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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Pixies - "Doolitle" (1989)


O Disco que Inventou o Nirvana
"Quando escrevi 'Smells Like Teen Spirit'
eu estava basicamente tentado 'sugar' os Pixies.
Eu tenho que admitir isso."
"Kurt Cobain, Nirvana


Aquele contrabaixo bem cadenciado, a bateria só marcando o tempo, um vocal ainda contido, sereno; todos só esperando o refrão para explodirem juntos em ímpeto, histeria, barulho e loucura. Não, eu não estou falando de “Smells Like Teen Spirit” ou de “ Lithium”, mas é fato que esta fórmula que o Nirvana utilizou como sendo sua linha principal de composição, sobremaneira em “Nevermind”, já era praticamente marca registrada do som dos Pixies, aparecendo de forma mais evidente em “Doolitle”.
Se em “Surfer Rosa” Steve Albini (que depois viria também a trabalhar com o Nirvana em “In Utero”) tratou de “sujar” (num bom sentido) o som dos Pixies, Gil Norton, que assumiu a produção em “Doolitle” deu uma polida no som, deixando palatével até mesmo para as o grande público como no caso de “La La Love You” e “Here Comes Your Man” que chegaram a tocar nas rádios. Isto não os tornava uma banda pop ou de fácil aceitação geral. Apenas encorpava e dava, a partir dali, características fundamentais para a sonoridade do grupo.
A adorável “Hey” com sua delicadeza suja foi outra que se não virou hit, foi daquelas que fez “sucesso” no underground e passou a ser uma das favoritas dos fãs. Além dela, a ótima “Monkey is Gone to Heaven” é outra que marca bem aquela característica com o doce baixo de Kim Deal marcando para um refrão mais poderoso. Também nesta linha aparece “Tame” mas com um ápice bem mais gritado e barulhento. A propósito é bom salientar que guitarradas ensurdecedoras como esta ou outras que aparecem invariavelmente no disco, não conseguem esconder a grande qualidade não só de composição como de técnica de Black Francis, um baita guitarrista; tampouco a aparente simplicidade da condução da base de Kim Deal, uma baixista não muito virtuosa, diminuir os méritos das composições da banda, normalmente bem básicas mas extremamente apropriadas para cada canção e para a proposta geral.“I Bleed”, é prova disso, conduzida com uma linha muito simplória mas eficiente e perfeita.
“Debaser” que abre o disco com sua linha meio surf-music é ótima, “Crackity Jones” é alucinada, “Silver” baixa a rotação e traz uma sonoridade beirando o dark e “Gouge Away”, uma das melhores, fecha o disco de forma magnífica. Baita disco!!!
É lógico que os Pixies não foram a única inspiração do Nirvana, nem influenciaram apenas o pessoal do Kurt, muito menos se limitavam apenas àquela fórmula. Com sua sonoridade normalmente pesada, com um pé no punk, mas sempre melódicos e criativos, incrementando tudo com toques latinos, religiosos e letras beirando ao surreal; provavelmente no universo dito alternativo, o Pixies, juntamente com o Sonic Youth, sejam as bandas mais influentes deste meio, e “Doolitle”, enquanto obra, pelo encaixe destes elementos e a tradução deles em rock de primeira, seja um dos álbuns mais importantes de todos os tempos.
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FAIXAS:
1. "Debaser" – 2:52
2. "Tame" – 1:55
3. "Wave of Mutilation" – 2:04
4. "I Bleed" – 2:34
5. "Here Comes Your Man" – 3:21
6. "Dead" – 2:21
7. "Monkey Gone to Heaven" – 2:56
8. "Mr. Grieves" – 2:05
9. "Crackity Jones" – 1:24
10. "La La Love You" – 2:43
11. "No. 13 Baby" – 3:51
12. "There Goes My Gun" – 1:49
13. "Hey" – 3:31
14. "Silver" *(Francis, Kim Deal) – 2:25
15. "Gouge Away" – 2:45
*todas as músicas compostas por Black Francis, exceto a indicada.

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Ouça:
Pixies Doolitle


2 comentários:

  1. Muito boa a resenha! Não tenho nem o que comentar. Baita disco, mesmo!
    Abç,
    Dã.

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  2. Este disco é muito bom!
    Atualmente estou respirando Sonic Youth. rsrs...
    Tem muita coisa que quero ouvir e conhecer melhor. Pixies é uma delas.
    Abraços!

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