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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Plebe Rude - "O Concreto Já Rachou" (1985)



"O Concreto Já Rachou"
da letra de "Brasília"



Eles eram uma espécie de primo-pobre das bandas de Brasília. Uma espécie de patinho-feio. Enquanto a Legião Urbana arrebatava multidões de fiéis e o Capital Inicial , com um pop bem feito agradava em cheio ao grande público, a Plebe Rude com seu estilo mais cru, letras diretas e contundentes, até fazia seu sucesso também, mas nunca a ponto de alcançar a dimensão dos outros dois conterrâneos. Talvez por terem sido a menos concessiva no que diz respeito às suas raízes punk. Embora a Legião preservasse elementos de punk rock em seu repertório e o Capital s trabalhasse de maneira mais acessível no seu repertório, a Plebe Rude era que se mantinha mais fiel ao estilo e à atitude com um discurso mais enérgico e uma postura mais coerente.
Em seu EP de estreia, "O Concreto Já Rachou", de 1985, com apenas 7 músicas, a Plebe atacava as gravadoras, as autoridades, a TV, o sistema de uma maneira geral, com letras inteligentes, mas um tanto toscas, sem a brilhatura de um Renato Russo, por exemplo, o que fazia toda a diferença não só para a própria banda que o cantor integrava, como para o Capital Inicial que se impulsionou muito a partir de algumas delas como "Fátima" e "Música Urbana".
Mas a Plebe Rude não apenas se ressentia um elemento carismático, aglutinador, como ainda apresentava dois vocalistas (Philippe Seabra e Jander Bilafra) que se alternavam no microfone e, por vezes, como na excelente "Brasília", dividiam mesmo, simultaneamente a função principal. Nesta ótima faixa, sem cair na mesmice de falar de políticos, falcatruas, leis absurdas, etc., com sua letra dupla interpretada brilhantemente pelos dois, expunham toda a sujeira que a cidade estava (e está) mergulhada sob os olhos incapazes, conformados, perplexos e/ou covardes de seus habitantes e, mais amplamente, da população do país. A frase título do disco, presente na música sentenciava: o sonho da cidade ideal havia ruído e Brasília era um mar de lama. Punk direto e certeiro!
Mas dizer que a banda foi punk à risca em "O Concreto Já Rachou" seria um exagero. É lógico que, como a grande maioria dos artistas que assinou com gravadoras grandes naquela metade dos anos 80 teve que ceder um pouquinho aqui ou ali, mas parece que as cessões que a Plebe fez não foram o suficiente para subverter o cerne de seu som. É o caso de "Até Quando Esperar", por exemplo, que alcançou com bom destaque as paradas de sucesso, na qual até aceitam incluir o excepcional violoncelista Jaques Morelenbaum ao seu punk rock, à sua letra crítica e desesperançosa, sem contudo, com isso, perder a agressividade e a contundência do coração da canção, agregando ainda um certo acento solene proporcionado pelo grave do violoncelo. Ou também em "Sexo e Karatê", na qual mesmo com a participação de Fernanda Abreu suavizando o ritmo frenético, e com uma letra divertida de encontros e desencontros telefônicos, além de abordar a solidão, deixa transparecer ainda uma crítica à programação das emissoras, em especial à eterna inimiga pública, a Rede Globo de Televisão.
Mas se topavam estas pequenas 'adaptações' ao sistema, provavelmente sugeridas pelo produtor, Herbert Vianna, não por isso deixavam de criticar a indústria musical e todos seus meios para roubar a identidade dos artistas em nome do dinheiro, como na incisiva "Minha Renda", onde mencionam exatamente recursos como estas suavizações ("um lá menor aqui e um coralzinho de fundo / minha letra é muito forte? se eu quiser eu a mudo"); as imposições das gravadoras ("você é um músico não é um revolucionário / faça o que eu te digo que eu te faço um milionário"); respingando até mesmo no próprio produtor em trecho cantado pelo próprio vocalista dos Paralamas do Sucesso ("já sei o que fazer pra ganhar muita grana / vou mudar meu nome para Herbert Vianna").
"Proteção", outra das que teve boa execução nas rádios, talvez seja uma das mais fortes do disco, atacando em especial às autoridades, o exército, o fantasma da ditadura e o resto de censura que ainda perdurava com força naquela metade dos anos 80. Destaque para o vocal de Jander Bilafra, marcante, soturna e sinistra, repetindo quase o tempo todo, na segunda voz, o verso "para sua proteção", conferindo uma certa mecanicidade e uma espécie de sensação de presença vigiada sugerida pela letra.
Destaque ainda para a boa "Seu Jogo", sobre vidas vazias, com uns metaizinhos bem dispensáveis; e para "Johnny Vai à Guerra" sobre a inocência perdida por jovens em batalhas militares sem sentido.
 Um dos melhores álbuns daquela geração brazuca dos anos 80, e com certeza um dos pilares da santíssima trindade do rock brasiliense juntamente com o "Dois" do Legião Urbana e o álbum homônimo do Capital Inicial, "O Concreto Já Rachou" tem assegurado seu lugar de destaque na galeria dos grandes álbuns nacionais de todos os tempos. Depois daquilo os palácios , os ministérios, as obras de Niemeyer nunca mias teriam conserto. O estrago já estava feito. O concreto havia sido irremediavelmente danificado e a Plebe Rude havia colocado seu nome na história da música brasileira.

