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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
cotidianas #124 - Ela Está Deixando o Lar
A letra desta música foi inspirada em um fato verídico ocorrido na Inglaterra em 1967, publicado no jornal Daily Mail, de que uma jovem de 17 anos, Melanie Coe, fugiu de casa sem seus pais saberem, desaparecendo.
Ela está deixando o lar
Quarta-feira de manhã, às cinco horas enquanto o dia inicia
Silenciosamente fechando a porta de seu quarto
Deixando um bilhete que espera que dirá por si
Ela desce a escada até a cozinha
segurando seu lenço
Cuidadosamente virando a chave da porta dos fundos
Pisando lá fora ela está livre
Ela
(Nós a demos a maior parte de nossas vidas)
está deixando
(Sacrificamos a maior parte de nossas vidas)
o lar
(Nós a demos tudo que o dinheiro pudesse comprar)
Ela está deixando o lar após viver só
Por tantos anos. (Bye, bye)
O pai ronca enquanto sua esposa
veste seu roupão
Apanha o bilhete que está deixado ali
Em pé sozinha no topo das escadas
Ela se desmancha e clama para o seu marido
Papai, nosso bebê se foi
Porque ela nos trataria de modo impensado?
Como que ela pode fazer isto comigo?
Ela
(Nunca pensamos em nós)
está deixando
(Jamais um pensamento para nós)
o lar
(Nós lutamos com dificuldade para vencer)
Ela está deixando o lar após viver só
Por tantos anos. (Bye, bye)
Sexta-feira de manhã às nove ela está bem longe
Esperando para manter o compromisso que ela firmou
Encontrando um rapaz da indústria automobilística
Ela
(O que foi que fizemos de errado?)
Está se
(Nós não sabíamos que era errado)
Divertindo
(Diversão é a única coisa que dinheiro não consegue comprar)
Algo por dentro que sempre foi renegado
Por tantos anos. (Bye, bye)
Ela esta deixando o lar (bye bye)
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"She's Leaving Home"
Lennon/MacCartney
do álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band"
Ouça:
The Beatles - "She's Leaving Home"
terça-feira, 31 de julho de 2012
Stevie Wonder - "Innervisions" (1973)
“Ou isso é
uma visão em minha mente?”
verso da canção “Visions”
Quando vi
Paul McCartney ao vivo chorei praticamente do início ao fim do show. Eu já previa
que isso ia ocorrer, tendo em vista meu sentimento por sua obra, tão formativa
quanto vital para a história da arte moderna – e até porque o podia fazer sem
constrangimento, já que todo o estádio fazia igual a mim. Porém quando assisti
pela TV Stevie Wonder no Rock in Rio 2011 eu não esperava que o mesmo
acontecesse. E aconteceu... via satélite. Chorei música atrás de música, tanto
nas lentas quanto nas agitadas – o que virou motivo de chacota entre os amigos.
Mesmo já tendo boa parte da discografia dele há muito tempo, essa reação me
surpreendeu, pois eu mesmo não tinha noção do quanto a obra mágica deste gênio
(e isso eu já sabia) tinha tanto a ver comigo e que estava tão impregnada em minha
alma. Mas se todas as músicas me tocavam, parei para pensar naquela hora, entre
soluços e uma felicidade imbecil, com qual disco eu mais me identificava, uma
vez que gosto de todos. A resposta veio como numa visão: “Innervisions”.
A escolha só
podia ser de cunho emocional, pois TODA a discografia de Stevie Wonder dos anos
70 até o início dos 80 é fundamental. Assim como o lindo
"Talking Book" (1972),
já resenhado aqui, o exuberante “Songs in the Key of Life” (1976) ou a magnífica
trilha sonora “Journey Through the Secret Life of Plants” (1979),
“Innervisions” é item obrigatório na prateleira de qualquer diletante. Um marco
da black music considerado pelos críticos um dos melhores da música pop de
todos os tempos. Mas o que para mim o diferencia e lhe dá um significado ainda
maior é a relação estreita com universo onírico e figurativo de um artista que,
cego desde a infância, é capaz de produzir uma arte absolutamente fulgurante,
cristalina, repleta de verdade e sentimentos genuínos. Sua música vai no fundo
do fundo do fundo.
