Estive há pouco tempo em Petrópolis onde já havia ido algumas vezes e já visitara tradicionais pontos turísticos da cidade como o Museu Imperial, a Casa de Santos Dumont, a bela catedral de estilo neogótico, entre outros, mas como não ia lá a fazia alguns anos não conhecia o Museu de Cera, atração relativamente nova, inaugurado em 2011, e que me surpreendeu positivamente.
Ele é modesto, pequeno, não é nenhum Madame Tussaud de Londres mas não decepciona. Se não tem um grande número de peças, as que apresenta são de um modo geral, ótimas reprodução de impressionantes semelhanças, feitas, a propósito, por um escultor norte-americano que tem obras no mencionado famoso museu londrino.
A reprodução de Dom Pedro II, embora, obviamente, nunca tenha visto pessoalmente o monarca brasileiro, espanta pelo realismo; Michael Jackson e Gilberto Gil também são extremamente vivos e reais; Einstein e o Papa João Paulo II merecem destaque igualmente; e há ainda os personagens de cinema como Batman, Jack Sparrow, o extraterrestre ET, entre outros, não menos bem representados em suas estátuas.
Se for à serra fluminense, em especial a Petrópolis, além da bela paisagem, dos prédios históricos e da boa gastronomia, vale a pena conhecer o Museu de Cera, um dos poucos do gênero no país e, com certeza, pelo padrão de qualidade das obras, um dos melhores.
Ayrton Senna, logo na entrada da exposição.
Dom Pedro II impressiona pelo realismo.
Ótima escultura do Papa João Paulo II.
Einstein e suas anotações.
Gilberto Gil muito semelhante também.
Michael Jackson, outra das obras que chama a atenção.
O mestre do suspense Hitchcok.
O blogueiro tentando tirar uma casquinha da Marylin.
(Ih, é cera!)
Museu de Cera de Petrópolis
endereço:Rua Barão do Amazonas, 35 – Centro - Petrópolis - RJ - tel: (24) 2249-1595
visitação:terça a domingo, das 10h às 17h. Sábados: 10h às 18h. ingresso:R$ 32,00 e R$ 16,00 (estudantes e idosos)
grupos acima de 15 pessoas terça a sexta : inteira R$28,00 / meia R$14,00. moradores de Petrópolis:R$25,00 c/comprovante
“Quando terminamos as bases e os
vocais para aquela leva de músicas, começamos a ensaiar um material que poderia
render ainda mais um disco, mas que eu havia composto para o filme. Quando
‘Little Creatures’ saiu, eu já estava no Texas para filmar ‘True Stories’. Levei as fitas de multicanal com as nossas faixas-base para as músicas do filme
até o set de filmagens em Dallas e adicionei um pouco do tempero texano”.
David
Byrne,
em seu livro
“Como funciona a música”.
O ano de 1986 é especial para quem pegou o rock dos anos 80. Talvez junto
apenas com o ano anterior (que viu nascerem "Meat is Murder", dos Smiths, "The Head on The Door", do The Cure, e "Psycho Candy", da The Jesus and Mary Chain),
tanto no Brasil quanto fora houve discos essenciais de bem dizer todas as
grandes bandas e artistas da cena pop da época. No cenário internacional, em
especial, muitos se superariam no sexto ano da chamada “década perdida”. Siouxsie and the Banshees poria na praça o sucesso “Tinderbox”, a P.I.L; de John Lydon chegaria ao auge com "Album" e Smiths e New Order estourariam nas
rádios com “The Queen is Dead” e "Brotherhood" respectivamente, para ficar em apenas quatro exemplos. Embora de sonoridades distintas, mesmo que afim em certos
aspectos, o ponto que os unia era o fato de que, já trilhados alguns anos e
discos lançados, todos chegavam naquele momento mais maduros e donos de sua música.
Assim, 1986 trouxe uma culminância de grandes álbuns não por coincidência, mas
por que representou o desenvolvimento artístico da geração vinda do punk.
Essa onda atingiu outra grande banda do final dos 70/início dos 80: o Talking Heads. Liderados pelo talentoso
esquisitão David Byrne, os Heads, surgidos na cena punk nova-iorquina, haviam largado
com o referencial "77", daquele ano, passado pela brilhante trilogia com Brian Eno (“More Songs about Bouildings and Food”/"Fear of Music"/"Remain in Light")
e pelo bom “Sepeaking in Tongues”, além de mais três registros ao vivo. Nesse
transcorrer, atravessaram a virada dos anos 70 para os 80 avançando em estilo e
personalidade. Se no começo, comandados pelo produtor Toni Bongiovi, foi o
proto-punk e, logo em seguida, Eno os tenha empurrado para o experimentalismo
pós-punk e para a world-music, em
“Speaking...”, de 1982, passam a produzir a si próprios e mostram uma intenção
pop-rock mais refinada. Afinal, a criatividade de Byrne, seu principal
compositor, nunca correspondeu exatamente à tosqueira do punk-rock genuíno dos
colegas de CBGB Ramones e Richard Hell. Veio, então, outra joia da safra 1985:
“Little Creatures”, para muitos o melhor trabalho da banda e um dos ápices do
pop-rock dos Estados Unidos. De admirável musicalidade, trazia pelo menos dois hits
marcantes: “Lady Don’t Mind” e “And She Was”. Seriam Byrne & cia. capazes
de superar aquele feito? A resposta veio um ano depois, no fatídico 1986, não
apenas em um disco, mas num até então incomum projeto multimídia: o
disco-filme-livro “True Stories”,
que está completando 30 anos em 2016.
Para a época, o que hoje é comum no showbizz,
em que um artista grava o CD, DVD, videoclipe e um documentário num mesmo
espetáculo sem precisar gastar uma fortuna, foi bem impressionante a ousadia de
Byrne, o verdadeiro “head” do projeto.
Não se via uma proposta naquele formato até então, no máximo os abastados
clipes-filmes de Michael Jackson. Neste, entretanto, de feições quase intimistas,
Byrne, dentro de um mesmo tema, dirigiu um filme, atuou nele, lançou um livro
de fotos e textos e ainda criou de cabo a rabo um disco, componto-o e
produzido-o por inteiro. E mais: tudo de altíssima qualidade! Da turma que
aprendeu com Andy Warhol a transformar produto em arte, Byrne e seus habilidosos companheiros de grupo – a ótima baixista Tina Weymouth, o
competente baterista Chris Frantz e o versátil guitarrista e tecladista Jerry
Harrison – traziam três “produtos culturais” interligados mas independentes
entre si. Pode-se ver o filme e não comprar o disco ou ler o livro e por aí vão
as combinações. Há quem teve o primeiro contato com a obra, por exemplo,
através dos clipes da MTV (de certa forma, um quarto tipo de produto cultural)
e depois ouviu o disco ou assistiu ao filme.
Para se falar sobre as músicas, no entanto, é fundamental que se comece
abordando sobre o filme. Em "Histórias Reais" (tradução nos cinemas no Brasil),
um narrador, encarnado pelo próprio Byrne, percorre como um repórter a pequena
Virgil, no estado do Texas, em plena comemoração dos 600 anos da cidade, onde
encontra diversos personagens hilários e típicos. Conforme as situações vão se
apresentando, as músicas da trilha vão surgindo. Byrne, escocês radicado nos
EUA, cria um filme no qual engendra com delicadeza e humor uma crônica cotidiana
da vida norte-americana, tudo permeado por um olhar aparentemente infantil mas
carregado de perspicácia e ligado à relação emocional do autor com o seu lugar.
