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sábado, 22 de julho de 2023

"Armageddon Time", de James Gray (2022)

 


Cinama - Armageddon Time
Um filme bem fácil de pegar você. Um olhar inocente de uma criança em meio a um mundo cheio de transformações. O longa do diretor James Gray tem excelentes personagens mas é uma pena que nem todos acabem tendo espaço para mostrar suas histórias, o que dá uma sensação, ao final, de que algo ficou faltando. 

Baseado nas memórias de infância do diretor, como estudante na Escola Kew-Forest, no Queens, "Armageddon Time" é uma grande história de amadurecimento que explora a amizade e a lealdade, no contexto de uma América do Norte pronta para eleger Ronald Reagan como presidente.

O filme é bem dirigido e você não sente o tempo passar com os personagens sendo apresentados juntamente com suas histórias. No entanto, como já mencionado, alguns são deixados de lado, e assim como suas trajetórias e definições que poderiam render bons debates, acabam ficando inacabadas. O melhor exemplo é Johnny Davis (Jaylin Webb), que aparece, vai ganhando destaque, você fica interessado nele, entretanto várias vezes o personagem é esquecido em algumas partes, e parece que a gente é que perdeu algo, mas infelizmente não é isso: é somente algo do filme que não nos é mostrado. A narrativa, que, à sua maneira, tenta mostrar o mundo da época, ao mesmo tempo quer se deter ao olhar do menino e seu próprio mundo, o que o longa um tanto perdido na sua proposta como um todo.

Como sua proposta principal é mostrar a vida e a realidade de Paul Graff (Banks Repeta), nesse ponto ele se destaca bastante. O olhar inocente do garoto sobre as coisas, uma visão mais "simples" dos problemas, e a forma como ele busca solucioná-los, de maneira tola , perigosa e até, por vezes, fora da lei. Banks Repeta como, Paul  Graff, entrega  um ótimo personagem, consegue se sustentar bem sozinho e mas também se sustenta bem nas interações com os outros personagens. Destaque para as belas cenas com seu avô 'Grandpa' Aaron Rabinowitz (Anthony Hopkins) e as mais tensas com Irving Graff (Jeremy Strong), seu pai. 

Cinema - Armageddon Time
Aquele almoço "agradável" em família,
onde o prato principal é... cobranças.

A forma como as coisas vão sendo desenvolvidas e amarradas, dentro do contexto de vida do garoto,  tanto no âmbito familiar como no social, é bem conduzida e sentimos o peso das decisões tomadas por por Paul e, especialmente as tomadas por seus pais. 

Acabou sendo um filme bem pessoal no qual muito da história de vida do autor foi colocada nele. Gostar ou não dessa escolha também se torna uma opinião bastante pessoal do espectador. Entre erros e acertos, ”Armageddon Time” consegue atingir um nível bem satisfatório, fazendo um recorte de uma parte importante da história americana e mundial e apontando alguns problemas que permanecem na sociedade até hoje, para isso mostrando a diferente realidade de vida das crianças. 

Apesar de alguns detalhes de como a condução da narrativa, no final das contas temos uma boa obra. Ver o garoto conhecendo o mundo e suas crueldades é algo que nos impacta, seja na beleza, doçura e inocência, em alguns momentos, seja na crueldade ou falta de empatia com o outro em determinadas situações.  “Armageddon Time” nos mostra que a vida é bela e feia ao mesmo tempo, e devemos estar preparados (ou pelo menos tentarmos...) para esses momentos. E se para adultos já é complicado, imagina para crianças. 

Cinema - Armageddon Time
As diferenças de realidades das crianças como recurso interessante para situar o momento histórico.



por Vagner Rodrigues


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