“Innervisions” é
o auge criativo de Stevie Wonder. A estas alturas, 1973, ele já não era mais o
Little Stevie de quando surgira, aos 16 anos, como um prodígio; mas, sim, o
consagrado Stevie Wonder, sucessor de uma linhagem que vem de Sam Cooke,
Solomon Burke, Ray Charles, James Brown e que vai parar nos criativíssimos
artistas negros da gravadora Motown como ele. Compositor nato,
multi-instrumentista e dono de uma voz potente e deliciosa, capaz de ir de uma
escala à outra sem esforço, Stevie já era nesta época um artista planetário que
vendia milhões de discos. Mas, mais do que isso, “Innervisions”, Grammy de Melhor
Álbum do Ano em 1974, é o resultado de um autoacolhimento pessoal, de um
sentimento muito íntimo e definitivo de reconhecimento dele mesmo enquanto
portador de uma deficiência. Não é à toa que a obra se refere justamente ao
sentido que ele não possui: a visão (e será que não possui mesmo?...). Ali Stevie
está pleno de si, fazendo com que o problema da falta de visão não seja um
problema, mas, pelo contrário, um canal sensitivo que o fez se tornar alguém
tão sensível que suas percepções se afinam a tal ponto de não precisar mais
enxergar. Prova maior disso é que ele compõe, toca, canta, arranja e produz
todo o disco. Até (pasmem!) a capa é concebida por ele: um desenho bastante simbólico
em que a energia produzida por seus olhos ganha a atmosfera e a amplidão.
E as músicas, o
que dizer? Somente nove faixas, perfeitas em tudo: melodia, harmonia, execução,
arranjo, canto, edição de áudio. Clássicos do cancioneiro norte-americano e
mundial, marcos do que de mais sofisticado e criativo se fez em música pop no
século XX. O álbum abre mandando ver com “Too High”, um funk-jazz fusion cheio
de um suingue tão contagiante que isso chega a exalar por sua voz e por todos
os sons que emanam. Moderníssima em sonoridade e texturas, é tudo o que músicos
cool de hoje gostariam de fazer mas não conseguem atingir. “Too fine”!
Se o clima começa
animado e dançante, “Visions”, uma melancólica balada tocada em guitarra base,
baixo acústico e guitarra-ponto entra delicada mas dizendo a que veio. De
arrepiar. Cantada com extremo lirismo, sua letra fala de igualdade entre os
homens e de um princípio natural capaz de promover paz para todos. “A lei nunca
foi aprovada/ Mas de alguma forma todos os homens sentem que estão
verdadeiramente livres finalmente/ Será que realmente fomos tão longe no espaço
e no tempo/ Ou isso é uma visão em minha mente?”.
Não seria exagero
se Stevie quisesse acabar o disco já na segunda faixa, que é daquelas canções
definitivas. Mas o bom é que não acaba!, e na sequência vêm o arrebatador tema-denúncia
“Living for the City”, show de vocais e sintetizadores que aborda a opressão
aos negros, e “Golden Lady”, um soul romântico e suingado tão belo que chega a
reluzir. Sempre colando uma faixa à outra – como é característico de seus
discos –, o astral leve de “Golden Lady” dá lugar ao funkão pesado de “Higher
Ground”, tão rock em concepção que não precisou muito para que o Red Hot Chilli Peppers a regravasse anos depois com mais distorção mas sem grande alteração no
arranjo. Os versos: “People keep on learnin'/ Soldiers keep on warrin'” (“As pessoas continuam aprendendo/ Os soldados continuam
lutando”), viraram clássicos. Incrível, incrível.
