" 'Murder Ballads'
é mais do que contar histórias.
Em cada música, Mr. Cave, meticulosamente,
cria uma fábula macabra
e, em seguida, a destila
em uma única imagem da morte."
The New York Times
Os estilo sombrio, a sonoridade cabaré,
as letras pesadas, os temas mórbidos sempre estiveram presentes na
música do australiano Nick Cave, mas em “Murder Ballads” todos estes
elementos são levados ao extremo. Com pequenos “contos”
recheados de morte, sexo, atrocidades, violência, sangue, e
personagens estranhos, distribuídos sobre sua eclética sonoridade variada,
repleta de country, blues, jazz, gótico, punk, Nick Cave chegava ao
um dos melhores trabalhos de sua carreira.
A vocação de Cave como grande
contador de histórias cotidianas já se faz confirmar logo de cara
com a dramática “Song for Joy”, que só tem alegria mesmo no
nome e, mesmo assim, olhe que nem nisso. Cave encarna um homem que
conta a história de sua mulher e três filhas assassinadas por um
psicopata, numa interpretação praticamente narrada acompanhada por
uma batida pesada e um piano angustiante.
Aí vem a sequência dos Lee, duas canções tradicionais rearranjadas por Cave: “Stagger Lee” sobre um cara fodão, um maldito filha-da-puta, é intensa, forte e traz um final ruidoso de guitarras; já “Henry Lee”, que a segue, é uma balada linda e melancólica, na qual é acompanhado nos vocais pela, então namorada, PJ Harvey. Em outra balada, “Where the Wild Roses Grow” é a vez de ter a companhia da conterrânea Kylie Minogue que, com sua voz delicada e doce, contrapõe o vocal assustador e ameaçador de Mr. Cave.
Aí vem a sequência dos Lee, duas canções tradicionais rearranjadas por Cave: “Stagger Lee” sobre um cara fodão, um maldito filha-da-puta, é intensa, forte e traz um final ruidoso de guitarras; já “Henry Lee”, que a segue, é uma balada linda e melancólica, na qual é acompanhado nos vocais pela, então namorada, PJ Harvey. Em outra balada, “Where the Wild Roses Grow” é a vez de ter a companhia da conterrânea Kylie Minogue que, com sua voz delicada e doce, contrapõe o vocal assustador e ameaçador de Mr. Cave.
Num alucinado country-polca-punk-rock,
Cave nos apresenta mais uma de suas impressionantes histórias, desta
vez a da jovem Loretta, uma matadora fria e cruel, na frenética “The
Curse of Millhaven, que faz uma variação acelerada da melodia do
refrão de “Henry Lee”, criando uma interessante amarração
dentro do álbum.
Outros momentos do disco: “Lovely
Creature” é outra que remete ao country; “Crow Jane” é uma
espécie de jazz lento; e “Kindness of Stranger' é o típica balda
de cabaré característica do cantor.
O grande momento do disco chega quase
no final com a monumental "O'Malley's Bar", um “curta-metragem”
de quase 15 minutos, com um toque de rumba, meio bolero, onde Nick
Cave com vocal rasgado, um piano agresivo, rimas irregulares e uma
letra quilométrica, relata um massacre brutal dentro de um
restaurante e todos seus desdobramentos.
Depois de cantar e descrever a morte em
suas diversas variações e possibilidades, Nick Cave ameniza o
inevitável de cada um de nós e canta a bela “The Death is Not the
End” de Bob Dylan, na companhia de seus ilustres convidados, P.J.
Harvey, Kylie Minogue e do doidão Shane MacGowan com sua
característica voz de pinguço. E é o fim do disco. Um final com a
devida grandiosidade que o álbum merece. Mas felizmente é apenas o
fim deste disco. Certamente, com a criatividade, talento e inquietude
de Nick Cave, ele os Bad Seeds voltarão a nos apresentar coisas como
este ótimo “Murder Ballads”.
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FAIXAS:
- "Song of Joy" – 6:47
- "Stagger Lee" – 5:15 (tradicional americana, adapt. Nick Cave and Bad Seeds)
- "Henry Lee" – 3:58 (tradicional escocesa, adapt. Nick Cave)
- "Lovely Creature" – 4:13 (Blixa Bargeld/Martyn P. Casey/Nick Cave/Mick Harvey/Thomas Wydler)
- "Where the Wild Roses Grow" – 3:57
- "The Curse of Millhaven" – 6:55
- "The Kindness of Strangers" – 4:39
- "Crow Jane" – 4:14 (Casey/Cave)
- "O'Malley's Bar" – 14:28
- "Death Is Not the End" – 4:26 (Bob Dylan)
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Ouça:
Cly Reis