Lindamente poético, algo entre o documental e a fantasia, o longa
sintetiza as belezas e as fragilidades do povo do país mais poderoso do mundo.
Como se vê, no filme está a razão do trabalho musical, pois este funciona
como uma trilha sonora que veste a narrativa da história filmada ao mesmo tempo
em que é “apenas” mais um disco de carreira do Talking Heads, seu sétimo de
estúdio. Na seara de avanço de seu próprio estilo, eles repetem acertos do
passado, principalmente de seu trabalho antecessor “Little Creatures”. A
começar, assim como o disco anterior, um pouco por coincidência “True Stories”
também tem dois hits marcantes. O primeiro deles é “Love for Sale”, que o abre.
A letra já denota com humor e distanciamento crítico o caráter pueril e
materialista do ser norte-americano, que põe tudo à venda, até – e
principalmente – o amor. “O amor está
aqui/ Venha e experimente/ Eu tenho amor pra vender”, canta, enquanto, no
clipe, imagens de publicidade pulam na tela em cores vibrantes e kitch. Divertido, o clipe é a própria
cena extraída do filme, numa total interação entre as obras. E que grande
música! A batida lembra a de “Stay up Late”, de “Little...”, só que mais
acelerada, e o riff, memorável, é
daqueles que se reproduz o som com a boca. Pode-se colocá-la na classificação
de perfect pop, músicas de estrutura
perfeita e próprias para tocar no rádio mas que guardam qualidades genuínas de
estilo e composição.
Com uma pegada bastante Brian Eno pela base no órgão, “Puzzlin'
Evidence“ – no filme, a cena de um culto religioso em que se projeta um vídeo
com as maravilhas da tecnologia e do poderio bélico e financeiro yankee – tem o vigor do gospel,
principalmente no refrão, com o coro cantando com Byrne: “Puzzling Evidence/ Done hardened in your heart/ Hardened in your
heart”. Em seu livro “Como Funciona a Música”, de 2012, ele comenta que
compôs as faixas de “Little...” e “True...” praticamente ao mesmo tempo, por
isso as semelhanças entre um e outro. No caso do segundo, o que já se
diferenciava em sua cabeça era a aplicação: seriam músicas para o filme que ainda
pretendia rodar. Assim, já no Texas para inteirar-se das locações, levou
consigo as demos ainda por finalizar e lá teve a ideia de inserir os elementos
mais peculiares do folk
norte-americano, como o acordeom Norteño, a steelguitar e o coral de igreja
protestante de “Puzzlin'...”.
Durante todo o disco, a bateria de Chris é especialmente amplificada,
ótimo ensinamento pescado da faixa “Television Man”, de “Little...” – resgatada,
porém, de antes, pois já nota-se isso em “Electric Guitar”, de “Fear of Music”,
de 1979. Pois a caribenha “Hey Now” é marcada com essa batida forte,
acompanhada de bongôs e de uma guitarrinha ukelele,
a mesma que faz um solo totalmente no espírito ula-ula. Por conta de seu ritmo e melodia quase lúdicos, no filme,
Byrne a arranjou diferentemente: são crianças, todas com instrumentos
improvisados como pedaços de pau e latas, quem, numa das passagens mais bonitas,
entoam os versos: “I wanna vídeo/ I wanna
rock and roll/ Take me to the shopping mall/ Buy me a rubber ball now”.
“Papa Legba”, das melhores de “True...”, é outra que mostra como a
banda aprendeu consigo própria. A programação eletrônica faz intensificar o
ritmo sincopado da música africana, que começa com percussões típicas do
brasileiro Paulinho da Costa, um craque, e um canto quase tribal extraído por
Byrne. Visível influência dos trabalhos com Eno, principalmente do world-music “Remain in Light”. O tema em
si é lindo: um canto ritualístico do vuduhaitiano (“Papa Legba” significa aquele que serve como intermediário entre
a loa – mundo dos espíritos – e o
homem) que é usado no filme quando o personagem de John Goodman, um homem em
busca de uma carreira como cantor, recorre a esta espécie de pai-de-santo –
vivido pelo cantor Pops Staple, que a canta lindamente. No disco, é Byrne quem
está nos microfones, esbaldando-se em seu vocal rasgado e emotivo.
O segundo lado no formato LP abre com outro hit e outro perfect pop: a sacolejante "Wild
Wild Life", marco dos anos 80 e da música pop internacional. Impossível
ficar parado se estiver tocando numa pista. Além da letra ácida, a canção, bem
como seu clipe, também extraído do filme, é superdivertida, num convite a se assumir
o “lado selvagem”. Várias pessoas, os integrantes da banda e atores, sobem num
palco em um programa de tevê fazendo playback
e interpretando as figuras mais exóticas. O refrão, de versos móveis, é daqueles inesquecíveis de tão naturalmente
cantaroláveis: “Here on this moutain-top/
Oh oh/ I got some wild wild life/ I got some news to tell ya/ Oh oh/ About some
wild wild life...”.
Alegre e ritmada, "Radio Head" lembra a levada das bandinhas
folclóricas europeias (as que migraram para os EUA em várias localidades),
ainda mais pelo uso da gaita-ponto. Mas, claro, com o toque todo dos Heads,
desde a forte batida de Chris, as percussões de Paulinho da Costa –
contribuinte costumaz da banda –, e o vocal aberto de Byrne, perito em criar
refrãos pegajosos, como o desta: “Transmitter!/
Oh! Picking up something good/ Hey, radio head!/ The sound... of a brand-new
world”, “Radio Head” guarda uma curiosidade: é a música em que Byrne se
inspirou num verso de Chico Buarque – de “O último blues”, da trilha do filme
“Ópera do Malandro” – e que, por consequência, inspirou o nome da banda inglesa, que juntou as duas palavras.
A melódica “Dream Operator” – que no filme transcorre numa engraçada
sequência de um desfile, mais bizarro e brega impossível – tem uma bela letra,
a qual versa sobre o eterno estado de sonho em que vivem os norte-americanos: “Todo sonho tem um nome/ E nomes contam a
sua história/ Essa música é o seu sonho/ Você é o operador de sonho”. Algo
nem bom nem ruim: apenas verdadeiro. Outra clássica do álbum, “People Like Us”,
tema-chave do filme, é, assim como “Creatures of Love”, de Little...”, um
típico country-rock, com direito a
guitarra com pedal steele de Tomy
Morrell. Uma verdadeira declaração de amor do estrangeiro Byrne para os EUA,
reverenciando a cultura daquele país e ao mesmo tempo totalmente integrado
nela. Os versos iniciais dizem tudo: “Quando
nasci, em 1950/ Papai não podia comprar muita coisa para nós/ Ele disse:
‘Orgulhe-se do que você é’/ Há algo de especial em pessoas como nós”. E o
refrão, dentro da mesma ideia de “Creatures...”, não deixa por menos,
impelindo-nos a enxergar a alma norte-americana com um olhar mais humano: “Não queremos liberdade/ Não queremos
justiça/ Só queremos alguém para amar”.
De ritmo parecido a outra faixa de “Little...”, “Walk it down”, bem
como a outras daquele álbum no refrão de coro em tom entoado, como “Perfect
World” e “Road to Nowhere” (a ideia vem desde o primeiro trabalho com Eno, em
“The Good Thing”, de 1978), “City of Dreams” desfecha a obra com puro lirismo.
