Curta no Facebook

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Dinah Washington - "After Hours with Miss D" (1954)



"Não há dois caminhos sobre  isto:
'After Hours  With Miss D' ainda é a prova rítmica, rebelde mais robusta
de que a  Srta. Washington
é uma das artistas mais incomparáveis
nos mais altos escalões da canção popular moderna."  
trecho do texto da contracapa
original do álbum de 1954


Meu primeiro contato com Dinah Washington, lembro, foi proporcionado pela minha amiga Mari, que era secretária num escritório onde eu trabalhava. Ela me emprestou uma fita cassete do namorado dela da época que era um geólogo que havia excursionado à Antartida e que, segundo ele, havia gravado a fita a bordo do navio Barão de Tefé, o que exigia que eu devesse ter cuidado redobrado com a fita. Levei para casa, ouvi, adorei e por ter gostado tanto e para não correr nenhum risco de danificar aquela relíquia da história expedicionária brasileira, tratei de fazer uma cópia para mim e devolver aquele K7 o quanto antes possível. Fiquei muitos anos com aquela fitinha sem saber os nomes das músicas nem nada mas sempre curtindo muito aquela voz, aquela interpretação, aquela emoção, tudo!
O cassete caiu em desuso, a fita se perdeu e fazia alguns anos que não ouvia nada desta cantora até que há pouco tempo atrás, fuçando numa dessas lojas de LP's antigos por aí, topei com um bolachão da cantora. Um belo exemplar, capa de papelão duro, vinil pesadão, edição original americana dos anos 50... Devia custar uma nota! Caro? Paguei R$ 5,00 por aquela raridade. Eu estava levando comigo "After Hours With Miss D", de 1954, para casa e finalmente eu tinha um registro decente desta cantora que eu havia aprendido a gosatar mas que não tinha nada dela em casa para ouvir.
O disco é absolutamente sensacional! Com uma banda de primeira, a "Rainha do Blues" como era conhecida interpreta de forma brilhante e emotiva clássicos do jazz e rhytm'n blues dos anos 50 em jam-sessions soltas e inspiradas.
"Am I Blue?" é uma balada doce, inspirada, sentida, pontuada por um trumpete choroso e melancólico; "A Foggy Day" ao contrário, é um jazz ensolarado, embalado e cheio de vida; "I Let a Song Go Out of My Heart" é belíssima com destaque especial para a metaleira da retaguarda; mas em "Love for Sale", é Dinah quem dá ums show todo particular, mudando os tempos vocais com uma facilidade impressionante e até mesmo rasgando a voz o melhor estilo Satchmo.
Mas a que eu mais adoro no disco é "Blue Skies", clássico de Irving Berlin, numa versão longa com uma interpretação solta da diva e um grande interlúdio instrumental com espaço para performances individuais notáveis de cada um dos integrantes da banda.
Som delicado, delicioso para se ouvir  naqueles momentos de relax, nas horas de silêncio. Som para aquelas after hours.
**********************************

FAIXAS:
1."Blue Skies" (Irving Berlin) – 7:52
2."Bye Bye Blues" (David Bennett, Chauncey Gray, Frederick Hamm, Bert Lown) – 6:58
3."Am I Blue?" (Harry Akst, Grant Clarke) – 3:14
4."Love Is Here to Stay" (George Gershwin, Ira Gershwin) – 2:31
5."A Foggy Day" (G. Gershwin, I. Gershwin) – 7:59
6."I Let a Song Go Out of My Heart" (Duke Ellington, Irving Mills, Henry Nemo) – 7:02
7."Pennies from Heaven" (Arthur Johnston, Johnny Burke) – 2:17
8."Love for Sale" (Cole Porter) – 2:12


****************************
vídeo de "Love For Sale"



***********************
Ouça:
Dinah Washigton After Hours With Miss D



Cly Reis

Um comentário: