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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

"Hulk", de Ang Lee (2003) vs. "O Incrível Hulk", de Louis Leterrier (2008)




Não é exatamente de um remake, é mais um arrependimento. Depois de ver o resultado final de "Hulk", de 2003, sua baixa aceitação e fraca bilheteria, a Marvel, até para incluir no arco de seu Universo Cinematográfico que começara a se desenvolver a partir de "Homem de Ferro", resolveu fazer tudo de novo.. só que diferente. 
Mesmo contando com um belo orçamento, com um elenco interessante de nomes como Eric Bana, Jennifer Connely, Nick Nolte, e com um diretor de primeira, o oscarizado Ang Lee, o primeiro filme do monstrão verde não agradou a quase ninguém. A história até que era boa, explorando desde a origem, desde as experiências do pai de Bruce, resultando na mutação que o tornava resistente aos raios gama, só que desenvolvida de maneira um tanto atropelada, cheia de pontas soltas e bastante insatisfatória, como o próprio diretor, inclusive, admite. A linguagem visual também era bem interessante, remetendo diretamente às HQ's, com tela dividida, um colorido bem característico vivo e vibrante, fontes de texto típicas de HQ e onomatopeias na tela. O grande problema mesmo foram os efeitos especiais e, principalmente, o visual da criatura. 
Meu Deus!...
O Hulk, exatamente o elemento que deveria receber o maior cuidado, o melhor tratamento, parecia de borracha, totalmente artificial. Parecia um daqueles bonecos que se vende nos camelôs em época de Dia das Crianças ou Natal. Deprimente! Aí não teve jeito: o filme perdeu todo o crédito e toda a boa vontade por parte de crítica e público.
Já que ia começar, mesmo, um novo projeto, um universo contínuo, interligado e coerente entre os personagens, a Marvel, diante do insucesso do filme de origem do homem verde, resolveu refilmar o negócio todo, reformulando o elenco e trocando o diretor. É que nem aquele clube que investiu no time numa temporada, fez boas contratações, chamou um técnico de renome mas não ganhou nada e ainda foi malhado pela crônica esportiva. O que que o presidente do clube fez, então? Pra começar, contratou um gerente de futebol, que seria, no caso, o Kevin Feige, pra capitanear o projeto MCU. Com o novo manager à frente, contrataram um novo camisa 9, Edward Norton, pra ser o homem decisivo; alguém competente ali pro meio-campo, a simpática Liv Tyler, que não é nenhuma craque mas dá conta do recado; um cara ágil pra acelerar o jogo, o bom Tim Roth; e um medalhão, o veterano William Hurt, já com um prêmio de melhor do mundo FIFA nas costas (ou seja, um Oscar), pra ser aquele cara pra garantir a experiência do grupo. Pra conduzir o time, ao invés de apostar em nome de impacto, faixa no peito, taã no armário e coisa e tal, o novo diretor de futebol acabou optando por um técnico mais afeito com o tipo de jogo pretendido: correria, bola na área, marcação alta... Tiro, porrada e bomba, pra resumir. Louis Leterrier, não era nada de mais, nada brilhante, mas era acostumado com filmes de ação e, até por isso, o resultado final ficou bem mais aceitável. "O Incrível Hulk", de 2008, também não é nenhuma obra-prima mas atendia melhor as expectativas do estúdio e do público, que, até pela relação estabelecida com "Homem de Ferro" e a promessa implícita de um longa dos Vingadores, recebia bem melhor o novo projeto.
O reboot abria mão de toda a parte de origem do personagem, o que no original era crucial e ocupava boa parte do filme, para limitar-se a resumir todo o surgimento do Hulk ao longo os créditos iniciais, e daí já desembocar no momento em que, meses depois do incidente, nosso herói, alvo dos militares que desejavam o poder obtido na experiência, se escondia numa comunidade do Rio de Janeiro, tentando viver sua vidinha o mais normalmente possível, enquanto tenta descobrir uma forma de dominar permanentemente aquela coisa que quando surge de dentro dele, é incontrolável.
A sequência da perseguição na favela da Rocinha é eletrizante, a cena no campus da universidade é muito legal e a briga final entre o Hulk e o Abominável, o monstro em que o militar Blonsky, vivido por Tim Roth, se transforma, é, esta sim, digna de um filme de super-herói. Sem falar nos easter-eggs recheados de nostalgia: os olhão verdão arregalado de Banner, na primeira transformação, na fábrica, imitando a expressão de Bill Bixby, o Banner do seriado dos anos 70; a própria "aparição" de Bixby, já falecido, na tela de uma TV, na casa de Bruce; a participação de Lou Ferrigno, o fortão que fazia, sem efeitos especiais, o homem-verde na série, como segurança na faculdade; e uma breve mas significativa execução de "The Lonely Man Theme", aquela música triste que tocava no final da série quando, depois de transformado, reestabelecido como humano, o Dr. Banner seguia, sem destino por alguma estrada em busca de si mesmo e convivendo com aquele monstro que não sabia como controlar.