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FAIXAS:
1. Até Quando Esperar
2. Proteção
3. Johnny Vai à Guerra (Outra Vez)
4. Minha Renda
5. Sexo e Karatê
6. Seu Jogo
7. Brasília

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Ouvir:
Plebe Rude O Concreto Já Rachou




Cly Reis

sábado, 4 de março de 2017

Exposição "Onde Anda a Onda II - Cartografia das Artes Plásticas no Distrito Federal" - Museu Nacional da República Honestino Guimarães - Brasília /DF









Conheci há pouco tempo, em minha ida a Brasília, o Museu Honestino Guimarães, mais conhecido apenas como Museu Nacional. O prédio, uma imensa concha branca de concreto que lembra algo como um disco voador, já é por si só uma obra de arte por sua própria ousadia e minimalismo já estimula os sentidos do visitante para o que venha a encontrar lá dentro. Com um espaço interno praticamente todo livre, a visão de seu interior é ampla e seu percurso torna-se livre e fluído, sendo muito apropriado para esculturas e instalações de grande porte. Foi exatamente o que encontrei na exposição que vi quando da minha visita, "Onde Anda a Onda II", que comemorava os 10 anos do Museu Nacional. A mostra coletiva, de ênfase contemporânea, tem a interessante proposta de  exibir os trabalhos das principais galerias de arte da cidade e do Distrito Federal, levando assim ao público, em um lugar só, um material na maioria das vezes restrito com nomes que não estão ainda muito acostumados a ouvir. Participam do evento os artistas André Santangelo, Christus Nóbrega, Clarice Gonçalves, Elyezer Szturm, Gê Orthof, João Angelini, Ralph Gehre, Rodrigo de Almeida Cruz, Sanagê e Virgílio Neto, que tiveram oportunidade de mostrarem seus trabalhos num espaço tão significativo quanto o Museu Nacional.
Encontra-se na exposição muita coisa interessante, com os mais diversos tipos de técnica, formato, estética e proposta: óleos sobre tela, acrílicos sobre compensado, fotografia, vídeo, luz, som, aço, vidro, tijolo, madeira, plástico, sucata, tudo disposto inventivamente por diversos artistas de todo o Distrito Federal em nome da arte. Algumas coisas mais interessantes, outras nem tanto, algumas coisas muito ousadas, outras extrapolando na ousadia, alguns gostam muito, outros não gostam nem um pouco, É assim... mas é tudo muito válido dentro do vasto campo da arte.
Mas numa cidade projetada por Oscar Niemeyer, numa edificação como aquela, independente do que houver dentro do museu, fica difícil qualquer trabalho concorrer com a obra magnífica do gênio que, gostos e preferências artísticas à parte, já faz valer a pena a visita.
A exibição da exposição que teria sido encerrada no início de fevereiro, foi prorrogada até 19 de março, portanto, para quem se interessar e for de Brasília ou estiver por lá a turismo, está em tempo.


