"Em breve estaremos longe de você,
mas você poderá nem perceber.
Você não precisa de ninguém, inumana como é.
O estranho é que nós não podemos partir sem você.
K. Johnson (1905)
trecho no encarte do álbum
Lembro da primeira vez que vi e ouvi os White Stripes. Estava passando distraidamente pelo Vídeo Music Awards, sem muita expectativa, assim só mudando de canal e resolvi dar uma paradinha ali. Parei ali bem na hora do número desta banda. Na hora já me causou sensação aquilo: Só dois e numa formação inusitada: guitarra e bateria. E os dois estranhamente trajando apenas vermelho e branco e seus instrumentos acompanhavam estas cores também. A era música extremamente criativa, bem elaborada, com um inegável potencial pop sem deixar de ter uma”pegada” e uma fúria digna do que há de melhor no rock. Era “Seven Nation Army” com aquela marcação grave, o acompanhamento no bumbo naquela bateria sem muita técnica de Meg White equilibrada e compensada pelo completo domínio técnico de Jack White que faz a guitarra explodir e gritar no refrão sem letra, desta que se mostrava para mim naquele momento uma das poucas músicas que conseguiam me surpreender em anos, de uma das poucas bandas que conseguiam igualmente o mesmo efeito.
Na verdade, na hora, no VMA, não consegui ouvir o nome da banda, mas sabia que tinha que descobrir do que se tratava. Catei na Internet as apresentações que ocorreram naquela noite e descobri o nome: White Stripes.
Foi o suficiente pra ir a uma loja e comprar o CD, o último da banda até aquele momento, chamado “Elephant”, que hoje veio de trilha sonora no meu carro pelas ruas do Rio de Janeiro.
O álbum apresenta uma clara distinção de trechos. Um primeiro bem agitado e agressivo, passando a um outro mais lento com baladas, indo a um terceiro de blues e mais energia novamente e fechando num meio termo. Resultado da concepção inicial que previa o lançamento em LP duplo, em alguns países, gerando assim 4 lados.
O disco abre com a que eu ouvira na MTV, “Seven Nation Army”, e a versão de estúdio tem o ganho de um melhor preenchimento de eventuais vazios ocasionados pela sua “mera” individualidade no palco. Afinal Jack White é um só, só ele é guitarrista e a banda não tem baixo. (Mesmo assim, ao vivo também manda muito bem)
A seqüência é uma porrada com “Black Math” com a guitarra estourando as caixas num punk violento. Jack White adapta Burt Bacharach em “I Just Don’t Know What to Do With Myself” que também explode em guitarras e microfonias no refrão e no final, mas que com seu clima predominante breguinha de cabaré, já introduz para a seqüência de baladinhas. A bonitinha “In the Cold. Cold Night” é cantada por Meg e "I Want to Be the Boy to Warm Your Mother's Heart” é executada no piano por Jack.
A pegada retorna com o melhor blues feito desde a geração dos mestres, “Ball and Biscuit” com três solos diferentes incríveis ao longo da música. Blues que aliás é influência evidente do guitarristas e aparece com freqüência na maior parte das outras faixas do álbum, mas Jack White, em especial nesta, estraçalha verdadeiramente.
Segue-se com “The Hardest Button to Button”, que por ter uma marcação grave da guitarra com acompanhamento do bumbo lembra a concepção de “7 Nation Army”. “Little Acorns” que vem em seguida traz um início de piano acompanhando uma narração de uma espécie de novela, culminando numa ensurdescedora guitarrada; e “Hypnptize” que vem depois é um empolgante punk clássico que dá vontade de sair pogueando.
“Girl, You Have No Faith in Medicine” é outra das boas canções do disco também cheia de blues e “Well, It’s True that We Love One Another” que fecha o disco é um simpático e agradável triângulo amoroso com participação nos vocais da amiga Holly Golighlty.
Uma das poucas bandas que ainda tem alguma coisa diferente a mostrar e com um resultado muito interessante, em um dos discos que considero dos melhores dos últimos tempos, embora se reconheça a fraca mas importante e competente performance de Meg White como baterista.
Mas é aquele negócio, né: a gente percebe na música de Jack White tudo que ele ouviu, toda a sua formação. Punk, country, blues. E como ele sabe transformar, sabe aproveitar, sabe expressar, não poderia sair coisa ruim.
Disco que já nasceu clássico.
****************************
FAIXAS:
****************************
FAIXAS:
1."Seven Nation Army"– 3:51
2."Black Math" – 3:03
3."There's No Home for You Here" – 3:43
4."I Just Don't Know What to Do with Myself" (Burt Bacharach, Hal David) – 2:46
5."In the Cold, Cold Night" – 2:58 (vocal principal : Meg White)
6."I Want to Be the Boy to Warm Your Mother's Heart" – 3:20
7."You've Got Her in Your Pocket" – 3:39
8."Ball and Biscuit" – 7:19
9."The Hardest Button to Button"– 3:32
10."Little Acorns" (Mort Crim, J. White) – 4:09
11."Hypnotize" – 1:48
12."The Air Near My Fingers" – 3:40
13."Girl, You Have No Faith in Medicine" – 3:17
14."Well It's True That We Love One Another" – 2:42
*****************************
Ouça:
The White Stripes Elephant
2."Black Math" – 3:03
3."There's No Home for You Here" – 3:43
4."I Just Don't Know What to Do with Myself" (Burt Bacharach, Hal David) – 2:46
5."In the Cold, Cold Night" – 2:58 (vocal principal : Meg White)
6."I Want to Be the Boy to Warm Your Mother's Heart" – 3:20
7."You've Got Her in Your Pocket" – 3:39
8."Ball and Biscuit" – 7:19
9."The Hardest Button to Button"– 3:32
10."Little Acorns" (Mort Crim, J. White) – 4:09
11."Hypnotize" – 1:48
12."The Air Near My Fingers" – 3:40
13."Girl, You Have No Faith in Medicine" – 3:17
14."Well It's True That We Love One Another" – 2:42
*****************************
Ouça:
The White Stripes Elephant
Cly Reis
Nenhum comentário:
Postar um comentário