"Hulk" (2003) - trailer




"O Incrível Hulk" (2008) - trailer


Ampla vantagem para o filme novo: Edward Norton é muito mais jogador que Eric Bana, William Hurt, como General Ross, é muito melhor que Sam Elliot, no mesmo papel; o Abominável é um vilão muito mais fodão que o Homem-Absorvente (agora, veja só o nome...); o Hulk em si, sua figura, sua textura, sua interação com o ambiente, toda a CGI dão um banho de bola no antigo; e as referências ao seriado antigo...ah! aí desequilibra o jogo.
A namoradinha, Beth Ross é um caso à parte porque, se, por um lado, Jennifer Connely do filme de 2003 é mais atriz, por outro, a personagem da segunda versão é mais fiel, mais parceira, menos filhinha-do-papai.
A favor do primeiro filme temos o fato de esmiuçar as origens, a experiência, que levou à metamorfose; e, especialmente, a estética de histórias em quadrinhos que ficou muito show. Mas não é o suficiente. O "Incrível Hulk" de Louis Leterrier esmaga o "Hulk" de Ang Lee e vence facilmente.


Aqui, os principais destaques
das duas versões, lado a lado.


O Hulk de 2008 dá uma surra no Hulk de 2003 igual àquela que 
ele mesmo viria a dar no Loki em "Os Vingadores". 
Tratando como se fosse um boneco (e parecia ser mesmo, não?)
Vitória fácil do Verdão.
(Ah, os dois jogam de verde...)
Então, vitória do Incrível Verdão!





por Cly Reis

terça-feira, 21 de maio de 2019

"Fúria de Titãs" de Desmond Davis (1981) vs. "Fúria de Titãs" de Louis Leterrier (2009)





