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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

ÁLBUNS FUNDAMENTAIS ESPECIAL 10 ANOS DO CLYBLOG - Kiss - "Kiss" (1974)



Minha Vida com o Kiss
por Ticiano Paludo

"Nós somos parte do que eu chamaria de Renascença moderna. Acredito que, como na Idade Média, somos um grupo que combina circo, magia, música e máscaras." 
Gene Simmons, em 1980



O Kiss nasceu no mesmo ano que eu, mais precisamente em 1973. Mas, como muitos garotos dos anos 1980, só fui conhecer a banda quando eles vieram ao Brasil, em 1983. Portanto, assim como eles, naquela época, eu era um menino de 10 anos. É sabido que formamos nossa personalidade musical entre essa faixa etária e a adolescência. O que aconteceu é que fiquei tremendamente impactado com aqueles seres estranhos, gigantes e pintados.

A Rede Globo produziu e veiculou em cadeia nacional um compacto do show, que vendo com meus olhos de hoje, revela uma tremenda falta de conhecimento sobre o grupo. A reportagem sensacionalista afirmava que eles faziam sacrifício de animais no palco e que os shows eram uma espécie de ritual satânico. E o boca a boca desinformado se espalhava, como um exemplo de fake news. Amigos meus diziam que ouviram falar que, com suas botas enormes, os integrantes esmagavam pintinhos vivos no palco, e que a crueldade incluía explodir porcos da índia utilizando bombinhas. Cuspiam sangue (seria humano?) e vomitavam. Ao analisar a entrevista concedida pelo grupo, integrante do referido especial, podemos ver que a banda desmentia tais afirmações, o que parecia surtir um efeito contrário. Fanáticos se postavam na entrada do show advertindo a audiência de que ali se realizaria um culto maligno. As apresentações no Brasil foram com certeza algumas das maiores do Kiss, mesmo que em sua formação original só constassem Gene Simmons e Paul Stanley.

Vivíamos em uma época de pouca informação e muita especulação (ou será que ainda vivemos?). Nessa fase em que eu descobria o Kiss, era tal a confusão que certa vez, ouvindo o álbum "Alive II" (1977), e olhando abismado as fotos da contra-capa, um amigo meu disse que, de tanto gritar, o vocalista estava ficando rouco, com uma voz demoníaca. O que eu não sabia direito era que todos os integrantes cantavam, e o meu desinformado brother estava mal comparando e confundindo os vocais de Stanley e Simmons. Só alguns anos depois, consegui compreender melhor a banda e o seu projeto artístico, graças a uma série de posters biográficos vendidos em bancas de jornais (não havia bibliografia disponível nem documentários para assistir e aprender). Lembro de ter comprado um vinil do "Alive!" (1975) e, todos os dias, ao voltar da escola, depois da janta, passar horas ouvindo-o de cabo a rabo, fitando a capa e a contra-capa (a versão brasileira era pobre, como sempre, e não possuía encarte algum). Ficava olhando aquelas imagens e imaginando como teria sido aquele show, como eles se moviam no palco. Da única visão da banda em movimento assistida pela Globo restaram apenas vestígios de memória, uma vez que naquele tempo não havia como gravar e rever o show, fato hoje solucionado com um punhado de cliques rápidos na web.

O fato é que, mesmo com informações fragmentadas e rasas, a sonoridade e a estética visual tiveram (e ainda tem) grande impacto na minha formação musical, tanto como ouvinte, como músico e guitarrista (nos anos 1990 eu iria formar a banda de heavy metal Titânio, que embora soasse mais como Iron Maiden, tinha nos meus genes musicais um pouco de Kiss). Quando recebi esse convite para escrever sobre algum álbum do Kiss, talvez o mais obvio fosse discorrer sobre "Alive!" ou sobre "Destroyer" (1976), discos considerados pela crítica e pelo público como emblemáticos. Hoje, com os anos de vivência no meio musical e acadêmico, ainda sou apaixonado pelo Kiss, embora tenha constantemente me decepcionado em perceber que, para Gene Simmons, trata-se muito mais de um jogo de marketing do que de uma banda de rock. Desde "Revenge" (1992), com exceção de "Psycho Circus" (1998), o Kiss tem produzido álbuns fracos, especialmente os mais recentes. Como disse, embora o primeiro álbum que ouvi inteiro tenha sido "Alive II", quero dirigir o meu foco para o primeiro álbum, "Kiss", lançado em 1974, quando eu era um bebê de um ano de idade.

