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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Museu de Cera de Petrópolis - Petrópolis - RJ










A fachada do Museu de Cera de Petrópolis.
 Estive há pouco tempo em Petrópolis onde já havia ido algumas vezes e já visitara tradicionais pontos turísticos da cidade como o Museu Imperial, a Casa de Santos Dumont, a bela catedral de estilo neogótico, entre outros, mas como não ia lá a fazia alguns anos não conhecia o Museu de Cera, atração relativamente nova, inaugurado em 2011, e que me surpreendeu positivamente.
Ele é modesto, pequeno, não é nenhum Madame Tussaud de Londres mas não decepciona. Se não tem um grande número de peças, as que apresenta são de um modo geral, ótimas reprodução de impressionantes semelhanças, feitas, a propósito, por um escultor norte-americano que tem obras no mencionado famoso museu londrino.
A reprodução de Dom Pedro II, embora, obviamente, nunca tenha visto pessoalmente o monarca brasileiro, espanta pelo realismo; Michael Jackson e Gilberto Gil também são extremamente vivos e reais; Einstein e o Papa João Paulo II merecem destaque igualmente; e há ainda os personagens de cinema como Batman, Jack Sparrow, o extraterrestre ET, entre outros, não menos bem representados em suas estátuas.
Se for à serra fluminense, em especial a Petrópolis, além da bela paisagem, dos prédios históricos e da boa gastronomia, vale a pena conhecer o Museu de Cera, um dos poucos do gênero no país e, com certeza, pelo padrão de qualidade das obras, um dos melhores.

Ayrton Senna, logo na entrada da exposição.

Dom Pedro II impressiona pelo realismo.

Ótima escultura do Papa João Paulo II.

Einstein e suas anotações.

Gilberto Gil muito semelhante também.

Michael Jackson, outra das obras que chama a atenção.

O mestre do suspense Hitchcok.

O blogueiro tentando tirar uma casquinha da Marylin.
(Ih, é cera!)


Museu de Cera de Petrópolis
endereço: Rua Barão do Amazonas, 35 – Centro - Petrópolis - RJ - tel: (24) 2249-1595
visitação: terça a domingo, das 10h às 17h. Sábados: 10h às 18h.
ingresso: R$ 32,00 e R$ 16,00 (estudantes e idosos)
grupos acima de 15 pessoas terça a sexta : inteira R$28,00 / meia R$14,00.
moradores de Petrópolis: R$25,00 c/comprovante



Cly Reis

sexta-feira, 4 de março de 2016

Talking Heads - "True Stories" (1986)




“Quando terminamos as bases e os vocais
para aquela leva de músicas,
 começamos a ensaiar um material
que poderia render ainda mais um disco,
mas que eu havia composto para o filme.
Quando ‘Little Creatures’ saiu,
 eu já estava no Texas para filmar ‘True Stories’.
Levei as fitas de multicanal com as nossas faixas-base
para as músicas do filme até o set de filmagens em Dallas
e adicionei um pouco do tempero texano”.
David Byrne,
em seu livro
“Como funciona a música”.



O ano de 1986 é especial para quem pegou o rock dos anos 80. Talvez junto apenas com o ano anterior (que viu nascerem "Meat is Murder", dos Smiths"The Head on The Door", do The Cure, e "Psycho Candy", da The Jesus and Mary Chain), tanto no Brasil quanto fora houve discos essenciais de bem dizer todas as grandes bandas e artistas da cena pop da época. No cenário internacional, em especial, muitos se superariam no sexto ano da chamada “década perdida”. Siouxsie and the Banshees poria na praça o sucesso “Tinderbox”, a P.I.L; de John Lydon chegaria ao auge com "Album" e Smiths e New Order estourariam nas rádios com “The Queen is Dead” e "Brotherhood" respectivamente, para ficar em apenas quatro exemplos. Embora de sonoridades distintas, mesmo que afim em certos aspectos, o ponto que os unia era o fato de que, já trilhados alguns anos e discos lançados, todos chegavam naquele momento mais maduros e donos de sua música. Assim, 1986 trouxe uma culminância de grandes álbuns não por coincidência, mas por que representou o desenvolvimento artístico da geração vinda do punk.

Essa onda atingiu outra grande banda do final dos 70/início dos 80: o Talking Heads. Liderados pelo talentoso esquisitão David Byrne, os Heads, surgidos na cena punk nova-iorquina, haviam largado com o referencial "77", daquele ano, passado pela brilhante trilogia com Brian Eno (“More Songs about Bouildings and Food”/"Fear of Music"/"Remain in Light") e pelo bom “Sepeaking in Tongues”, além de mais três registros ao vivo. Nesse transcorrer, atravessaram a virada dos anos 70 para os 80 avançando em estilo e personalidade. Se no começo, comandados pelo produtor Toni Bongiovi, foi o proto-punk e, logo em seguida, Eno os tenha empurrado para o experimentalismo pós-punk e para a world-music, em “Speaking...”, de 1982, passam a produzir a si próprios e mostram uma intenção pop-rock mais refinada. Afinal, a criatividade de Byrne, seu principal compositor, nunca correspondeu exatamente à tosqueira do punk-rock genuíno dos colegas de CBGB Ramones e Richard Hell. Veio, então, outra joia da safra 1985: “Little Creatures”, para muitos o melhor trabalho da banda e um dos ápices do pop-rock dos Estados Unidos. De admirável musicalidade, trazia pelo menos dois hits marcantes: “Lady Don’t Mind” e “And She Was”. Seriam Byrne & cia. capazes de superar aquele feito? A resposta veio um ano depois, no fatídico 1986, não apenas em um disco, mas num até então incomum projeto multimídia: o disco-filme-livro “True Stories”, que está completando 30 anos em 2016.

Para a época, o que hoje é comum no showbizz, em que um artista grava o CD, DVD, videoclipe e um documentário num mesmo espetáculo sem precisar gastar uma fortuna, foi bem impressionante a ousadia de Byrne, o verdadeiro “head” do projeto. Não se via uma proposta naquele formato até então, no máximo os abastados clipes-filmes de Michael Jackson. Neste, entretanto, de feições quase intimistas, Byrne, dentro de um mesmo tema, dirigiu um filme, atuou nele, lançou um livro de fotos e textos e ainda criou de cabo a rabo um disco, componto-o e produzido-o por inteiro. E mais: tudo de altíssima qualidade! Da turma que aprendeu com Andy Warhol a transformar produto em arte, Byrne e seus habilidosos companheiros de grupo – a ótima baixista Tina Weymouth, o competente baterista Chris Frantz e o versátil guitarrista e tecladista Jerry Harrison – traziam três “produtos culturais” interligados mas independentes entre si. Pode-se ver o filme e não comprar o disco ou ler o livro e por aí vão as combinações. Há quem teve o primeiro contato com a obra, por exemplo, através dos clipes da MTV (de certa forma, um quarto tipo de produto cultural) e depois ouviu o disco ou assistiu ao filme.

Para se falar sobre as músicas, no entanto, é fundamental que se comece abordando sobre o filme. Em "Histórias Reais" (tradução nos cinemas no Brasil), um narrador, encarnado pelo próprio Byrne, percorre como um repórter a pequena Virgil, no estado do Texas, em plena comemoração dos 600 anos da cidade, onde encontra diversos personagens hilários e típicos. Conforme as situações vão se apresentando, as músicas da trilha vão surgindo. Byrne, escocês radicado nos EUA, cria um filme no qual engendra com delicadeza e humor uma crônica cotidiana da vida norte-americana, tudo permeado por um olhar aparentemente infantil mas carregado de perspicácia e ligado à relação emocional do autor com o seu lugar. Lindamente poético, algo entre o documental e a fantasia, o longa sintetiza as belezas e as fragilidades do povo do país mais poderoso do mundo.

