Curta no Facebook

terça-feira, 30 de novembro de 2010

cotidianas #60 - Falsos


Érica era o tipo da mulher que numa primeira olhada parecia desinteressante, meio magricela, sem corpo. Até que um dia, na festa empresa apareceu toda produzida e revelou então uma silhueta bastante interessante que fez deixar os rapazes todos boquiabertos: falsa-magra.
Aí que o João, tido como quietão, discreto, de pouca fala, não perdeu tempo, foi lá e arrebatou a Érica assim que ficaram reveladas suas qualidades físicas. Surpresa para todos. Logo o João, hein: falso-tímido.
Casaram-se o João e a Érica. Tiveram um filho. Mas lá pelas tantas por dívidas de carro, casa, colégio do menino, a coisa começou a apertar. Viviam em racionamento dentro de casa mas não perdiam a pose na rua: as coisas não são como parecem.
A Érica resolveu pintar o cabelo, ficou mais bonita, mais chamativa, mais reluzente e atraía atenção dos homens e comentários maldosos das mulheres: falsa-loira.
O João descobriu que a Érica o estava traindo. Ficou furioso, ameaçou botar ela pra fora, depois mudou de ideia e resolveu ele ir embora, até que por fim resolveram mesmo permanecer vivendo sob o mesmo teto por mais algum tempo por causa do Guilherme. Não seria bom para a formação dele, para o rendimento dele no colégio, além de suscitar comentários dos vizinhos e tudo mais. Ficaram vivendo assim por um tempo: casamento de aparências.


Cly Reis

Um comentário:

  1. Muito bom! Até o casamento de Érica era falso,coisa que acontece muito mais do que se imagina. Tem até um samba que diz "O nosso casamento é tão bonito:voce finge que me ama e eu finjo que acredito".(não lembro o nome do sambista). Iara.

    ResponderExcluir