Curta no Facebook

Mostrando postagens com marcador Jorge Amado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jorge Amado. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 14 de abril de 2022

"Capitães da Areia", de Jorge Amado - ed. Record (1981) - original de 1937





"Os atabaques ressoam
como clarins de guerra."



"Capitães da Areia" é um dos livros responsáveis por me fazer gostar de leitura. Numa época em que eu ainda não tinha hábito firme nem prazeroso, "obrigado" a ler alguma coisa para uma ficha de leitura, na escola, na 6° série, o escolhi na caixa de livros da turma escolar. Foi meu maior acerto, naquele momento. O romance de Jorge Amado me conquistou, me envolveu, me pegou de tal maneira que eu me via torcendo pelos garotos jogados na vida nas ruas de Salvador, em suas mais variadas situações, oriundos das mais diversas origens.

"Capitães da Areia" trata sobre um grupo de menores abandonados, suas aventuras, delitos e dificuldades, tendo à frente o destemido Pedro Bala, um personagem, ao mesmo tempo bruto e encantador, como aliás, de resto, é o romance. Jorge Amado não nos poupa em retratar toda a dureza do cotidiano na pobreza, no abandono, no crime, mas não deixa de nos apresentar ternura, pureza, amor, além de seu habitual bom humor, mesmo, muitas vezes, em situações sérias e dramáticas. A liderança de Pedro Bala é algo simplesmente admirável, o amor entre ele e a menina Dora é das coisas mais lindas da literatura brasileira, e a relação de lealdade, companheirismo, fidelidade do grupo é algo tocante e até exemplar.
Jorge Amado, daquele seu jeito proseiro, enrolão (no bom sentido), é daqueles casos de um poder tão magnífico da palavra que suas "cenas" ficam gravadas na memória visual de tal maneira, como se tivéssemos assistido àquilo que narra. Não vi o filme que foi feito em 2011, mas, por exemplo, tenho gravado na retina (da mente) o momento em que o Sem-Pernas, um garoto aleijado, perseguido, pula da Cidade Alta, ali do lado do Elevador Lacerda. "Não o levarão. Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande elevador. Mas Sem-Pernas não para. Sobe para o pequeno muro, volve o rosto para os guardas que ainda correm, ri com toda força de seu ódio, cospe na cara de um que se aproxima estendendo os braços, se atira de costas no espaço, como se fosse um trapezista de circo.".
Igualmente emocionante é o momento em que Pedro Bala, atendendo a chamados maiores de liderança, de causas engajadas, trabalhistas, populares, se despedindo do grupo, é saudado como um grande líder como sempre fora para aquelas crianças. "Punhos fechados de crianças que se levantam. Bocas que gritam se despedindo do chefe: 'Bala!... Bala!' " Crianças como ele mas para os quais, aquele garoto bravo, comprometido e justo, fora quase como um pai.
A partir daí, o gosto por livros só foi crescendo e, de certa forma, sou grato por ter escolhido aquele livro para fazer a primeira ficha de leitura. Ali, o hábito de ler começava a deixar de ser penoso para tornar-se, sim, prazeroso. 



Cly Reis

domingo, 28 de janeiro de 2018

ARQUIVO DE VIAGEM - Aracaju - SE (11/01 a 18/01/2018)



Farol da Coroa do Meio
Quando se pensa em destinos de férias no Nordeste logo vem à cabeça Natal e suas dunas, o mar 'caribenho' de Maceió, as belezas do vasto litoral baiano, praias de Pernambuco como Porto de Galinhas ou do Ceará como Jericoacoara, mas Aracaju, a capital do estado de Sergipe, raramente é lembrada e no entanto tem seus encantos, atrativos e é, sim, uma boa opção de férias. Se seu litoral não conta com aquele azul fascinante da vizinha Alagoas, suas praias são gostosas e aprazíveis normalmente emolduradas por tranquilizantes coqueirais embalados por uma gostosa brisa. Sua orla, remodelada a pouco mais de dez anos, é uma das melhores do Brasil, proporcionando as mais diversas alternativas de lazer e entretenimento. Restaurantes, feiras, quiosques, quadras esportivas, ciclovia, pedalinho, oceanário, mirantes, tudo isso está espalhado ao longo da bela e convidativa Orla do Atalaia ao dispor dos turistas e da população local e são equipamentos urbanos como estes associados a um bom sistema de transporte, níveis de violência "aceitáveis", boa infraestrutura urbana, fazem de Aracaju a capital com melhor qualidade de vida do país. Além das praias e da orla remodelada com todas suas opções, é interessante visitar o Museu da Gente Sergipana, o Mercado Municipal, a Ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros, o Farol da Coroa do Meio, o Oceanário do Projeto Tamar e a Passarela do  Caranguejo na própria Orla do Atalaia e ainda a belíssima e interessante Croa do Goré, uma pequena "ilha" de areia que só pode ser aproveitada pelos turistas até que a maré suba, quando então fica totalmente submersa. Fora da cidade ainda, não muito distante, pode-se conhecer ainda as cidades históricas de Laranjeiras e a quarta cidade mais antiga do Brasil, a interessante São Cristóvão, fundada em 1590; e um pouco mais distante, na divisa com a Bahia, o Mangue Seco, lugar que inspirou a obra "Tieta" de Jorge Amado e que foi uma das locações da novela de mesmo nome, exibida pela Rede Globo de Televisão. Bem mais longe, mas mesmo assim uma das atrações da região, e  que pode ser negociada com qualquer agência da cidade, ficam os fascinantes Cânions do Xingó. O passeio é lindo mas exige um dia inteiro e muita disposição, uma vez que a cidade de Canindé do São Francisco, de onde parte o catamarã, fica a três horas da capital.
Então tá sem destino certo? Não decidiu ainda para onde ir? Aquelas badaladas estão caras e a grana tá meio curta? Tenta Aracaju que é uma boa opção.
Vão aí algumas imagens da cidade e dos passeios por lá.

A grande extensão de praias e seus belos coqueiros
(Praia do Refúgio)

O calçadão da Orla do Atalaia

A fachada do Museu da Gente Sergipana

No saguão central do Museu,
uma rede de pescaria cheia de cultura local.

Os elementos da cultura sergipana em destaque no Museu.


No centro histórico, o mirante Ponte do Imperador.

Saindo da área urbana, a Croa do Goré.
Lazer só até a maré encher.

o passeio de bugre pelas dunas do Mangue Seco

Os famosos coqueiros "Romeu e Julieta"
em Mangue Seco.

Os belíssimos cânions do Xingó cortados pelas águas do Rio São Francisco

As impressionantes formações rochosas e os desenhos da natureza.

A cidade histórica de São Cristóvão,
a quarta mais antiga do Brasil.

A praça São Francisco em São Cristóvão

Em Laranjeiras, uma das igrejas no alto da colina.

E o casario antigo da cidade.

Voltando à Orla, o Oceanário do Projeto Tamar

Ainda no Tamar, o tanque dos tubarões.

O caranguejo que dá as boas vindas à passarela


A plataforma que leva à praia do Atalaia,
uma larga faixa de areia


O calçadão da Orla e uma declaração de amor a Aracaju.



C.R.