A letra fala da perda de identidade provocada pelas aculturações e dizimações,
algo muito presente na formação de sociedades modernas como a norte-americana: “Os índios tinham uma lenda/ Os espanhóis
viviam para o ouro/ O homem branco veio e os matou/ Mas eles não sabem quem realmente
foram”. Porém, artista sensível como é, Byrne joga luzes otimistas sobre o
futuro daquela nação e suas gentes, tendo como metáfora a pequena Virgil: “Vivemos na cidade dos sonhos/ Nós dirigimos
na estrada de fogo/ Devemos despertar/ E encontrá-la por fim/Lembre-se disso,
nossa cidade favorita”.
Se “True...” deve muito a “Little...”, que lhe serviu de espelho em
vários aspectos, também é fato que o disco de 1986 supera seu antecessor em
completude conceitual, uma vez que conversa o tempo todo com a obra filmada e,
consequentemente, com o trabalho fotográfico posto em páginas. Além do mais, o
sucesso alcançado por “True...”, seja motivado pela mídia televisiva e
radiofônica ou pelas telas do cinema, foi consideravelmente maior de tudo o que
já jamais conseguiriam, tendo em vista que “Wild Wild Life” ficou por 72
semanas no 25º posto da Billbord, melhor posição de uma música da banda nesta
parada. Comparações afora, o fato é que ambos os discos revelam um grupo no auge
de sua capacidade criativa, produzindo música pop sem descuidar das próprias
intenções e aspirações.
Tudo isso está ligado bastantemente à iniciativa de David Byrne que,
com o passar do tempo, foi se tornando cada vez mais o principal compositor e criador
da banda, a ponto de passar a ser o único. Assim, se “True...” é o ápice dos
Heads, também é o começo de seu declínio. A redução paulatina mas permanente da
participação de Chris, Tina e Jerry enfraqueceu-os enquanto conjunto, sufocando
os companheiros de Byrne. O fim estava próximo. Ainda tentaram um sopro de
comunhão, “Naked”, de 1988, mas o mais fraco álbum deles só serviria para
denotar que não tinha mais saída que não a separação de uma das grandes bandas do
pop-rock mundial. Os discos, porém, estão aí até hoje, longe de se datarem e
donos de alguns dos melhores momentos do que se produziu nos anos 80, a tal
“década perdida” – que, aliás, de “perdida” não teve nada em termos de rock.
Basta uma audição de “True Stories” para se certificar de que essa história,
por mais onírica que tenha sido, é real e muito especial.
.............................
O filme “Histórias Reais” tem, aliás, uma trilha sonora própria, a qual
traz temas incidentais. Apenas “Dream Operator”, em versão instrumental
arranjada por Philip Glass (“Glass Operator”), se repete, além da faixa “City
of Steel”, que é, na verdade, a melodia de “People Like Us”, também só com
instrumentos. As outras são de artistas variados, como “Road Song”, da genial
Meredith Monk, “Festa para um Rei Negro” (“Olê
lê/ Olá lá? Pega no ganzê/ Pega no ganzá...”), com a banda brasileira
Eclipse, e a mexicana “Soy de Tejas”, de Steve Jordan, além de seis composições
do próprio Byrne que só se encontram em “Sounds From True Stories”.
Quentin Tarantino ataca outra vez. Seu autointitulado oitavo filme “Os Oito Odiados” merece uma rápida
reflexão. Pra começar, o diretor volta ao Oeste – que foi retratado em “Django
Livre” – e se utiliza de alguns símbolos do gênero, como a música de Ennio Morricone (inferior à de clássicos como as partituras compostas para Sergio Leone) e a utilização do 70 mm Panavison como antigamente, deixando a tela
cheia.
Como sempre, Quentin se esforça para subverter os cânones do gênero. Ao
invés das pradarias verdejantes dos westerns
de John Ford, vemos uma paisagem insólita, coberta de neve, que vai percorrer
toda a projeção. Os personagens não estão divididos entre mocinhos e bandidos.
Todos são foras-da-lei. Novamente, ele se preocupa em usar o racismo, tão
presente em “Django Livre”, e especialmente a misoginia. Samuel L. Jackson é o
Major Marquis Warren, caçador de recompensas que carrega os cadáveres, enquanto
seu “colega” John Ruth – maravilhosamente interpretado por Kurt Russell –
prefere levar os condenados vivos. No caso, a condenada Daisy Domergue
(Jennifer Jason Leigh, num daqueles papéis destinados pelo diretor para
reavivar carreiras, como realizado com Pam Grier e Robert Forster).
A paisagem insólita e opressiva é um dos elementos da narrativa.
Interessante é que sem querer estragar as inúmeras surpresas que o
roteiro em capítulos permite, “Os Oito Odiados” traz no centro de sua trama a
figura feminina de Daisy, envolvida numa grande confusão quando os personagens
ficam todos isolados em um armazém no meio do nada em Wyoming. Tarantino usa o
exíguo espaço como um palco de teatro, onde os personagens vão se apresentando
uns aos outros e tudo chega a um clímax muito antes do final. Como ele havia
feito em "Bastardos Inglórios", na famosa cena do bar quando os soldados americanos
são confrontados por um oficial alemão e tudo termina em carnificina.
Narrando um flashback, o
diretor desvenda o mistério e transforma o banho de sangue em uma espécie de
anticlímax, quando o espectador fica se perguntando “qual será o ‘coelho’ que ele vai tirar da cartola para resolver a
trama?”. Só posso dizer que a justiça é feita. Todos os atores em cena têm
seus momentos de brilho. Destaque especial para o veterano Bruce Dern –
redescoberto em "Nebraska" - usado como um dos personagens mais reacionários em
cena, o General Sandy Smithers, que dizimou uma tropa de negros durante a
Guerra de Secessão. Pode-se dizer que Tarantino escalou Dern, um reconhecido
rebelde de Hollywood, num papel exatamente o oposto da personalidade do ator. O
diretor também coloca em cena seu elenco de preferidos como a dublê Zoe Bell,
Michael Madsen e Tim Roth (lembram dele sangrando durante todo “Cães de
Aluguel”?).
Russel, de atuação destacada.
O banho de sangue sempre presente em seus filmes ganha um status de
quase caricatura em “Os Oito Odiados”. Para resolver o imbróglio, Tarantino faz
uma autocitação, usando o prólogo de “Bastardos Inglórios” para introduzir o
personagem do galã Chaning Tatum, aqui quase irreconhecível. A fotografia de
Robert Richardson, velho companheiro de Tarantino, valoriza cada canto da
cabana onde os personagens ficam isolados. A direção de arte consegue recriar o
ambiente daqueles armazéns do velho oeste e os efeitos especiais valorizam a
violência proposta pelo diretor.
Aqui no Brasil, não há intervalo, como nos Estados Unidos, o que não
permite ao espectador um segundo de folga. De uma maneira geral, a crítica não
tem gostado de “Os Oito Odiados”, reclamando de sua duração, de passagens
dispensáveis no roteiro e dos diálogos nada inspirados. Se um dos trunfos do diretor
em trabalhos anteriores era a conversa, sempre afiada, irônica e demolidora,
aqui parece ter se estendido em demasia e se utilizado do termo racista “nigger” uma centena de vezes, reforçando
o preconceito. Um trabalho menor na filmografia de Quentin Tarantino, “Os Oito
Odiados”, mesmo assim merece ser visto.