Como se vê, no filme está a razão do trabalho musical, pois este funciona como uma trilha sonora que veste a narrativa da história filmada ao mesmo tempo em que é “apenas” mais um disco de carreira do Talking Heads, seu sétimo de estúdio. Na seara de avanço de seu próprio estilo, eles repetem acertos do passado, principalmente de seu trabalho antecessor “Little Creatures”. A começar, assim como o disco anterior, um pouco por coincidência “True Stories” também tem dois hits marcantes. O primeiro deles é “Love for Sale”, que o abre. A letra já denota com humor e distanciamento crítico o caráter pueril e materialista do ser norte-americano, que põe tudo à venda, até – e principalmente – o amor. “O amor está aqui/ Venha e experimente/ Eu tenho amor pra vender”, canta, enquanto, no clipe, imagens de publicidade pulam na tela em cores vibrantes e kitch. Divertido, o clipe é a própria cena extraída do filme, numa total interação entre as obras. E que grande música! A batida lembra a de “Stay up Late”, de “Little...”, só que mais acelerada, e o riff, memorável, é daqueles que se reproduz o som com a boca. Pode-se colocá-la na classificação de perfect pop, músicas de estrutura perfeita e próprias para tocar no rádio mas que guardam qualidades genuínas de estilo e composição.

Com uma pegada bastante Brian Eno pela base no órgão, “Puzzlin' Evidence“ – no filme, a cena de um culto religioso em que se projeta um vídeo com as maravilhas da tecnologia e do poderio bélico e financeiro yankee – tem o vigor do gospel, principalmente no refrão, com o coro cantando com Byrne: “Puzzling Evidence/ Done hardened in your heart/ Hardened in your heart”. Em seu livro “Como Funciona a Música”, de 2012, ele comenta que compôs as faixas de “Little...” e “True...” praticamente ao mesmo tempo, por isso as semelhanças entre um e outro. No caso do segundo, o que já se diferenciava em sua cabeça era a aplicação: seriam músicas para o filme que ainda pretendia rodar. Assim, já no Texas para inteirar-se das locações, levou consigo as demos ainda por finalizar e lá teve a ideia de inserir os elementos mais peculiares do folk norte-americano, como o acordeom Norteño, a steel guitar e o coral de igreja protestante de “Puzzlin'...”.

Durante todo o disco, a bateria de Chris é especialmente amplificada, ótimo ensinamento pescado da faixa “Television Man”, de “Little...” – resgatada, porém, de antes, pois já nota-se isso em “Electric Guitar”, de “Fear of Music”, de 1979. Pois a caribenha “Hey Now” é marcada com essa batida forte, acompanhada de bongôs e de uma guitarrinha ukelele, a mesma que faz um solo totalmente no espírito ula-ula. Por conta de seu ritmo e melodia quase lúdicos, no filme, Byrne a arranjou diferentemente: são crianças, todas com instrumentos improvisados como pedaços de pau e latas, quem, numa das passagens mais bonitas, entoam os versos: “I wanna vídeo/ I wanna rock and roll/ Take me to the shopping mall/ Buy me a rubber ball now”.
“Papa Legba”, das melhores de “True...”, é outra que mostra como a banda aprendeu consigo própria. A programação eletrônica faz intensificar o ritmo sincopado da música africana, que começa com percussões típicas do brasileiro Paulinho da Costa, um craque, e um canto quase tribal extraído por Byrne. Visível influência dos trabalhos com Eno, principalmente do world-music “Remain in Light”. O tema em si é lindo: um canto ritualístico do vudu haitiano (“Papa Legba” significa aquele que serve como intermediário entre a loa – mundo dos espíritos – e o homem) que é usado no filme quando o personagem de John Goodman, um homem em busca de uma carreira como cantor, recorre a esta espécie de pai-de-santo – vivido pelo cantor Pops Staple, que a canta lindamente. No disco, é Byrne quem está nos microfones, esbaldando-se em seu vocal rasgado e emotivo.

O segundo lado no formato LP abre com outro hit e outro perfect pop: a sacolejante "Wild Wild Life", marco dos anos 80 e da música pop internacional. Impossível ficar parado se estiver tocando numa pista. Além da letra ácida, a canção, bem como seu clipe, também extraído do filme, é superdivertida, num convite a se assumir o “lado selvagem”. Várias pessoas, os integrantes da banda e atores, sobem num palco em um programa de tevê fazendo playback e interpretando as figuras mais exóticas. O refrão, de versos móveis, é daqueles inesquecíveis de tão naturalmente cantaroláveis: “Here on this moutain-top/ Oh oh/ I got some wild wild life/ I got some news to tell ya/ Oh oh/ About some wild wild life...”.

Alegre e ritmada, "Radio Head" lembra a levada das bandinhas folclóricas europeias (as que migraram para os EUA em várias localidades), ainda mais pelo uso da gaita-ponto. Mas, claro, com o toque todo dos Heads, desde a forte batida de Chris, as percussões de Paulinho da Costa – contribuinte costumaz da banda –, e o vocal aberto de Byrne, perito em criar refrãos pegajosos, como o desta: “Transmitter!/ Oh! Picking up something good/ Hey, radio head!/ The sound... of a brand-new world”, “Radio Head” guarda uma curiosidade: é a música em que Byrne se inspirou num verso de Chico Buarque – de “O último blues”, da trilha do filme “Ópera do Malandro” – e que, por consequência, inspirou o nome da banda inglesa, que juntou as duas palavras.

A melódica “Dream Operator” – que no filme transcorre numa engraçada sequência de um desfile, mais bizarro e brega impossível – tem uma bela letra, a qual versa sobre o eterno estado de sonho em que vivem os norte-americanos: “Todo sonho tem um nome/ E nomes contam a sua história/ Essa música é o seu sonho/ Você é o operador de sonho”. Algo nem bom nem ruim: apenas verdadeiro. Outra clássica do álbum, “People Like Us”, tema-chave do filme, é, assim como “Creatures of Love”, de Little...”, um típico country-rock, com direito a guitarra com pedal steele de Tomy Morrell. Uma verdadeira declaração de amor do estrangeiro Byrne para os EUA, reverenciando a cultura daquele país e ao mesmo tempo totalmente integrado nela. Os versos iniciais dizem tudo: “Quando nasci, em 1950/ Papai não podia comprar muita coisa para nós/ Ele disse: ‘Orgulhe-se do que você é’/ Há algo de especial em pessoas como nós”. E o refrão, dentro da mesma ideia de “Creatures...”, não deixa por menos, impelindo-nos a enxergar a alma norte-americana com um olhar mais humano: “Não queremos liberdade/ Não queremos justiça/ Só queremos alguém para amar”.

