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sábado, 30 de dezembro de 2017

Exposição “Pulsations/Pulsações do Arquivo Vivo de Sérvulo Esmeraldo” - Instituto Ling - Porto Alegre/RS


O irreverente e criativo Esmeraldo, falecido este ano
Há programações que só são possíveis de se fazer quando se está de férias, mesmo que sejam dentro da própria cidade em que se mora. Pois, durante alguns dias de folga neste final de ano, pude, entre outras coisas, visitar com Leocádia o Instituto Ling, em Porto Alegre, com tempo e atenção. O centro cultural, de bela arquitetura e que respira bom gosto em todos os detalhes, é, por si, um local a ser visitado.

Porém, ainda por cima, o espaço está recebendo a exposição “Pulsations/Pulsações do Arquivo Vivo de Sérvulo Esmeraldo”. Artista cearense falecido em fevereiro deste ano, que eu não conhecia e que me foi uma grata surpresa tanto no que se refere à beleza de sua obra quanto, igualmente, de sua importância dentro do cenário das artes visuais brasileiras da metade do último século para cá.

Com curadoria de Ricardo Resende, a exposição traz um apanhado bem costurado de obras do artista ao longo de sua produção, desde as primeiras telas, no final dos anos 50, até a exploração tridimensional e geométrica, terminando com obras já deste século. Tudo isso passando por instalações, gravuras, desenho, esculturas e outros formatos que brincam com o conceito cinético da figura, seja pela abstração ou pela geometria, numa ampla experimentação gráfica. Claro/escuro, relevo, volume e densidade se revelam através de ranhuras, linhas, rabiscos, desenhos, tudo sempre supondo o movimento, o gesto, a existência dentro do espaço. Tudo sob um olhar irreverente e sagaz, o“espírito de criança”, conforme lhe define Resende.

Impressionantes a naturalidade das composições plásticas, que parecem valer-se enquanto obra sem nenhuma dificuldade, por "menor" que sejam. Caso da instalação "Sequência", criada quando da residência do artista na França, que funciona como uma peça-célula para a concepção de várias outras cujo "simples" conceito visual e cinético se expande a outras apropriações.

Quem não viu a mostra de perto, vale muito a pena dar um pulo lá e conferir. E se, como eu e Leocádia, ainda não tivera explorado o Instituto Ling, mais ainda. Mais de um motivo para apreciar belezas, às vezes, escondidas da cidade.

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serviço
Exposição “Pulsations/Pulsações do Arquivo Vivo de Sérvulo Esmeraldo"
local: Galeria do Instituto Ling
endereço: Rua João Caetano, 440, Bairro Três Figueiras, Porto Alegre/RS 
período: até 31 de março de 2018
horário: de segunda a sexta, das 10h30 às 22h, e sábados, das 10h30 às 20h
curadoria de Ricardo Resende.
entrada franca.

abaixo algumas fotos da exposição:

Gravura e nanquim sobre papel: mistura harmônica de técnicas
A brilhante instalação "Sequência", peça-célula de várias outras obras do artista
Dois óleos sobre tela dos anos 50: ideia tridimensional já presente

Matriz em chapa de metal de 1961
O traço e o desenho abstrato dos anos 70
A peça "L’oeuvre gravée (burins)", de 1964-1969: raspas de chapa de metal em pote de vidro

Visão geral da galeria
Maquete de cenário feito em metal no qual brinca com volumes e com movimento
As recentes esculturas em metal que exploram volumes e o claro-escuro
Leocádia e uma das plásticas obras de Esmeraldo
Posando junto a uma das obras 3D do artista cearense

texto: Daniel Rodrigues
fotos: Leocádia Costa e Gerson Tung/Divulgação

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

"Kraftwerk: Publikation - A Biografia", de David Buckley - ed. Seoman (2015)




"Nós falávamos a mesma língua (...)
Éramos Sr. Kling e Sr. Klang."
Ralf Hütter,
sobre quando conheceu Florian Schneider


"As ideias refletidas no nosso trabalho são internacionalistas e também
uma mistura de diferentes formas de arte (...)
a ideia de não separar
a dança aqui, a arquitetura ali e a pintura lá.
Nós fazemos tudo e a união da rte com a tecnologia
constituía o Kraftwerk..."
Ralf Hütter
sobre o trabalho da banda, em 2006