Meu
amor por Caetano Veloso resplandecia quando escutei “Circuladô”.
Como qualquer brasileiro, hora ou outra ouvia alguma música desse
artista baiano por aí. Porém, na infância (época em que já me
ligava em música, vale dizer), meu interesse por aquele cara que
apresentava um programa que achava meio chato na Globo com o Chico Buarque era menor do que para com as bandas de rock da época, RPM, Legião Urbana, Titãs, entre outros. Essas realmente me empolgavam.
Fui escutá-lo com atenção e identificação pela primeira vez em
1988 (aos 9), quando meu irmão trouxe para casa um cassete com um
dos discos dele, o qual tinha uma sonoridade leve e acústica que me
dava condições de perceber com clareza as ricas construções
melódicas, o timbre cristalino da voz e a habilidade composicional
de Caê. O disco era “Caetano Veloso”, de 1986, feito para o
mercado norte-americano que continha coisas de várias épocas de sua
obra, como “Trilhos Urbanos”, “Cá Já”, “Terra” e duas
versões magníficas em inglês: “Billy Jean” (Michael Jackson) e
“Get Out of Town” (Cole Porter). Foi então que percebi: aquilo era,
evidentemente, diferenciado. Tinha que passar a ouvi-lo com mais
atenção de modo a não correr o risco de perder algo espetacular
que se apresentava à minha frente.
E
teria perdido mesmo. Apaixonei-me por seu álbum seguinte, “O
Estrangeiro”, de 1989, outro fundamental e no qual ele inicia a
grande fase da parceria com o Ambitious Lovers Arto Lindsay e com o
eclético maestro Jacques Morelembaum. Mas o disco que realmente me
fez entrar de vez na órbita de Caetano foi “Circuladô”, de
1991. No momento em que a MTV brasileira se estabelecia como um canal
bom e vendável, a indústria musical nacional, claro, se ligou neste
filão. Como já ocorria nos Estados Unidos, músicos passaram a
produzir com a mente não só na execução das rádios, mas no
videoclipe que produziriam para passar na Music Television. Com o
antenado Caetano Veloso, não foi diferente. A música de trabalho do
álbum estreou na emissora com um ótimo clipe da Conspiração
Filmes (com a participação do grupo de teatro Intrépida Trupe),
onde o compositor apresentava algo interessantíssimo: quase só voz
e percussão durante os versos, com uma guitarra wah-wah de
leve ao fundo, explodindo num samba-reggae no refrão com percussões
e samples, “Fora da Ordem” trazia a inteligente
verborragia político-filosófica de Caetano sobre sua visão
discordante – mas ao mesmo tempo poética – da Nova Ordem
Mundial, então recentemente anunciada por Bush “pai”: “Eu
não espero pelo dia em que todos os homens concordem/ Apenas sei de
diversas harmonias bonitas, possíveis sem Juízo Final”, versava
Caetano.
“Fora
da Ordem”, mesmo sem um ritmo identificável (não é exatamente
rock, reggae, funk ou samba) estourou e virou, em pouco tempo, um hit
dos mais tocados na MTV. Ao seu final, engenhosas repetições da
frase central da letra (“Alguma coisa está fora da ordem/ Fora
da Nova Ordem Mundial...”) ditas em outros idiomas que não o
português, como francês, japonês, espanhol e inglês, intercalando
vozes do cantor e femininas – entre estas, a de Bebel Gilberto.
Esta faixa abre o disco, que adquiri na época com grande interesse
de descobrir o que mais conteria. Já na primeira audição, o lado A
do meu cassete me arrebataria, sensação que se repete até hoje.
Isso porque, depois da música que não cansava de rever todos os
dias na TV, viria uma sequência de emocionar. A começar pela faixa
que traz a ideia central do álbum: “Circuladô de Fulô”, poesia
do filólogo, ensaísta e poeta Haroldo de Campos musicado por
Caetano com absoluta genialidade. O compositor já exercitava isso desde os anos 60, tendo posto música sobre poemas de Waly Salomão,
Torquato Neto, Gregório de Matos, Paulo Leminski, entre outros. Mas
essa é sua obra-prima neste sentido. Remetendo ao baião e ao
repente do mais embrionário folclore nordestino, ao mesmo tempo traz
a dissonância da vanguarda erudita, a polifonia dos motetos
populares medievais e um toque da milenar sonoridade oriental.
Caetano desliza o poema sobre os sons, cantando linda e tecnicamente
os versos que merecem ao menos a reprodução de um trecho: “O
povo é o inventalínguas na malícia da maestria no matreiro da
maravilha no visgo do improviso/ Tenteando a travessia/ Azeitava o
eixo do sol...”. Algo da melhor poesia já escrita em nossa
literatura.
O
próprio Haroldo de Campos comentou sobre a canção: “Devo
destacar que o trabalho que ele fez, ao musicar o fragmento
'Circuladô de Fulô', de minhas 'Galáxias', é particularmente
admirável por retratar com fidelidade seu conteúdo. Ele soube
restituir-me com extrema sensibilidade o clima do meu poema, que é,
todo ele, voltado à celebração da inventividade dos cantadores
nordestinos no plano da linguagem e do som, na grande tradição oral
dos trovadores medievais”.
Minhas
emoções não parariam. De surpresa, a voz adolescente do filho mais
velho de Caetano, Moreno Veloso (ainda não o músico profissional
que se tornaria) inicia, juntamente a uma orquestra de cordas
arranjada por Morelenbaum, uma das mais belas melodias de todo o
cancioneiro de seu pai: “Itapuã”. Lírica, graciosa. Impossível
não ser tocado todas as vezes que escuto: “Itapuã, o teu sol
me queima e o meu verso teima/ Em cantar teu nome/ Teu nome sem fim”,
ou: “Abaeté/ Tudo meu e dela/ A lagoa bela sabe, cala e diz/ Eu
cantar-te nos constela em ti/ E eu sou feliz.” Ainda mais
depois de ter conhecido a praia de Itapuã e ter sentido física e
espiritualmente suas “palmas altas”, suas “águas que se movem”
e sua “areia branca”, tão “assim: Caymmi”, como dizem os
versos.
Igualmente,
toca-me fundo “Boas-Vindas”, um samba-de-roda típico da região
de onde Caetano vem, o Recôncavo Baiano. Isso porque o artista
celebra a renovação da vida com a chegada de seu novo filho, Tom,
ainda na barriga (“Lhe damos as boas-vindas, boas-vindas,
boas-vindas/ Venha conhecer a vida/ Eu digo que ela é gostosa...”),
cantando com a família e amigos (“Minha mãe e eu/ Meus irmãos
e eu/ E os pais da sua mãe...”). O eterno companheiro Gilberto Gil, com sua inconfundível batida de violão; o “príncipe” Naná
Vasconcelos, na percussão (talking drum, cerâmica e congas);
e D. Edith do Prato, tocando, como diz sua alcunha, um prato de
cozinha raspado com um talher. Ainda, Moreno, junto com os outros
músicos, mantém o ritmo nas palmas, numa verdadeira festa de
interior animada ao som de samba rural. Lindíssima.