De ritmo parecido a outra faixa de “Little...”, “Walk it down”, bem como a outras daquele álbum no refrão de coro em tom entoado, como “Perfect World” e “Road to Nowhere” (a ideia vem desde o primeiro trabalho com Eno, em “The Good Thing”, de 1978), “City of Dreams” desfecha a obra com puro lirismo. A letra fala da perda de identidade provocada pelas aculturações e dizimações, algo muito presente na formação de sociedades modernas como a norte-americana: “Os índios tinham uma lenda/ Os espanhóis viviam para o ouro/ O homem branco veio e os matou/ Mas eles não sabem quem realmente foram”. Porém, artista sensível como é, Byrne joga luzes otimistas sobre o futuro daquela nação e suas gentes, tendo como metáfora a pequena Virgil: “Vivemos na cidade dos sonhos/ Nós dirigimos na estrada de fogo/ Devemos despertar/ E encontrá-la por fim/Lembre-se disso, nossa cidade favorita”.
Se “True...” deve muito a “Little...”, que lhe serviu de espelho em vários aspectos, também é fato que o disco de 1986 supera seu antecessor em completude conceitual, uma vez que conversa o tempo todo com a obra filmada e, consequentemente, com o trabalho fotográfico posto em páginas. Além do mais, o sucesso alcançado por “True...”, seja motivado pela mídia televisiva e radiofônica ou pelas telas do cinema, foi consideravelmente maior de tudo o que já jamais conseguiriam, tendo em vista que “Wild Wild Life” ficou por 72 semanas no 25º posto da Billbord, melhor posição de uma música da banda nesta parada. Comparações afora, o fato é que ambos os discos revelam um grupo no auge de sua capacidade criativa, produzindo música pop sem descuidar das próprias intenções e aspirações.

Tudo isso está ligado bastantemente à iniciativa de David Byrne que, com o passar do tempo, foi se tornando cada vez mais o principal compositor e criador da banda, a ponto de passar a ser o único. Assim, se “True...” é o ápice dos Heads, também é o começo de seu declínio. A redução paulatina mas permanente da participação de Chris, Tina e Jerry enfraqueceu-os enquanto conjunto, sufocando os companheiros de Byrne. O fim estava próximo. Ainda tentaram um sopro de comunhão, “Naked”, de 1988, mas o mais fraco álbum deles só serviria para denotar que não tinha mais saída que não a separação de uma das grandes bandas do pop-rock mundial. Os discos, porém, estão aí até hoje, longe de se datarem e donos de alguns dos melhores momentos do que se produziu nos anos 80, a tal “década perdida” – que, aliás, de “perdida” não teve nada em termos de rock. Basta uma audição de “True Stories” para se certificar de que essa história, por mais onírica que tenha sido, é real e muito especial.

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O filme “Histórias Reais” tem, aliás, uma trilha sonora própria, a qual traz temas incidentais. Apenas “Dream Operator”, em versão instrumental arranjada por Philip Glass (“Glass Operator”), se repete, além da faixa “City of Steel”, que é, na verdade, a melodia de “People Like Us”, também só com instrumentos. As outras são de artistas variados, como “Road Song”, da genial Meredith Monk, “Festa para um Rei Negro” (“Olê lê/ Olá lá? Pega no ganzê/ Pega no ganzá...”), com a banda brasileira Eclipse, e a mexicana “Soy de Tejas”, de Steve Jordan, além de seis composições do próprio Byrne que só se encontram em “Sounds From True Stories”.
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FAIXAS:
1. "Love for Sale" – 4:30
2. "Puzzlin' Evidence" – 5:23
3. "Hey Now" – 3:42
4. "Papa Legba" – 5:54
5. "Wild Wild Life" – 3:39
6. "Radio Head" – 3:14
7. "Dream Operator" – 4:39
8. "People Like Us" – 4:26
9. "City of Dreams" – 5:06

todas as canções compostas por David Byrne.

vídeo de "Wild Wild Life" - Talking Heads

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OUÇA O DISCO




quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

“Os Oito Odiados”, de Quentin Tarantino (2015)



Quentin Tarantino ataca outra vez. Seu autointitulado oitavo filme “Os Oito Odiados” merece uma rápida reflexão. Pra começar, o diretor volta ao Oeste – que foi retratado em “Django Livre” – e se utiliza de alguns símbolos do gênero, como a música de Ennio Morricone (inferior à de clássicos como as partituras compostas para Sergio Leone) e a utilização do 70 mm Panavison como antigamente, deixando a tela cheia.

Como sempre, Quentin se esforça para subverter os cânones do gênero. Ao invés das pradarias verdejantes dos westerns de John Ford, vemos uma paisagem insólita, coberta de neve, que vai percorrer toda a projeção. Os personagens não estão divididos entre mocinhos e bandidos. Todos são foras-da-lei. Novamente, ele se preocupa em usar o racismo, tão presente em “Django Livre”, e especialmente a misoginia. Samuel L. Jackson é o Major Marquis Warren, caçador de recompensas que carrega os cadáveres, enquanto seu “colega” John Ruth – maravilhosamente interpretado por Kurt Russell – prefere levar os condenados vivos. No caso, a condenada Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh, num daqueles papéis destinados pelo diretor para reavivar carreiras, como realizado com Pam Grier e Robert Forster).

A paisagem insólita e opressiva é um dos elementos da narrativa.
Interessante é que sem querer estragar as inúmeras surpresas que o roteiro em capítulos permite, “Os Oito Odiados” traz no centro de sua trama a figura feminina de Daisy, envolvida numa grande confusão quando os personagens ficam todos isolados em um armazém no meio do nada em Wyoming. Tarantino usa o exíguo espaço como um palco de teatro, onde os personagens vão se apresentando uns aos outros e tudo chega a um clímax muito antes do final. Como ele havia feito em "Bastardos Inglórios", na famosa cena do bar quando os soldados americanos são confrontados por um oficial alemão e tudo termina em carnificina.

Narrando um flashback, o diretor desvenda o mistério e transforma o banho de sangue em uma espécie de anticlímax, quando o espectador fica se perguntando “qual será o ‘coelho’ que ele vai tirar da cartola para resolver a trama?”. Só posso dizer que a justiça é feita. Todos os atores em cena têm seus momentos de brilho. Destaque especial para o veterano Bruce Dern – redescoberto em "Nebraska" - usado como um dos personagens mais reacionários em cena, o General Sandy Smithers, que dizimou uma tropa de negros durante a Guerra de Secessão. Pode-se dizer que Tarantino escalou Dern, um reconhecido rebelde de Hollywood, num papel exatamente o oposto da personalidade do ator. O diretor também coloca em cena seu elenco de preferidos como a dublê Zoe Bell, Michael Madsen e Tim Roth (lembram dele sangrando durante todo “Cães de Aluguel”?).

Russel, de atuação destacada.
O banho de sangue sempre presente em seus filmes ganha um status de quase caricatura em “Os Oito Odiados”. Para resolver o imbróglio, Tarantino faz uma autocitação, usando o prólogo de “Bastardos Inglórios” para introduzir o personagem do galã Chaning Tatum, aqui quase irreconhecível. A fotografia de Robert Richardson, velho companheiro de Tarantino, valoriza cada canto da cabana onde os personagens ficam isolados. A direção de arte consegue recriar o ambiente daqueles armazéns do velho oeste e os efeitos especiais valorizam a violência proposta pelo diretor.

