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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Quadrinhos no Cinema #9 - "Akira", de Katsuhiro Ōtomo (1988)



Complexo, tenso, violento, colorido e real, esses são alguns adjetivos para animação "Akira". Assim que você acaba de assistir o filme, fica com ele na cabeça, perguntas surgem, como "o que foi que acabei de assistir?", e quando um filme continua na sua cabeça, mesmo depois que acaba é uma ótima sensação.
Kaneda é um líder da gangue de motoqueiros que tem um amigo (Tetsuo) envolvido em um projeto governamental secreto. Para salvar seu amigo Kaneda pede ajuda para vários grupos como ativistas anti-governo, políticos gananciosos, cientistas irresponsáveis e poderosas forças militares. Ao mesmo tempo, Tetsuo vai desenvolvendo incríveis habilidades e vai atras de Akira.
2019, depois término da terceira guerra mundial, somos apresentados à cidade de Neo-Tokyo, local onde há alguns anos acontecera uma explosão nuclear. O cenário ciberpunk, pós apocalíptico, consegue ser belo e horrível ao mesmo tempo. Belo porque, visualmente falando a animação é perfeita e suas cores são maravilhosos, mas horrível porque vemos a destruição por toda parte e a escola onde Kaneda e sua turma estudam mostra bem do que estou falando. As críticas sociais que o filme pretende abordar ão exploradas de forma magistral e nesse ponto ele é perfeito, mas no que diz respeito a explicar o que é o AKIRA fica um pouco confuso. Faltaram elementos na narrativa que explicassem bem a função do Akira e das outras crianças. Talvez se se fixasse um pouco mais do relacionamentos entre eles uma vez que Akira fazia parte daquele grupo de crianças isso tivesse funcionado melhor. Talvez pelo fato do filme ter sido lançado enquanto o mangá ainda estava em circulação, fique a sensação de que no mangá esta questão é melhor abordada, até porque, mesmo mantendo a essência da obra, para o longa teve-se que criar um final diferente. Não precisava ser aquela coisa estilo Nolan, respondendo tudo, não deixar espaço para questionamentos mas em "Akira", assistimos tudo pela visão de Kaneda, que não sabe nada, e temos apenas uma breve explanação do que seja o Akira por parte de Key, a garota que explica para Kaneda, mas que, por sua vez, também não sabe muita coisa. Só senti que faltou Akira.
Que coisa linda, uma perseguição de motos
e ao fundo NeoTokyo.
O futuro que o filme mostra é bem plausível, mas sua ficção se relaciona bem com o nosso presente (mesmo sendo de 1988). Políticos corruptos que fazem todos os tipos de alianças pelo poder, gangues de jovens drogados amedrontando as cidades, jovens que não acreditam em lideranças políticas e militares e que, sem esperanças para o futuro, buscam lideranças entre eles. Fanáticos religiosos se julgando a salvação da sociedade, tentando transformar tudo na obra de DEUS, e quem estiver contra eles este errado, ameaças terroristas, governos militarizados, tudo isso é muito atual. Além de ser um filme com conteúdo é também belo. O design dos personagens é ótimo, suas roupas, a ambientação, o cenário futurista que chama o espectador para dentro do filme, sem esquecermos a maravilhosa moto do Kaneda. A abertura do filme é sensacional, já seguida pela  perseguição de motos, ao mesmo tempo que temos um homem fugindo com uma criança... tudo muito frenético, você perdido mas já completamente imerso.
Uma obra para se assistir várias vezes. Na primeira você vai ficar apaixonado pelas cores e efeitos, pela trilha e não vai pegar a historia, depois, nas vezes seguintes, vai entrando mais e mais naquele mundo caótico. Já falei o que me incomodou no filme, mas o qu não tira seu brilho. "Akira" é um clássico! Vai tocando em assuntos importantes de serem discutidos, de uma maneira direta, mesmo sem parar para explicar. Junte-se a Kaneda e depois me diga, afinal, o que é AKIRA?
Takashi (#65), Kyoko (#25) e Masaru (#27) ou podem chamar de crianças velhas.