Outra de deixar
de o queixo caído é “Jesus Children of America”, soul cantado em escala
decrescente, mas que, do meio para o fim, aumenta um tom, o que faz Stevie
soltar, em várias vozes sobrepostas, seu afinado e cintilante falsete. O clima
cai novamente, agora para uma suíte romântica ao piano de fazer qualquer casal
brigado reatar: “All in Love is Fair”, típica balada Motown, com sua levada
carregada de sentimento e um refrão que explode em emoção. Nessa Stevie dá uma
verdadeira aula de canto. De chorar, ainda mais no fim em que bateria, voz e
piano dão os suspiros finais.
Mas se Stevie é hábil nas lentas, também possui o
mesmo talento para fazer mexer o esqueleto. “Don’t You Worry ‘bout a Thing”, que vem logo em
seguida, é uma rumba marcada no piano e nos chocalhos que faz enxugar as
lágrimas e levantar o astral de novo. Usada mais de uma vez no cinema, como na
comédia “Hitch” (a cena do passeio de Jet-ski pelo rio Hudson de Nova Iorque),
é daquelas músicas tão alegres que remetem diretamente ao colorido alegórico da
cultura africana, influência sempre tão presente e hibridizada na obra de
Stevie. O disco encerra na atmosfera melódica e gostosa de “He’s Misstra
Know-it-all”, com seus bongôs acompanhando a bateria e o piano num andamento
suave e suingado que, ao final, vai sumindo devagarzinho enquanto Stevie
improvisa nos vocais.
Essas cores e
esse brilho estavam no palco quando vi Stevie pela TV no Rock in Rio. Aos 70
anos, toda aquela verdade e prazer de produzir uma arte pura e elevada podia
ainda ser percebida. Não tinha como não ficar tocado. Reouvi “Innervisions” dias
depois do show, ainda sob efeito da apresentação. Mas não chorei mais, pois me
dei conta de definitivamente se tratar de um dos artistas mais importantes para
a minha vida. Ele, que eu já sabia ser um dos maiores de todos os tempos, como
Mozart, Ravel , Coltrane , Chico e o próprio MacCartney. Pode colocá-lo tranquilamente
nesta fila, que aqui pra mim o altar dele já está reservado.
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FAIXAS:
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Ouça:
Stevie Wonder Innervisions
1. "Too High" Stevie Wonder 4:36
2. "Visions" Wonder 5:23
3. "Living For The City" Wonder 7:23
4. "Golden Lady" Wonder 4:58
5. "Higher Ground" Wonder 3:43
6. "Jesus Children Of America" Wonder 4:10
7. "All In Love Is Fair" Wonder 3:42
8. "Don't You Worry 'bout a Thing" Wonder 4:45
9. "He's Misstra Know-It-All" Wonder 5:35
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Ouça:
Stevie Wonder Innervisions
por Daniel Rodrigues
quinta-feira, 21 de julho de 2011
cotidianas #94 - Um Dia na Vida
Um Dia na Vida
(açúcar, ameixa, biscoito... açúcar, ameixa, biscoito.)
Eu li as notícias de hoje, oh rapaz!Sobre um sortudo que ganhou na loteria
E embora as notícias fossem um tanto tristes
Bem, não pude deixar de rir
Eu vi a fotografia
Ele arrebentou a cabeça num carro
Não tinha percebido que o semáforo havia mudado
Já tinham visto seu rosto em algum lugar
Mas ninguém tinha certeza se não era um Senador.
Eu vi um filme hoje, cara
O exército inglês acabara de vencer a guerra
Uma multidão teve que ir embora
Mas eu tive de olhar
Tendo lido o livro, eu adoraria te excitar!