Aqui no Brasil, não há intervalo, como nos Estados Unidos, o que não permite ao espectador um segundo de folga. De uma maneira geral, a crítica não tem gostado de “Os Oito Odiados”, reclamando de sua duração, de passagens dispensáveis no roteiro e dos diálogos nada inspirados. Se um dos trunfos do diretor em trabalhos anteriores era a conversa, sempre afiada, irônica e demolidora, aqui parece ter se estendido em demasia e se utilizado do termo racista “nigger” uma centena de vezes, reforçando o preconceito. Um trabalho menor na filmografia de Quentin Tarantino, “Os Oito Odiados”, mesmo assim merece ser visto.


trechos de "Os Oito Odiados"






terça-feira, 2 de junho de 2015

Caetano Veloso – “Circuladô” (1991)


Considero ‘Circuladô’
um dos momentos mais altos
da produção de Caetano.
É um CD no qual ele retoma
a interessante linha de experimentalismo
do disco ‘Araçá Azul’, de 1973,
harmonizando-o com o cantabile
de suas canções mais pulsivas e singelas”.
Haroldo de Campos




Meu amor por Caetano Veloso resplandecia quando escutei “Circuladô”. Como qualquer brasileiro, hora ou outra ouvia alguma música desse artista baiano por aí. Porém, na infância (época em que já me ligava em música, vale dizer), meu interesse por aquele cara que apresentava um programa que achava meio chato na Globo com o Chico Buarque era menor do que para com as bandas de rock da época, RPMLegião UrbanaTitãs, entre outros. Essas realmente me empolgavam. Fui escutá-lo com atenção e identificação pela primeira vez em 1988 (aos 9), quando meu irmão trouxe para casa um cassete com um dos discos dele, o qual tinha uma sonoridade leve e acústica que me dava condições de perceber com clareza as ricas construções melódicas, o timbre cristalino da voz e a habilidade composicional de Caê. O disco era “Caetano Veloso”, de 1986, feito para o mercado norte-americano que continha coisas de várias épocas de sua obra, como “Trilhos Urbanos”, “Cá Já”, “Terra” e duas versões magníficas em inglês: “Billy Jean” (Michael Jackson) e “Get Out of Town” (Cole Porter). Foi então que percebi: aquilo era, evidentemente, diferenciado. Tinha que passar a ouvi-lo com mais atenção de modo a não correr o risco de perder algo espetacular que se apresentava à minha frente.

E teria perdido mesmo. Apaixonei-me por seu álbum seguinte, “O Estrangeiro”, de 1989, outro fundamental e no qual ele inicia a grande fase da parceria com o Ambitious Lovers Arto Lindsay e com o eclético maestro Jacques Morelembaum. Mas o disco que realmente me fez entrar de vez na órbita de Caetano foi “Circuladô”, de 1991. No momento em que a MTV brasileira se estabelecia como um canal bom e vendável, a indústria musical nacional, claro, se ligou neste filão. Como já ocorria nos Estados Unidos, músicos passaram a produzir com a mente não só na execução das rádios, mas no videoclipe que produziriam para passar na Music Television. Com o antenado Caetano Veloso, não foi diferente. A música de trabalho do álbum estreou na emissora com um ótimo clipe da Conspiração Filmes (com a participação do grupo de teatro Intrépida Trupe), onde o compositor apresentava algo interessantíssimo: quase só voz e percussão durante os versos, com uma guitarra wah-wah de leve ao fundo, explodindo num samba-reggae no refrão com percussões e samples, “Fora da Ordem” trazia a inteligente verborragia político-filosófica de Caetano sobre sua visão discordante – mas ao mesmo tempo poética – da Nova Ordem Mundial, então recentemente anunciada por Bush “pai”: “Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem/ Apenas sei de diversas harmonias bonitas, possíveis sem Juízo Final”, versava Caetano.

“Fora da Ordem”, mesmo sem um ritmo identificável (não é exatamente rock, reggae, funk ou samba) estourou e virou, em pouco tempo, um hit dos mais tocados na MTV. Ao seu final, engenhosas repetições da frase central da letra (“Alguma coisa está fora da ordem/ Fora da Nova Ordem Mundial...”) ditas em outros idiomas que não o português, como francês, japonês, espanhol e inglês, intercalando vozes do cantor e femininas – entre estas, a de Bebel Gilberto. Esta faixa abre o disco, que adquiri na época com grande interesse de descobrir o que mais conteria. Já na primeira audição, o lado A do meu cassete me arrebataria, sensação que se repete até hoje. Isso porque, depois da música que não cansava de rever todos os dias na TV, viria uma sequência de emocionar. A começar pela faixa que traz a ideia central do álbum: “Circuladô de Fulô”, poesia do filólogo, ensaísta e poeta Haroldo de Campos musicado por Caetano com absoluta genialidade. O compositor já exercitava isso desde os anos 60, tendo posto música sobre poemas de Waly Salomão, Torquato Neto, Gregório de Matos, Paulo Leminski, entre outros. Mas essa é sua obra-prima neste sentido. Remetendo ao baião e ao repente do mais embrionário folclore nordestino, ao mesmo tempo traz a dissonância da vanguarda erudita, a polifonia dos motetos populares medievais e um toque da milenar sonoridade oriental. Caetano desliza o poema sobre os sons, cantando linda e tecnicamente os versos que merecem ao menos a reprodução de um trecho: “O povo é o inventalínguas na malícia da maestria no matreiro da maravilha no visgo do improviso/ Tenteando a travessia/ Azeitava o eixo do sol...”. Algo da melhor poesia já escrita em nossa literatura.

O próprio Haroldo de Campos comentou sobre a canção: “Devo destacar que o trabalho que ele fez, ao musicar o fragmento 'Circuladô de Fulô', de minhas 'Galáxias', é particularmente admirável por retratar com fidelidade seu conteúdo. Ele soube restituir-me com extrema sensibilidade o clima do meu poema, que é, todo ele, voltado à celebração da inventividade dos cantadores nordestinos no plano da linguagem e do som, na grande tradição oral dos trovadores medievais”.

Minhas emoções não parariam. De surpresa, a voz adolescente do filho mais velho de Caetano, Moreno Veloso (ainda não o músico profissional que se tornaria) inicia, juntamente a uma orquestra de cordas arranjada por Morelenbaum, uma das mais belas melodias de todo o cancioneiro de seu pai: “Itapuã”. Lírica, graciosa. Impossível não ser tocado todas as vezes que escuto: “Itapuã, o teu sol me queima e o meu verso teima/ Em cantar teu nome/ Teu nome sem fim”, ou: “Abaeté/ Tudo meu e dela/ A lagoa bela sabe, cala e diz/ Eu cantar-te nos constela em ti/ E eu sou feliz.” Ainda mais depois de ter conhecido a praia de Itapuã e ter sentido física e espiritualmente suas “palmas altas”, suas “águas que se movem” e sua “areia branca”, tão “assim: Caymmi”, como dizem os versos.

Igualmente, toca-me fundo “Boas-Vindas”, um samba-de-roda típico da região de onde Caetano vem, o Recôncavo Baiano. Isso porque o artista celebra a renovação da vida com a chegada de seu novo filho, Tom, ainda na barriga (“Lhe damos as boas-vindas, boas-vindas, boas-vindas/ Venha conhecer a vida/ Eu digo que ela é gostosa...”), cantando com a família e amigos (“Minha mãe e eu/ Meus irmãos e eu/ E os pais da sua mãe...”). O eterno companheiro Gilberto Gil, com sua inconfundível batida de violão; o “príncipe” Naná Vasconcelos, na percussão (talking drum, cerâmica e congas); e D. Edith do Prato, tocando, como diz sua alcunha, um prato de cozinha raspado com um talher. Ainda, Moreno, junto com os outros músicos, mantém o ritmo nas palmas, numa verdadeira festa de interior animada ao som de samba rural. Lindíssima.

