Havia altas, baixas, gordas, magras, loias, morenas, jovens, maduras, uma tinha uma criança no colo, outra consolava um garoto crescido a seu lado, cada uma se despedindo daquele homem que fora de todas elas, à sua maneira. Uma chorava discretamente contendo a lágrima com um lencinho, outra simplesmente fitava o caixão com um olhar perdido, outra rezava baixinho; outra fazia uma cena chorando alto e abraçando o caixão, e outra chorava de soluçar, sozinha afastada das demais.
Joana teve raiva. Aquele bando de rameiras que não se davam o respeito. Todas, com certeza sabiam que o Max era casado e mesmo assim não tiveram a dignidade de respeitar um lar, uma mulher, uma família. Ao mesmo tempo, olhando todas elas, em tão diferentes situações e todas compartilhando da mesma dor, deu nela um sentimento de ligação, uma espécie de elo que fez com que sua vontade de enxotar todas dali, do enterro do seu marido, se dissipasse e se transformasse numa espécie de solidariedade. Joana caminhou até aquela que chorava copiosamente num canto, a que parecia mais abalada, mais inconsolável, mais sofrida e, surpreendendo a todos, passou o braço por trás das costas da provável amante do marido e trouxe a cabeça daquela mulher para junto de seu ombro.
Cly Reis
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