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terça-feira, 21 de maio de 2019

"Fúria de Titãs" de Desmond Davis (1981) vs. "Fúria de Titãs" de Louis Leterrier (2009)





É aquele caso que uma produtora grande vê num filme antigo, cheio de potencial de ação, a oportunidade de pôr uma boa grana e utilizando novos recursos técnicos, inexistentes na época daquela produção, “renová-lo” para os novos padrões de exigência do público e ganhar uma grana maior ainda.
 E é o tipo do caso em que nada dá certo.
Nem consegue superar o antigo com todas suas limitações, nem fatura tanto assim pelo simples fato que a tentativa resulta numa gloriosa porcaria.
A refilmagem de “Fúria de Titãs” revela-se completamente frustrante e mesmo com toda a limitação de técnica e de recursos da época, os efeitos do clássico de 1981 são bem mais legais, até mesmo pela inovação que representavam na cena cinematográfica em sua época.
Efeitos especiais, 3D e o escambau não garantem acréscimo algum à versão de 2009. A direção de arte é risível, a ambientação, os figurinos, tudo... Deuses em pé em cima de umas nuvenzinhas no Olimpo é algo assim de pedir pra morrer; e o look de Zeus com uma roupitcha brilhante-desfocada não é nada menos que ridículo. No original, por mais simplórios que os cenários, figurinos e efeitos fossem, por incrível que pareça, refletiam de uma forma mais verossímil o imaginário do que seria a morada dos deuses supremos do Olimpo.
No tocante à história, à trama, ao desenvolvimento, à trama, além de muito mal amarrado, mal conduzido, o novo peca em se desfazer de elementos extremamente interessantes do clássico de 1981. A pureza de Perseu e a predileção dos deuses por ele são esquecidas em detrimento a uma ira desmedida. O novo Perseu é orgulhoso, é egoísta e impulsivo, ao contrário do antigo, cuja grande motivação era o amor da bela Andrômeda, é movido pela vingança pela morte dos seus pais adotivos. A busca pela amada, no original, o humanizava e o tornava, genuinamente heroico, uma vez que cumpria sua missão independente dos interesses dos deuses.
Numa sucessão de correrias, lutas, saltos e voos, o remake nessa tentativa de adequação da linguagem pra os novos padrões de ação, acaba constituindo um protagonista pouco inteligente e pouco racional, o que fica evidente, por exemplo, na cena da Medusa, uma das mais clássicas da versão original, na qual o antigo Perseu, aguarda o momento certo e finalmente age; sendo que nesse novo, desde que entram no covil da Górgona, é só “loucura total”, culminando numa desenfreada perseguição entre as ruínas do mundo subterrâneo que vai, aí sim desfechar-se da mesma maneira que no outro filme mas de um modo muito mais ‘estrepitoso e exagerada, com um salto acrobático e tudo mais. Isso tudo sem falar que a nova Medusa também não ajuda... Esta, da refilmagem, que ainda conserva resquícios de sua quase extinta beleza, não é nem sombra da apavorante criatura da primeira versão que, lembro bem, me deixou arrepiado na época em que vi o filme pela primeira vez.

Perseu contra Medusa - "Fúria de Titãs" (1981)


Perseu contra Medusa - "Fúria de Titãs" (2009)


A nova versão é tão mal pensada que opta por desprezar as oferendas dos deuses a Perseu, o que, penso, seriam elementos valorizadores na trama e altamente enriquecedores para os novos objetivos de um remake de ação e efeitos visuais. Os apetrechos colocados pelas entidades do Olimpo à disposição do filho de Zeus, fariam dele uma espécie de James Bond de Argos com um brinquedinho para cada situação difícil: a espada, a nova pistola que o Q lhe entregaria; o cavalo alado Pégasus aquele carrão esporte irado; o elmo um capacete multi-função; a coruja, um daqueles relógios altamente tecnológicos que faz de tudo; e o escudo, que por sinal o salva no confronto com a Medusa, uma blindagem com visor interno. Que tal? Pra um filme de ação não podia ser uma pedida melhor, não? Mas, não! Nosso Perseu. por birra, por orgulho, por criancice, insiste em não utilizar na maior parte do tempo a não ser quanto, lá pelo final, a coisa aperta e ele acaba tendo que usar a espada e montar no cavalo. Mas mesmo assim, muito a contragosto.
Um remake burro que desperdiça exatamente o que o original tinha de mais meritório e que certamente colaboraria para o seu sucesso. Some-se a isso a fotografia escura e imprecisa, as motivações tolas dos personagens, os diálogos infantis e previsíveis e as atuações caricatas, temos um produto completamente desprezível.
Tipo do time que tem mais dinheiro, mas contrata errado, amontoa jogadores em algumas posição mas fica faltando em outras e vai jogar contra um time certinho, com suas limitações, com um trabalho bem feito, com uma proposta de jogo, e aí, meu chapa, toma um chocolate, um “arrodião”, uma “saranda”.