Dando
uma estratégica pausa nessa sequência, a complexa “Ela Ela”
carrega um manancial de referências e sensações. Apenas com
Caetano à voz e Arto Lindsay na guitarra, é uma verdadeira peça
avant-garde. O característico som do instrumento de Arto, com
sua afinação diferenciada e em altas distorção e amplificação,
cria traços sonoros que se assemelham aos criados por Cage com seu
piano preparado, às cordas agudas de Ligeti, às percussões
exóticas de Xenakis e aos ruídos eletroacústicos das fitas
magnéticas de Stockhausen. Caetano, por sua vez, exercita um arranjo
vocal assimétrico e dissonante, o que, junto aos grunhidos da
guitarra, formam não uma melodia palpável, mas um corpo sonoro de
puro atonalismo. A letra, por sua vez, remete ao modernismo e ao
dadaísmo. “Ela Ela”, no entanto, não lembra apenas essas pontes
externas. Na própria obra de Caetano ele já visitara os caminhos da
vanguarda (e seguiria visitando, haja vista a “doidecafônica”
“Doideca”, do disco “Livro”, de 1997, ou “Cantiga de Boi”,
de “Noites do Norte”, 2001). Na trilha que compusera para o filme
“São Bernardo”, em 1971, nota-se também semelhanças pelo
estilo de canto. Igualmente, nas colaborações com Walter Smetak,
nas experimentações de “Araçá Azul” (1973) e “Jóia”
(1975) e na explosão moderno-nordestina “Triste Bahia”, do
memorável disco "Transa", de 1972.
Se
“Ela Ela” quebra a emotividade com seu hermetismo, “Santa
Clara, Padroeira da Televisão” volta a fazer os olhos marejarem.
Numa interessante abordagem sobre a simbologia e a relevância da
tevê, Caetano desmistifica a visão preconceituosa geralmente
atribuída a esta mídia (“Que a televisão não seja sempre
vista/ Como a montra condenada, a fenestra sinistra/ Mas tomada pelo
que ela é/ De poesia...”) e, ainda por cima, expõe
recordações e impressões pessoais muito belas (“Quando a
tarde cai onde o meu pai/ Me fez e me criou/ Ninguém vai saber que
cor me dói/ E foi e aqui ficou...”). Coisa de poeta. Ao final,
depois de todos os instrumentos calarem, ainda um improvável solo de
trompete bem jazzístico.
Viro
de lado a minha fita e me deparo com bucolismo e melancolia. É a
versão de Caetano para um baião clássico: “Baião da Penha”,
em que reduz o compasso festivo do ritmo para criar uma peça
extremamente sensível e chorosa. Caetano a canta no mais alto nível
técnico apenas acompanhado de seu próprio violão. Em seguida,
“Neide Candolina”, talvez a mais pop do disco cujo brilhante
arranjo coloca o baixo e a guitarra em segundo plano para destacar o
ritmo da bateria, o arranjo de voz criado por Bebel e,
principalmente, os samples do mestre Ryuichi Sakamoto, o
compositor japonês mais brasileiro da world music. São os
efeitos eletrônicos de Sakamoto que dão o direcionamento da canção,
que, ao que se nota só pela descrição, é diferenciada e original.
Tanto
quanto é a letra de “Neide Candolina”, que homenageia a
professora de Língua Portuguesa que Caetano tivera no primário e
com a qual me identifico tamanhamente. Isso porque eu também tive
minha “Neide Candolina”: professora Berenice Brito, a Berê. O
significado de Berê para mim, também homem das letras, é muito
parecido dada a importância formativa que ele atribui à sua mestra.
Primeiro, o fato de serem duas “pretas chiques”, “lindas”
e “elegantes”, ambas ostentando seus cabelos “pixaim
Senegal” onde estiverem, seja na “sua suja Salvador” (no
caso de Berê, na também emporcalhada Porto Alegre) ou na “Europa”
– ainda mais pelo fato de Berê ter um namorado italiano e ir para
o Velho Mundo seguidamente. Igualmente, há a parte em que ele diz:
“Tem um Gol que ela mesma comprou/ Com o dinheiro que juntou/
Ensinando Português no Central”. Dadas as devidas localidades
e modelos, Berê, que ensinou a mesma matéria a mim e a centenas e
centenas de alunos gaúchos na Intercap, tendo se aposentado
exercendo isso, também tinha um veículo próprio Wolkswagen (um
fusca). Afora todas essas coincidências, ainda o exemplo de caráter
e cidadania é característico das duas. Se Neide “nunca furou
um sinal” por ser uma “preta correta democrata social,
racial”, lembro claramente de Berenice fazendo qualquer aluno
(mesmo os que se davam bem com ela, como eu) redigir repetidas vezes
como tema de casa todo o hino nacional caso ela tivesse percebido um
erro na hora de ouvir-nos cantá-lo.
O
clima animado é substituído, em seguida, por um de epicismo e
contemplação. É “A Terceira Margem do Rio”, outra obra-prima
do disco que se trata de, nada mais, nada menos, uma das raras
parcerias de Caetano com outro mestre da música brasileira: Milton Nascimento. Encomendada para a trilha sonora do filme homônimo de
Nelson Pereira dos Santos, baseado na obra de Guimarães Rosa,
carrega a atmosfera rica e densa do escritor tanto na elegante
melodia quanto na letra de alto poder poético de Caetano. O que são
de bonitos esses versos? “Meio a meio o rio ri/ Por entre as
árvores da vida/ O rio riu, ri/ Por sob a risca da canoa/ O rio riu,
ri/ O que ninguém jamais olvida/ Ouvi, ouvi, ouvi/ A voz das
águas...”. A música, típica composição de Milton, traz seu
tom grandioso, muito brasilianista mas quase românico, e isso apenas
em violões e percussões (cerâmica, caxixi e cabaça).
Não
deixando a bola cair, “O Cu do Mundo”, bossa-nova meio rock com
direito a samples e urros da guitarra de Arto, é outras das
mais legais do disco. Lembro-me de ouvi-la na antiga (e finada)
Ipanema FM e me impressionar com aquela letra indignada e sem papas
na língua: “O furto, o estupro, o rapto pútrido/ O fétido
sequestro/ O adjetivo esdrúxulo em U/ Onde o cujo faz a curva/ (O cu
do mundo, esse nosso sítio)”. A palavra “cu” dita de forma
aberta, no título, era uma das primeiras mostras conscientes de
libertação da censura que o Brasil recentemente vivia e que
descambaria na idiotice desbocada dos Mamonas Assassinas. À medida
que as partes vão se repetindo, vão entrando as vozes convidadas:
primeiro, de Gilberto Gil e, depois, de Gal Costa, num arranjo vocal
precioso que Caetano forjaria de maneira semelhante novamente 19 anos
depois na música “Cobra Coral”, quando chamara para dividir os
microfones com ele Lulu Santos e Zélia Duncan. Até o jazzista Butch
Morris faz uma ponta em “O Cu do Mundo”, com um intenso solo de
corneta, certamente contribuição como produtor de Arto, o
pernambucano mais norte-americano da world music.