Dando uma estratégica pausa nessa sequência, a complexa “Ela Ela” carrega um manancial de referências e sensações. Apenas com Caetano à voz e Arto Lindsay na guitarra, é uma verdadeira peça avant-garde. O característico som do instrumento de Arto, com sua afinação diferenciada e em altas distorção e amplificação, cria traços sonoros que se assemelham aos criados por Cage com seu piano preparado, às cordas agudas de Ligeti, às percussões exóticas de Xenakis e aos ruídos eletroacústicos das fitas magnéticas de Stockhausen. Caetano, por sua vez, exercita um arranjo vocal assimétrico e dissonante, o que, junto aos grunhidos da guitarra, formam não uma melodia palpável, mas um corpo sonoro de puro atonalismo. A letra, por sua vez, remete ao modernismo e ao dadaísmo. “Ela Ela”, no entanto, não lembra apenas essas pontes externas. Na própria obra de Caetano ele já visitara os caminhos da vanguarda (e seguiria visitando, haja vista a “doidecafônica” “Doideca”, do disco “Livro”, de 1997, ou “Cantiga de Boi”, de “Noites do Norte”, 2001). Na trilha que compusera para o filme “São Bernardo”, em 1971, nota-se também semelhanças pelo estilo de canto. Igualmente, nas colaborações com Walter Smetak, nas experimentações de “Araçá Azul” (1973) e “Jóia” (1975) e na explosão moderno-nordestina “Triste Bahia”, do memorável disco "Transa", de 1972.

Se “Ela Ela” quebra a emotividade com seu hermetismo, “Santa Clara, Padroeira da Televisão” volta a fazer os olhos marejarem. Numa interessante abordagem sobre a simbologia e a relevância da tevê, Caetano desmistifica a visão preconceituosa geralmente atribuída a esta mídia (“Que a televisão não seja sempre vista/ Como a montra condenada, a fenestra sinistra/ Mas tomada pelo que ela é/ De poesia...”) e, ainda por cima, expõe recordações e impressões pessoais muito belas (“Quando a tarde cai onde o meu pai/ Me fez e me criou/ Ninguém vai saber que cor me dói/ E foi e aqui ficou...”). Coisa de poeta. Ao final, depois de todos os instrumentos calarem, ainda um improvável solo de trompete bem jazzístico.

Viro de lado a minha fita e me deparo com bucolismo e melancolia. É a versão de Caetano para um baião clássico: “Baião da Penha”, em que reduz o compasso festivo do ritmo para criar uma peça extremamente sensível e chorosa. Caetano a canta no mais alto nível técnico apenas acompanhado de seu próprio violão. Em seguida, “Neide Candolina”, talvez a mais pop do disco cujo brilhante arranjo coloca o baixo e a guitarra em segundo plano para destacar o ritmo da bateria, o arranjo de voz criado por Bebel e, principalmente, os samples do mestre Ryuichi Sakamoto, o compositor japonês mais brasileiro da world music. São os efeitos eletrônicos de Sakamoto que dão o direcionamento da canção, que, ao que se nota só pela descrição, é diferenciada e original.

Tanto quanto é a letra de “Neide Candolina”, que homenageia a professora de Língua Portuguesa que Caetano tivera no primário e com a qual me identifico tamanhamente. Isso porque eu também tive minha “Neide Candolina”: professora Berenice Brito, a Berê. O significado de Berê para mim, também homem das letras, é muito parecido dada a importância formativa que ele atribui à sua mestra. Primeiro, o fato de serem duas “pretas chiques”, “lindas” e “elegantes”, ambas ostentando seus cabelos “pixaim Senegal” onde estiverem, seja na “sua suja Salvador” (no caso de Berê, na também emporcalhada Porto Alegre) ou na “Europa” – ainda mais pelo fato de Berê ter um namorado italiano e ir para o Velho Mundo seguidamente. Igualmente, há a parte em que ele diz: “Tem um Gol que ela mesma comprou/ Com o dinheiro que juntou/ Ensinando Português no Central”. Dadas as devidas localidades e modelos, Berê, que ensinou a mesma matéria a mim e a centenas e centenas de alunos gaúchos na Intercap, tendo se aposentado exercendo isso, também tinha um veículo próprio Wolkswagen (um fusca). Afora todas essas coincidências, ainda o exemplo de caráter e cidadania é característico das duas. Se Neide “nunca furou um sinal” por ser uma “preta correta democrata social, racial”, lembro claramente de Berenice fazendo qualquer aluno (mesmo os que se davam bem com ela, como eu) redigir repetidas vezes como tema de casa todo o hino nacional caso ela tivesse percebido um erro na hora de ouvir-nos cantá-lo.

O clima animado é substituído, em seguida, por um de epicismo e contemplação. É “A Terceira Margem do Rio”, outra obra-prima do disco que se trata de, nada mais, nada menos, uma das raras parcerias de Caetano com outro mestre da música brasileira: Milton Nascimento. Encomendada para a trilha sonora do filme homônimo de Nelson Pereira dos Santos, baseado na obra de Guimarães Rosa, carrega a atmosfera rica e densa do escritor tanto na elegante melodia quanto na letra de alto poder poético de Caetano. O que são de bonitos esses versos? “Meio a meio o rio ri/ Por entre as árvores da vida/ O rio riu, ri/ Por sob a risca da canoa/ O rio riu, ri/ O que ninguém jamais olvida/ Ouvi, ouvi, ouvi/ A voz das águas...”. A música, típica composição de Milton, traz seu tom grandioso, muito brasilianista mas quase românico, e isso apenas em violões e percussões (cerâmica, caxixi e cabaça).

Não deixando a bola cair, “O Cu do Mundo”, bossa-nova meio rock com direito a samples e urros da guitarra de Arto, é outras das mais legais do disco. Lembro-me de ouvi-la na antiga (e finada) Ipanema FM e me impressionar com aquela letra indignada e sem papas na língua: “O furto, o estupro, o rapto pútrido/ O fétido sequestro/ O adjetivo esdrúxulo em U/ Onde o cujo faz a curva/ (O cu do mundo, esse nosso sítio)”. A palavra “cu” dita de forma aberta, no título, era uma das primeiras mostras conscientes de libertação da censura que o Brasil recentemente vivia e que descambaria na idiotice desbocada dos Mamonas Assassinas. À medida que as partes vão se repetindo, vão entrando as vozes convidadas: primeiro, de Gilberto Gil e, depois, de Gal Costa, num arranjo vocal precioso que Caetano forjaria de maneira semelhante novamente 19 anos depois na música “Cobra Coral”, quando chamara para dividir os microfones com ele Lulu Santos e Zélia Duncan. Até o jazzista Butch Morris faz uma ponta em “O Cu do Mundo”, com um intenso solo de corneta, certamente contribuição como produtor de Arto, o pernambucano mais norte-americano da world music.

Canção irmã de “Você é Linda” (e de “Você é Minha”, que seria gravada seis anos depois em “Livro”) “Lindeza”, romântica e suave, é realmente muito bela. Juntamente com o violão-base, estão o contrabaixo, as cordas e o piano de Sakamoto, que retorna para finalizar o disco em grande estilo num arranjo criado a seis mãos por ele, Arto e Caetano. Um acorde grave e ressonante do piano desfecha esse disco irrepreensível, resultado de um momento de aperfeiçoamento das técnicas de estúdio (foi gravado no Brasil e em Nova York, onde também foi mixado e masterizado) e de boas parcerias com a permanente criatividade de Caetano. “Circuladô” é tão representativo que passou a servir como referência para outros discos do próprio autor no que se refere à arquitetura de repertório. Além das parecenças que já mencionei durante essa resenha, isso fica evidente ao se fazer ainda outros paralelos, como os começos pop de “Zii et Zie” (2009, com “Perdeu”) e "Abraçaço" (2012, com “A Bossa Nova é Foda”), a musicalização de autores da literatura como tema principal do projeto (“Noites do Norte”, este sobre texto de Joaquim Nabuco) ou a faixa dedicada à indignação político-social (“Haiti”, de “Tropicália 2”, de 1993, e “A Base de Guantánamo”, de “Zii et Zie”).

Quanto a mim, o impacto que “Circuladô” exerceria seria ainda maior. Com apenas 13 anos, fui ao show de sua turnê em Porto Alegre, no antigo Teatro da Ospa, o primeiro que assisti sozinho em minha vida. Claro que eu, negro de classe média e muito jovem, era uma entidade estranha naquele lugar, principalmente considerando aquela Porto Alegre de era Collor em que a maioria dos meus pares ou não se interessava, ou se constrangia em ir ou não tinha condições de ver um espetáculo como aquele. Mas os olhares eram mais de admiração do que de censura. Para mim, foi divertido e emancipador. No entanto, mais do que isso, foi a partir dali que definitivamente me apaixonei pela obra e pelo universo de Caetano. Foi a partir dali que meu amor por ele resplandeceu. Foi a partir dali que tudo virou fulô.

vídeo de "Fora da Ordem", Caetano Veloso

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FAIXAS:
1. Fora da ordem
2. Circuladô de fulô (Caetano Veloso/Haroldo de Campos)
3. Itapuã
4. Boas vindas
5. Ela ela (Veloso/Arto Lindsay)
6. Santa Clara, padroeira da televisão
7. Baião da Penha (Guio de Morais/David Nasser)
8. Neide Candolina
9. A terceira margem do rio (Veloso/Milton Nascimento)
10. O cu do mundo
11, Lindeza

todas as composições de autoria de Caetano Veloso, exceto indicadas.
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OUÇA O DISCO:







quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

James Brown – “Live At the Apollo – Volume II” (1968)



“- O groove é uma batida do coração.
Mexe com tudo em você, forte e simples.
Isso é groove.
- E como você se define exatamente?
- Acabei de definir, moça.”
 Diálogo entre James Brown e uma repórter do filme
“James Brown – Get on Up”,
que estreia no Brasil este ano



Considero-me uma pessoa do meu tempo, por isso não lamento não ter vivido determinado momento no passado. Com raras exceções. Queria ter estado, por exemplo, em 1913, na estreia d’”A Sagração da Primavera”, de Stravinsky, quando a companhia Ballets Rousses, coreografada por Nijinsky, escandalizou Paris e o mundo com aquilo que se tornaria uma revolução nas artes cênicas e na música contemporânea. Também, se pudesse, estaria em 1940, na première de "Cidadão Kane", clássico divisor de águas do cinema moderno, de Orson Welles, quando, indignados com tamanhos “atrevimento” e “impropriedade”, exibidores jogavam na calçada da entrada de seus cinemas os rolos do filme para quem quisesse ficar com “aquilo”. Queria ter visto a surpresa na cara dos espectadores dentro da sala de cinema deparando-se com aquela narrativa irregular e até então inédita (vejam que não tem nada de homem pisando na lua ou título da Seleção de 70).

Pois outro desses raros eventos que gostaria de ter vivido é o show que James Brown apresentara no Apollo Theatre, casa de espetáculos encravada no bairro negro do Harlem, em Nova York, naquelas duas históricas noites de 24 e 25 de junho de 1967.  À época, nem pensava em nascer ainda. Mas para a minha felicidade e de toda a humanidade, esta apresentação foi registrada e transformada em dois LP’s um ano depois, o que diminui em parte meu pesar. Não dá pra enxergar Mr. Dynamite dançando enlouquecidamente, seus trejeitos sensuais, sua boca gesticulando para cantar, a expressão delirante no rosto do público, o suor escorrendo de sua testa e da dos integrantes da banda enquanto sustentam o som minutos a fio para Brown entreter a plateia. Não, não dá pra ver. Mas se sente. O show é tão contagiante, tão efusivo, tão emocionante que é quase como estar lá presente, no meio da galera. Delirando.

A exemplo do primeiro volume por ele gravado no mesmo teatro, em 1962, “Live at the Apollo” é esfuziante. Uma aula de soul music. O script em si já contém pompas de grande espetáculo. Antes de começar o show, o mestre-de-cerimônias Charles Bobbit entra no palco e anuncia, em ordem cronológica, os números que serão executados, ditando o título de cada um intercalado por um golpe na caixa da bateria. Como que dissesse: “preparem-se, pois vem aí chumbo grosso!”. E de fato é o que acontece. Finalizada a abertura, ouve-se Bobbit dizendo efusivamente: “James Brown, ladies and gentlemens!” A partir dali entra-se no mundo do Godfather of Soul. Brown sobe ao palco, enlouquecendo a plateia, que explode em festa. Imediatamente, o clássico “Think” começa a tocar seu ritmo contagiante de mais puro rithum n’ blues. Em dueto com Marva Whitney, Brown dá início àquela apresentação, que se tornaria memorável.

Mal “Think” termina e já emenda com “I Wont to be Around”, uma das baladas do repertório, que fez o ritmo desacelerar. Em compensação, os ânimos continuam a mil, dada a sensualidade e o groove que se emitem da rouca voz de Brown. Que vocal! Uma naturalidade e um alcance de tons impressionantes, que variam da emissão mais sussurrada ao famoso grito agudo, sua marca registrada, que só um verdadeiro cantor gospel criado nas igrejas Batista americanas é capaz de fazer. A banda, bem como a Famous Flames, dupla vocal formada por Bobby Byrd e Bobby Bennett que acompanha o grupo, está afiadíssima. É o que se vê no R&B “That’s Life” e no bluesão “Kansas City”. Depois de uma pausa, anunciada por Bobbit, o show reinicia, passando a ter apenas composições do próprio Brown (à exceção da linda “Prisioner of Love”), e aí a coisa esquenta de verdade! Uma sequência funk de tirar o fôlego engata “Let Yourself Go”, “There Was a Time”, “I Feel All Right” (na qual ele começa sua interatividade com a plateia, brincando com os tempos da música e gesticulando tão sugestivamente que dá pra enxergá-lo tal a reação do público) e “Cold Sweet”, esta, a música que inspirou o riff da clássica "So What" de Miles Davis (que, fã, inteligentemente apenas inverteu as notas). A já citada bateria de John “Jabo” Starks e Clyde Stubblefield, aliada à percussão de Ronald Selico, dão um show à parte. Timbre perfeito, encaixe perfeito, ritmação perfeita. Igualmente, as guitarras de Jimmy “Chank” Nolen e Alpholson “Country” Kellum seguram todas do início ao fim.