Fique, abaixo, com algumas imagens da exposição:


























Exposição "Onde Anda a Onda II -
Cartogafia das Artes Plásticas no Distrito Federal"
Local: Museu Nacional da República Honestino Guimarães
Endereço: Setor Cultural Sul, lote 2, próximo à Rodoviária do Plano Piloto - Zona 0 - Brasília - DF
Horário de visitação: terça-feira a domingo, das 9h às 18h30.



Cly Reis

segunda-feira, 13 de março de 2017

ARQUIVO DE VIAGEM – Caminho Niemeyer - Niterói/RJ – 04/01/2017




“Não foi difícil projetar para Niterói, porque esta é uma cidade de orla tão bela que possibilita a criação a céu aberto, como um itinerário cultural e religioso.” 
Oscar Niemeyer

Já havia ido duas vezes a Niterói por conta, obviamente, do Museu de Arte Contemporânea, o MAC, aquele monumento que a cidade carioca abriga. Entretanto, sempre tivemos curiosidade de conhecer também o Caminho Niemeyer, altamente recomendado por concentrar o segundo maior conjunto arquitetônico assinado por esse genial brasileiro depois de Brasília, e também por estes serem alguns de seus últimos projetos construídos. Aliás, Oscar Niemeyer nos é um dos fatores turísticos mais instigantes sempre que viajamos, e isso em várias partes do mundo. Embora conheçamos pessoalmente apenas algumas delas e apenas brasileiras, todo local que conte com construções suas, seja São Paulo, Belo Horizonte, Tel Aviv, Paris, Milão ou Nova York, são, se não pelo óbvio, destinos turísticos interessantes também por conterem obras do arquiteto em suas paisagens.

Pois é a paisagem litorânea de Niterói, beirada à Baía de Guanabara e a qual se contempla a cidade do Rio de Janeiro ao fundo, que faz cenário para o Caminho Niemeyer, que finalmente visitamos Leocádia, Carolina e Iara em nossa estada no Rio em dezembro. Ao todo, ali na Praça Popular de Niterói, são 3 prédios – sem contar com o administrativo, simples mas bonito: a Fundação Oscar Niemeyer, o Memorial Roberto Silveira e o Teatro Popular de Niterói. Mas ao longo da orla da cidade há também outros edifícios espalhados: o Terminal de Barcas de Charitas, o Centro Petrobras de Cinema e a Praça JK. Da catedral da cidade, que deve ser erguida, vimos o lindo projeto: um alto prédio que remete a um galero religioso.

O exuberante teatro com formar que
lembram o corpo feminino
Embora não tenhamos conseguido entrar em nenhum deles, visto que fomos num horário da manhã que não havia nenhum funcionamento, admirar os prédios e integrar-se com eles já vale a visita à Praça. O Teatro Popular é um desbunde. Com traços artísticos que lembram o curvilíneo corpo feminino, dialoga com outras de suas últimas obras, como o Museu Oscar Niemeyer (MON), de Curitiba. É o prédio que mais interage com a natureza da Baía entre todos dali, até pela proximidade com o mar. Isso se percebe tanto no foyer inferior, com pilotis espaçados que lhe conferem profundidade e amplitude, quanto no andar de cima, entre o mural com a marcha do MST e a entrada para o teatro. O desenho da bailarina, o mesmo do MON, está lá em impressão feita sobre os ladrilhos. Por falar no traço de Niemeyer, o espetacular mural, propositadamente incompleto, traz a ideia das transformações sociais ainda em curso em que o povo virá a protagonizar na ideia sonhadora do comunista Niemeyer. O Teatro traz ainda os vidros escuros que abrem “olhos” na arquitetura, mesmo material usado nos outros prédios, dando unidade ao complexo.