Se as caixas "The Catalogue" e, mais recentemente, a ao vivo "The Catalogue 3D" repassam musicalmente a carreira e  obra do grupo Kraftwerk, um dos mais importantes de todos os tempos pelo seu pioneirismo e definição de uma linguagem, a biografia "Kraftwerk: Publikation - A Biografia" de 2015, faz o mesmo em forma de palavras, indo ainda mais fundo do que as compilações, mergulhando nas origens do projeto chegando desde seus primeiros formatos e configurações.
O livro do autor britânico David Buckley faz uma retrospectiva cronológica desde o momento em que os então jovens Ralf Hütter e Florian Schneider decidem unir suas ideias e pretensões artísticas, até os dias de hoje quando já encontra o atual projeto 3D que baseou o último lançamento.
Fato é que a não ser que Ralf ou Florian resolvam em algum momento lançar suas próprias biografias, nenhum material será melhor e mais completo que "Kraftwerk: Publikation", uma vez que este traz colaboração substancial de uma das vozes de dentro do grupo, da formação clássica e idolatrada, nada mais nada menos do que Karl Bartos, percussionista e integrante desde 1975, que concordou em ser entrevistado e dar seus relatos e versões sobre fatos duvidosos e matérias até então obscuras da história da banda que permaneciam ainda sem esclarecimento exatamente pela característica tão arredia e reservada que seus integrantes sempre mantiveram com a imprensa.
Mas além de Bartos, o grande trunfo jornalístico do biógrafo, o livro ainda conta com depoimentos de pessoas ligadas à banda como o amigo Ralf Dörper e a artista gráfica Rebecca Allen; de contemporâneos como o pessoal do Can e do Tangerine Dream que transitaram na mesma incipiente cena vanguardista alemã; e ainda ex-integrantes como Wolfgang Flur, também da formação clássica; Michael Rother, ex- Neu! e integrante da primeira fase, e ainda Ebenhardt Kranemann, membro do breve período do Kraftwerk, pasmem!, sem Ralf Hütter.
O excelente trabalho de Buckley examina cada um dos discos (mesmo os mais antigos, pouco considerados pela banda) com nomes de capítulos criativos que remetem a cada um dando detalhes técnicos dos mesmos e contextualizando-os ao momento de seus lançamentos, revelando motivações, ideias e peculiaridades que levaram às suas respectivas concepção. A surpresa geral causada por "Autobahn"; o minimalismo de 'Radio-Activity"; o pioneirismo inigualável de Trans-Europe Expressl; a antecipação da disco com "The Man-Machine"; a antevisão da internet de 'Computer World"; o refugo em "Techno Pop" que viria a tornar-se "Electric Café" e a materializar-se conforme o pretendido apenas em "The Mix"; e a finalização de um projeto em "Tour de France Soundtracks", tudo é abordado em "Publikation" com muita pesquisa, informação e seriedade. E mais: curiosidades como os "dois Kraftwerks", a procura de Michael Jackson para uma parceria; os detalhes de seu acidente ciclístico de Hütter, sua personalidade centralizadora; e a demissão do músico português Fernando Abrantes por, supostamente, fazer uma mixagem muito original de "Music Non Stop" e dançar muito entusiasticamente fugindo do padrão caracteristicamente robótico da banda, são apenas alguns dos lances interessantes e marcantes da obra.
Com um volume caprichado, a edição nacional, além dos prefácios do próprio autor, e do ex-kraftwerk Karl Bartos, conta ainda com um prólogo do jornalista Camilo Rocha, ex-Bizz, e um muito legal do DJ Paulo Beto do projeto eletrônico Anvil FX. "Kraftwerk: Publikation" é uma viagem obrigatória pela longa autoestrada da carreira deste extraordinário grupo que, sem dúvida alguma, tem seu nome gravado com honras na história da música.


Cly Reis

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Música da Cabeça - Programa #39


Todos prontos para o espocar das espumantes para o Réveillon? Peraí, que antes tem o Música da Cabeça, que está finalizando 2017, claro, com muitos sons! Temos no programa de hoje o pop britânico de The Cranberries e Everything But the Girl, os mestres tropicalistas Caetano, Gil e Tom Zé, o samba inteligente de Itamar Assumpção, o pós-punk minimalista da Polyrock e mais. Ainda, um “Sete-List” especial alusivo ao ano que termina e um “Palavra, Lê”, idem. É coisa pra caramba para que você não perca o programa de hoje! É às 21h, pela Rádio Elétrica. Produção, apresentação e fogos de artifício: Daniel Rodrigues.


domingo, 24 de dezembro de 2017

COTIDIANAS nº 543 ESPECIAL NATAL - "Boas Festas"


Anoiteceu, o sino gemeu
A gente ficou feliz, a rezar
Papai Noel, vê se você tem
A felicidade pra você me dar


Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
Vem assim, felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel

Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então, felicidade
É brinquedo que não tem

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"Boas Festas"
(Assis Valente)


Ouça: