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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Música da Cabeça - Programa #374

 

Qual é a música? Vocês já devem ter adivinhado: a da cabeça, óbvio. Na semana em que Silvio Santos atravessou de vez a porta da esperança, a gente abre aqui nosso baú da felicidade recuperando mais um programa antigo, desta vez o de nº 280, rodado há exatamente 2 anos e no qual sorrimos e cantamos com André Abujamra, entrevistado da edição. O MDC vem aí, às 21h, na televisiva Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues la, la la la la, la la... 


www.radioeletrica.com


segunda-feira, 19 de agosto de 2024

52º Festival de Cinema de Gramado - Bastidores e Premiados

 

Assisti de casa a cerimônia de premiação do 52º Festival deCinema de Gramado, o qual pude, ao menos por alguns dias, participar presencialmente de novo ao lado de Leocádia, assim como havíamos feito pela primeira vez em 2022. E desta, além do prazer de estar no maior e mais longevo festival de cinema do Brasil e de encontrar amigos e colegas, teve um sabor especial: foi o meu primeiro à frente da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), entidade a qual assumi a presidência há cerca de 2 meses. Isso fez com que, presentemente, pudesse integrar, também ineditamente, o júri do Prêmio Accirs aos curtas-metragens gaúchos, o chamado “Gauchão”, na Mostra Assembleia Legislativa ocorrida no primeiro final de semana do evento.

Juntamente com meus colegas de associação, Adriana Androvandi, André Bozzetti, Carol Zatt, Cristiano Aquino, Mônica Kanitz e Paulo Casa Nova, deliberamos este prêmio da crítica ao agora, uma semana depois, multipremiado “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta, tendo em vista que o filme levou também Kikitos na Mostra de Curtas-Metragens Nacionais, incluindo o principal, o de Melhor Filme. O quase solitário destaque que demos a “Pastrana” na mostra gaúcha (recebeu apenas mais o singelo troféu de Melhor Produção Executiva), quando subi ao palco para entregar-lhes o certificado e nosso livro, foi, de certa forma, chancelado na mostra nacional, que, além do grande prêmio, conferiu ainda o reconhecimento por Fotografia e Montagem a esta homenagem para Allysson Pastrana, skatista de downhill, que faleceu em 2018 durante uma competição. 

vídeo da cerimônia de entrega da Mostra de Curtas Gaúchos - Prêmio Accirs


Mas existe ainda mais um fator de especialidade a esta nova participação minha em Gramado. Havia composto o júri da crítica na 49º edição, em 2021, alto da pandemia da Covid-19, o que obrigou a que todo o festival fosse virtual, inclusive a contribuição do grupo do qual estive. Desta feita, no entanto, outra felicidade me aproximou diretamente dos filmes, que foi integrar a comissão de seleção dos curtas-metragens nacionais, empreitada que encarei entre junho e julho ao lado de três competentes mulheres: a atriz e diretora Fernanda Rocha, do Rio de Janeiro; a professora da UFMS Daniele Siqueira, do Mato Grosso, e a cineasta, professora e minha colega de Accirs Daniela Strack.

Cartaz do excelente "Pastrana",
conquistas nas mostras
gaúcha e nacional
Da difícil seleção dos mais de 300 filmes que assistimos e discutimos, dentre os quais muita coisa de alta qualidade, restaram os 12 títulos concorrentes, seleção esta que, aliás, foi mais de uma vez elogiada no palco durante a cerimônia de premiação, o que me deixa bastante orgulhoso. E mais ainda por ver o gaúcho “Pastrana”, um de nossos escolhidos para esta seleção, sair vencedor como há 9 anos não ocorria – principalmente em um ano em que o Rio Grande do Sul foi tão afetado pelas enchentes ocorridas em maio. Somando-se à escolha do público pelo ótimo e tocante “Ana Cecília”, a outra produção gaúcha da mostra de curtas nacionais pareando com filmes do Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sul do país, pode-se considerar uma vitória do cinema gaúcho e do Rio Grande do Sul.

Ainda sobre os pagos daqui, do Prêmio Sedac/Iecine de Longas-Metragens Gaúchos – que celebrou a produção indígena “A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, com o prêmio de Melhor Filme –, não assisti a nenhum deles por não estar mais em Gramado quando de suas exibições, o que desejo fazer em breve assim que estes começarem a rodar nas salas de Porto Alegre. Já em relação aos documentários, que foram exibidos apenas no Canal Brasil e não no Palácio dos Festivais, dois deles perdi, mas vi o vencedor, “Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal, embora um doc de estrutura convencional, pareceu-me merecedor num primeiro momento.

