"Um mar que se liga ao corpo, e um corpo que se liga ao mar."
Não é qualquer dia que você tem na parede de casa a artista a qual você vai assistir na exposição. Podemos dizer com satisfação que é o caso de
Dione Veiga Vieira, de quem Leocádia e eu vimos
“Terreal” no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) e que fica somente até dia 17/4. Um dos mais destacados nomes da chamada Geração 80 das artes visuais no Rio Grande do Sul, a porto-alegrense Dione faz um panorama dos últimos 20 anos de seus 40 de produção. Ousada e sensível ao mesmo tempo, a mostra é uma imersão à experimentação. Não se veem a pintura ou o desenho propriamente ditos, mas, sim, sugestões imagéticas que se depreendem de objetos tridimensionais e propostas instalativas e investigativas. São materiais naturais e industriais, que dão um caráter narrativo muito pessoal e poético.
São esculturas, instalações, fotografias, vídeos, textos, fotoperformance e um manancial de objetos e materiais, como artefatos metálicos, tecidos, pentes, funis, louças, embalagens, passaguá, etc. Rede de pesca, aliás, que aparece em alguns nichos, costurando com sua linha o conceito que une, como a própria Dione diz, essa “poética do corpo e da natureza”. O mesmo objeto que, igualmente, compõe um dos quadros o qual temos da artista, que faz parte da série “Do Mar Purpúreo”, de 2012. Bastante familiar também “Decantação III” (2008, prateleira de metal e 47 vasos de vidro artesanal), que, por sua vez, dialoga com a séria fotográfica "Solutilis" (2011), onde veem-se os mesmos vasos de vidro azulados impressos.
Uma exposição muito detalhada e bem montada pela curadoria de Francisco Dalcol e Fernanda Medeiros, que nos faz despertar impressões sensoriais poéticas, visto que nos coloca de fronte a matérias essenciais de nossa natureza, nossa carne. Seja mineral vegetal ou animal.
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As belas fotos de natureza de Zona de Metamorfismo, de 2015 |
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Visitantes admirando todos os detalhes da exposição |
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Uma das vitrines com objetos diversos, que remetam ao azul do mar |
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Conjunto de fotos sobre Canvas P&B/color e vice-versa |
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Instalação "Margens de Transição", de 2020 |
Os vasos de vidro de "Estados Alterados", similaridade com um dos nossas obras de Dione
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Mais da uma composição instalativa da mesma série |
Técnica mista em quadros que respiram organicidade
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Objetos que fazem constante alusão ao mar |
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Bugigangas poéticas, como se tivessem sido resgatadas do mar subjetivo |
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Díptico fotográfico de “Estados Alterados (Da noite Negra)” (2004-11) |
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Tule e madeira da instalação "Substratos de Extremos" |
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Detalhe de "Fertilização I" (2012/14) |
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Bacia com conchas e areia de "Substratos de Extremos" |
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Formas orgânicas que remetem à carne e areia |
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Em disposição espacial... |
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... e neste díptico que desacomoda |
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Leocádia integrando-se à exposição de Dione |
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E eu quase escondido entre essas formas carnais pendentes |
texto: Daniel Rodrigues
fotos: Daniel Rodrigues e Leocádia Costa
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