Canção
irmã de “Você é Linda” (e de “Você é Minha”, que seria
gravada seis anos depois em “Livro”) “Lindeza”, romântica e
suave, é realmente muito bela. Juntamente com o violão-base, estão
o contrabaixo, as cordas e o piano de Sakamoto, que retorna para
finalizar o disco em grande estilo num arranjo criado a seis mãos
por ele, Arto e Caetano. Um acorde grave e ressonante do piano
desfecha esse disco irrepreensível, resultado de um momento de
aperfeiçoamento das técnicas de estúdio (foi gravado no Brasil e
em Nova York, onde também foi mixado e masterizado) e de boas
parcerias com a permanente criatividade de Caetano. “Circuladô”
é tão representativo que passou a servir como referência para
outros discos do próprio autor no que se refere à arquitetura de
repertório. Além das parecenças que já mencionei durante essa
resenha, isso fica evidente ao se fazer ainda outros paralelos, como
os começos pop de “Zii et Zie” (2009, com “Perdeu”) e "Abraçaço" (2012, com “A Bossa Nova é Foda”), a
musicalização de autores da literatura como tema principal do
projeto (“Noites do Norte”, este sobre texto de Joaquim Nabuco)
ou a faixa dedicada à indignação político-social (“Haiti”, de
“Tropicália 2”, de 1993, e “A Base de Guantánamo”, de “Zii
et Zie”).
Quanto
a mim, o impacto que “Circuladô” exerceria seria ainda maior.
Com apenas 13 anos, fui ao show de sua turnê em Porto Alegre, no
antigo Teatro da Ospa, o primeiro que assisti sozinho em minha vida.
Claro que eu, negro de classe média e muito jovem, era uma entidade
estranha naquele lugar, principalmente considerando aquela Porto
Alegre de era Collor em que a maioria dos meus pares ou não se
interessava, ou se constrangia em ir ou não tinha condições de ver
um espetáculo como aquele. Mas os olhares eram mais de admiração
do que de censura. Para mim, foi divertido e emancipador. No entanto,
mais do que isso, foi a partir dali que definitivamente me apaixonei
pela obra e pelo universo de Caetano. Foi a partir dali que meu amor
por ele resplandeceu. Foi a partir dali que tudo virou fulô.
vídeo de"Fora da Ordem",Caetano Veloso
***************
FAIXAS:
1.
Fora da ordem
2.
Circuladô de fulô (Caetano Veloso/Haroldo de Campos)
3.
Itapuã
4.
Boas vindas
5. Ela
ela (Veloso/Arto Lindsay)
6.
Santa Clara, padroeira da televisão
7.
Baião da Penha (Guio de Morais/David Nasser)
8.
Neide Candolina
9. A
terceira margem do rio (Veloso/Milton Nascimento)
10. O
cu do mundo
11,
Lindeza
todas
as composições de autoria de Caetano Veloso, exceto indicadas.
Considero-me uma pessoa do meu tempo, por isso não lamento não ter
vivido determinado momento no passado. Com raras exceções. Queria ter estado, por
exemplo, em 1913, na estreia d’”A Sagração da Primavera”, de Stravinsky, quando
a companhia Ballets Rousses, coreografada por Nijinsky, escandalizou Paris e o
mundo com aquilo que se tornaria uma revolução nas artes cênicas e na música
contemporânea. Também, se pudesse, estaria em 1940, na première de "Cidadão Kane", clássico divisor de águas do cinema
moderno, de Orson Welles, quando, indignados com tamanhos “atrevimento” e “impropriedade”, exibidores jogavam na calçada da entrada de seus cinemas os
rolos do filme para quem quisesse ficar com “aquilo”. Queria ter visto a
surpresa na cara dos espectadores dentro da sala de cinema deparando-se com
aquela narrativa irregular e até então inédita (vejam que não tem nada de homem
pisando na lua ou título da Seleção de 70).
Pois outro desses raros eventos que gostaria de ter vivido é o show que
James Brown apresentara no Apollo Theatre, casa de espetáculos encravada no
bairro negro do Harlem, em Nova York, naquelas duas históricas noites de 24 e
25 de junho de 1967. À época, nem pensava
em nascer ainda. Mas para a minha felicidade e de toda a humanidade, esta
apresentação foi registrada e transformada em dois LP’s um ano depois, o que
diminui em parte meu pesar. Não dá pra enxergar Mr. Dynamite dançando
enlouquecidamente, seus trejeitos sensuais, sua boca gesticulando para cantar,
a expressão delirante no rosto do público, o suor escorrendo de sua testa e da dos
integrantes da banda enquanto sustentam o som minutos a fio para Brown entreter
a plateia. Não, não dá pra ver. Mas se sente. O show é tão contagiante, tão
efusivo, tão emocionante que é quase como estar lá presente, no meio da galera.
Delirando.
A exemplo do primeiro volume por ele gravado no mesmo teatro, em 1962, “Live
at the Apollo” é esfuziante. Uma aula de soul
music. O script em si já contém
pompas de grande espetáculo. Antes de começar o show, o mestre-de-cerimônias Charles
Bobbit entra no palco e anuncia, em ordem cronológica, os números que serão
executados, ditando o título de cada um intercalado por um golpe na caixa da
bateria. Como que dissesse: “preparem-se,
pois vem aí chumbo grosso!”. E de fato é o que acontece. Finalizada a abertura,
ouve-se Bobbit dizendo efusivamente: “James
Brown, ladies and gentlemens!” A partir dali entra-se no mundo do Godfather
of Soul. Brown sobe ao palco, enlouquecendo a plateia, que explode em festa.
Imediatamente, o clássico “Think” começa a tocar seu ritmo contagiante de mais
puro rithum n’ blues. Em dueto com Marva
Whitney, Brown dá início àquela apresentação, que se tornaria memorável.
Mal “Think” termina e já emenda com “I Wont to be Around”, uma das
baladas do repertório, que fez o ritmo desacelerar. Em compensação, os ânimos
continuam a mil, dada a sensualidade e o groove
que se emitem da rouca voz de Brown. Que vocal! Uma naturalidade e um alcance
de tons impressionantes, que variam da emissão mais sussurrada ao famoso grito
agudo, sua marca registrada, que só um verdadeiro cantor gospel criado nas
igrejas Batista americanas é capaz de fazer. A banda, bem como a Famous Flames,
dupla vocal formada por Bobby Byrd e Bobby Bennett que acompanha o grupo, está
afiadíssima. É o que se vê no R&B “That’s Life” e no bluesão “Kansas City”.
Depois de uma pausa, anunciada por Bobbit, o show reinicia, passando a ter
apenas composições do próprio Brown (à exceção da linda “Prisioner of Love”), e
aí a coisa esquenta de verdade! Uma sequência funk de tirar o fôlego engata
“Let Yourself Go”, “There Was a Time”, “I Feel All Right” (na qual ele começa
sua interatividade com a plateia, brincando com os tempos da música e gesticulando
tão sugestivamente que dá pra enxergá-lo tal a reação do público) e “Cold
Sweet”, esta, a música que inspirou o riff
da clássica "So What" de Miles Davis (que, fã, inteligentemente apenas inverteu
as notas). A já citada bateria de John “Jabo” Starks e Clyde Stubblefield,
aliada à percussão de Ronald Selico, dão um show à parte. Timbre perfeito,
encaixe perfeito, ritmação perfeita. Igualmente, as guitarras de Jimmy “Chank”
Nolen e Alpholson “Country” Kellum seguram todas do início ao fim.
