie, a menina está super bem, seu jeito angelical (com ajuda do trabalho da equipe de fotografia mais uma vez) conquista a todos, não é uma atuação para ganhar um Oscar, mas a garota se saiu muito bem, não é um personagem fácil de se fazer, e ela está natural, não exagera no drama, consegue fazer com que o espectador facilmente se envolva com ela e seus dramas. A história é praticamente um diário pós-morte de Susie, nesse diário acompanhamos sua busca por vingança ao tentar ajudar seu pai a descobrir quem é o assassino, e também o seu desejo de ver seus familiares seguirem em frente, superarem o trauma de sua perda. Por isso ela fica no limbo, por não se definir, não aceitar sua morte. Mesmo com todo esse drama o filme ainda fala da descoberta da sexualidade na adolescência, não achei necessário isso, mas não atrapalha o desenvolvimento da personagem, inclusive essa descoberta é o que liberta Susie par enfim viver no paraíso. Outra atuação acima da media fica por conta de Stanley Tucci que faz o papel do assassino, o cara está "estranho", com um ar de perturbado, sempre se cuidando, dificilmente erra nos seus planos. Tem uma aparência inocente, mas uma presença desconfortável, difícil de descrever seu personagem, porque pouco sobre ele nos é contado. Quem não tem medo do desconhecido, do que não consegue compreender? E George Harvey é assim, e o roteiro trabalha bem isso. Mais uma parada para falar da maquiagem, que é o que realmente faz esse personagem, o olhar dele, as lentes azuis que colocaram no ator, sempre sendo destacadas em contraste com os ambientes escuros em que ele aparece, trabalho de mestres. Um excelente personagem somado a um bom ator, renderam uma indicação merecida ao Oscar. O resto do elenco, embora tenham bons atores, eles não nos entregam bons personagens, são atuações muito fracas. Temos Abigail Salmon (Rachel Weisz) mãe de Susie, acho que é a pior personagem do filme (porém a mais linda), logo no início, após a morte da filha, ela tenta convencer como mãe perturbada que perdeu a filha, mas não engrena, depois ela foge de casa, vai para o campo colher girassóis e some do filme, retorna apenas no final, esse é um resumo da personagem, e para completar Rachel Weisz, também não se esforça muito para ajudar, ai vem Jack Salmon (Mark Walber), pai de Susie, é um ator bem mediano, que no filme atua de maneira mediana, passa o filme todo atrás de sua filha (porque não é encontrado o corpo, e ela é dada como desaparecida), com a "ajuda" de Susie ele vai em busca da verdade por trás do desaparecimento. Um personagem que poderia ser grandioso, mas as soluções que o roteiro dá para Jack, eu não aceitei muito bem, ele passa o filme todo atrás da verdade, ele faz de tudo, enfrenta polícia, investiga vizinho, realmente um pai sofrendo por uma grande perda, para em 5 minutos antes do final do filme, ele simplesmente aceita "bom morreu minha filha, vida que segue", é uma mudança repentina, o filme não trabalha bem a construção do personagem, temos também Lynn (Susan Sarandon) a avó de Susie, que simplesmente é a "maluca" do filme, que serve como alívio da tensão (apesar da atuação abaixo da média da ótima atriz) sempre com mensagens positivas, tentando fazer gracinhas, achei ela meio deslocada, simplesmente não funcionou, se for dar mais um destaque vai para Lindsey Salmon (Rose Mciver) irmã de Susie, que tem uma importância do meio para o final, é uma atuação esforçada de Rose.

No final temos uma obra interessante, e de fácil identificação (ainda mais para as pessoas que tem filhos), fala de uma violência real, comum nos dias de hoje, a sensação de insegurança, o perigo que pode morar ao lado, na forma de um vizinho inocente, isso ajuda você a entrar no filme, é uma fotografia muito bela, que torna essa imersão agradável. A direção de Jackson é o básico dele, o que não ajuda muito os atores, tecnicamente não agrada, mas a história é atraente e a mensagem que filme passa, de que as perdas não podem ser esquecidas, mas sim podem ser superadas, me fez refletir, e quando um filme provoca esse tipo de sensação, de reflexão, é muito bom.

