"Não que eu seja um grande fã de punk, mas a energia deles e o fato que você notava que outra geração estava ultrapassando você eram como um chute no traseiro. Era hora de ir direto ao básico e não ficar brincando com vozes femininas glamurosas, metais e coisas assim."
Mick Jagger
Pra começar bem 2012, que tal um Stones nos FUNDAMENTAIS ?
Hum! Nada melhor. Ainda mais no ano em que a banda completa meio século de existência.
Saiu recentemente uma reedição bacanérrima do álbum "Some Girls" de 1978, com disco original na íntegra mais um disco extra com material inédito. "Some Girls" é dos meus prediletos da banda ainda que seja seja um Stones-tardio, e devemos admitir, que quanto mais recente, menor a qualidade do trabalho dos velhinhos, infelizmente. Mas não é o caso deste. Em meio à onda punk do final dos '70 e às tendências disco-music que estavam em alta, Jagger e cia. não ficavam indiferentes ao que acontecia no mundo musical e injetavam doses de energia e embalo ao seu som.
Coisas como "Lies", "Respectable", "Shattered" e "When the Whip Comes Down" tem toda uma pegada mais pesada, mais forte e mais crua até, entendendo a sonoridade da época, de um som mais sujo, mais básico, sem contudo fazer concessões excessivas que viessem a descaracterizar seu som. Por sua vez, a clássica "I Miss You" é um excelente exemplo de levada disco aplicada ao rock-blues característico do grupo numa composição primorosa que de tão sofisticada adquiriu um caráter naturalmente atemporal.
Destaques também para a ótima regravação de "Just My Imagination" dos Tempatations, permanecendo uma balada porém ganhando mais guitarras; para os vocal principal de Richards em "Before They Make Me Run"; para o excelente trabalho de guitarras de "Beast of Burden"; para o lamento country "Far Away Eyes" e para a que empresta nome ao disco, "Some Girls", com aquele ar debochado do vocal de Jagger descrevendo as mais variadas garotas, seus tipos e manias.
O CD extra desta nova edição especial também não fica atrás e seria certamente um bom álbum de carreira, com destaques especiais para o rock-caipira "Claudine", "When You're Gone" de Ron Wood e para o bluesaço "Keep Up Blues". E daí, ouvindo extras como estes, o que dá pra concluir é que a exemplo das 'sobras' do outro álbum clássico, "Exile on Main Street", que também teve um relançamento de luxo, o que é 'resto' de uma banda como os RS ainda é bem melhor do que muito material que um monte de bandinhas por aí que suam pra conseguir fazer num disquinho que no fim das contas sai bem mais-ou-menos.
Ah, e só pra não deixar passar: a capa e toda arte do álbum são um grande barato. Melhor no LP, com a capa vazada e os rostos dos integrantes da banda, do encarte, preenchendo os vãos das formas femininas da capa. Mas não deixa de ser muito legal a parte gráfica nesta edição também, sobretudo pelo encarte mais completo e detalhado.
Bom, particularmente devo dizer que, agora tendo adquirido este duplo em CD, tenho os dois formatos, sendo que o LP é um original de 1978.
Aham...
(Não me levem a mal)
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FAIXAS:
1. "Miss You" 4:48
2. "When the Whip Comes Down" 4:20
3. "Imagination"* (Norman Whitfield / Barrett Strong) 4:38
4. "Some Girls" 4:36
5. "Lies" 3:11
6. "Far Away Eyes" 4:24
7. "Respectable" 3:06
8. "Before They Make Me Run" 3:25
9. "Beast of Burden" 4:25
10. "Shattered" 3:48
Faixas adicionais - CD Bônus reedição 2011:
1. "Claudine" 3:42
2. "So Young" 3:18
3. "Do You Think I Really Care?" 4:22
4. "When You’re Gone"* (Ronnie Wood) 3:51
5. "No Spare Parts" 4:30
6. "Don’t Be a Stranger" 4:06
7. "We Had It All"* (Troy Seals/Donnie Fritts) 2:54
8. "Tallahassee Lassie"* (Bob Crewe/Frank C. Slay Jr./Frederick A. Picariello) 2:37
9. "I Love You Too Much" 3:10
10. "Keep Up Blues" 4:20
11. "You Win Again"* (Hank Williams) 3:00
12. "Petrol Blues" 1:35
todas as faixas Jagger/Richards, exceto as indicadas*
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Ouça:
The Rolling Stones Some Girls
Cly Reis
O subtítulo deste disco seria "O Punk segundo o Rolling Stones", assim como o Neil Young fez no "Rust Never Sleeps", que é da mesma época que o "Some Girls" e que traz essa proposta de roqueiros tarimbados que souberam enxergar e assimilar o punk. Até porque eles mesmos são, direta ou indiretamente, responsáveis pela existência do punk.
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