Já não era nenhum garoto e aquele "acordo", por certo garantiria sua independência financeira té o final dos seus dias. Além do mais, títulos já tinha o suficiente, podia muito bem dispensar aquele.
(Podia mesmo?)
Pensava na torcida, na nação, no filho para quem prometera ganhar aquela taça. Ah, o menino compreenderia que no esporte às vezes se ganha e às vezes se perde. E a torcida o perdoaria por aquela atuação, que prometera ao interessado, seria apagadíssima.
Mal escutara a palestra do técnico. A cabeça viajava por todos os lugares. Era uma mistura de sensações e sentimentos. Ao mesmo tempo que queria ganhar, como sempre quis, lembrava do compromisso financeiro. Já estava mesmo em final de carreira. Depois era só encerrar a carreira e sumir por aí. Ninguém nunca o lembraria por aquele encomendado fiasco. Já era muito grande para que o lembrassem por aquilo. Tinha dado muitas alegrias àquele povo.
Cumpriria o acordo. Não faria suas jogadas geniais, seus gols, sua magia... E logo naquele dia em que sentia-se especialmente inspirado. Em circunstâncias normais acabaria com o jogo.
Não! Aquilo era errado.
(Ouvia a torcida, lembrava da voz do filho pedindo dois gols, passava-lhe m filme na cabeça...).
"Vamo lá, vamo lá...", os companheiros chamavam para entrar em campo.
Era a hora.
Sabia o que devia fazer.
Aquela fora, por certo, a decisão mais difícil de sua vida
(mas valera a pena! no dia seguinte os jornais estampavam manchetes entusiastas sobre aquela inacreditável vitória. 5x4 com quatro falhas estrondosas da defesa, mas com 5 gols dele: o craque. seria sempre lembrado por aquele dia.)
Cly Reis
Nenhum comentário:
Postar um comentário