Obs: Ghost é muito melhor.




segunda-feira, 3 de maio de 2010

Presentes

"DEMONS" de Lamberto Bava (1985)

Em uma brevísima visita do meu irmão que mora em Porto Alegre, ao Rio de Janeiro, recebi dele de presente alguns filmes em DVD. Havia pedido que me conseguisse o filme “Demons”, um terror italiano produzido por Dario Argento e dirigido por Lamberto Bava, do qual sempre gostamos mas depois de termos visto uma vez, alugado em VHS, nunca mais havíamos encontrado. É bem Dario Argento mesmo. Pessoas convidadas a uma sessão de cinema ficam presas lá e por conta de uma máscara antiga vão se transformando em zumbis e devorando uns aos outros, transformando assim os outros em mortos vivos. Ótimo pelas nojeiras, mortes, zumbis e também pelas metáforas (por incrível que possa parecer) sempre presentes nos filmes do mestre Argento, ainda que não dirigido por ele, mas certamente na linha de frente do trabalho. Obra de arte gore!



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"FOME ANIMAL" de Peter Jackson (1992)

Outro dos presentes foi "Fome Animal” ("Braindead") , que, por mais incrível que possa parecer, é de Peter Jackson, diretor da “Trilogia dos Anéis” e “King Kong (2005)”, mas que aqui é lixo puro na sua MELHOR forma. Um terrir podre cheio de brutalidades, sadismo, mortos-vivos, piadas infames e sangue jorrando à reviria. Imperdível pra quem curte o gênero!







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"THRILLER - A CRUEL PICTURE" de Boa Arne Vibenius (1974)

Mas o melhor e mais inesperado dos presentes foi “Thriller – A Cruel Picture” , que em princípio, pelo título, julguei tratar-se mais ou menos da mesma coisa, mas que soube depois ser algo assim como um predecessor de “Kill Bill”, por assim dizer. Aquela coisa toda de uma mulher mortal, vingança, artes marciais já poderia ser suficiente para associar as duas obras, mas some-se a isso o tapa-olho que a protagonista usa, a roupa amarela, o duelo, os sons repetitivos e perturbadores em várias cenas, e saberemos de onde, mais uma vez, Tarantino chupou algumas cenas e inspirações para realizar sua obra de dois volumes. (No que não há problemas algum, pois provavelmente ele assumiria).
O lance todo é que uma garota que não fala devido ao trauma devido a um estupro na infância, trabalha numa fazenda e um dia, após perder um ônibus, inocentemente pega carona com um sujeito que acaba levando-a para a casa dele, a droga, a vicia em heroína e a mantém dependente disso e fazendo assim com que ela se prostitua para sustentar o vício forçado. Só que, depois de muito, indignada pelas humilhações dos clientes impostos, pela morte de seus pais provocada pelo gigolô e pela morte de uma amiga que fez no prostíbulo, guarda dinheiro para pagar treinamentos em luta, tiro e direção que faz em seus momentos de folga, já planejando sua cruel vingança.
O filme tem problemas de roteiro em determinados momentos, cenas dispensáveis como as de sexo explícito, atuações péssimas de atores semi-amadores, mas as cenas de luta e tiroteio são absolutamente fantásticas com um super câmera lenta que confere uma intensidade toda especial a estas cenas.
Outra cena fantástica pelo grotesco, repugnante e pelo realismo é a que o homem que a raptou , insatisfeito com o tratamento que ela dera a um cliente, vaza-lhe o olho com um bisturi, o que é mostrado claramente e sem cortes. O segredo da cena? Foi filmada com um cadáver. E, a própósito: lâmina no olho não lembra alguma coisa? "Um Cão Andaluz" talvez? (foto ao lado)
Pois é. Esse é o barato de um filme como este. Ao mesmo tempo que consegue ser genial, ter referências tão significativas como Buñuel, servir de referência para a posteridade, e ser em determinados momentos tão tolo, tão mal-acabado, tão tosco. É exatamente  esse o charme do cinema trash, do underground, do filme B. Por estas coisas que gostamos de filmes que são muito ruins mas são muito bons e "Thriller" é um destes. Mas neste caso acho que prevalece o muito bom.
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Em tempo, obrigado, Dã!
Adorei os filmes.


Cly Reis