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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O Escobar do espanhol chiado



Wagner Moura no polêmico papel de Pablo Escobar.
A maioria dos críticos brasileiros tirou sarro do Wagner Moura há pouco tempo. Tudo por ele não ter sotaque espanhol para interpretar Pablo Escobar na série “Narcos”, sucesso do Netflix. Resultado: Wagner está concorrendo na categoria de Melhor Ator Drama ao Globo de Ouro, uma das premiações mais importantes da TV e cinema. Eu duvido que os mesmos críticos tenham capacidade de distinguir o sotaque ou o acento uruguaio de Montevidéu e o argentino de Buenos Aires por exemplo. Até mesmo o “portunhol”, que é falado nas fronteiras destes dois países. Ou o colombiano do venezuelano. Cito mais: o de Cartagena e o de Medellín para finalizar.

Vale lembrar que inúmeros atores, e digo dos grandes, como Anthony Quinn e Marlon Brando, dentre centenas, interpretaram personagens de diversas nacionalidades e em poucas vezes falaram um idioma diferente dos seus, o inglês. Recentemente, Tom Cruise viveu um alto oficial alemão que falava como um californiano, Ninguém reclamou. Viggo Mortersen, outro grande ator que morou anos na Argentina e fala até "boludo" e ainda toma mate, interpretou Alatriste, um militar espanhol de Madri com um sotaque que parecia alguém do meio oeste americano que morou tempos em Palermo Soho.

São poucos atores que podem se dar ao luxo de aventurar em outro idioma sem que os vestígios da língua materna não os denuncie. Atualmente são raros na profissão os que conseguem a façanha de se desdobrar em línguas distintas. Daniel Bruhl e Christoph Waltz são dois exemplos que atuam fluente em cinco idiomas. Curiosamente Bruhl foi o ator que viveu o oficial alemão em "Bastardos Inglórios" que desmascarou o espião inglês (Fassbender) disfarçado de alemão, exatamente por identificar um sotaque bávaro sem o acento correspondente. E sobre o baiano Waguinho, ele calou a boca de todos no seu espanhol com chiado carioca. Dimaisss!

trecho da série "Narcos"





quinta-feira, 4 de junho de 2015

“Pablo Escobar: Ascensão e queda do grande traficante de drogas”, de Alonso Salazar (Ed. Planeta)



Acabei de ler este livro, “Pablo Escobar: Ascensão e queda do grande traficante de drogas”, de Alonso Salazar (Ed. Planeta), que é uma bomba armada. Esse figurão está muito presente no submundo apesar de morto. Ele chegou a ser um dos homens mais ricos do planeta, e 80% da cocaína consumida nos EUA era fornecida por ele. Pablo era carismático e inteligente. Foi considerado o Robin Hood da Colômbia: ao mesmo tempo em que ajudava os pobres das periferias, matava juízes, políticos e suas famílias sem pena. Colocou bombas em carros, prédios e derrubou aviões matando centenas de pessoas inocentes. Formou seu próprio exército de assassinos, que tinha proteção política. Nunca usou drogas pesadas e fumava apenas um baseado por semana. Não bebia, era discreto com suas roupas mas extravagante em seus gostos por aviões, carros e mulheres.
Seguia sempre a filosofia de Don Corleone, tirada dos livros de Mario Puzo de quem era fã: jamais gritava com alguém, costumava escutar a todos com calma. Apenas uma coisa distinguia os métodos do Cartel de Medelín da Máfia Italiana: os Capos não matavam sem motivos aparentes. Escobar podia matar por diversão. Um dos maiores assassinos do mundo foi um “ótimo” pai e temia com respeito só dois seres neste planeta: sua mulher e sua madrecita.
Em tempos de debates relacionados à liberação das drogas o que mais me deixou reflexivo foi um comentário a seus "consiglieris" sobre o tal assunto. Enquanto ouviam músicas de Roberto Carlos (O "Rei" chegou a fazer show particular para Pablo), Escobar disse: "Em um país aparentemente civilizado quase todos grandes estão envolvidos no tráfico, começa na política, a alta sociedade as periferias, os artistas, as guerrilhas. O consumismo capital deixou eufóricos os manda chuva da 5ª Avenida, nossa demanda é grande. Eu temo que um dia tudo seja legalizado, aí estamos perdidos, Cali e todos nós no mesmo buraco, não viverei para ver isso legalizado, não viverei".