Comandados por Alfred “Pee Wee” Ellis, arranjador da banda e
responsável pelo órgão e sax alto, Brown e Cia. arrasam na terceira parte do
show. O naipe de metais (que ainda conta com Maceo Parker e L.D. Williams nos
saxofones tenor; St. Clair Pinckney, no sax barítono; Waymon Reed e Joe Dupars,
nos trumpetes; e Levi Harbury, no trombone de vara) manda a irresistível “It
May Be the Last Time”, das melhores do mestre. O hit “I Got You (I Feel
Good)” – talvez seu maior sucesso tanto na versão original, de 1964, quanto na
mais funkeada, que gravara em 1975 – vem, aqui, num pequeno e agitado R&B,
quase uma vinheta. Em seguida (antecedida pela ótima “Out of Sight”, também
curta), “Try Me”, de seu primeiro disco, de 1959, tira o pé do acelerador novamente,
noutra balada melodiosa. Aí vem talvez o melhor do show – o que, a esta altura,
é uma atitude quase improvável. A quarta parte começa com a matadora “Bring it
Up”, que põe todo mundo pra dançar (sei que não é possível ver, mas quem teria
ousado ficar parado?).
Depois de incendiar bem o público é hora de
descansá-los, certo? Mais ou menos. Que o ritmo cai, é fato. Mas o que os
próximos 17 minutos e 27 segundos promovem é daquelas coisas que, essas sim, me
deixam com inveja de não ter estado lá. “It's a Man's Man's Man's World”, das
mais célebres canções de sua carreira, e “Lost Someone”, irrepreensível, formam
um medley em que, se o compasso é
mais lento, a interpretação de Brown, sua entrega, sua qualidade vocal, sua
alma, sua interação orgânica e quase sexual com o público, ao contrário, deixam
o clima realmente agitado.
Nestas duas, Brown despeja toda a intensidade
existencial de ex-boxeur e quase
marginal que, por essas obras divinas, virou um dos maiores artistas de seu
tempo. Na letra de “It’s a Mans...”, ele critica a sociedade machista e se
revela: “o homem está perdido na selva/ Ele está perdido na amargura”. E ainda complementa filosófica e romanticamente: “O homem fez os carros para nos levar para a
estrada/ Homem fez os trens para transportar cargas pesadas/ O homem fez a luz
elétrica para nos tirar do escuro/ O homem fez o barco para a água, como Noé
fez a arca/ Trata-se de um homem, um homem, um mundo de homens/ Mas não seria
nada, nada sem uma mulher ou uma garota”. Gritos
ensandecidos do público a cada frase cantada, a cada suspiro, a cada movimento
sugestivo no palco, tomados por aquela força negra avassaladora à sua frente. Ele
domina a plateia como um encantador de serpentes. O público, hipnotizado, acompanha
todos os seus passos, atende a todos os seus comandos. Estão magnetizados.
O final disso? A apoteose. “Please, Please, Please”, num soul mil vezes mais quente que sua
original, é a despedida e também quando e acontece uma cena tão marcante que
chega a ser visível só ouvindo-a. Num estado catártico, Brown, tomado pela
música, pelo show, pelo clima, pelo público, canta, grita e dança. O Apollo
Theatre vem abaixo! No meio da performance,
o rei do soul deixa o pedestal do microfone cair no chão mas, inebriado, nem
percebe e segue dançando, enquanto a galera quase desvanece de tanto êxtase. O
apresentador Charles Bobbit, então, recolhe o microfone e, sem mais o que
dizer, simplesmente exalta aquele mito que está ali no palco, a seu lado, concluindo
um show sabidamente histórico já naquele exato momento. “James Brown! James Brown! James Brown! Esse é Sr. Dynamite, o rei do
rithum n’ blues. James Brown!”. O que mais ele conseguiria dizer, né?
A importância de James Brown para a história da música é incalculável. Criador
de um dos gêneros musicais mais difundidos e absorvidos do mercado do
entretenimento, o funk, foi inspiração para toda a geração em estilo,
sonoridade, estética e atitude. A soul
music, o rock, o jazz, a MPB, todos beberam nele. De Sly & Family Stone
a Beatles, de George Clinton a Erasmo Carlos, de Rolling Stones a Lenny Kravitz,
de Miles a Morcheeba. O rap ou o britpop
dos anos 90 nem existiriam, pra se ter ideia. Além disso, foi Brown quem, de
fato, ensinou o mundo pop a dançar, liberando o salão para outros grandes
bailarinos populares como Michael Jackson, Madonna, Prince e John Travolta.
“Live at the Apollo”, evidentemente, não é o seu único grande álbum, mas é
certamente um exemplo fiel da magnitude de sua obra. Ainda mais por superar o
fato de ser duplo e ao vivo, o que me contraria duplamente, que geralmente
prefiro os trabalhos de estúdio e em formato simples.
Contraria, entretanto, mais do que somente meu gosto pessoal. Lembro-me
da difundida tese do filósofo da comunicação Walter Benjamin de que a obra de
arte perde a sua “aura” quando reproduzida, ou seja, quando passada para outra
plataforma, submergem-lhe junto suas autenticidade e alma, mesmo quando
tecnicamente bem copiada. Parece que James Brown consegue, misteriosamente,
subverter essa lógica e preservar intacta toda a emoção do “aqui e agora” que
se presenciou naquelas fatídicas noites de junho de 1967. Quem esteve lá, viu;
mas quem não esteve, consegue captar o calor da emoção, a “aura” do momento
apenas ouvindo. Isso é possível perceber-se até hoje, quase 50 anos depois, através
das milhares de cópias que o mundo tecnológico oferece. E quem há de duvidar um
feito desses vindo de um cara cujo apelido é justamente “o padrinho da alma”?
*******************************
FAIXAS:
1. Introduction – 0:32
2. Think – com Marva Whitney (Pauling) – 2:54
3. I Wanna Be Around (Mercer/Vimmerstadt) – 3:09
4. James Brown Thanks – 1:11
5. That's Life (Duke/Harburg) – 4:05
6. Kansas City (Leiber/Stoller) – 4:49
7. Medley – 14:54:
- "Let Yourself Go"
(Brown/Hobgood) – 6:34
- "There Was a Time"
(Brown/Harris/Hobgood) – 2:45
- "I Feel All Right"
(Brown/Hobgood) – 5:35
10. Cold Sweat (Brown/Ellis/Ellis/Lindup) – 4:43
11. It May Be the Last Time (Brown/Wright) – 3:06
12. I Got You (I Feel Good)
(Brown) – 0:38
13. Prisoner of Love (Columbo/Gaskill/Robin) – 7:25
14. Out of Sight (Brown/Wright)
– 0:26
15. Try Me (Brown/Marley) – 2:54
16. Bring It Up (Hipster's
Avenue) (Brown/Jones) – 4:38
17. Medley – 17:27
- “It's a Man's Man's Man's
World” (Brown/Jones/Newsome) – 11:16
Neste último domingo dia 01/02/2015, conhecemos o mais
novo campeão da NFL (liga Nacional de futebol americano dos Estados Unidos). A
NFL tem 32 duas equipes que são distribuídas em duas conferências AFC (Conferência
Americana) e a NFC (Conferência Nacional), cada conferência tem 16 equipes, e o
campeão de cada conferência (vamos pular os playoffs e ir direto para o que
interessa) ganha o direito de disputar a gloriosa final, conhecida como SUPER BOWL.
O SUPER BOWL é
uma final de jogo único, em um estádio já definido antes do começo da
temporada. Este ano SUPER BOWL XLIX
aconteceu no University of PhoenixStadium, em Glande, Arizona (Estádio
do Arizona Cardinals) e na disputa
pelo título tivemos New England Patriots
(campeão AFC) contra Seattle Seahawks
(campeã NFC e atual campeão do SUPER BOWL).
LaFell abrindo o placar.