Comandados por Alfred “Pee Wee” Ellis, arranjador da banda e responsável pelo órgão e sax alto, Brown e Cia. arrasam na terceira parte do show. O naipe de metais (que ainda conta com Maceo Parker e L.D. Williams nos saxofones tenor; St. Clair Pinckney, no sax barítono; Waymon Reed e Joe Dupars, nos trumpetes; e Levi Harbury, no trombone de vara) manda a irresistível “It May Be the Last Time”, das melhores do mestre. O hit “I Got You (I Feel Good)” – talvez seu maior sucesso tanto na versão original, de 1964, quanto na mais funkeada, que gravara em 1975 – vem, aqui, num pequeno e agitado R&B, quase uma vinheta. Em seguida (antecedida pela ótima “Out of Sight”, também curta), “Try Me”, de seu primeiro disco, de 1959, tira o pé do acelerador novamente, noutra balada melodiosa. Aí vem talvez o melhor do show – o que, a esta altura, é uma atitude quase improvável. A quarta parte começa com a matadora “Bring it Up”, que põe todo mundo pra dançar (sei que não é possível ver, mas quem teria ousado ficar parado?).

Depois de incendiar bem o público é hora de descansá-los, certo? Mais ou menos. Que o ritmo cai, é fato. Mas o que os próximos 17 minutos e 27 segundos promovem é daquelas coisas que, essas sim, me deixam com inveja de não ter estado lá. “It's a Man's Man's Man's World”, das mais célebres canções de sua carreira, e “Lost Someone”, irrepreensível, formam um medley em que, se o compasso é mais lento, a interpretação de Brown, sua entrega, sua qualidade vocal, sua alma, sua interação orgânica e quase sexual com o público, ao contrário, deixam o clima realmente agitado.

Nestas duas, Brown despeja toda a intensidade existencial de ex-boxeur e quase marginal que, por essas obras divinas, virou um dos maiores artistas de seu tempo. Na letra de “It’s a Mans...”, ele critica a sociedade machista e se revela: “o homem está perdido na selva/ Ele está perdido na amargura”. E ainda complementa filosófica e romanticamente: “O homem fez os carros para nos levar para a estrada/ Homem fez os trens para transportar cargas pesadas/ O homem fez a luz elétrica para nos tirar do escuro/ O homem fez o barco para a água, como Noé fez a arca/ Trata-se de um homem, um homem, um mundo de homens/ Mas não seria nada, nada sem uma mulher ou uma garota. Gritos ensandecidos do público a cada frase cantada, a cada suspiro, a cada movimento sugestivo no palco, tomados por aquela força negra avassaladora à sua frente. Ele domina a plateia como um encantador de serpentes. O público, hipnotizado, acompanha todos os seus passos, atende a todos os seus comandos. Estão magnetizados.

O final disso? A apoteose. “Please, Please, Please”, num soul mil vezes mais quente que sua original, é a despedida e também quando e acontece uma cena tão marcante que chega a ser visível só ouvindo-a. Num estado catártico, Brown, tomado pela música, pelo show, pelo clima, pelo público, canta, grita e dança. O Apollo Theatre vem abaixo! No meio da performance, o rei do soul deixa o pedestal do microfone cair no chão mas, inebriado, nem percebe e segue dançando, enquanto a galera quase desvanece de tanto êxtase. O apresentador Charles Bobbit, então, recolhe o microfone e, sem mais o que dizer, simplesmente exalta aquele mito que está ali no palco, a seu lado, concluindo um show sabidamente histórico já naquele exato momento. “James Brown! James Brown! James Brown! Esse é Sr. Dynamite, o rei do rithum n’ blues. James Brown!”. O que mais ele conseguiria dizer, né?

A importância de James Brown para a história da música é incalculável. Criador de um dos gêneros musicais mais difundidos e absorvidos do mercado do entretenimento, o funk, foi inspiração para toda a geração em estilo, sonoridade, estética e atitude. A soul music, o rock, o jazz, a MPB, todos beberam nele. De Sly & Family Stone a Beatles, de George Clinton a Erasmo Carlos, de Rolling Stones a Lenny Kravitz, de Miles a Morcheeba. O rap ou o britpop dos anos 90 nem existiriam, pra se ter ideia. Além disso, foi Brown quem, de fato, ensinou o mundo pop a dançar, liberando o salão para outros grandes bailarinos populares como Michael JacksonMadonnaPrince e John Travolta. “Live at the Apollo”, evidentemente, não é o seu único grande álbum, mas é certamente um exemplo fiel da magnitude de sua obra. Ainda mais por superar o fato de ser duplo e ao vivo, o que me contraria duplamente, que geralmente prefiro os trabalhos de estúdio e em formato simples.

Contraria, entretanto, mais do que somente meu gosto pessoal. Lembro-me da difundida tese do filósofo da comunicação Walter Benjamin de que a obra de arte perde a sua “aura” quando reproduzida, ou seja, quando passada para outra plataforma, submergem-lhe junto suas autenticidade e alma, mesmo quando tecnicamente bem copiada. Parece que James Brown consegue, misteriosamente, subverter essa lógica e preservar intacta toda a emoção do “aqui e agora” que se presenciou naquelas fatídicas noites de junho de 1967. Quem esteve lá, viu; mas quem não esteve, consegue captar o calor da emoção, a “aura” do momento apenas ouvindo. Isso é possível perceber-se até hoje, quase 50 anos depois, através das milhares de cópias que o mundo tecnológico oferece. E quem há de duvidar um feito desses vindo de um cara cujo apelido é justamente “o padrinho da alma”?
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FAIXAS:
1. Introduction – 0:32
2. Think – com Marva Whitney (Pauling) – 2:54
3. I Wanna Be Around (Mercer/Vimmerstadt) – 3:09
4. James Brown Thanks – 1:11
5. That's Life (Duke/Harburg) – 4:05
6. Kansas City (Leiber/Stoller) – 4:49
7. Medley – 14:54:
- "Let Yourself Go" (Brown/Hobgood) – 6:34
- "There Was a Time" (Brown/Harris/Hobgood) – 2:45
- "I Feel All Right" (Brown/Hobgood) – 5:35
10. Cold Sweat (Brown/Ellis/Ellis/Lindup) – 4:43
11. It May Be the Last Time (Brown/Wright) – 3:06
12. I Got You (I Feel Good) (Brown) – 0:38
13. Prisoner of Love (Columbo/Gaskill/Robin) – 7:25
14. Out of Sight (Brown/Wright) – 0:26
15. Try Me (Brown/Marley) – 2:54
16. Bring It Up (Hipster's Avenue) (Brown/Jones) – 4:38
17. Medley – 17:27
- “It's a Man's Man's Man's World” (Brown/Jones/Newsome) – 11:16
- “Lost Someone (Brown/Byrd/Stallworth/Stallworth) – 6:21
18. Please, Please, Please (Brown/Terry) – 2:44

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OUÇA O DISCO:






terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Superbowl XLIX - Um jogo para ficar na memória



Neste último domingo dia 01/02/2015, conhecemos o mais novo campeão da NFL (liga Nacional de futebol americano dos Estados Unidos). A NFL tem 32 duas equipes que são distribuídas em duas conferências AFC (Conferência Americana) e a NFC (Conferência Nacional), cada conferência tem 16 equipes, e o campeão de cada conferência (vamos pular os playoffs e ir direto para o que interessa) ganha o direito de disputar a gloriosa final, conhecida como SUPER BOWL.

O SUPER BOWL é uma final de jogo único, em um estádio já definido antes do começo da temporada. Este ano SUPER BOWL XLIX aconteceu no University of Phoenix Stadium, em Glande, Arizona (Estádio do Arizona Cardinals) e na disputa pelo título tivemos New England Patriots (campeão AFC) contra Seattle Seahawks (campeã NFC e atual campeão do SUPER BOWL).