Acredito que hoje Ace Frehley e Peter Criss tenham se tornado péssimas sombras do passado, muito distantes daquela energia e glória do primeiro álbum, mesmo que de início ele tenha vendido pouco. Aliás, o Kiss não emplacou da noite para o dia. Venceu graças a confiança e persistência de seus membros em acreditarem naquela proposta ousada e inventiva que era encarada frequentemente com ares de deboche e descrença. Em 1974, o Kiss não contratava ghost musicians, ou seja, músicos de estúdio que gravam os álbuns e não são creditados, fazendo com que acreditemos que aquelas performances vibrantes emanem de seus membros originais, o que, em diversos momentos do Kiss, foi um truque bastante utilizado (e triste, para um fã descobrir), hoje afirmado pela própria banda. Para um fã devoto e apaixonado, tal artimanha soa como uma espécie de traição. Em 1974 temos um Kiss sincero, honesto e real.

As letras do Kiss sempre foram bobinhas, e se você critica a música brasileira atual, deveria prestar atenção no conjunto da obra deles. Mas, mesmo que você se choque com a afirmação que vou fazer, assim como o tão criticado, amado e odiado Pablo Vittar, o Kiss nasceu para chocar e divertir, não para filosofar. Mesmo que exista uma miríade de produtos licenciados, dos mais nobres aos mais esdrúxulos, os fãs sempre entraram na brincadeira do consumo da marca Kiss, e dificilmente você verá um fã apaixonado criticar tal fato. Assim são os apaixonados cegos pelo amor, assim são os fãs do Kiss.

Eu trago a minha fala para esse texto me colocando como fã (sim, apesar de tudo o que apontei é uma das bandas que mais amo), e como crítico e pesquisador. Em 1998, ou seja, 15 anos depois de conhecer a banda, quando estava concluindo minha graduação em Publicidade e Propaganda, escrevi uma monografia analisando o Kiss como marca e mito. No ano passado, ao concluir meu doutorado em comunicação, fechei um ciclo e retomei o Kiss como objeto de estudo, analisando, justamente, a sua construção mítica, trabalho que pode ser lido no livro que publiquei chamado “Mitologia Musical: Estrelas, ídolos e celebridades vivos em eternidades possíveis” (Editora Appris, 2017).


Essa analise mista de fã apaixonado com pesquisador distanciado me fez concluir que inegavelmente o Kiss é uma grande banda. E o álbum "Kiss" é um grande álbum. Os álbuns iniciais das bandas guardam o frescor e a inocência de suas juventudes artísticas. Nem todos são bons. Às vezes, um artista demora até amadurecer e produzir uma obra emblemática. No caso do primeiro álbum do Kiss, isso não ocorre. Das 10 faixas, 7 se tornaram hits do Kiss. Não vou dissecar faixa por faixa, pois existem muitas analises espalhadas com esse recorte. Convido você a ouvir o álbum na íntegra, saboreando cada momento de acordo com o seu ritmo de ouvinte. O Kiss é um mito vivo, e embora seja uma banda muito mais de shows do que de álbuns, conseguiu captar e propagar com grande eficiência, aquela energia promissora que se consolidaria ao longo das décadas seguintes, prensado naquele vinil de 1974, hoje disponível para audição nos bits espalhados pelo ciberespaço. Abra os ouvidos, feche os olhos e prepare-se para receber um beijo sedutor do Kiss.


Veja sobre o Kiss no Brasil (1883)



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FAIXAS:
1. "Strutter" - 3:12
2. "Nothin' To Lose" - 3:29
3. "Firehouse" - 3:19
4. "Cold Gin" - 4:23
5. "Let Me Know" - 3:01
6. "Kissin' Time" (Bernie Lowe, Kal Mann)" - 3:54
7. "Deuce" - 3:08
8. "Love Theme From Kiss" (Instrumental) - 2:26
9. "100,000 Years" - 3:25
10. "Black Diamond" - 5:14
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OUÇA O DISCO



Ticiano Paludo é produtor musical, sound designer, remixer e pesquisador. Possui doutorado em Comunicação Social pela PUCRS/FAMECOS. Em mais de três décadas de atuação, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais por seu trabalho como compositor e produtor. Foi colunista da revista Backstage. Ao longo de sua carreira, desenvolveu projetos de áudio publicitário para marcas como Converse, Electrolux e Iguatemi. Compõe para publicidade, teatro, dança, vídeo e cinema. Como docente, leciona disciplinas tais como Produção em Áudio Publicitário, Promoção e Ativação de Marcas, Arte e Estética, Produção Musical, Empreendedorismo e Semiótica, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e nas Faculdades Integradas de Taquara.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

COTIDIANAS nº 550 ESPECIAL 10 ANOS DO CLYBLOG - O cara que expulsou Peter Hook do camarim