Por fim, os longas brasileiros. Foi-me possível conferir apenas dois concorrentes quando em Gramado: “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Ana Muylaert, que levou somente Prêmio Especial do Júri pelo conjunto do elenco, mas que, a meu ver, se credenciava a, quem sabe, Trilha Sonora ou Atriz (Cristina Pereira); e “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge, uma coprodução Brasil-Itália totalmente equivocada capaz de deturpar e diminuir o excelente filme original, de 2007, um cult do cinema nacional. Roteiro confuso, inconsistente e banal, que compromete todo o filme, desde seu ritmo narrativo até as atuações, a ponto de apagar aquele que deveria ser o personagem principal, o chef de cozinha agora presidiário Raimundo Nonato, vivido pelo ator João Miguel.

Cena de "Oeste Outra Vez", grande vencedor do ano
Para grande surpresa minha e de muita gente da crítica, “Estômago 2” foi o maior premiado da edição, com 5 Kikitos, dentre os quais – pasmem! – o de Melhor Roteiro. Sinceramente, equivocada a escolha, visto que injustificável para uma história que não se concatena. Até sondei a possibilidade de se estar privilegiando um filme com potencial de bilheteria (deve estrear nos cinemas em 29 de agosto), mas a hipótese se esvaiu rapidamente, tendo em vista que um júri deve valorizar, em respeito ao espectador e ao cinema, um mínimo de qualidade – o que o roteiro de “Estômago 2” deixa muito a desejar. Ainda mais estranho foi, mesmo com uma atuação que não lhe favorece, visto que a história ofusca o próprio protagonista, é Miguel ter dividido o prêmio de Melhor Ator junto com Nicola Siri! O filme ainda, para completar, abocanhou Trilha Sonora, que nada mais é do que a emulação da, esta sim, ótima trilha do primeiro filme. Tudo muito estranho.

Os outros longas não tive, assim como os gaúchos dessa metragem, a oportunidade de assistir, mas ao que parece, pela reação geral, a redenção dos erros de avaliação foram os prêmios da crítica, para “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas, e a escolha do grande filme do ano de Gramado: o goiano "Oeste Outra Vez", de Erico Rassi, que realmente se destaca diante dos outros nas poucas cenas que vi. O faroeste à brasileira, que traz uma narrativa centrada em um universo masculino rural, conquistou também os prêmios para Melhor Fotografia e Melhor Ator Coadjuvante, para Rodger Rogério.

Enfim, uma premiação com altos e baixos (como são na maioria), mas que, independentemente disso, não tira de mim a alegria de ter participado de forma tão mais consistente do Festival de Gramado.

A clássica foto final com os premiados

Confira, então, os premiados da edição de 2024:


LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS

Melhor filme: ‘Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi

Melhor direção: Eliane Caffé, por “Filhos do Mangue”

Melhor ator: João Miguel e Nicola Siri, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor atriz: Fernanda Vianna, por “Cidade; Campo”

Melhor roteiro: Bernardo Rennó, Lusa Silvestre e Marcos Jorge, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor fotografia: André Carvalheira, por “Oeste Outra Vez”

Melhor montagem: Karen Akerman, por “Barba Ensopada de Sangue”

Melhor ator coadjuvante: Rodger Rogério, por “Oeste Outra Vez”

Melhor atriz coadjuvante: Genilda Maria, por “Filhos do Mangue”

Melhor direção de arte: Fabíola Bonofiglio e Massimo Santomarco, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor trilha musical: Giovanni Venosta, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor desenho de som: Beto Ferraz, por “Pasárgada”

Prêmio especial do júri: “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert

Júri popular: “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge

Júri da Crítica: “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas


CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS

Melhor filme: “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta

Melhor direção: Lucas Abrahão, por “Maputo”

Melhor roteiro: Adriel Nizer, por “A Casa Amarela”

Melhor ator: Wilson Rabelo, por “Ponto e Vírgula”

Melhor atriz: Edvana Carvalho, por “Fenda”

Melhor trilha musical: Liniker, por “Ponto e Vírgula”

Melhor fotografia: Livia Pasqual, por “Pastrana”

Melhor montagem: Bruno Carboni, por “Pastrana”

Melhor direção de arte: Coh Amaral , por “Maputo”

Melhor desenho de som: Felippe Mussel, por “A Menina e o Pote”

Prêmio especial do júri: “Ponto e Vírgula”, de Thiago Kistenmacher

Júri popular: “Ana Cecília”, de Julia Regis

Prêmio Canal Brasil de Curtas: “Maputo”, de Lucas Abrahão

Menção honrosa

“Ressaca”, de Pedro Estrada

“Via Sacra”, de João Campos

“Navio”, de Alice Carvalho, Larinha R. Dantas e Vitória Real

 "Maputo”, de Lucas Abrahão

 Júri da crítica: “Fenda”, de Lis Paim 


LONGAS-METRAGENS DOCUMENTAIS

"Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal

 