O Memorial Roberto Silveira lembra bastante a Oca do Ibirapuera, em São Paulo, e o Museu Nacional da República Honestino Guimarães, de Brasília, mas num formato menor, como uma pequena nave espacial branca ali assentada. Já o da Fundação Oscar Niemeyer – cujo conteúdo original fora transferido para a sede da mesma em Brasília, estando atualmente funcionando uma sessão administrativa da prefeitura de Niterói – foi possível subir a rampa curva e admirar o olho d'água logo abaixo, que dialoga com a Baía de Guanabara  (assim como, mais adiante mas dentro do mesmo complexo de obras, o MAC o faz novamente, porém espelhando do alto do morro a água do mar).

Não deu pra tirar mais fotos, que o sol começou a ficar castigante a certa altura, mas esses registros aqui dão noção do quão deslumbrante é.

Espaço amplo do foyer com vista para a cidade do Rio

Leocádia integrando-se à arquitetura do Teatro do Povo

Eu em frente ao belíssimo painel desenhado por Niemeyer em homenagem à luta no campo

Caminhando em direção à Oca

Na entrada do Memorial Roberto Silveira 

Mais um detalhe do fabuloso Teatro, as bailarinas, as mesmas vistas no MON, em Curitiba

Na rampa de acesso ao prédio da Fundação Niemeyer


texto: Daniel Rodrigues
fotos: Leocádia Costa, Carolina Costa e Daniel Rodrigues

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Exposição "100 Anos de Athos Bulcão" - Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) - Rio de Janeiro / RJ








Consegui ir ver, no apagar das luzes, poucos dias antes do encerramento, a exposição de Athos Bulcão, no CCBB daqui do Rio de Janeiro. Em minha ida a Brasília, há dois anos atrás, já tinha podido apreciar muito de sua obra que está espalhada por toda a cidade, desde os painéis e relevos nos prédios oficiais, até as azulejarias nos conjuntos habitacionais, mas agora tive a oportunidade de, além de admirar toda sua ordem e geometria, conhecer trabalhos de estamparia, fotografia, cerâmicas, desenhos a grafite e até experimentações em recorte e colagem. O resultado da minha visita à exposição foi que minha admiração por este artista carioca que fez sua carreira em Brasília, e lá gravou seu nome com alguns de seus mais importantes trabalhos, só fez aumentar.
A mostra, aqui no Rio, acabou e se você não teve a oportunidade de ver, dê uma conferida em algumas imagens aqui no ClyArt.




A integração de geometria e natureza.
(Igreja Nossa Senhora de Fátima - Brasília)

O artista também foi homenageado por outros
em uma das salas da exposição

A forma humana estilizada com liberdade e maestria.

Esboço a grafite para máscaras.

Amostra volumétrica para máscara.


Espaço para os pequenos criarem.

O belíssimo painel "Lula"

Painel horizontal. ritmo, ordem e geometria.

Trabalho para estampa de lenço.

Os impressionantes trabalhos de fotomontagem
bastante surreais

Esta lembra acapa do álbum "Strange Days", do The Doors

Repetições e gravações sobre geometria.

A exposição também apresentou alguns
trabalhos religiosos do artista

Bulcão também desenhou indumentárias e estampas para
cerimônias e peças teatrais.

Outro belíssimo painel.

Os relevos, marca registrada de Bulcão.

Aqui uma detalhada paginação de uma de suas obras.

Eu diante de um painel vazado do artista.

Projeto, teste e resultado final do Sambódromo, no Rio.




Cly Reis