Acima, a polêmica capa original, retirada das lojas e substituída, não sem protestos, por uma bastante simplificada. |
"Señores y señoras
Nosotros tenemos
más influencia con sus hijos
que tú tiene.
Pero los queremos. *
Creado y regado de Los Ángeles,
¡Juana's adicción!"
introdução do álbum,
antes da música "Stop!"
* Senhores e senhoras,
nós temos mais influência sobre seus filhos
do que vocês tem. Mas nós os amamos"
Segundo álbum de estúdio do Jane's Addiction lançado em agosto de 1990, "Ritual de Lo Habitual" já causava "desconforto" na capa ao mostrar uma arte de bonecos em uma ménage à trois. Capa proibida. Algo que o Jane's provocativo deixou claro, ao lançar a capa alternativa branca, mas com um selo explicando o porquê.
O Jane's era considerado, nos anos 90, o "cabeça" do rock alternativo. Alternativo na época também significava uma banda que usava outros elementos no seu som e isso o Jane's tinha de sobra.
Começando pela capa, as letras, tudo sugeria um grande ritual de magia. Boatos na época diziam que Perry Farrell estava envolvido em magia negra, drogas pesadas e que tinha HIV.
As letras das músicas provocavam todas estas dúvidas e ainda medos, crenças e perturbações da ordem.
"Been Caught Stealing", música de trabalho e com um clipe "engraçado" rolando na MTV, falava em roubar para obter-se o desejado, afirmando que se roubava por prazer. Muito adolescente e rebelde. E a mesma censura que proibiu a capa exaltou a pregação ao roubo.
"Stop!" a faixa de abertura criticava a sociedade atual de trabalhadores em massa vivendo uma rotina insuportável. Um clipe confuso mas amado pela juventude alternativa.
Jane's Addiction - "Stop!"
Mas Perry mexia também com temas complicados. "Three Days", escrita para uma amiga que acabara de falecer por overdose - aliás, o álbum é dedicado a ela - tem uma letra pesada. Mas o que chocou foi o verso em que Perry fala de um Jesus nada convencional.
Perry também se jogava no limbo. Em "Ain't No Right" ele fala de si, começando a se descrever fisicamente e afirmando que não há nada de errado em ser diferente, bem como toda a geração alternativa que o acompanhava.
E os tais elementos alternativos estavam lá. "Of Course" tem um começo que mais parece uma música árabe; "Obvious" tem uma batida sinistra; e "Classic Girl" fecha o álbum com um vocal doce glorificando o amor.
Mérito dos quatro excelentes músicos: Stephen Perkins com sua bateria monstro e sua percussão que torna o som da banda único; Dave Navarro, um dos melhores guitarristas do rock e que recheou o álbum de riffs clássicos; e Eric Avery, baixista centrado.
Mas o álbum que trazia um ar perturbador revelava o que acontecia com os músicos. Brigas entre Perry e Navarro, o vício em drogas de ambos, o desgaste de Avery, culminaram com o fim da banda e tornou uma geração órfã de seu maior líder.
Foi um respiro para os músicos que engataram outros projetos,como o Deconstruction e o Porno For Pyros para mais tarde voltarem com a banda, um novo álbum mas aí para uma geração de rock alternativo um pouco diferente, que, contudo, ainda tinha o Jane's Addiction como seu maior mentor.
Aconselho a prestarem atenção em cada detalhe deste álbum. E ao escutá-lo na íntegra e em ordem, o que é imprescindível para que se tenha a noção da estranheza, perturbação, dúvida e admiração que ele causa. E é impossível não amar o vocal de Perry em cada detalhe.
"Ritual de Lo Habitual" é um álbum lindo de ouvir e sentir. Ele mexe em nossas certezas e emoções e nos faz viajar em uma mente e visão iluminadas: as de Perry Farrell.
Detalhe: o lançamento do álbum se deu em 21 de agosto de 1990. Portanto, está de aniversário, assim como o ClyBlog.
"Jesus erótico,
deita-se com suas marias
Ama seus marias..."
verso de "Three Days"
por S I M O N E D A S I L V A W O R M
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FAIXAS:
1) Stop!
2) No One's Leaving
3) Ain't No Right
4) Obvious
5) Been Caught Stealing
6) Three Days
7) Then She Did...
8) Of Course
9) Classic Girl
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OUÇA:
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