 LONGAS-METRAGENS GAÚCHOS 

Melhor filme: "A Transformação de Canuto", de Ariel Kuaray Ortega e Ernseto de Carvalho

Melhor Direção: Ariel Kuaray Ortega e Ernseto de Carvalho, por "A Transformação de Canuto"

Melhor Ator: Fabrício Benitez, por "A Transformação de Canuto"

Melhor Atriz: Cibele Tedesco, por "Até que a Música Pare"

Melhor Roteiro: Thais Fernandes, Rafael Corrêa e Ma Villa Real, por "Memórias de um Esclerosado"

Melhor Fotografia: Camila Freitas, por "A Transformação de Canuto"

Melhor Direção de Arte: Adriana do Nascimento Borba, por "Até que a Música Pare"

Melhor Montagem: Jonatas Rubert e Thais Fernandes, por "Memórias de um Esclerosado"

Melhor Desenho de Som: Kiko Ferraz, por "Memórias de um Esclerosado"

Melhor Trilha Musical: André Paz, por "Memórias de um Esclerosado"

Júri Popular: "Infinimundo", de Bruno Martins e Diego Müller 

  

CURTAS-METRAGENS GAÚCHOS - PRÊMIO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE CINEMA

Melhor filme; "Chibo", de Gabriela Poester e Henrique Lahude

Melhor direção: Rodrigo Herzog, por "Está Tudo Bem"

Melhor atriz: Jéssica Teixeira, por "Noz Pecã"

Melhor ator: Victor Di Marco, por "Zagêro"

Melhor roteiro: Victória Kaminski e Rubens Fabrício Anzolin, por "Posso Contar nos Dedos"

Melhor fotografia: Eloísa Soares, por "Cassino"

Melhor direção de arte: Denis Souza, Victoria Kaminski e Nadine Lannes Maciel, por "Posso Contar nos Dedos"

Melhor trilha sonora: Edneia Brasão e Pedro Erler, por "Não Tem Mar Nessa Cidade"

Melhor montagem: Marcio Picoli e Victor Di Marco, por "Zagêro"

Melhor desenho de som: Fábio Baltar, por "Flor"

Melhor produção executiva: Graziella Ferst e Marlise Aúde, por "Pastrana"

 

FILMES UNIVERSITÁRIOS - PRÊMIO EDINA FUJII – CIA RIO

“A Falta que Me Traz”, de Laura Zimmer Helfer e Luís Alexandre, da Universidade de Santa Cruz do Sul

 

texto: Daniel Rodrigues
fotos: Daniel Rodrigues, Leocádia Costa e Edison Vara/Festival de Gramado

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

"A Mesa da Sala de Jantar", de Caye Casas (2022)


"Acho que nunca, 
nem uma vez na vossa vida, 
viram um filme tão sombrio como este. 
É horrível e terrivelmente engraçado. 
É o sonho mais negro dos irmãos Coen."
Stephen King



Fui levado a crer, pelo título, que a mesinha seria o centro da trama, algo demoníaco, sobrenatural, amaldiçoado. O diretor Caye Casas bem que astutamente colabora para essa indução começando o filme com um parto, depois entrando com uma cena longa em que um casal, com um bebê do colo, compra a mesa de centro de um vendedor um tanto bizarro e insistente, numa loja meio obscura... A gente logo pensa, "tem coisa aí". Mas não tem! Na verdade, "A Mesa da Sala de Jantar" é mesmo um terror psicológico familiar angustiante e, embora o móvel tenha papel crucial nos acontecimentos, o desenvolvimento todo não se fixa nele.
Não vou entrar em detalhes, para quem não tenha assistido, mas, basicamente, um trágico acidente doméstico acontece às voltas com uma mesa de centro recém adquirida e o proprietário do novo móvel, Jesus, se vê sem saída diante das atitudes a tomar antes que a esposa volte do supermercado e das consequências que o incidente, inevitavelmente, virá a ter... mais cedo ou mais tarde.
Olha, é impactante, é inquietante, chocante, de roer as unhas. Nos vemos tão ansiosos e sem soluções quanto o perdido e desesperado Jesus.
Havia ouvido falar bem desse filme mas ele me surpreendeu além da expectativa. 
Pra ter uma ideia do quanto estava bem falado, até o Stephen King elogiou!
E se até o cara que é mestre nesse tipo de coisa gostou, quem seria eu para discordar?

O casal sendo convencido pelo esquisito vendedor e,
diante deles, a tal mesinha.


"A Mesa de Café"
Título Original: "La Mesita del Comedor"
Direção: Caye Casas
Com: David Pareja e Estefania de Los Santos
Gênero: Terror Psicológico/Suspense/ Comédia de Humor-Negro
Duração: 91 min.
Ano: 2022
País: Espanha

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por Cly Reis

quinta-feira, 15 de agosto de 2024