É aquele caso que uma produtora grande vê num filme antigo, cheio de potencial de ação, a oportunidade de pôr uma boa grana e utilizando novos recursos técnicos, inexistentes na época daquela produção, “renová-lo” para os novos padrões de exigência do público e ganhar uma grana maior ainda.
 E é o tipo do caso em que nada dá certo.
Nem consegue superar o antigo com todas suas limitações, nem fatura tanto assim pelo simples fato que a tentativa resulta numa gloriosa porcaria.
A refilmagem de “Fúria de Titãs” revela-se completamente frustrante e mesmo com toda a limitação de técnica e de recursos da época, os efeitos do clássico de 1981 são bem mais legais, até mesmo pela inovação que representavam na cena cinematográfica em sua época.
Efeitos especiais, 3D e o escambau não garantem acréscimo algum à versão de 2009. A direção de arte é risível, a ambientação, os figurinos, tudo... Deuses em pé em cima de umas nuvenzinhas no Olimpo é algo assim de pedir pra morrer; e o look de Zeus com uma roupitcha brilhante-desfocada não é nada menos que ridículo. No original, por mais simplórios que os cenários, figurinos e efeitos fossem, por incrível que pareça, refletiam de uma forma mais verossímil o imaginário do que seria a morada dos deuses supremos do Olimpo.
No tocante à história, à trama, ao desenvolvimento, à trama, além de muito mal amarrado, mal conduzido, o novo peca em se desfazer de elementos extremamente interessantes do clássico de 1981. A pureza de Perseu e a predileção dos deuses por ele são esquecidas em detrimento a uma ira desmedida. O novo Perseu é orgulhoso, é egoísta e impulsivo, ao contrário do antigo, cuja grande motivação era o amor da bela Andrômeda, é movido pela vingança pela morte dos seus pais adotivos. A busca pela amada, no original, o humanizava e o tornava, genuinamente heroico, uma vez que cumpria sua missão independente dos interesses dos deuses.
Numa sucessão de correrias, lutas, saltos e voos, o remake nessa tentativa de adequação da linguagem pra os novos padrões de ação, acaba constituindo um protagonista pouco inteligente e pouco racional, o que fica evidente, por exemplo, na cena da Medusa, uma das mais clássicas da versão original, na qual o antigo Perseu, aguarda o momento certo e finalmente age; sendo que nesse novo, desde que entram no covil da Górgona, é só “loucura total”, culminando numa desenfreada perseguição entre as ruínas do mundo subterrâneo que vai, aí sim desfechar-se da mesma maneira que no outro filme mas de um modo muito mais ‘estrepitoso e exagerada, com um salto acrobático e tudo mais. Isso tudo sem falar que a nova Medusa também não ajuda... Esta, da refilmagem, que ainda conserva resquícios de sua quase extinta beleza, não é nem sombra da apavorante criatura da primeira versão que, lembro bem, me deixou arrepiado na época em que vi o filme pela primeira vez.

Perseu contra Medusa - "Fúria de Titãs" (1981)


Perseu contra Medusa - "Fúria de Titãs" (2009)


A nova versão é tão mal pensada que opta por desprezar as oferendas dos deuses a Perseu, o que, penso, seriam elementos valorizadores na trama e altamente enriquecedores para os novos objetivos de um remake de ação e efeitos visuais. Os apetrechos colocados pelas entidades do Olimpo à disposição do filho de Zeus, fariam dele uma espécie de James Bond de Argos com um brinquedinho para cada situação difícil: a espada, a nova pistola que o Q lhe entregaria; o cavalo alado Pégasus aquele carrão esporte irado; o elmo um capacete multi-função; a coruja, um daqueles relógios altamente tecnológicos que faz de tudo; e o escudo, que por sinal o salva no confronto com a Medusa, uma blindagem com visor interno. Que tal? Pra um filme de ação não podia ser uma pedida melhor, não? Mas, não! Nosso Perseu. por birra, por orgulho, por criancice, insiste em não utilizar na maior parte do tempo a não ser quanto, lá pelo final, a coisa aperta e ele acaba tendo que usar a espada e montar no cavalo. Mas mesmo assim, muito a contragosto.
Um remake burro que desperdiça exatamente o que o original tinha de mais meritório e que certamente colaboraria para o seu sucesso. Some-se a isso a fotografia escura e imprecisa, as motivações tolas dos personagens, os diálogos infantis e previsíveis e as atuações caricatas, temos um produto completamente desprezível.
Tipo do time que tem mais dinheiro, mas contrata errado, amontoa jogadores em algumas posição mas fica faltando em outras e vai jogar contra um time certinho, com suas limitações, com um trabalho bem feito, com uma proposta de jogo, e aí, meu chapa, toma um chocolate, um “arrodião”, uma “saranda”.

O Olimpo do filme de 1981 é bem mais modesto, mais sóbrio,
mas parece traduzir melhor a ideia de morada dos deuses
do que o de 2009 que parece mais a Sala de Justiça dos Super-Amigos.