"O cara que expulsou Peter Hook do camarim"
por Castor Daudt



   
Peter Hook, foto: Kevin Cummings
E
m 1988, eu ainda era guitarrista do DeFalla, estávamos fazendo a turnê de lançamento do nosso 2° disco (It's Fuckin' Borin' to Death/BMG-Ariola/1988).
A banda vinha de uma maratona de quase 2 anos tocando, gravando e viajando sem parar, desde a formação clássica em 86 (Biba Meira/bateria, Castor Daudt/guitarra, Flu/baixo e EduK/voz).
Tínhamos boa reputação entre críticos, músicos e jornalistas especializados. Daí, quando bandas estrangeiras famosas vinham tocar no Brasil, se viável, a assessoria de imprensa do selo arrumava uns encontros. A banda australiana The Church, por exemplo, mandou ingressos e liberou backstage pra gente nós shows deles no Projeto SP, inclusive eles foram nos assistir no Aeroanta!
No show do New Order em 88, no Ibirapuera, em SP, não pudemos ir, pois tínhamos show na mesma noite.
Mas os caras do New Order, depois do show deles, foram nos assistir na famosa casa de shows, o Dama Xoc!
Depois do show eu fiquei sozinho no camarim, descansando. Era raro ter um minuto de sossego, na época.
De repente entra um cara meio estranho, no camarim, e eu, a contragosto, me vejo obrigado a dizer:
- "Oba amigo, desculpe, aqui é só pra banda, equipe e convidados, por favor saia!".
Rapidamente entrou um comitê de segurança explicando que os caras do New Order queriam oferecer cocaína pra gente cheirar com eles, (se fosse possível), no camarim!
Foi então que reconheci!
O cara era o Peter Hook, baixista!! Super gente fina, sou fã dele!
Tudo esclarecido, ficamos até altas horas em altos papos... nenhum retardado lembrou de tirar fotos...
(Ah...os caras tinham comprado 1 kg de cocaína e estavam deslumbrados! Eu lembro de avisá-los pra pegarem leve, que o negócio não era brincadeira!
O baterista parecia um zumbi, um cadáver ambulante: pálido, magro, cansado).
Enfim, foi uma noite inesquecível, muitas risadas, altos papos sobre música, arte, quadrinhos, cinema... só inutilidades que a gente gosta, né?
E até hoje, eu sou o cara que expulsou o Peter Hook do camarim... hahahahaha!
(Ah, nunca faço isso, foi azar do Hook...).



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Castor Daudt é guitarrista, baterista, compositor e cantor do grupo DeFalla.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Especiais de 10 anos no ClyBlog

Não é toda hora que se comemora dez anos, não é? E tratando-se de uma marca tão especial, conforme já adiantamos, 2018 terá uma série de atrações e participações especiais em várias seções do nosso blog. Convidados contarão histórias e desfilarão poesia nas nossas COTIDIANAS; falarão sobre seus discos preferidos e marcantes nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS; sobre grandes obras da literatura no LIDO; clássicos da sétima arte no CLAQUETE; mostrarão sua visão do mundo pelas lentes de suas câmeras na seção CLICK;  e suas criações no CLYART; enfim, todos os nossos espaços estarão abertos às valiosas contribuições de nossos talentosos amigos. Então, fiquem ligados porque a partir de fevereiro, a qualquer momento poderá pintar uma das publicações especiais de 10 anos do ClyBlog. Posso garantir que vem coisa muito legal por aí.




Cly Reis

domingo, 7 de janeiro de 2018

ClyBlog Ano 10

Quem diria que chegaríamos a uma década de existência? Pois é, o clyblog que teve sua primeira postagem em agosto de 2008 ainda sob o nome de Spin 1/2, meio sem rumo, sem uma proposta efetiva, chega este 2018 como um veículo de internet interessante, repleto de variedades e alternativas. Hoje temos uma série de seções, colaboradores, propostas visuais, páginas em redes sociais, extensões em outras mídias, e um público que, se não é gigantesco, é interessado e valioso. Nos orgulhamos de tentar apresentar um material sempre criativo, novo, instigante e o fazemos sempre com muito prazer uma vez que, no fundo, antes de produzir qualquer coisa para qualquer leitor ou internauta, o fazemos, em princípio, para nós mesmos e, podem estar certos que, pela nossa exigência pessoal, queremos que tudo seja bom. 
E pensando exatamente em oferecer mais e melhores publicações é que neste décimo ano teremos uma série de postagens especiais remetendo e celebrando a nossa data. Posts comemorativos nas seções ÁLBUNS FUNDAMENTAISCOTIDIANAS,  CLAQUETELIDO ; convidados especiais; novidades no visual e mais algumas coisinhas que estamos ainda planejando. Isso sem falar que além do nosso aniversário, 2018 é ano de Copa do Mundo e o ClyBlog terá novamente, assim como em 2014, um monte de postagens referentes a futebol ou que de alguma forma tenham relação com o esporte e com a competição a ser disputada na Rússia em junho deste ano.
Aguardem então, porque o Ano 10 do ClyBlog está só começando e vem muita coisa boa por aí.

Obrigado a todos que acompanham o ClyBlog e sigam conosco.






Cly Reis e Daniel Rodrigues