LaFell abrindo o placar.
Um início de partida bem movimentado, onde conseguimos ver como seria o jogo, o QB do Patriots Tom Brady (marido de Gisele Bündchen) variando seus passes, colocando todos os seu recebedores para jogar, mas sempre com passes curtos evitando o confronto com "legion of boom" (como é conhecida a espetacular secundária do Seahawks ), mesmo sofrendo uma intercepção, Tom Brady não diminui o ritmo e seguiu controlando o jogo. Do outro lado, o Seahawks fazia campanhas rápidas, não ia muito longe, mas o RB Marshall Lynch, assim como foi durante todo temporada seguia quebrando tackles e conseguindo bons avanços terrestres, o QB Russel Wilson de Seattle, mostrava toda sua frieza e técnica apurada para sair do pocket, e procurar alvos livres para seus passes, mas com a boa marcação da secundária do Patriots, Wilson acabava resolvendo com as pernas (uma de suas grandes qualidades) e assim conquistava algumas Jardas, com esse equilíbrio,
O primeiro quarto terminou empatado 0 x 0

"The Beast" Lynch empata o jogo.
O segundo quarto continuou movimentado, mas agora com touchdowns, com um passe de Brady,  LaFell abriu o placar da partida, em seguida tivemos o empate do Seahawks com uma corrida  de Lynch. Então entra ação uma das melhores duplas da NFL, Brandy e Gronkowski, com um belo passe de Brady, Gronk faz os Patriots voltarem à frente do placar.
Estamos no final do segundo quarto, indo para intervalo do jogo, quando novamente aparece Chris Matthews, WR do Seahawks, para uma recepção para touchdown, Matthews já tinha feito uma bela recepção na campanha do primeiro touchdown de Seattle, o surpreendente, é que ate então ele não tinha feito nenhuma recepção na temporada, a bola nunca tinha sido jogada na sua direção em toda sua vida, sequer Russel Wilson sabia que ele existia antes do jogo (bom esse último é mentira, acho que me empolguei com o lance, desculpa). Então vamos para o intervalo com um empate, e a certeza de que teremos um segundo tempo fantástico.

A bela Katy Perry comandou o show do intervalo.
Bom, intervalo, vamos ao banheiro, trocar de canal, repor o estoque guloseimas... Que nada, não dá tempo para isso, pois aí vem o famoso show do intervalo do SUPER BOWL, onde já tivemos Michael JacksonMadonnaRolling StonesThe Who, entre outros grandes artistas, esse ano ficou por conta da bela Katy Perry animar o público. O show visualmente, foi um espetáculo grandioso, o palco fantástico, show de luzes e fogos, trocas de figurinos, Katy foi embora voando em uma estrela, tudo incrivelmente lindo, já as músicas, foram todos os principais hits da cantora americana, não que eu não goste de Katy, a voz dela é muita boa, ela estava super animada, presença de palco nota dez, mas foi cansativo,  uma dela já bastava, até porque, Lenny kravitz só foi fazer número, ficou no palco uns 30 segundos, e a rapper Missy Elliott só cantou uma parte de "Lose control" (música que me agrada bastante), resumo para quem estava em Glendale:  Viu um belo espetáculo e pode dançar, pois sentiram a energia de perto, já pela TV, só ficou o belo espetáculo. No início da partida tivemos também o cantor John Legend cantando “American The Beautiful" e Idina Menzel (let go, let go...sim a voz do sucesso de Frozen)  interpretando o Hino norte americano.

Ainda aproveitando a pausa do jogo vou falar rapidamente sobre os trailers que passaram durante as paradas de jogo, ao longo de toda partida (apenas para TV americana). Diversos blockbusters estão por vir aí, vou destacar alguns que irão fazer barulho aqui no Brasil (acredito que não muito pela qualidade dos filmes, mas sim pele mídia feita em cima deles): 1) Tomorrowland (baseado em uma das atrações de sucesso do parque da Disney, assim como Piratas do Caribe, pode sair coisa boa ai); 2) Vingadores - Era de Ultron ( vai ser f0d@);  3)Divertida Mente (essa animação é uma das grandes apostas da Disney/ pixar para o ano); 4) Jurrasic World (a nostalgia me levará ao cinema); 5) Velozes e Furiosos 7 ( Sete já? Chega, né?);  6) Ted 2 ( mais do mesmo);  7) Minions (vai ser f0d@);  8) O Sétimo filho (vamos dar uma chance); 9)Cinquenta tons de Cinza (Hummmmm, não verei no cinema, desculpa); 10) O Exterminador - Genesis (Não sei se eu quero mais um filme do exterminador); 11) Divergente : Insugente (Mais do mesmo)  e 12) Bob Esponja: Um herói fora d'água (boas risadas com o Patrick).

Gronkowski recebe um belo passe de Brady
e coloca o Patriots novamente em vantagem.
Agora voltamos ao jogo, o segundo tempo começa com o Seahawks melhores, já conseguindo um field goal e passando a frente do placar pela primeira vez. Melhores na partida, o Seahawks amplia o placar com touchdown de Doug Baldwin, que foi encontrado por Wilson, sozinho, passeando pela end zone dos Patriots.

Com o ataque funcionando bem e a defesa mostrando porque é uma das melhores da NFL, o Seahawks parecia que caminharia tranquilamente para o bi campeonato, só não combinar isso com um certo Tom Brady.

Malabarismo do ataque de Seattle para
colocar a bola na linha de uma jarda.
No último quarto Brady conduziu o seu time a uma incrível virada, com duas campanhas perfeitas que terminaram em dois touchdowns, um de Amendola e outra quase no final da partida de Eldeman. O jogo está ganho, pode começar a festa em New England... Não, ainda não, pois o Seahawks vai para a sua campanha final, e com uma recepção circense (meio malabarista, e meio palhaço), Lochette consegue deixar seu time na linha de uma jarda. Pronto acabou, pode começar a festa em Seattle. Eles irão fazer um "pass rush" para Marshall Lynch, que vai quebrar tackles e fazer o touchdown da vitória, mas nada disso acontece, não sabemos por que, mas eles tentam um passe curto e acabam sendo interceptados na linha de uma Jarda, faltando 20 segundos para acabar o jogo, é inacreditável, interceptação feita pelo CB Butler, sua primeira intercepção na carreira, e ela acaba decidindo o SUPER BOWL. Final mágico, cheio de emoção e Patriots campeão, 28 a 24.

Buttler, o calouro, decidiu o Superbowl.
Ao invés de ficar questionado o culpado pela horrível chamada ofensiva do Seahawks, prefiro falar de uma lenda viva, Tom Brady, que já era considerado um dos melhores quaterbacks de todos os tempos, agora com seus quatro títulos (e mais uma vez escolhido o melhor jogador da final), recordista de passes para touchdowns em SUPER BOWLS, superando a lenda Joe Montana (grande ídolo de Brady), Brady pode ser considerado o melhor de todos os tempos? Não sei, mas sei que estamos vendo um homem fazer história, e se tornar uma lenda, um jogador devemos agradecer por ver ele jogar.


Parabéns para todos nós que assistimos esse inesquecível SUPER BOWL XLIX!

Brady, uma lenda do esporte da bola oval,
celebrando o título de campeão dos Patriots.



Vagner é fã e praticante de futebol americano,
jogador do Restinga Red Skulls, de Porto Alegre.