O Olimpo do filme de 1981 é bem mais modesto, mais sóbrio,
mas parece traduzir melhor a ideia de morada dos deuses
do que o de 2009 que parece mais a Sala de Justiça dos Super-Amigos.

“Fúria de Titãs”  de 2009 até tem chances mas desperdiça e, com a zaga praticamente petrificada, como se tivesse visto a Medusa, só assiste ao "Fúria de Titãs" de 1981 meter 3x0, mole, mole, ainda no primeiro tempo, com direito a olé. Sendo colocada na roda, Medusa perde a cabeça e, com dez em campo , o filme de 2009 leva o quarto, na segunda etapa, pra sacramentar.
Vitória da Fúria. Não a Fúria Espanhola, Campeã do Mundo de 2010, mas a "Fúria de Titãs", o verdeiro clássico, de 1981.






por Cly Reis

segunda-feira, 31 de maio de 2010

"Fúria de Titãs" de Louis Leterrier (2009)






E fui eu, sábado, ver o remake de “Fúria de Titãs”.
Amigos...
Desnecessário.
Nada a acrescentar.
Nem o 3D ajuda. Aliás quase não se justifica. Poucas cenas são válidas o suficiente para que o recurso tivesse sido utilizado num filme como este. Sem contar que o tal 3D acaba meio que se perdendo na movimentação e velocidade intensíssimas das cenas de luta e perseguições, na proximidade da câmera nestas mesmas situações e na escuridão da fotografia. Pra piorar ainda mais, com todo o dinheiro, efeitos especiais, tantas dimensões e tudo mais, a ambientação do Olimpo com os deuses em pé sobre umas nuvenzinhas e a caracterização de Zeus com uma roupitcha brilhante-desfocada são ridiculas. Com toda a limitação de técnica e de recursos da época, os efeitos do clássico são bem mais legais do que os do novo, até mesmo pela importância e inovação no contexto daquele momento.
Agora vamos à história em si: outro desperdício!
O roteiro consegue destruir elementos extremamente interessantes do clássico de 1981 que eram a pureza de Perseu e a predileção dos deuses por ele. O novo Perseu, ao mesmo tempo que é alheio aos interesses dos nobres e deuses no seu conflito, é um jovem orgulhoso e movido pela vingança pela morte dos seus pais adotivos e não pelo amor pela bela Andrômeda como no antigo, o que o tornava naquele caso realmente envolvido com os objetivos da jornada na qual irá se lançar. Em nome de uma dinâmica e adrenalina para o filme, o herói acaba se mostrando bem menos racional e inteligente que seu predecessor oferecendo-nos apenas uma sucessão de correrias, lutas, vôos e saltos. Prova disso é a diferença da cena da Medusa na versão original, na qual Perseu pensa, aguarda o momento certo e finalmente age; sendo que nesse novo desde que entram no covil da Górgona, é só “loucura total”, culminando numa desenfreada perseguição entre as ruínas do mundo subterrâneo que vai, aí sim desfechar-se da mesma maneira que no outro filme mas de um modo muito mais ‘heróico”, com um salto acrobático e tudo mais. E a atual Medusa também não ajuda. Ainda guardando resquícios de sua extinta beleza não é nem sombra da apavorante criatura da primeira versão que, lembro, me impressionou muito na época.
A ajuda dos deuses, desprezada pelo diretor Louis Leterrier (de “O Incrível Hulk”) e conseqüentemente negada pelo seu Peseu, seria elemento importante na tramae, creio, enriquecedor para os novos objetivos de um remake. O herói teria bem mais "brinquedinhos", apetrechos, equipamentos, sendo quase que um James Bond de Argos com um recurso para cada situação difícil. A espada, o cavalo alado Pégasus, o elmo e o escudo que inclusive o salva no confronto com a Medusa, que apareciam como oferendas das entidades do Olimpo ao filho de Zeus; neste novo, Perseu  por "beicinho" e orgulho insiste em não utilizar até que lá pelo final, acaba no aperto, tendo que usar a espada e montar no cavalo, mas muito contrariado. O escudo, antes presente dos deuses, é substituído agora, por um feito da carcaça dos escorpiões gigantes que eles mataram e o elmo da invisibilidade, é esquecido.
Trama mal amarrada, mal explorada, diálogos infantis, motivações pueris e atuações caricatas...
Olha,... bem fraco.
Mas desta vez eu mereci. Eu sabia que não ia ser grande coisa e tentei.
Bem feito.
Quem não assistiu, procure o antigo em DVD. Vale a pena.




Cly Reis