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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Os Paralamas do Sucesso - "Selvagem?" (1986)


"Com o Selvagem a gente estava tentando nadar em cores nacionais.
E ter um retorno tão forte pra gente significou,
'Uau! Que legal que tenhamos encontrado esse grau de sintonia' "
Herbert Vianna

Os Paralamas do Sucesso eram uma bandinha bem simpática, interessante, gostosa de ouvir. Faziam aquele seu popzinho com toques de new-wave, com influências evidentes de ska mas nada muito mais que isso. Tinham até feito coisas interessantes como "Óculos", "Meu Erro", "Ska" que garantiram seu sucesso comercial mas não convenciam totalmente. Isso até darem uma virada que foi decisiva para sua carreira e para definir enfim uma identidade musical, diferenciando-os no cenário do BR-Rock dos anos 80. Com "Selvagem?" de 1986, o trio Herbet, Bi e Barone incrementava seu pop-rock com coloridos latinos, tropicais, caribenhos, baianos, brasileiros, africanos, caprichava nas doses de reggae e calibrava o seu ska. O que se ouviu então foi um disco admirável cheio de ritmo, balanço, embalo  e rock também, por quê não?
A diferença já pode ser notada pelo acréscimo de brasilidades: Gilberto Gil compõe em parceria com Herbert o reggae lento e gostoso "A Novidade" e empresta seus dotes de guitarrista na ótima "Alagados", talvez a melhor síntese de toda a mistura musical proposta no disco, cheia de protesto e crítica social. E reforçando este novo olhar brasileiro, trazem a balada "Você" de Tim Maia numa releitura pra lá de bacana.
"Teerã", bem polítizada, volta seu olhar sobre o oriente-médio despejando uma letra crítica e preocupada apoiada numa linha de baixo marcante e forte; a divertida "Melô do Marinheiro" confirma a vocação da banda para o bom-humor com uma letra engraçadíssima sobre um marujo acidental num reggae cantado quase como rap; e ambas, Teerã e o Melô, são repetidas no próprio disco em versões dub bem interessantes e muito bem trabalhadas no estúdio.
A excelente "O Homem" é séria, reflexiva e tem seu som incrementado com alguns efeitos de teclado; "A Dama e o Vagabundo" cai naquela classificação das 'simpáticas', numa musiquinha legal mas que, com certeza, é a mais fraca do disco; "There's a Party" é ska puro e embalado; e a faixa-título, "Selvagem" é uma pedrada com letra agressiva e guitaras distorcidas transitando na margem entre o ska e o punk. Simplesmente selvagem!
Sem dúvida um dos 5 álbuns mais importantes dos anos 80 junto com o "Cabeça Dinossauro" , o  "Dois" , o "Revoluções por Minuto" e o 'Nós Vamos Invadir sua Praia" e um dos mais importantes da música brasileira sendo extremamante influente para grande parte da geração pop rock brasileira dos início dos 90 para nomes como Skank, Cidade Negra, Jota Quest, o pessoal do Mangue Beat, e muitos outros.
A banda está na estrada este ano para a comemoração dos 25 anos do legendário álbum com apresntações tocando o disco na íntegra. A turnê passa aqui pelo Rio e a apresentação ocorre no Circo Voador neste sábado, dia 29 de outubro.

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FAIXAS:
1."Alagados" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)
2."Teerã" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)
3."A novidade" (Bi Ribeiro, João Barone, Gilberto Gil, Herbert Vianna)
4."Melô do marinheiro" (Bi Ribeiro, João Barone)
5."Marujo Dub" (Bi Ribeiro, João Barone)
6."Selvagem" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)
7."A dama e o vagabundo" (Bi Ribeiro, Herbert Vianna)
8."There's a party" (Herbert Vianna)
9."O homem" (Bi Ribeiro, Herbert Vianna)
10."Você" (Tim Maia)
11."Teerã Dub" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)

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Ouça:
Os Paralamas do Sucesso Selvagem?





Cly Reis

2 comentários:

  1. Puxa, que homenagem merecida. Imagino que tanto Herbert quanto Bi e Barone gostariam de ler essa crítica. Eu, particularmente, tenho um carinho especial por "Selvagem?", pois foi o primeiro disco (um k7) de rock totalmente meu, ganho de Natal. Já ouvia as coisas que a galera mais crescida escutava, mas não tinha tido o MEU ainda. Aí, abriu a porteira.

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  2. Muito boa a matéria,não sabia que Gilberto Gil tivesse tocado guitarra em ''Alagados'',a voz dele só aparece no finalzinho da gravação.

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