Acordei, caí da cama
Passei uma escova pela minha cabeça
Desci as escadas e tomei um café,
E olhando para cima, vi que estava atrasadoAchei meu casaco e peguei meu chapéu
Subi no ônibus segundos depois
Subi as escadas e fumei um cigarro
E alguém falou, e eu entrei em um sonho
Eu li as notícias de hoje, rapaz
Quatro mil buracos em Blackburn, Lancashire
E embora os buracos fossem bem pequenos
Eles tiveram que contá-los um a um
Agora sabem quantos buracos são necessários para encher o Albert Hall
Eu adoraria te excitar!
“A Day in the Life”
Lennon/MacCartney
Ouça:
The Beatles - A Day in the Life
postado por Daniel Rodrigues
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Caetano Veloso - "Qualquer Coisa" (1975)
O disco “Qualquer Coisa”, de Caetano Veloso, sempre me encantou. Tanto
que me fez cometer um fora que, na minha adolescência, foi motivo de um
engraçado episódio, do qual achei por bem contar como uma homenagem aos 70 anos
desse grande artista de nosso tempo completos neste 7 de agosto. Ali pelos 13,
14, eu já era amante e consumidor inveterado de música. Curioso, ia atrás de
coisas novas e velhas, que me empolgavam em descobrir. Era um mundo novo que se
abria diante de mim. Desses, um universo dos que mais me encantava era a MPB, a
música produzida no meu próprio país a qual eu já começava a suspeitar naqueles
idos que dava de 10 a 0 na maioria do que se produzia no estrangeiro – o que
não demorei muito a me certificar. Nessa busca voraz por conhecer as coisas,
uma das práticas que mantinha era a de ir ao Centro de Porto Alegre vasculhar
as lojas de discos de vinil. Como a grana da mesada não era muita, não dava pra
comprar tudo que eu queria. Então, a solução era abrir os encartes, admirar as
capas dos bolachões, ler as fichas técnicas e, o melhor de tudo, escutar. Pois
uma das alternativas que as lojas davam era que o próprio cliente escolhesse
alguns LP’s e os ouvisse em toca-discos privativos com fones de ouvido,
daqueles grandes e de ótima qualidade.
Em seguida, continuando a verborragia e a sensualidade, “Da Maior
Importância”, cuja letra, cheia de anacolutos, expele tesão por todos os lados,
pois narra uma tentativa desesperada de autoconvencimento de não transar com
uma amiga (“Teria sido na praia/ Medo/
Vai ser um erro.”). O clima mantinha-se sexy, mas agora nos versos boêmios
de Chico Buarque na linda versão para “Samba e Amor”, com aqueles silêncios capciosos
entre um verso e outro. A esta altura, eu já percebia que o lado A do LP era todo
neste clima, pois as próximas eram “Madrugada e Amor” e, depois, uma das
melhores do disco e de toda a obra deste baiano: “A Tua Presença Morena”. Letra
moderninsta, é marcada por anáforas, que, com sua proposital repetição no
início dos versos, reforçam a ideia de admiração e amplitude que Caetano devota
à sua musa tropical. Nessa, ele cria versos de um lirismo impressionante como: “A tua presença coagula o jorro da noite
sangrenta”, ou “A tua presença se
espalha no campo derrubando as cercas.” “Drume Negrinha”, só ao piano de
Donato, fechava o lado A do LP num tom leve e malicioso: “Drume Negrinha, que eu te transo uma nova caminha”.
Caetano completando 70 anos
neste dia 7 de agosto
|
vídeo de "A Tua Presença Morena", Caetano Veloso
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FAIXAS:
2. Da maior importância (Caetano Veloso)
3. Samba e amor (Chico Buarque)
4. Madrugada e amor (José Messias)
5. A tua presença morena (Caetano Veloso)
6. Drume Negrinha (Drume negrita) (Ernesto Grenet)
7. Jorge de Capadócia (Jorge Ben)
8. Eleanor Rigby (McCarney, Lennon)
9. For No One (McCartney, Lennon)
10. Lady Madonna (McCartney, Lennon)
11. La flor de la canela (Chabuca Granda)
12. Nicinha (Caetano Veloso)
Ouça
por Daniel Rodrigues
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