Um início de partida bem movimentado, onde conseguimos
ver como seria o jogo, o QB do Patriots
Tom Brady (marido de Gisele Bündchen) variando seus passes, colocando todos os
seu recebedores para jogar, mas sempre com passes curtos evitando o confronto
com "legion of boom" (como
é conhecida a espetacular secundária doSeahawks ), mesmo sofrendo
uma intercepção, Tom Brady não diminui o ritmo e seguiu controlando o jogo. Do
outro lado, o Seahawks fazia campanhas rápidas, não ia muito longe, mas o RB
Marshall Lynch, assim como foi durante todo temporada seguia quebrando tackles
e conseguindo bons avanços terrestres, o QB Russel Wilson de Seattle, mostrava toda sua frieza e técnica
apurada para sair do pocket, e
procurar alvos livres para seus passes, mas com a boa marcação da secundária do
Patriots, Wilson acabava resolvendo
com as pernas (uma de suas grandes qualidades) e assim conquistava algumas
Jardas, com esse equilíbrio,
O
primeiro quarto terminou empatado 0 x 0
"The Beast" Lynch empata o jogo.
O segundo quarto continuou movimentado, mas agora com touchdowns, com um passe de Brady, LaFell abriu o placar da partida, em seguida
tivemos o empate do Seahawks com uma
corrida de Lynch. Então entra ação uma
das melhores duplas da NFL, Brandy e Gronkowski, com um belo passe de Brady, Gronk
faz os Patriots voltarem à frente do
placar.
Estamos no final do segundo quarto, indo para
intervalo do jogo, quando novamente aparece Chris Matthews, WR do Seahawks, para uma recepção para touchdown,
Matthews já tinha feito uma bela recepção na campanha do primeiro touchdown de
Seattle, o surpreendente, é que ate então ele não tinha feito nenhuma recepção
na temporada, a bola nunca tinha sido jogada na sua direção em toda sua vida,
sequer Russel Wilson sabia que ele existia antes do jogo (bom esse último é
mentira, acho que me empolguei com o lance, desculpa). Então vamos para o
intervalo com um empate, e a certeza de que teremos um segundo tempo
fantástico.
A bela Katy Perry comandou o show do intervalo.
Bom, intervalo, vamos ao banheiro, trocar de canal,
repor o estoque guloseimas... Que nada, não dá tempo para isso, pois aí vem o
famoso show do intervalo do SUPER BOWL,
onde já tivemos Michael Jackson, Madonna, Rolling Stones, The Who, entre outros grandes artistas, esse ano ficou por
conta da bela Katy Perry animar o público. O show visualmente, foi um
espetáculo grandioso, o palco fantástico, show de luzes e fogos, trocas de
figurinos, Katy foi embora voando em uma estrela, tudo incrivelmente lindo, já
as músicas, foram todos os principais hits da cantora americana, não que eu não
goste de Katy, a voz dela é muita boa, ela estava super animada, presença de
palco nota dez, mas foi cansativo, uma
dela já bastava, até porque, Lenny kravitz só foi fazer número, ficou no palco
uns 30 segundos, e a rapper Missy Elliott só cantou uma parte de "Lose control" (música que me
agrada bastante), resumo para quem estava em Glendale: Viu um belo
espetáculo e pode dançar, pois sentiram a energia de perto, já pela TV, só
ficou o belo espetáculo. No início da partida tivemos também o cantor John
Legend cantando “American The
Beautiful" e Idina Menzel (let
go, let go...sim a voz do sucesso de Frozen) interpretando o Hino norte americano.
Ainda aproveitando a pausa do jogo vou falar
rapidamente sobre os trailers que passaram durante as paradas de jogo, ao longo
de toda partida (apenas para TV americana). Diversos blockbusters estão por vir aí, vou destacar alguns que irão fazer
barulho aqui no Brasil (acredito que não muito pela qualidade dos filmes, mas
sim pele mídia feita em cima deles): 1) Tomorrowland (baseado em uma das
atrações de sucesso do parque da Disney, assim como Piratas do Caribe, pode
sair coisa boa ai); 2) Vingadores - Era
de Ultron ( vai ser f0d@); 3)Divertida Mente (essa animação é uma
das grandes apostas da Disney/ pixar para o ano); 4) Jurrasic World (a
nostalgia me levará ao cinema); 5) Velozes
e Furiosos 7 ( Sete já? Chega, né?); 6) Ted
2 ( mais do mesmo); 7) Minions (vai ser f0d@); 8) O Sétimo
filho (vamos dar uma chance); 9)Cinquenta
tons de Cinza (Hummmmm, não verei no cinema, desculpa); 10) O Exterminador - Genesis (Não sei se
eu quero mais um filme do exterminador); 11)
Divergente : Insugente (Mais do
mesmo) e 12) Bob Esponja: Um herói fora d'água (boas risadas com o Patrick).
Gronkowski recebe um belo passe de Brady
e coloca o Patriots novamente em vantagem.
Agora voltamos ao jogo, o segundo tempo começa com o Seahawks melhores, já conseguindo um field goal e passando a frente do placar
pela primeira vez. Melhores na partida, o Seahawks
amplia o placar com touchdown de Doug
Baldwin, que foi encontrado por Wilson, sozinho, passeando pela end zone dos Patriots.
Com o ataque funcionando bem e a defesa mostrando
porque é uma das melhores da NFL, o Seahawks
parecia que caminharia tranquilamente para o bi campeonato, só não combinar
isso com um certo Tom Brady.
Malabarismo do ataque de Seattle para
colocar a bola na linha de uma jarda.
No último quarto Brady conduziu o seu time a uma
incrível virada, com duas campanhas perfeitas que terminaram em dois touchdowns, um de Amendola e outra quase
no final da partida de Eldeman. O jogo está ganho, pode começar a festa em New
England... Não, ainda não, pois o Seahawks
vai para a sua campanha final, e com uma recepção circense (meio malabarista, e
meio palhaço), Lochette consegue deixar seu time na linha de uma jarda. Pronto
acabou, pode começar a festa em Seattle. Eles irão fazer um "pass rush" para Marshall
Lynch, que vai quebrar tackles e
fazer o touchdown da vitória, mas
nada disso acontece, não sabemos por que, mas eles tentam um passe curto e
acabam sendo interceptados na linha de uma Jarda, faltando 20 segundos para
acabar o jogo, é inacreditável, interceptação feita pelo CB Butler, sua
primeira intercepção na carreira, e ela acaba decidindo o SUPER BOWL. Final mágico, cheio de emoção e Patriots campeão, 28 a 24.
Buttler, o calouro, decidiu o Superbowl.
Ao invés de ficar questionado o culpado pela horrível
chamada ofensiva do Seahawks, prefiro
falar de uma lenda viva, Tom Brady, que já era considerado um dos melhores quaterbacks de todos os tempos, agora
com seus quatro títulos (e mais uma vez escolhido o melhor jogador da final), recordista
de passes para touchdowns em SUPER BOWLS, superando a lenda Joe
Montana (grande ídolo de Brady), Brady pode ser considerado o melhor de todos
os tempos? Não sei, mas sei que estamos vendo um homem fazer história, e se
tornar uma lenda, um jogador devemos agradecer por ver ele jogar.
Parabéns para todos nós que assistimos esse inesquecível
SUPER BOWL XLIX!
Brady, uma lenda do esporte da bola oval, celebrando o título de campeão dos Patriots.