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terça-feira, 24 de julho de 2018

cotidianas #581 - O homem que conhecia os homens



Um homem procurava outro homem. Fora encarregado de lhe dar destino. Seu procurado, no entanto, era cheio de artimanhas, de ardis e tinha por costume, em situações como a que se apresentava, em que lhe punham em perigo, de usar de ser outro que não quem era, de maneira a despistar seu perseguidor. Assim o fez: foi Martin, foi Helena, foi Susana, foi Arentino, e deste modo embaralhou as pistas e rotas daquele que seguia em seu encalço. 
Confuso, desorientado, o homem que procurava, em uma de suas tantas entrevistas por vilarejos, aldeias, povoados, paragens, soube de um suposto homem que, segundo se dizia, conhecia homens e que, muito possivelmente, saberia lhe apontar o paradeiro de seu alvo.
Mudou rumo. Passou a procurar o homem que conhecia homens e não descansou enquanto não o encontrou. O encontrou, finalmente. - onde, precisamente, não saberia contar aqui pois a informação é vaga e há versões divergentes - Assim que viu-se diante daquele homem cujo dom todos diziam ser infalível para saber de qualquer um sob a face da Terra, não desperdiçou tempo em preâmbulos para inquirí-lo. "És tu aquele que dizem conhecer homens?", "Este sou eu. Sei quem procuras.", "Sabes? Então dize-me como encontrá-lo.", "Crê, não quererias saber...", "Por que dizes isso, Homem que conhece homens?", "Porque conheço os homens.".


Cly Reis

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