Curta no Facebook

Mostrando postagens com marcador Richard C. Serafian. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Richard C. Serafian. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

"Corrida Contra o Destino", de Richard C. Serafian (1971)




Como já havia dito aqui, não gostei do À Prova de Morte" de Quentin Tarantino. De todas as críticas que li ou que ouvi, fui o único a não gostar. Fazer o que? Aliás achei bem frágeis os argumentos dos que gostaram mas... como já diria o técnico da Alemanha comedor de meleca, "gosto é gosto e não se discute".
Mas não quero voltar a isso. Só volteia mencionar este filme e o Tarantino, porque, inegavelmente, faça filmes bons, médios, interessantes ou ruins, o cara sempre deixa dicas interessantes de músicas, a partir de suas excelentes trilhas sonoras com coisas do fundo do baú, e de filmes, com referências, menções, cenas adaptadas etc.
No caso do seu "À prova de morte", entre tantas outras referências nos deixa particularmente curiosos pelo tal do filme "Vanishing Point" ao qual as garotas da perseguição final ficam constantemente se referindo, e tem tal fascinação e culto pelo filme, que dão um jeito de dar uma volta no mesmo modelo de carro utilizado no filme idolatrado.
O Challenger 70 branco pilotado
por Kowalski
Pois bem, em "Vanishing Point', batizado em português de "Corrida contra o Destino", Kowalski, uma espécie de contrabandista de carros, tem que, praticamente, atravessar o país em um Dodge Challenger 70 (o objeto de desejo das garotas do "Death Poof") a fim de entregá-lo ao dono na Califórnia, mas faz uma aposta com um amigo de chegar antes do prazo estipulado, só que daí, pra conseguir isso, é só pé embaixo o tempo todo e as leis do trânsito e pápápá vão pro caralho. É lógico que a polícia começa a perseguir o cara e ele vai atravessando estados com o cerco policial aumentando, à medida que também aumenta seu cartaz, seu nome e sua "lenda", a estas alturas já conhecidas e divulgadas pelo rádio. Kowalski passa a ser um herói, o anti-sistema, um símbolo de liberdade, e grande parte desta propaganda é feita por um locutor de uma rádio do interior, o DJ Super Soul, que fica incentivando, dando dicas de trajeto, indicando onde está a polícia e ainda dedica músicas pro cara e tudo mais; tudo isso com uma locução pra lá de bacana.
O sentimento de liberdade que o espírito
hippie transmitia presente no filme.
Olha, um grande barato o filme. Não que o glorioso Richard Serafian, diretor do filme, seja melhor que Tarantino, mas o obra em si, pode não ser melhor mas é mais bacana que "Death Proof". O filme não é só uma perseguição alucinada; tem sim seus méritos, boa trilha, tomadas legais, e um roteiro cheio de boas surpresas como, por exemplo, flashbacks ocasionais vão nos revelando aos poucos quem é Kowalski e porque ele está naquele negócio; a alteração cronológica e sua transição logo no início do filme; a sugestão de racismo a um DJ negro no interior dos Estados Unidos, a contextualização social da geração hyppie do início dos anos 70, além de uma fotografia bem legal pelos desertos e montanhas dos EUA.
Típico cult movie. Sem maiores recursos, com méritos, não atingiu grande público,mas tem os que lhe saibam dar valor. Resumindo assim de maneira bem prática: é uma boa mistura entre "Easy Rider" e seu sonho de liberdade, inconsequência e juventude; com "Agarra-me se Puderes", filme bem legal com Burt Reynolds, cujo pesonagem usa o codinome Bandido, e também se encontra numa louca perseguição e conta com a ajuda de outros motoristas, caminhoneiros, radialistas, e quem encontra pelo caminho, tudo contra a polícia e contra o sistema; bem politicamente incorreto. Tudo isso é um pouco do Kowalski, segundo o DJ Super Soul, "o último herói americano."

*************************
Curiosidade é que a famosa trilha do Globo Repórter, utilizada a té hoje, é uma das músicas da trilha sonora do filme. Chama-se "Freedom of Expression", e é tocada pelo J.B. Pickers.
*************************
Outra coisa legal é a música chamada "Kowalski" do Primal Scream do álbum chamado, exatamente, "Vanishing Point" que além de ser muito legal por si só, com uma linha de baixo muito bala e agressiva, tem uns samples demais com trechos de locuções do DJ Super Soul do filme.


Confiram aí, "Kowalski" com Primal Scream:






Trailer do filme:



Cly Reis