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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

cotidianas #47 -"Lamento Sertanejo"


Lamento Sertanejo
(Gilberto Gil)

Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
"Menino com carneiro" - Cândido Portinari
Lá do interior do mato
Da caatinga do roçado.
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigos
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado.

Por ser de lá
Na certa por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo.
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão boiada caminhando a esmo.


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Um comentário:

  1. Uh! Que show. Sabes que, seguidamente, me pego cantando e/ou declamando baixinho "Lamento Sertanejo". É uma pérola esta letra, de uma sensibilidade a la Guimarães Rosa. Além disso, os versos e as palavras são muito musicais - ou souberam torná-las para esta melodia em específico. Melodia, que diga-se, credite-se também ao Dominguinhos. O fato é que "Lamento Sertanejo" é bonita de qualquer jeito. Tem uma versão só voz e violão do Gilberto Gil de um dos CD's da caixa dele (acho que a gravação é de 1976, num show ao vivo) que, embora não conte com a sanfona, é brilhante. Parece uma pequena peça erudita.
    Dã.

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