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sábado, 22 de maio de 2010

cotidianas #26 - O Dalvo


A boate abria às 10 mas a coisa só começava mesmo a esquentar lá pelas 11, onze e meia, como disse o Caco. Cheguei no lugar ali pelas onze e quinze e já tinha um fila grande. Sabia que o Caco ia levar umas amigas, segundo ele, "muito gatas" e tratei de caprichar no visual e dar aquele trato. Apresentações, beijinhos na fila pro ingresso - eram a Ana, a Rafaela e a Ticiane -, conversa vai, conversa vem e eu, esperando pra entrar, meio que reconheço o segurança parado logo ali na porta de entrada. Um negro atarracado, meio grisalho, porte altivo, cara ossuda e ar bondoso. Quase certo de ser quem eu imaginava que fosse, me aproximo e pergunto:
- Desculpa, mas o senhor não é o Dalvo? O Dalvo que jogou no Nacional, na Seleção?
- Eu mesmo, garoto. Como é que me reconheceu? Não é do seu tempo - fazendo esta última observação entre uma tímida risada.
- É - concordei rindo também - Não é mesmo, mas eu pesquiso, eu me interesso pelos jogadores do passado... Puxa, Dalvo, eu sou seu fã!
- Obrigado, garoto! - disse verdadeiramente satisfeito e lisonjeado.
- Meu pai sempre falava do senhor. Dizia que foi o melhor centroavante que ele viu jogar. Que cabeceava como ninguém. Era o "Cabeça-de-Nêgo" porque a cabeçada era uma verdadeira bomba.
- Tu sabe tudo, hein, garoto!
- Puxa, seu Dalvo, o senhor é uma lenda!
-Quê isso, garoto? Assim eu fico até meio sem jeito.
Nisso, a fila já chegara até a porta e uma das amigas do Caco interrompe:
- Vamos entrar, Thiago?
- Vão entrando. Eu vou daqui a pouco.
Não entrou.
Ficou horas na porta conversando com o Dalvo e depois ainda foram pra um boteco falar sobre futebol.
No final da noite, saiu com um autógrafo do Dalvo no verso do ingresso da festa.



Cly Reis 

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