“Fúria de Titãs”  de 2009 até tem chances mas desperdiça e, com a zaga praticamente petrificada, como se tivesse visto a Medusa, só assiste ao "Fúria de Titãs" de 1981 meter 3x0, mole, mole, ainda no primeiro tempo, com direito a olé. Sendo colocada na roda, Medusa perde a cabeça e, com dez em campo , o filme de 2009 leva o quarto, na segunda etapa, pra sacramentar.
Vitória da Fúria. Não a Fúria Espanhola, Campeã do Mundo de 2010, mas a "Fúria de Titãs", o verdeiro clássico, de 1981.






por Cly Reis

segunda-feira, 31 de maio de 2010

"Fúria de Titãs" de Louis Leterrier (2009)






E fui eu, sábado, ver o remake de “Fúria de Titãs”.
Amigos...
Desnecessário.
Nada a acrescentar.
Nem o 3D ajuda. Aliás quase não se justifica. Poucas cenas são válidas o suficiente para que o recurso tivesse sido utilizado num filme como este. Sem contar que o tal 3D acaba meio que se perdendo na movimentação e velocidade intensíssimas das cenas de luta e perseguições, na proximidade da câmera nestas mesmas situações e na escuridão da fotografia. Pra piorar ainda mais, com todo o dinheiro, efeitos especiais, tantas dimensões e tudo mais, a ambientação do Olimpo com os deuses em pé sobre umas nuvenzinhas e a caracterização de Zeus com uma roupitcha brilhante-desfocada são ridiculas. Com toda a limitação de técnica e de recursos da época, os efeitos do clássico são bem mais legais do que os do novo, até mesmo pela importância e inovação no contexto daquele momento.
Agora vamos à história em si: outro desperdício!
O roteiro consegue destruir elementos extremamente interessantes do clássico de 1981 que eram a pureza de Perseu e a predileção dos deuses por ele. O novo Perseu, ao mesmo tempo que é alheio aos interesses dos nobres e deuses no seu conflito, é um jovem orgulhoso e movido pela vingança pela morte dos seus pais adotivos e não pelo amor pela bela Andrômeda como no antigo, o que o tornava naquele caso realmente envolvido com os objetivos da jornada na qual irá se lançar. Em nome de uma dinâmica e adrenalina para o filme, o herói acaba se mostrando bem menos racional e inteligente que seu predecessor oferecendo-nos apenas uma sucessão de correrias, lutas, vôos e saltos. Prova disso é a diferença da cena da Medusa na versão original, na qual Perseu pensa, aguarda o momento certo e finalmente age; sendo que nesse novo desde que entram no covil da Górgona, é só “loucura total”, culminando numa desenfreada perseguição entre as ruínas do mundo subterrâneo que vai, aí sim desfechar-se da mesma maneira que no outro filme mas de um modo muito mais ‘heróico”, com um salto acrobático e tudo mais. E a atual Medusa também não ajuda. Ainda guardando resquícios de sua extinta beleza não é nem sombra da apavorante criatura da primeira versão que, lembro, me impressionou muito na época.
A ajuda dos deuses, desprezada pelo diretor Louis Leterrier (de “O Incrível Hulk”) e conseqüentemente negada pelo seu Peseu, seria elemento importante na tramae, creio, enriquecedor para os novos objetivos de um remake. O herói teria bem mais "brinquedinhos", apetrechos, equipamentos, sendo quase que um James Bond de Argos com um recurso para cada situação difícil. A espada, o cavalo alado Pégasus, o elmo e o escudo que inclusive o salva no confronto com a Medusa, que apareciam como oferendas das entidades do Olimpo ao filho de Zeus; neste novo, Perseu  por "beicinho" e orgulho insiste em não utilizar até que lá pelo final, acaba no aperto, tendo que usar a espada e montar no cavalo, mas muito contrariado. O escudo, antes presente dos deuses, é substituído agora, por um feito da carcaça dos escorpiões gigantes que eles mataram e o elmo da invisibilidade, é esquecido.
Trama mal amarrada, mal explorada, diálogos infantis, motivações pueris e atuações caricatas...
Olha,... bem fraco.
Mas desta vez eu mereci. Eu sabia que não ia ser grande coisa e tentei.
Bem feito.
Quem não assistiu, procure o antigo em DVD. Vale a pena.




Cly Reis